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domingo, 13 de setembro de 2020

CAPÍTULO 9/10 – FICHAMENTO – LIVRO OS PARCEIROS DO RIO BONITO - autor: Antonio Candido (Professor da USP)

 

   Local e anos da pesquisa - Tese de Doutorado do autor:  Bofete-SP, anos 1947 a 1954

     Página 271 – Naqueles tempos o caipira regional não se namorava; depois era noivar no máximo um ano e casar.

     Nesse tempo os caipiras tinham birra com os italianos que namoravam até quatro ou cinco anos antes de casar...

     Idade mais comum para as moças se casarem era dos 15 aos 16 anos.   Idades extremas, dos 13 aos 20.

     Idade do noivo – Média dos 18 aos 22 anos.  Depois dos 30 era difícil arranjar casamento.

     272 – Nho Bicudo, o capelão sexagenário está na quarta esposa.  

     273 -  No depoimento.   Ele mais jovem do que ela, foi ficando “enleado” depois não teve como escapar do casamento.

     274 – Cururu – só cita a cantoria mais uma vez.

     275 – O recém nascido e o “mal dos sete dias”, amarelo, icterícia.   Não deixavam nesses dias o bebê ver a luz do sol.

     Quando o bebê era menina, furavam a orelha logo após o nascimento e colocavam brincos de ouro.

     277 – Nomes -  comumente nomes de santos. A Padroeira de Bofete-SP é Nossa Senhora da Conceição.

     Capela de São Roque – o santo de mais antiga devoção do povoado.

     Menino – dentro do nome, era comum colocar algo do nome do pai ou de um antepassado.    (eu, leitor, tenho o nome de um tio)

     Normalmente os nomes tinham sobrenome paterno mas se a família da mãe fosse mais de destaque na região, poderia ter o sobrenome da mãe eventualmente.

     283 – Batizado logo aos 15 a 20 dias após o nascimento do bebê.    Os pais geralmente não iam à Vila para o batizado.  Os padrinhos seguiam o rito de “levar” e “trazer” a criança.     Comum a mulher ficar de dieta por quarenta dias no “resguardo” e na base de comida de canja de galinha.     Para o pai, traziam aguardente pra ele beber e comemorar.

     285 – o “pareio” roupa de passeio, terno de roupa.

     Costume do afilhado ter que dar “louvado” aos pais e padrinhos.  O louvado é a forma abreviada de Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.    O outro responde com “louvado” também no sentido de Para Sempre Seja Louvado.

     285 – Varas de surrar a criança, quando estas “reinavam”.  Embirravam.   Comumente os castigos eram severos e poderiam às vezes serem com relhos, varas ou correias.   As moças apanhavam até o matrimônio.   O garoto, até começar a trabalhar na roça em torno dos 13 a 14 anos.     Isto quando já tinha força física para o trabalho, para “pegar no eito” junto com os adultos, o que era um rito de passagem.  Parava de apanhar e já podia ir até a Vila e também tomar uma cachacinha e procurar noiva...

     Uma regra usual até então.   Deflorou a moça, tem que casar.

     Os termos usuais pelos filhos era pai e mãe.  Nada de papai e mamãe.

     288 -  Coito com animais.   Prática que vem de longe, inclusive de civilizações milenares.   Estatuas de seres híbridos entre humanos e animais poderiam inclusive indicar a prática ao longo dos tempos.

     290 -  No Brasil, Gilberto Freyre faz referência ao erotismo zoofílico.   A expressão popular do “encostar no barranco”.

     293 – Lobisomem, crença popular inclusive na região teria ligação com o incesto que eventualmente ocorria por lá.   

