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sexta-feira, 13 de novembro de 2020

CAP 10/20 - fichamento - livro - UM PACIENTE CHAMADO BRASIL - Autor: Luiz Henrique Mandetta - Médico e ex Ministro da Saúde

 CAP. 10/20    - novembro de 2020

         Página 97 -  Porto de Recife PE – Março de 2020.   Navio de cruzeiro com 318 passageiros e 291 tripulantes atraca com um idoso de 78 anos, canadense apresentando sintomas de covid 19.   Se internou numa clínica do Recife.   O pessoal do navio ficou a bordo em quarentena.   O que fazer?    Separaram as pessoas por país, entraram em contato com as embaixadas, acertaram tudo e colocaram os grupos em ônibus fretado com médico acompanhando e levaram os grupos ao aeroporto e as pessoas embarcaram para seus países.   Deu tudo certo.

         Ficou o alerta no caso.  O Ministério lançou um documento proibindo embarque e desembarque de navios de cruzeiro em nossa costa por causa da pandemia.   Muitos outros países já tinham feito essa proibição.   Foi uma choradeira enorme do pessoal de turismo e comércio no Brasil.     Chegou a reclamação na Presidência.   Queriam a revogação do documento, inclusive o pessoal do governo federal.

         A ANVISA sempre sem sintonia com o Ministério da Saúde.    “A ANVISA emite notas técnicas, mas não tem pernas para ir a campo.   Quando a Anvisa diz que recolheu um lote de produtos, não é dela o fiscal que está na ponta.     Usa fiscais da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde”.      ( e mesmo assim não se articulam)

         O presidente da Anvisa, Almirante Antonio Barra Torres é indicação direta do Bolsonaro e o Wanderson da Secretaria de Vigilância Sanitária é de indicação do Mandetta.

         O Ministério da Saúde, a contragosto, teve que revogar a portaria e alterar seu conteúdo na questão dos navios de cruzeiro.    E os navios do gênero já estavam barrados nos portos da América do Norte, América Central e Argentina.    O mundo já estava adotando essa medida.    Se o Brasil não tomasse cuidado, navios com problemas poderiam escolher o Brasil para aportar com milhares de pessoas em quarentena e não teríamos o que fazer com todo mundo.

         E navios de cruzeiro são de alto risco sanitário.   Pessoas de toda que é parte do mundo, uma grande quantidade de gente mais idosa. 

         O Wanderson, da equipe do Mandetta, da área responsável pela portaria, queria pedir demissão de tão contrariado que ficou por uma decisão política interferir de forma grave na busca de proteção da população contra a covid.    O Mandetta pediu para ele ficar e ele acatou o pedido do Ministro.     “ A verdade é que a pressão era enorme para todo mundo no Ministério da Saúde”.

         102 – Estresse do ministro e dos membros da equipe.   “Não era só a responsabilidade de ter que tomar as melhores decisões e a quantidade de trabalho; havia também a insegurança política, pois a insatisfação da presidência com a minha condução do ministério já se mostrava bem clara”.

         O Wanderson, o braço direito do Mandetta, é enfermeiro de formação e concursado das Forças Armadas.  Tem uma filhinha de dois anos com paralisia cerebral e tem convulsão com alguma frequência.   É ele que cuida dela nesse pormenor.

         103 – O Mandetta conheceu o Wanderson em 2015 quando era deputado federal, no período que ocorreu a Zika e em alguns casos causando a microcefalia em bebês.   Mais no Nordeste.     O Mandetta como deputado foi ao Pernambuco para averiguar o problema, após pedido de ajuda do poder público local.   Logo em seguida o Wanderson foi lá destacado pelo Ministério da Saúde.   Ele fez os levantamentos e o relato da zika para comunicação à OMS Organização Mundial da Saúde como manda o protocolo do setor.

         Atualmente a Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz no RJ leva o nome do Cientista Sergio Arouca.    “É o sanitarismo também a maior trincheira do pessoal de esquerda na saúde pública”.  

         104 – “A maior referência desse pessoal é o Sergio Arouca, a pessoa que construiu o SUS e dá nome à Escola da Fiocruz no RJ.”     “Arouca era de esquerda, foi para o exílio durante a ditadura militar e voltou para ser deputado federal”.   “É o idealizador do texto que diz que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado”.   (na nossa Constituição)

         Quando se trata de buscar pessoas de alto gabarito em Sanitarismo, os lugares de referência são as Escolas da Fiocruz no RJ e a Faculdade de Saúde Pública da USP SP.    O Wanderson veio desse meio.

         “Mas no governo Bolsonaro, qualquer pessoa que fosse de esquerda era rejeitada”.

         Quando o Mandetta foi formar a equipe, pensou e convidou o Agenor Alvares que foi Secretário Executivo do Ministério da Saúde e Ministro da Saúde interino em três ocasiões – 2007, 2009 e 2016 sob Lula e Dilma.   Agenor não topou e o Mandetta pediu sugestão.  Veio a sugestão de que fosse o Wanderson da zika.    O Mandetta topou na hora.    O Wanderson é competente e de centro.  

         Ordem em que as autoridades restringiram atividades econômicas:

         Distrito Federal – dia 11-03-20.  Em segundo, SP em 16-03 e em terceiro, RJ em 18-03 e já em seguida todos foram aderindo.

                          Continua no capítulo 11/20

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