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domingo, 20 de setembro de 2020

FICHAMENTO DE LEITURA - O CAPITAL NO SÉCULO XXI - Autor: Thomas Piketty - Editora Intrínseca - RJ - 2014 (cap 19/20)

 CAPÍTULO 19/20

          Página 540 -  Chipre, ilha com 1.000.000 de habitantes e que constitui um país europeu.   Bancos de lá, hiperatrofiados e sem maior controle.  Há ricos de fora que colocam dinheiro escondido lá.   Hoje o país está na zona do Euro.   Tive recente crise bancária mas houve restrição de ajuda porque se acusa deles terem aplicado meio clandestinamente dinheiro suspeito de aplicadores de fora.  Ajuda-los seria indiretamente ajudar os aplicadores que fugiam de impostos em seus países, escondendo riqueza.

         541- PIB Produto Interno Bruto da EU União Europeia

         O PIB da U.E. equivale a aproximadamente ¼ do PIB global.

         O euro, 1992 – criado pelo tratado de Maastricht, mas implantado mesmo em 2002.

         542 - ...”ninguém deseja dar a um chefe de governo o poder de mudar os reitores ou professores universitários como bem entender...”

         544 – Diz que falta um Parlamento comum executivo para a zona do Euro para as decisões  serem mais claras.    Hoje fazem reuniões fechadas, de gabinete e só ficam perguntas no ar.

         O que se decidiu?   Por quê?     Ao menos essas perguntas básicas tinham que ser acessíveis ao povo.

         O que tem havido são reuniões secretas de chefes de Estado e estas tem sido opacas e poucos resultados práticos.    Um exemplo é a falta de uma decisão e ações integradas para rastrear o capital e evitar clandestinidade deste.

         545 – Há na U.E até proposta de mutualização da dívida pública.   Uma proposta ambiciosa e polêmica.  Juntar o que todos devem no bloco e o bloco assumir em conjunto a administração da dívida.

         545 – Há multinacional na zona do Euro que “transfere” o lucro das unidades para aquela localizada no país onde a tributação do lucro é mais branda.

         545 – Na U.E geralmente as rendas são devidas ao país de residência (+ de seis meses) do detentor.   Patrimônio/ativos – tributa-se pela localização dos ativos.

         548 – “A desigualdade é a base da sociedade de rentistas”.

         550 – Juridicismo e Política.

         551 – Países da U.E. com alto déficit público e por outro lado -  “... o fato é que os países europeus jamais estiveram tão prósperos”.

         551 – Aquecimento Global e Capital Político

         Palavra realçada pelo autor:  Deterioração do Capital Natural.

         Fala do relatório do britânico Nick Stern de 2006 que coloca valores monetários para os danos ambientais causados pelas atividades econômicas.

         552 – “A conclusão do Relatório é a necessidade de uma ação forte e imediata para acudir as questões ambientais”.    ...”a perda de bem estar global para a humanidade é tal que justifica gastar a partir de agora o equivalente a pelo menos 5% do PIB mundial para tentar limitar o aquecimento global futuro”.

         Outro autor discorda da proposta.   Um americano – Nordhaus – que argumenta que os seres humanos de futuro serão mais prósperos que nós e não seria o caso de fazermos sacrifícios para os do futuro...

         (eu como leitor, discordo dessa argumentação.  Temos filhos, netos e o espírito solidário com a sociedade em geral de agora e do futuro)

         O americano citado defende a posição na linha do governo dos USA de não ter planos para combate ao aquecimento global nem ao desequilíbrio ecológico planetário, logo o país que é destaque como poluidor.

         “Este é um dos principais debates no futuro”.

         553 – Transparência econômica e controle democrático do capital.

         ...................segue o capítulo final - 20/20 

FICHAMENTO DE LEITURA - O CAPITAL NO SÉCULO XXI - Autor: Thomas Piketty - Editora Intrínseca - RJ 2014 (parte 20/20) final

 CAPÍTULO 20/20  (final)

 

         553 – A tomada de decisão tem que ser  democrática e ele enfatiza que o povo tem que cada vez mais ter acesso às informações econômicas para melhor decidirem o rumo a tomar.

         ...”um desafio de governança democrática e participativa nas decisões”.