 

          Continua ainda hoje, domingo, capítulo final 10/10

CAP. 10/10 - FICHAMENTO - LIVRO - OS PARCEIROS DO RIO BONITO - Autor: Antonio Candido - Professor da USP. (Base 1954)

 

CAPÍTULO 10 – FICHAMENTO – LIVRO  OS PARCEIROS DO RIO BONITO  -  autor: Antonio Candido (Professor da USP) – FINAL

(o livro resulta de um trabalho de campo em Doutorado - pesquisas em Bofete-SP e região)    1947 a 1954

 

     Página – 293 – Nos anos 40-50, o êxodo rural levava miseráveis caipiras para zonas urbanas e algumas das mulheres recrutadas para prostituição vinham dessas caipiras em miséria.

     296 – Itapetininga-SP já tinha na jurisdição, Tatui e este tem influência em Bofete.

     296 – O viajante Saint-Hilaire esteve em Itapetininga (1820) e fala do pessimismo do povo local.   Passou lá justo no ano que a região passou por safra ruim por problemas climáticos e o povo estava passando necessidade.  Na época na região o que sobrava do sustento era vendido em Sorocaba que era um polo regional.

     O nome do livro do Saint-Hilaire citado:  “Viagem à Província de SP e resumo das viagens ao Brasil, província Cisplatina e Missões no Paraguay”.

     298 – Itapetininga – posição destacada em termos de população na Província de São Paulo.   ...”que a colocava na segunda linha dos distritos mais povoados logo após a Capital e Curitiba”.    (nesse tempo o Paraná era a Quinta Comarca de SP)

     Uma tabela de produção consta entre outras, o local chamado de Constituição   (suponho que seja a atual São Paulo capital)

     300 – Dados de 1837 por Daniel Pedro Muller, cita os Distritos e o número de comerciantes em cada:

     Sorocaba, 158 comercios; Taubaté, 121; Itu, 102; Constituição, 93; Moji das Cruzes (então grafada com j), 55; Porto Feliz, 45; Atibaia, 42; Bragança, 21; Itapetininga, 6; Franca, 0 (sem registro)

     300 – O autor Teodoro Sampaio descrevia Itapetininga dos anos 1886 a 1887.   Altitude 600 a 700 metros, clima “delicioso”, terras frias, boas para cereais, algodão, etc.    Povo sadio, robusto e bem apessoado.

     301 – O autor deste livro registrou uma expressão que se ouvia muito nos anos 50 inclusive.   “Indio pegado a laço”.  

     312- Nho Roque disse que “dantes” o povo comia mais farinha de mandioca que era mais “saúde” que a de milho.  Disse que o povo mais antigo plantava mandioca, mas a “porcada comia tudo” na roça e não sobrava para a família fazer farinha.

     312- Ele, Nho Roque explica com detalhe a engenhoca caseira feita de madeira para uso caseiro e o processo de ralar a mandioca, extrair amido e a fração que era torrada e virava farinha.   O amido virava polvilho para vários usos culinários.

     313 – Cita a farinha de milho e a opção de se fazer cuscuz.

     313 – Plantavam amendoim.  Faziam com amendoim inclusive óleo para uso no período da Quaresma, porque nesse tempo santo não usavam a banha de porco.   No restante do ano, para abastecer a lamparina era usado a banha de porco de produção local.

     Do amendoim faziam bolo, paçoca doce, muito usada para levar no trabalho longe e comer com banana.

     313 – Medida de milho em palha na roça.   “Carro” de milho, uma medida portuguesa.  O carro se divide em frações menores, os cargueiros e estes em mãos.   1 carro = 12 cargueiros.  1 cargueiro = 8 mãos = 2 cestos (ou balaios de bambu trançado).

     315 – “Tentação” (capeta).  Era um xingamento muito comum na região.   Nasci em 1950 na região e a expressão me é familiar de ouvir.   Tipo:   fulano é uma tentação. 

     Taçuira.   O nome deve ser indígena e se refere às pequenas formigas também chamadas de “lava-pé” porque tem uma picada bem doida e atacam em quantidade quando a pessoa por descuido pisa no ninho delas, um monte baixo de terra meio circular.   O nome lava pé vem do fato da pessoa atacada, no desespero, esfregar um pé no outro para tentar se livrar das taçuiras.   Conheci isso na pele também.

