CAP 13/20 - novembro de 2020
133 – O
Mandetta conseguiu agendar e realizar via Ministro Chefe da Casa Civil, General
Braga Neto, uma reunião para mostrar os números e dados da pandemia ao
presidente. Nisso Manaus já estava em
maior risco de entrar em colapso. O
Mandetta passou o quadro para o presidente, mas o Osmar Terra, influenciador do
Bolsonaro, já tinha soltado na imprensa que isso tudo era coisa da oposição,
que no Brasil tropical os danos seria de pouca monta e estimou em 1.000 o total
geral de mortes na pandemia no Brasil.
“Esse
discurso do Osmar Terra era tudo o que o presidente queria ouvir”.
O
General Braga Neto (Chefe da Casa Civil da Presidência) e o Sergio Moro ouviram
o Mandetta e ficaram impressionados. O
Moro chegou a colocar uma figura de linguagem comparando cair quatro boeings
por dia no Brasil (tipo mil mortos por dia).
Nas
reuniões com o presidente, este se esquivava de ver os números trazidos pelo
Ministro da Saúde. “Ele nunca viu os
números do Ministério da Saúde. Nunca.”
136 –
Mandetta encontra Bolsonaro irado porque o Doria em SP e o Witzel no RJ estavam
adotando medidas para conter a pandemia e ganhando noticiário. (seriam dois potenciais concorrentes do
Presidente na próxima eleição presidencial)
O
presidente ficou fulo pela virtual concorrência e achando que os governadores
com isso estariam sabotando o governo federal, “parando a economia”.
137 –
Reunião de ministros e aparece o General Heleno apenas dez dias após testar
positivo para covid. A regra é quatorze
dias de quarentena. Coincidência ou
não, logo em seguida Paulo Guedes se recolheu em quarentena.
O
Mandetta mostrou no telão, seus dados sobre a covid e trouxe também cópia
impressa e na presença dos ministros, entregou uma cópia para o
presidente. Junto, entregou um
documento pedindo ao presidente para acatar as recomendações do Ministério da
Saúde referentes à pandemia.
138 –
Para ser mais enfático, aproveitando a presença dos militares na reunião, o
Mandetta perguntou ao presidente se estava preparado para ver veículos do
Exército – como ocorreu na Itália – sendo usados para transportar mortos em
caixões lacrados.
138 –
RJ, MG e SP, grosso modo, respondem por 50% do PIB Produto Interno Bruto do
Brasil. Nestes três estados vivem 85
milhões de habitantes, quase a metade da população brasileira. Afrouxar as medidas contra a pandemia nesses
estados populosos, o risco era enorme.
Sem cuidados “Seríamos tratados
como os párias mundiais”.
Bolsonaro
só pensando na economia.
Irredutível. Mandetta argumenta
mais uma vez. “Por favor, se o senhor
puder, deixe a gente trabalhar um pouco.
Eu trarei para as reuniões as condicionantes”.
139 –
“Fiz um apelo para que o presidente criasse um pacto entre a União, os Estados,
os Municípios e o setor privado para que todos pudessem agir juntos, seguindo
regras e medidas de acordo com critérios científicos”.
139
- O Gal. Luiz Eduardo Ramos (da Casa
Civil) convenceu o Bolsonaro a fazer reuniões com governadores por
videoconferência. Ocorreram sem
incidentes as do Norte, Nordeste, Centro Oeste e Sul. Mas a do Sudeste deu entrevero com bate boca
mostrado pela TV entre Bolsonaro e Dória.
As reuniões foram entre 23 e 24-03-2020.
140 –
Bolsonaro perguntou para o Mandetta o que ele achou do entrevero com o
Dória. O Mandetta destacou que o Dória
estava com a razão e adotando medidas para proteger o povo do estado de
SP. O Mandetta deixou claro para o
presidente que na imprensa, questionado, ele iria se colocar em aprovação às
medidas do Dória.
O
Mandetta para reforçar a necessidade do presidente entender a situação,
ponderou que o próprio Trump, que negava a pandemia, já tinha deixado de negar
e que iriamos ficar isolados do mundo com o governo federal aqui negando a
pandemia.
O
Mandetta fez a fala final dele na reunião ministerial e deixou o presidente com
os demais ministros. “O que eu tinha
para falar, já falei. Se quiserem fazer
as considerações de vocês, ficarão mais à vontade com o presidente”.
141 – “A
verdade é que eu já tinha notado um mal estar com a minha presença.”
144 – O
presidente passou a formar mais aglomerações em suas saídas às ruas.
Passou a
buscar assessoria com pessoas como Osmar Terra, com a médica Nise Yamagushi (a
da cloroquina) e o Palácio do Planalto passou a receber vários médicos bolsonaristas.
Continua no capítulo 14/20 novembro 2020