         555 – CONCLUSÃO

         A contradição central do capitalismo.   R>g    “A desigualdade r>g faz com que os patrimônios originados no passado se recapitalizem mais rápido do que a progressão da produção e dos salários”.    (em sentido figurado, o carro do banqueiro corre mais rápido que o do industrial e do assalariado).

         “Uma vez constituído, o capital se reproduz sozinho, mais rápido do que cresce a produção.   O passado devora o futuro”.

         ... investir em educação e tecnologias não poluentes.

         O autor disse que qualquer solução NÃO passa por crescimento no século XXI acima de 1 a 1,5%¨ao ano.     Índices que não são muito diferentes dos ocorrentes nos séculos anteriores em média.

         556 – A solução passa pela COOPERAÇÃO entre as nações e tributar o capital.

         557 – Para uma economia política e histórica.

         Nas conclusões -   “Não concebo outro lugar para a economia que    

                                      Não o de subdisciplina das ciências sociais, ao lado de história, sociologia, antropologia, ciência política e outras tantas”.

         Ele, ao invés de Ciência Econômica, prefere o termo Economia Política...   seu propósito (da Economia Política):  Político, Normativo e Moral.       

         ...”todos os cidadãos devem se engajar no debate público”

         559 – O Jogo dos Mais Pobres

         560 – Ele disse que no século XX a Ciência Social ficou muito na polaridade capitalista x comunista e que isso deixava as análises mais rasas.  Hoje em dia isso deve ser superado.   (ele já no início do livro deixou claro sua posição pessoal pelo capitalismo)

         Frase final:   (pagina 561)    “Aqueles que possuem muito nunca se esquecem de defender seus interesses.   Recusar-se a fazer contas raramente traz benefícios aos mais pobres”.

          Fim.       Leitura e fichamento encerrados dia 24-08-2020

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

UMA TENTATIVA DE CONSTRUIR CENÁRIO - AMBIENTE POLÍTICO BRASILEIRO - DE ONDE VIEMOS, ONDE ESTAMOS E PARA ONDE VAMOS - SET/2020

 UMA TENTATIVA DE CONSTRUIR CENÁRIO

Nestes anos recentes, o ambiente político no Brasil, e mesmo no mundo, tem sido bastante conturbado. Mas vamos fazer um recorte para o Brasil para falar de cenário.
Como as águas andaram turvas e revoltadas no lado político, várias entidades da sociedade civil organizada tem procurado convocar especialistas para discorrerem e debaterem a problemática. Afinal, os Cientistas Políticos tem uma formação acadêmica bastante robusta para ver as questões e fenômenos em suas diferentes vertentes. E trazem geralmente um histórico da dinâmica da sociedade num período bem amplo, colocam os atores nos seus lugares, chega-se ao momento atual levando em conta os fatos relevantes do passado e como estes interagiram e interagem e com base nessa visão de conjunto, fazem o que se chama de Leitura de Cenário. Estudar o passado, entender o presente e buscar ler o Cenário e jogar alguma luz sobre o que está por vir. Para isso tudo, a pessoa tem que ter o preparo para ficar acima das paixões políticas, medir a relevância de cada centro de força e poder e estabelecer uma série de conjecturas sobre os próximos passos que poderão vir com maior probabilidade dentro dessa criteriosa análise de cenário. Nada de uma visão num recorte de 45 graus para o lado da preferência. Cenário se constroi olhando os 360 graus do ambiente completo com o que agrada e com o que não agrada pois não se trata de chegar ao que me agrada, mas ao que a ciência indica como tendência com base no estudo de Cenário. Isto é ciência , diferente de escolher o que agrada que é paixão.

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

UM RESUMO DA POLÍTICA AGRÍCOLA BRASILEIRA - PLANOS SAFRAS - FINANCIAMENTOS, SEGUROS, ESTOQUES REGULADORES - SETEMBRO/2020

 

UM RESUMO DA POLÍTICA AGRÍCOLA BRASILEIRA

         Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida – 15-09-20

         Comecei na profissão em 1977 num banco privado, recém formado na ESALQ USP de Piracicaba.  O primeiro emprego me remeteu de SP para o interior do Paraná, mais precisamente Umuarama.   Deste, em 1981 passei para um banco público federal que é o maior repassador de Crédito Rural do País desde sempre.  Neste, foram 31 anos de atividade até me aposentar em 2012, sempre trabalhando com o que chamamos de Política Agrícola Nacional que na verdade é uma política de Estado, permanente, só variando poucos pontos ao longo do tempo, sempre mantendo a estrutura principal que veremos de forma sintética abaixo.