     Por estas e outras, alertei os leitores que há um pouco do meu “DNA” nos relatos do autor e o motivo é que sou da mesma época em que foi escrito o livro (sou de 1950) e da região bem perto de Bofete-SP, a cidade de Cerquilho-SP.

 

                    FIM.        (há outros fichamentos a caminho)

domingo, 23 de agosto de 2020

O BRASIL, O MEIO AMBIENTE, A GRETA, A MERKEL E O AD HOMINEM

 

14 min
 
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Eng,Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
(Creinsdeuspai!!!) Calma, que vou por partes!
Sobre o Brasil, além da pandemia, estamos sofrendo com a falta de cuidado da área ambiental onde de um lado não estão sendo aplicados os recursos disponíveis no orçamento federal e de outro lado a Natureza está sendo maltratada como nunca. Incêndios, desmatamentos crescentes, garimpos ilegais, indios sem o tratamento adequado da pandemia. Um Caos. Nossa imagem lá fora está muito ruim e tendem os paises compradores dos nossos produtos passarem a mudar de fornecedores, o que seria muito lamentável. Torço muito para que isso não aconteça.
A Greta Thunberg. Essa jovem sueca começou há poucos anos, ainda menina, um protesto solitário na cidade dela, pedindo que as autoridades do mundo cuidassem mais do meio ambiente. Pela relevância da causa, ela foi ganhando justa projeção e hoje é uma personalidade mundial. Uma verdadeira bandeira pró Meio Ambiente saudável.
Angela Merkel. Para mim ela é nestas décadas, a maior personalidade mundial pelo carisma, coerência e liderança. Governa por vários mandados a progressista Alemanha.
E o raio do Ad Hominem ou Argumentum Ad Hominem (argumento contra a pessoa). É um truque milenar. Quando a pessoa não concorda com um fato relatado, ao invés de analisar o fato e dizer as razões para não concordar, de forma objetiva, para sair pela tangente, usa o tal Argumentum Ad Hominem. Tenta desqualificar quem disse sem entrar no mérito da questão do que foi dito. É como você dar uma surra no carteiro por ele ter trazido uma notícia ruim.
Então agora, vamos misturar os ingredientes para tentar dar um recado. Muita gente hoje em dia nas redes sociais está cobrando das autoridades uma ação mais efetiva para combater os problemas ambientais e ficamos sabendo recente que o governo gastou 15% só do dinheiro que tinha para o Ministério atuar e foi omisso, nada fez e estamos vendo tudo queimando, garimpos ilegais, florestas derrubadas e indios ao léu na pandemia. Os que defendem o governo entendem a reclamação como algo contra o governo, como falta de colaboração e tudo o mais. Ao contrário, se cobra ação, até porque o governo tem o Dever de agir pelo bem da Nação. E como a Natureza está ao Deus dará, a Greta reclama com justa razão e tem eco no mundo todo mas aqui ela é vista pelos conservadores como uma intrusa e criticam até o fato dela ser portadora de uma síndrome, num típico uso do Argumentum Ad Hominem contra ela. Fala mal dela sem ouvir o que ela diz e se ela tem razão. E tem tanto que é ouvida pelo mundo e dias atrás ela teve uma audiência com nada menos que a Angela Merkel justamente para tratar de cobrar ações em defesa do Planeta.
Finalizando. Ver que temos sérios problemas ambientais, que a Greta e quem alerta para o problema quer ajudar nosso país a ficar melhor para nós e para o mundo e usarmos menos o tal Argumentum e enfrentemos mais o mérito da questão. Fraterno abraço a todos.

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

THOMAS PIKETTY - UMA SEPARATA - O ECONOMISTA E O MEDO DA CHINA... - AGOSTO DE 2020


Separata de trecho do livro O Capital no século XXI do Economista Thomas Piketty (edição de 2014 - Editora Intrínseca - página 452 - (cientista elogiado por Bill Gates, Paul Krugman - Prêmio Nobel de Economia e outros mais)

"A totalidade dos patrimônios... possuida pelas famílias europeias representa no início dos anos 2010 cerca de 70 trilhões de euros. Em comparação, o total de ativos detidos pelos diferentes fundos soberanos chineses e em reservas no Banco da China representa cerca de 3 trilhões de euros, ou seja, mais de 20 vezes menos que os 70 trilhões. Os países europeus não estão nem perto de serem possuidos pelos países pobres: seria necessário primeiro, que esses países enriquecessem, o que pode levar muitas décadas. Donde vem então, esse medo, esse sentimento de perda de posse, em parte irracional? Ele se explica, sem dúvida, por uma tendência universal a responsabilizar os outros pelas dificuldades domésticas."

terça-feira, 4 de agosto de 2020

RESUMO DE PALESTRA DO BISPO EMÉRITO DO XINGU-PA - DOM ERWIN KRÄUTLER - O MESMO QUE ASSINA CARTA DE APOIO AOS PADRES SOBRE QUESTÕES DO BRASIL ATUAL - AGOSTO/2020