         O sistema pode ter suas vulnerabilidades, mas vem sendo um aparato que tem ajudado o Brasil a colher safras expressivas e nos coloca como importante exportador de produtos do setor.

         Para se ter uma ideia da dimensão da Política Agrícola, todo ano é lançado um novo Plano Safra por volta no meio do ano e vigente até o meio do ano seguinte, isto porque a safra se planta grosso modo no segundo semestre de um ano e se colhe no primeiro do ano seguinte.  Estamos no início da Safra 2020/2021.   Para este ano agrícola o governo destinou 236 bilhões de reais para financiamentos entre custeio, investimento, comercialização, etc. de dinheiro do Orçamento da União e também parte de recursos que já são do movimento dos bancos junto aos clientes.

         O setor recebe recursos vultosos como financiamentos anualmente via bancos oficiais e privados, além de cooperativas e os juros em geral são muito abaixo dos de mercado, inclusive porque o governo anualmente embute uma quantia significativa de subsídio nos financiamentos, via “equalização” de taxas junto aos bancos.      (8, 9 bilhões de reais de subsidio em 2018 - https://www.google.com/search?q=(qual+o+valor+anual+de+subsidio+no+Credito+Rural+no+Brasil+2018)&rlz=1C1RLNS_pt-BRBR885BR885&oq=(qual+o+valor+anual+de+subsidio+no+Credito+Rural+no+Brasil+2018)&aqs=chrome..69i57.18654j0j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8  )

         Pouco se fala nos subsídios, mas anualmente o valor que o setor recebe a fundo perdido soma alguns bilhões de reais pagos pelo Tesouro com o nome de “equalização de taxas”.      Para um banco captar recursos no mercado, tem que pagar um juro ao aplicador e para repassar a terceiro via financiamento tem que cobrar um juro maior, além das despesas operacionais, os riscos de inadimplência e o lucro na operação.   Para garantir isso e o dinheiro chegar a juro baixo ao produtor, só com o subsídio do governo.

         Mais adiante, veremos a taxa para financiamento e dá para se ter idéia do subsidio que nela está embutido para que se possa fechar a conta.

         As modalidades mais comuns de elementos de política agrícola são as seguintes:

         Financiamento de Custeio, Investimento e Comercialização

         Seguro Rural  (Proagro e Seguros Privados mais recentes)

         PGPM Política de Garantia de Preços Mínimos. (com EGF e AGF)

         Financiamento de custeio -  o governo divide os produtores pela renda em Agricultor Familiar, Médio Produtor e Demais Produtores.  As taxas de juros são crescentes para cada categoria acima.

         Custeio – para as atividades de rotina de plantar, cuidar e colher a safra.

         Investimentos – em maquinários, benfeitorias fixas, etc.

         Comercialização – para ajudar no escoamento da safra evitando preços muito ruins ao produtor na época da colheita da safra.

         O juro fixo neste ano 2020/2021 para custeio do Agricultor Familiar está na faixa de 2,75% ao ano a 4% ao ano.

         Para os chamados Demais produtores, os maiores, juros de 6% a 7% ao ano, juro fixo.   

         Comercialização -  Aqui entra a tal PGPM  Política de Garantia de Preços Mínimos -  Tem a figura do EGF Empréstimo do governo federal ao produtor em caso de colher a safra e o mercado não estiver pagando nem o chamado Preço Mínimo (igual ao custo aproximado).   O produtor poderia oferecer como garantia a produção colhida e ter prazo definido para esperar o mercado melhorar (comumente prazo de até 6 meses).     Se o EGF for com opção de venda para o governo, findo o prazo e o preço no mercado não melhorando, o produtor pode entregar o produto ao governo em seus armazéns públicos e fica quitada a dívida.

         Caso o preço reaja no período, o produtor vende o produto ao mercado pelo melhor preço e quita o financiamento e fica com o saldo do negócio.

         AGF Aquisição pelo governo Federal.    Caso o preço na colheita estiver ruim e o produtor não acredita que irá melhorar, vende direto ao governo pelo preço mínimo que em geral empata com o custo e sai sem perda nem ganho da safra e parte para esperar novo ano agrícola.

         Junto com a PGPM o governo tem meios de fazer os chamados Estoques Reguladores de Preço no Mercado para evitar oscilações muito grandes de preços, que não são boas para os produtores, nem para os consumidores.   Se o governo estoca nos preços baixos, quando os preços disparam, tem estoque para oferecer no mercado e amenizar a alta.

         Até aqui teríamos duas ferramentas interessantes.  Na primeira, alguém que não tem capital para “tocar” a safra, faz financiamento e planta sua safra ou faz seus investimentos conforme o caso.     Outra ferramenta é enfrentar as oscilações de mercado para o produto colhido, isto geralmente para quem antes financiou a safra em banco pelo Crédito Rural oficial.

         Agora, vamos ver sobre a questão do Seguro para os riscos de clima, etc. que podem causar danos à safra, que podem ser parciais ou totais.

         Quem financia sua safra tem direito de colocar sua safra no seguro tomando por base o chamado Preço Mínimo (semelhante ao de custo) definido pelo governo.   Aderindo ao seguro, caso haja sinistro, se comunica, se faz perícia, se apura o dano total ou parcial e ocorre e indenização devida.   O objetivo do Seguro é evitar o prejuízo e não proteger o lucro esperado, porque nesse caso o seguro sairia muito caro.

         O seguro oficial do governo se chama PROAGRO Programa de Garantia da Atividade Agropecuária.  

         A fim de que tudo isso funcione a contento, há uma série de normas e em geral os financiamentos são precedidos de projetos agropecuários feitos por profissionais habilitados, Engenheiros Agrônomos, Técnicos Agrícolas/Agropecuários e similares.   Estes dosam o valor do crédito adequado, a tecnologia a ser empregada buscando otimizar resultado e reduzir riscos.   Uma equipe maior tem como cliente os produtores e outra equipe menor de técnicos está ligada aos Bancos, até por força de lei, para que os recursos e subsídios sejam usados com rigor técnico.

         Finalizando, grosso modo o Paraná produz ao redor de 20% da safra nacional e demanda crédito aproximado nessa proporção.    Seriam então só no Paraná, nesta safra 2020/2021 alocados em torno de 50 bilhões de reais na safra.    Em torno de uns 900 técnicos estão envolvidos na assistência técnica ao produtor e só no Banco federal líder em crédito rural no Paraná teria uma equipe aproximada de duas dezenas de técnicos do setor em seus quadros para orientar o banco na forma correta de aplicar os recursos com racionalidade e dentro das normas legais que são muitas.

         Este é um resumo da atividade e estive envolvido no sistema nove anos em banco privado e 31 no banco público federal até me aposentar em 2012.  

domingo, 13 de setembro de 2020

CAP. 1/10 - FICHAMENTO - LIVRO - OS PARCEIROS DO RIO BONITO - Autor: Antonio Candido - Professor da USP (base 1954)

 

        O livro resulta de uma tese de Doutorado do autor com trabalhos de campo focados em Bofete-SP e a vida do caipira de então.  O estudo de campo foi de 1947 a 1954

         Li este livro por hobby entre 25-08  e 06-09-2020 no grupinho de leitura familiar em tempo de epidemia da covid 19.

         Há no início do livro uma foto do autor então aos 29 anos em 1948. O livro teve como origem o trabalho de campo do autor para a tese de doutorado dele na USP na área de Sociologia.    Foco na Fazenda Bela Aliança no município de Bofete-SP.

         Como eu sou de Cerquilho-SP que tem esse nome por ser um dos antigos pousos de boiadeiros no rumo de Sorocaba, fiz um fichamento mais voltado pelas expressões que tem afinidade com minha origem que é da mesma região.  Sou de 1950, nascido na zona rural.