RESUMO DA PALESTRA - DOM ERWIN KRÄUTLER – BISPO DO XINGU – PARÁ (postagem em agosto de 2020)
A palestra foi realizada em 2007 (03-03-2007) quando ele estava como Bispo e atualmente ele é Bispo Emérito do Xingu-PA. Em 2007 ele esteve em Maringá para uma palestra no Auditorio Dona Guilhermina da Arquidiocese local.
Costumo anotar um resumo das falas e depois fica fácil para resgatar os temas que continuam relevantes, mesmo passado algum tempo, como julgo ser neste caso.
Dom Erwin de nascimento é austríaco e atualmente tem a cidadania brasileira. Nos anos 30 um tio dele, Eurico, já atuava como padre em Altamira no Pará. Ele então criança, aos seis anos, via em sua terra natal a família lendo as cartas do tio que atuava na região da selva amazônica e despertou nele a vontade de ser sacerdote e atuar também na Amazonia. E assim foi.
Ele é nascido em 1939 na Austria, como foi dito. Já padre, veio para Altamira-PA em 1965 . O município, como os demais naquela região, é enorme em termos territoriais e os transportes são bem complicados. Os problemas sociais e ambientais sempre de grande monta. Ele trabalhou no passado com a Missionária Irmã Dorothy Stang que foi assassinada em Altamira em virtude da luta dela e dos demais em defesa do povo e do meio ambiente.
Em 1986 um caminhão atingiu o carro onde Dom Erwin e um padre estavam, matando o padre e causando lesões que deixaram o Bispo por seis meses em recuperação em hospital. Ele supõe que aquilo foi feito de forma deliberada.
Em 2007, eram já 41 anos dele residindo em Altamira-PA e servindo à Igreja e ao povo. O desafio de, aos 26 de idade, aprender uma língua e uma cultura diferente. Lá eles chamam a Diocese de Prelazia que tem a jurisdição do tamanho do estado do RS ou duas vezes o estado de SC.
Lá o chamado inverno é tempo de chuvas e verão tempo seco e muita poeira nas estradas. Ele disse que apesar dos desafios enormes, não se sentia só na missão, pois sempre havia gente torcendo pelo sucesso da causa e Deus conosco, como disse.
Ele quando chegou ao Brasil já tinha dois tios padres atuando na Amazonia. Em 2007 era padre há 41 anos, contando o tempo como Bispo também. Nunca se arrependeu um minuto da escolha que fez. Foi 15 anos padre até 1980 e ordenado Bispo no dia da celebração da conversão do Apóstolo Paulo, dia 25 de janeiro. Ordenação em 1981.
Aos 41 anos de idade, foi sagrado Bispo, um dos mais jovens do Brasil até então. Tratou de consultar os fieis e um dos pedidos mais fortes destes foi que ele não ficasse numa escrivaninha, mas visitando e atuando no interior da Prelazia, junto ao povo, onde estão os desafios.
Em 01-07-1983 foi preso ao defender movimento dos canavieiros que estavam há nove meses sem receber salários em Medicilândia-PA. No desespero, os canavieiros cercaram a Estrada Transamazônica como protesto pacífico. Ele, em solidariedade, foi rezar uma missa lá no local do bloqueio da pista. Houve polícia, bombas de gás lacrimogênio, prisões.
Quando foram prendê-lo, a mulherada em coro gritou: Larguem ele. Ele é nosso Bispo. Nesse ato ele se sentiu novamente confirmado na sua condição de Bispo.
Destacou que era inconstitucional trancar estrada, mas ele argumentou que mais inconstitucional era não pagar salário a tantos empregados por nove meses. Em seguida foi libertado porque a polícia ficou com medo da repercussão negativa de prenderem um Bispo.
Nesse episódio ele foi consultado e disse do risco, mas o povo decidiu trancar a estrada e ele só decidiu ficar do lado do povo. Disse que colocar um episódio desses na palestra é para dar uma mostra dos desafios que enfrenta em sua Prelazia de Altamira-PA.
“Lá se vive numa guerra onde o pobre sempre tem perdido”.
Ele conseguiu articular com os Bispos para que uma Campanha da Fraternidade tivesse como Lema: Fraternidade e Amazonia. Disse que não foi fácil aprovar o tema em colegiado, até por abrir um precedente de focar uma região do Brasil. Amanhã alguém poderia propor que o foco da próxima fosse o Nordeste ou outra região e seus problemas.
A idéia era sacudir o Brasil com a Campanha para que o povo conhecesse os problemas e injustiças que lá ocorrem de longa data.
Quando fora da Amazônia se fala na região, se ouve falar em Província Mineral, etc. Só foco na economia, ou seja, o “depósito” onde só sacamos as riquezas visando o lucro.
Ecologia – vem do grego oykos, lar, casa. Minha casa é meu lar e lá eu defendo com unhas e dentes. Logia – ciência.
Na Amazônia existe gente. Muita gente. Inclusive gente do Paraná.
Os povos da Amazônia. Os primeiros são os indígenas. No século passado morreram na região índios, como morrem moscas. O índio não diz eu sou índio. Ele diz: Eu sou Caiapó. Diz a que tribo pertence.
Certas tribos não tem fonemas como o F.
Costumam alegar que o índio é preguiçoso e para quê tanta terra. Foram dizimados ao longo dos tempos.
Dom Erwin diz que se não fosse a Igreja Católica, os índios já tinham sido varridos do mapa. CNBB e CIMI Conselho Indigenista Missionário. Atuaram forte na elaboração da Constituição Federal de 1988. Foi desde a CF1988 que se reconheceu que os índios são os primeiros povos deste país e tem seus direitos.
Continua numa segunda etapa.

RESUMO DE PALESTRA DO BISPO EMÉRITO DO XINGU-PA - DOM ERWIN KRÄUTLER - O MESMO QUE ASSINA CARTA DE APOIO AOS PADRES SOBRE QUESTÕES DO BRASIL ATUAL - AGOSTO/2020

PARTE FINAL – DOM ERWIN (Bispo da Prelazia do Xingu-PA
Lutar pela demarcação das terras indígenas é garantir a Ecologia. A Amazonia do branco fica pelada, virando pasto, savana (vegetação praticamente sem árvores), estepe. Ao contrário, a Amazonia dos índios continua com floresta em pé.
O negro que vinha da África escravizado sentia o banzo, queda na vontade de viver, saudade da terra natal e cultura própria. O povo ribeirinho é uma mistura do colonizador português com o negro e o índio.
Comunidades ribeirinhas quando diziam ir ao centro, era ir à mata para se prover de alimentos, etc. Viviam em comunhão com a natureza.
O Rio Xingu tem 2.000 km. Baixo Xingu, perto da foz do rio fica de barco potente ao redor de 45 minutos da sede da prelazia.
Falou da festa popular do Círio de Nazaré onde se vê tanta gente com a fé estampada no rosto.
Quando da riqueza da borracha, a corrida dos nordestinos para a Amazonia onde havia seringueiras nativas na mata. Tempos dos Barões da Borracha. O belo Teatro da Paz em Belém do Pará (eu conheci o mesmo).
No tempo da Segunda Guerra Mundial aumentou a demanda por borracha para veículos de guerra inclusive. Tempos de riqueza com a exploração da borracha em seringais nativos da Amazonia. Os chamados “soldados da borracha” foram migrantes, principalmente do nordeste que foram incentivados pelo governo brasileiro para a região visando o incremento da produção da borracha.
Na Segunda Guerra Mundial o Brasil enviou para a guerra ao redor de 20.000 soldados. Uns 240 morreram em combate. Já no caso dos “soldados da borracha”, aproximadamente a metade morreu de malária, conflitos, etc.
Anos 70. Presidente Medici. Seca no Nordeste e o presidente General sobrevoa em seguida a Amazonia e do avião, só via mata e mais mata. Viu o que pensou ser uma terra sem presença humana e deu na telha dele a ideia de levar gente que estava castigado pela seca do Nordeste para colonizar a região amazônica.
Era tempo do poderoso General Golbery do Couto e Silva que era mentor de ideias geopolíticas no governo. Achava que precisava povoar a amazonia sem conhecer os que já viviam por lá. Visão deles de defesa do País.
Naquela época, anos setenta, as famílias nordestinas eram composta de bastante filhos, comumente mais de seis. O governo abriu a rodovia Transamazonica e fez estradas vicinais ( os chamados travessões) em espinha de peixe nas laterais em certa região e nessas estradas vicinais, dividiu lotes de terras para serem ocupados por migrantes visando colonizar as áreas. Cada travessão, estrada vicinal tinha ao redor de 5 km e nas laterais dela, os lotes rurais em abertura.
A cada 50 km mais ou menos, ao longo de parte da Transamazonica criaram as chamadas Agrovilas para os colonizadores se abastecerem.
Na primeira colonização, só 15% dos novos colonos conseguiram se consolidar na terra. Não tinham assistência médica, etc. Muitos voltaram para o Nordeste e outros incharam as Agrovilas e outros centros urbanos.
Cita a Folha de São Paulo de 10-10-1970. Matéria sobre a Transamazonica.
O Bispo Dom Erwin estava no local da inauguração citada rodovia Transamazonica e assistiu inclusive o discurso emocionado do presidente general Emilio G.Medici.