         Alusão do autor ao Cururu que é um tipo de poesia cantada entre cantadores que fazem uma forma de desafio, um criticando o outro.

         Usam  rima que chamam de carreira que muda a cada rodada e tem obediência a certas normas religiosas de então.     No tempo do estudo em pauta, os cantadores de cururu já estavam menos presos aos ritos religiosos e mais à exaltação individual e o confronto pessoal no desafio cantado.

         (viria o nome cururu do sapo na lagoa que um canta e outro “responde”).   Morei na zona rural até os dez anos e ouvi muito cururu pela rádio Voz Agrícola de Piracicaba.

         O autor, na busca pela contextualização, entrou na problemática do mundo social onde está a pessoa em estudo.   Enfoque sociológico sobre os “meios de vida” das pessoas.

         No final do estudo o autor acabou se posicionando sobre a condição social do povo estudado em seu recorte.    A pesquisa foi de 1947 a 1954.      

         Visitou comunidades rurais em Piracicaba – 7 visitas; Tietê-SP, 2 ; Porto Feliz,1; Conchas, 2; Anhembi,1; Botucatu, 3 e Bofete onde ficou mais tempo, somando uns dois meses;  

         Em outra ocasião, visitou comunidades rurais em Cuiabá e Varzea Grande MT.    (do outro lado do Rio Cuiabá)

         ...”Verificar a tradição oral comunicada pelos velhos caipiras”.   A tese terminou em 1954 para Doutorado em Ciências Sociais na USP.   Ele foi professor na USP de FHC Fernando Henrique Cardoso e foi Professor junto com Florestan Fernandes.

         O cenário onde estudou foi mudando com tendência a ser formar latifúndios à custa da aglutinação das pequenas propriedades e do sistema de parceria.     Parceiro é aquele que planta na terra de terceiros e numa parceria no papel ou “de boca” divide a produção e assim não há vínculo de emprego entre ambos.

         Busca o estudo descrever “um processo e uma realidade humana”.

         Sugere se for fazer Reforma Agrária, levar em conta... “não se deve ser baseada apenas em enunciados políticos... mas também no estudo da sua cultura e da sua sociabilidade”.       Teve como companheiro de visitas de campo Edgard Carone que conhecia o modo de vida e o povo da região e o conhecimento de agricultura do companheiro ajudava em detalhes práticos da relação com o ambiente e o povo.

         Página 15 – O autor fala de passagem na chamada língua geral do interior.     Eu já tinha ouvido algo e caberia uma busca no tema.

         Pessoas contatadas no estudo de campo... eram todos analfabetos...”sendo alguns admiráveis pela acuidade e inteligência”.

         15 – Contato com a vizinha cidade de Torre de Pedra-SP.   Pioneiros locais – Artur Marques e Joaquim Batista de Quevedo.

         Se hospedou em Bofete-SP  (que há se chamou Samambaia e Rio Bonito).     Hospedado por Alcides Rodrigues Ramos, conhecido por Alcídio Machado e Cristino Bueno de Campos Penteado, o Nego Carreiro, naturais de Bofete-SP.

         Como leitor, digo que o tema tem um recorte local, mas tem muito de como foi a vida no interior do Brasil nos anos 40-50 e seus reflexos nos povos mais novos.

         Continua por capítulo 2/10...............

CAP. 2/10 - FICHAMENTO - LIVRO - OS PARCEIROS DO RIO BONITO - Autor: Antonio Candido - Professor da USP (base 1954)

 

CAPITULO 2/10

         Página 16 – O Professor Florestan Fernandes, contemporâneo do autor, foi colega de docência deste na USP.

         21 – Período da pesquisa de campo em Bofete-SP  1947 a 1954 para a tese de doutorado.

         22 - ..”a história se ocupa do que ficou documentado, e a documentação se refere geralmente à vida das camadas dominantes”.

         O autor leu a história da região e conversou com os caipiras de lugares mais isolados da região, inclusive para eles dizerem como era o “tempo dos antigos”.

         23 - ...”conhecer o passado pela tradição... e o presente pela análise de pequenos agrupamentos”.        ....”fareja o ser humano”.  Não se contenta com as médias das estatísticas, procurando ir mais além.

         25 – Recorte dele – um grupamento de parceiros agrícolas.

         25 -  A cultura rústica como é no local.

         27 – o termo caipira exprimindo sempre um modo de ser, um tipo de vida, nunca um tipo racial.

         27 – Cita o Folclorista Cornélio Pires que era da região e tem várias publicações sobre os caipiras.

         28 – Os níveis de vida e de sociabilidade.

         43 -  Foco do estudo...  “teor geral da vida do velho paulista rural das classes inferiores”.

         44 – O bandeirantismo, “como vasto processo de invasão ecológica...”

         44 – Fala de Monções, também livro de Sergio Buarque de Holanda.

         45 -  ... “origem nômade do precursor do caipira paulista.    ... prática de presa (índios para trabalho escravo) e coleta...   no caráter do caipira, gravou-se para sempre o provisório da aventura.

         Faziam casa provisória no trecho, chamada de rancho.   “descritas em 1717 em Vila Rica pelo Conde de Assumar.

         46 -  Livro Viagem Pelo Brasil – de Spix e Martius.   Narra cenas do Brasil colonial de então.

         47 – Fiar algodão e tecer camisolão até o joelho para meninos e meninas.   Teciam chapéus de junco que duravam dois anos.

         Faziam percatas ou alpargatas feitas em casa.   Comum era andar descalço.

         47 – “Assiste”.    Ter casa de “assistência” na Vila para algum dia de missa em fim de semana ou época de eleição.   Isso é para os sitiantes e fazendeiros.   O parceiro não tinha posse para tanto.

         48 – Utensilhos geralmente feitos em casa.   Gamela feita de madeira para servir comida para os da família numa vasilha só.   Era comum cada um com sua colher, comer direto na gamela junto com os demais da família simultaneamente.    Vasilha e prato, quando usavam, mais comum de porongo ou cabaça, tipo aquele material vegetal com que se faz cuia para chimarrão no sul.

         Colher de pau, pote de barro, etc.

         48 – Faziam pólvora caseira para espingarda de caça.  Usavam salitre, enxofre e cinza de determinada madeira – crindiuva.

         Compravam barra de chumbo e faziam os chumbos redondos para o cartucho da espingarda em casa.

         Iluminação em casa – lamparina com combustível à base de banha de porco ou óleo de mamona local.

         Faziam açúcar mascavo de canavial próprio, além de melado e também faziam café com garapa de cana quando tinham pó de café, coisa rara e cara para eles.

         Distância de Bofete a Tatui-SP – ao redor de 40 km.

         49 – De vez em quando um burro cargueiro com galinhas penduradas era levado para venda das galinhas na Vila e compra de algum mantimento, principalmente sal.    Poderia ser rumo a Itu ou Campinas.

         Continua  capítulo   3/10  ........................................

CAP. 3/10 - FICHAMENTO - LIVRO - OS PARCEIROS DO RIO BONITO - Autor: Antonio Candido - Professor da USP (base 1954)

 

CAPITULO 3/10

         Página 50 -  No rodapé da página, cita o conde de Cunha que no passado descreveu casas de caipiras do interior paulista.

         52 – A cidade de Campinas já se chamou São Carlos.

         52 – Narra que Saint-Hilaire melhor descreve o povo que conheceu em suas andanças pelo interior.   ...”apresenta o paulista rústico – o caipira – um quadro pouco ameno.   Acha-o primitivo e brutal, macambuzio e desprovido de civilidade, em comparação com o mineiro”.    Paulista – mistura de branco com índio então.  O viajante citado constatou que em Minas Gerais a mistura era de branco com negro e estes mestiços, mais sociáveis.   O autor deste livro pondera que o paulista e o trato de lavoura meio nômade tinha “ambiente” para ser o que é.   Já o mineiro nas minas de ouro tinha mais contato com o meio urbano e por isso, mais facilidade de se relacionar com os estranhos que passassem pela região deles.

         53 – Ainda o viajante citado, dizendo do caboclo:   “Era coisa feia de  ver”.

         53 – Cita o termo capuava.    E diz que o caboclo parecia “criação”, comparando-o com animais.

         55 – Cita a descrição de um geógrafo explicando o dano das queimadas para o solo, empobrecendo-o e trazendo mais pobreza para o povo.    Queimada – perda de matéria orgânica, etc.