De vésperas, “pintaram” de cor de asfalto uns 5 km da rodovia só para quem fosse à cerimônia ter uma boa impressão. A rodovia era sem asfalto. O projeto de 4.300 km era de ligar a cidade de Labrea no Amazonas ao porto de Cabedelo na Paraiba. O Bispo disse que aquela obra tratada com ufanismo foi um canto de sereia. Houve uma corrida migratória para tentar ganhar a vida por lá. Hoje o que se vê no rosto do morador da região é uma mistura dos antigos ribeirinhos, mais os nordestinos e a feição também dos migrantes do sul do Brasil, inclusive muitos paranaenses que para lá migraram na época da construção da rodovia.
Ele destaca que a cidade de Altamira-PA ultimamente já teve dois prefeitos que são paranaenses cujas famílias migraram para lá em outros tempos, com ênfase na época da construção da rodovia.
Foi para alguns o trampolim para a riqueza pessoal, mas para poucos.
Período das queimadas – agosto a setembro se intensificam. Causa irritação nos olhos, asma. Visão de altas castanheiras em pé queimando à noite. Cena macabra. Quem questiona isso é inimigo e “deve” ser eliminado.
Derrubada a floresta, os grandes fazendeiros semeiam o capim para formar pasto com uso de aviões agrícolas. Jogam inclusive sobre as roças dos pequenos ribeirinhos. Força os pequenos a abandonarem suas pequenas posses.
Sobre construção de hidrelétrica na região, ele diz que no geral são menos danosas que as nucleares em potencial. Mas que no caso da amazonia, ele entende que deveria antes ouvir as comunidades atingidas e achar solução comum. Ninguém consulta a comunidade, inclusive a que vai ser remanejada pela inundação em si.
Disse que já viu esse filme antes, na construção da Transamazonica. Não se ouve o povo atingido pela obra. Ele que vive há muitas décadas na região afirmou que a estrada citada só trouxe injustiça e miséria ao povo local.
Disse que o estado do Pará é rico inclusive em minérios e entre os 27 estados em riqueza efetiva é o 23º.
Em seguida teve uma breve fala do Eduardo da comunidade de Nossa Senhora do Sião, em missão. A referida comunidade nasceu de leigos católicos de Maringá-PR e atualmente (2007) está em Rondônia e em Humaitá-AM.
Na parte das perguntas, Dom Erwin destacou que na região conta com poucos padres. Em sua Prelazia do Xingu, enorme que é, conta com 26 padres, sendo 13 diocesanos e 13 de outros países. Disse que até anos atrás, 95% dos clérigos na Amazonia era composta de estrangeiros por falta de clérigos brasileiros.
Disse que lá os índios dividem os brancos em: os que vem aqui para buscar coisas e alguns que vem para nos ajudar.
O Dom Erwin (em 2007) anda na Prelazia escoltado por dois soldados. Diz até brincando, que nunca os PM assistiram tantas missas.
(os da escolta).
Ele destacou por lá a capacidade de engajamento das mulheres nos serviços pastorais. Elas são uma rocha na missão.
Sobre como os daqui ajudarem, ele disse que buscando conhecer um pouco mais da realidade deles já é uma ajuda porque “o que não se conhece não se ama...” . Diferente do Paraná, lá o desafio tem sido bem maior para a Igreja e os colaboradores. Aceitam ajuda.
Anotações pelo Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
(residi em Maringá por 12 anos entre 2000 e 2012 e fui inclusive Secretário da CPP da Catedral local – Comissão Pastoral Paroquial)
orlando_lisboa@terra.com.br

domingo, 2 de agosto de 2020

RESUMO (FICHAMENTO) - LIVRO - HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE DO MATE - UFPR - UNIV. FEDERAL DO PARANÁ - JULHO 2020

RESUMO (RESENHA) – LIVRO – HISTÓRIA DA UFPR - julho-2020
Nome do livro: Universidade do Mate – História da UFPr
Autor do livro: Historiador Ruy Christovam Wachowicz
Resenha pelo leitor: Eng. Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
Parte 1/5
O livro é editado pela própria UFPr Universidade Federal do Paraná no ano de 2006 e contém 222 páginas. O autor foi Professor da mesma.
Parte de Introdução do livro pela Professora Lílian Anna Wachowicz
Página 13 - O livro em si foi escrito em 1983. Ele também tem livro publicado sobre a História do Paraná.
Na introdução é dado o tom: Fazer a história chegar ao povo “é condição de cidadania”.
14 – Mensus – semi escravos. Extração do mate e madeira no passado. Houve estudos na área de história e correlatos patrocinados pela Usina de Itaipu numa contrapartida ao impacto socio ambiental na vizinhança da mesma usina que inundou terras férteis, florestas, santuários indígenas, etc.
14 – No Paraná o autor coloca três frentes de ocupação territorial. A primeira oriunda do chamado Paraná Tradicional. A segunda por migrantes de Santa Catarina e Rio Grande do Sul e a terceira, do Norte do Paraná.
O viés ideológico que ele em pesquisa constatou em um cartório. Uma cidade se dizia de colonização gaúcha, mas na pesquisa, 18% do povo veio do RS e 82% de outras origens. Pela ideologia era povo gaúcho e pronto.
15 – Fez o livro e o General presidente de Itaipu pediu para ele retirar dados de que os militares em 1914 em Foz estavam ligados ao contrabando. Mas os dados eram lastreados em documentos históricos levantados em pesquisa de campo. O autor não retirou a citação e alegou inclusive que o livro foi bancado pela Universidade. Pois o livro foi lançado e o autor não foi convidado para o lançamento.
Era nos anos 80, tempos da Ditadura Militar.
15 – Auge da erva mate no Paraná foi no fim do século XIX quando o Paraná perdeu parte do território do Contestado para Santa Catarina.
16 – Ele notou no Oeste do PR questões racistas e elitistas. A região tem terras férteis e resultou em municípios sólidos.
O negócio relevante do mate há mais ou menos um século fez o Paraná (base 1984) ficar de frente para o Mar del Plata e de costas para RJ e São Paulo. O mercado consumidor era naquela região vizinha.
Mercados mais relevantes – Buenos Aires, Montevideu e mais tarde, Valparaiso no Chile.
16 – As elites do Paraná anseiam a criação da universidade após perda do território do Contestado e pelo bom desempenho do mate como negócio. Busca desenvolver lideranças. Um líder destacado foi Vitor Ferreira do Amaral. Também Nilo Cairo, que se destacava na Ciência dentro do Positivismo da época. (década de 1910)
16 – Cita Gramsci sobre cidadania: “cidadão é o especialista que domina a sua técnica e tem a consciência política do seu tempo”.
17 – UFPr – foi criada em 1912.
17 – Setores da UFPr e grupos de articulação.
Ciências Humanas liderado pelos grupos Católicos;
Setor de Saúde, liderado pelo grupo Positivista liderado por Nilo Cairo.
Setor de Ciências Jurídicas, liderado por Hugo Simas e assim por diante.
O primeiro Presidente da Comissão Organizadora para formação da Universidade foi Vitor Ferreira do Amaral. (médico)
17 – Cursos superiores iniciais – Odontologia, Comércio e Agrimensura.
Antes de 1910 se criou em Curitiba a Escola Federal de Aprendizes Artífices. Paralelamente Rocha Pombo, em 1892 criou em Curitiba uma Universidade que não vingou.
No ano de 1912 um grupo tentando criar a Universidade à parte, sem interagir com o grupo que tentava criar a Universidade que se materializou na UFPr. Esse grupo alternativo era ligado à Engenharia Militar. Nilo Cairo era médico militar. Tempo de construção de ferrovias e rodovias por militares. Muitos de alta patente morando em Curitiba.
Sorte que os líderes dos grupos se uniram e daí houve a força para a universidade sair do papel. Governava o Paraná em 1912 o Presidente Carlos Cavalcanti. Naquele tempo o cargo de governador levava o nome de Presidente.
A reunião de fundação da universidade foi as 19 h do dia 19-12-1912. A data no conjunto dá um número curioso. E 19-12 é aniversário de Emancipação política do PR que antes pertencia a SP até 1853.
18 – Mesa de honra com o Presidente da Província do Paraná, Carlos Cavalcanti; o General Alberto de Abreu e o Bispo Dom João Braga.
Lema da Universidade: Scientia et Labor.
Frase que dá o tom do empreendimento: O conhecimento liberta a mente.
O autor, daqui em diante:
21 - A Biblioteca Pública do Paraná e as edições do jornal Commercio do Paraná, este de Vitor Ferreira do Amaral. Apoio ao projeto.
22 – A lei “Rivadávia” de 1911 desoficializou as universidades do Brasil. Abriu espaço para se criarem universidades regionais. Nessa leva se criou a Universidade do Amazonas (economia da borracha), Universidade em SP (força do café) e do Paraná (força da economia do mate).
26 - Antes do Paraná perder a região do Contestado para SC, não dava atenção a ela e Santa Catarina foi se articulando pela posse. Em 1901 SC entrou no STF com a causa e ganhou o território em 1904.
.................... continua - capitulo 2/5