         57 – A capela como lugar de convergência do povo da zona rural.

         Costume de matar porco e dar pedaços para os vizinhos e esperar a roda girar e receber de volta um pedaço de carne quando algum vizinho agraciado matasse um porco também.

         Sobre isso, lembrar que o povo na época nem se pensava em ter geladeira e não dava para ficar estocando carne.   Nessa condição, essa cooperação entre os vizinhos tinha um lado prático interessante para todos.

         59 – Alimentação e Recursos Alimentares

         Cita um autor do passado que fala do Brasil remoto e a base alimentar – mandioca, algum feijão e arroz.

         O arroz some por longo tempo do cardápio do povo do povo comum, só tendo acesso a este os abastados.    O arroz é de origem asiática e antigamente era em maioria importado e caro.

         Por isso as bandeiras eram obrigadas a levar para semeadura no caminho, milho, feijão e mudas (ramas) de mandioca.    Isto para garantir a sobrevivência dos desbravadores.   Abóbora também entrava no pacote.

         61 – Mesmo nas cidades, carne, só algumas vezes por ano ou em dia de festa.

         62 – Caminhos das minas.   Levavam sementes de milho, abóbora e feijão e, quando muito, algumas batatas doces.

         63 – Consta que o arroz asiático entrou no Brasil desde logo a seguir a colonização, mas era em escala bem reduzida.   Quem generalizou a cultura internamente foi o Marques de Pombal, isto no século XVIII.

         66 – Desde o século XVI, a couve, a chicória e a serralha já entrava no cardápio do povo brasileiro.   Esta última, planta nativa daqui.

         Temperos – sal, gordura de porco e pimenta.

         67 – O leite era um luxo para poucos, pois dependia de haver espaço para ter vacas de leite e quem não tinha a terra e era apenas parceiro, geralmente não tinha capital para ter os animais nem espaço para pastagem.

         O açúcar o pessoal dava um jeito de ter cana e fazer açúcar mascavo artesanal para o gasto e também melado.    Quando havia pó de café, muitas vezes era adoçado com garapa de cana.

         O aguardente de cana era bem disseminado entre os caipiras e não raro as mulheres também tomarem a bebida.   (um dos produtos que tem mais apelidos – cachaça, marvada, matar o bicho, etc.

         Em Jandaia do Sul – PR conheci um alambique de um carioca e a cachaça dele tem o nome bem criativo de Companheira.

         67 – A partir do século XIX, se junta o café na dieta do brasileiro.

         O caipira dos anos 50 ainda fazia algo de coleta, caça e pesca para complemento da alimentação.    

         68 – A Jabuticaba era a mais popular das frutas silvestres disponíveis e comumente chamada de fruita.   Outras frutas que poderiam estar acessíveis no meio caipira: maracujá, ariticum (pinha), goiaba, jaracatiá, pitangas e sobretudo, banana.

         Caças – aves – macucos e nhambus.   Animais – paca, cutia, quati, porco-do-mato, capivara.  Nos brejos – saracura, perdiz, codorna, patos do mato, veados, lagartos, tatus.   “Não se come a carne do tatu canastra” (o autor não explica a razão mas eu, leitor, tenho informação de que tatus podem ocorrer em cemitérios e associam o mesmo a comer defuntos)

         69 – Içás torradas, comidas como iguaria no tempo das formigas ficarem aladas e voadoras para reprodução e formação de novos formigueiros.   (já comi quando morava na zona rural na região nos aos 50)

         69 – O teiú  (um tipo de lagarto) na cidade vizinha de Guareí é apreciada e em Bofete-SP é repugnante.   Tem esses detalhes de hábito.

         Macaco, apesar de dizerem que a carne seria saborosa, mas não comem alegando que é “muito parecido com a gente”.

         71 – Os tipos de povoamento.    O pequeno comércio.   Moradores da região procura o comércio quando precisa de sal, religião ou justiça.

         Geralmente tem história o povoado urbano.   Já o caipira na zona rural, sem posses, não tem história.     O autor vai tentar buscar a história dos dispersos, dos caipiras sem voz e vez.

............  continua– capítulo 4/10