CAP. 10/20 - novembro de 2020
Página
97 - Porto de Recife PE – Março de
2020. Navio de cruzeiro com 318
passageiros e 291 tripulantes atraca com um idoso de 78 anos, canadense
apresentando sintomas de covid 19. Se
internou numa clínica do Recife. O
pessoal do navio ficou a bordo em quarentena.
O que fazer? Separaram as
pessoas por país, entraram em contato com as embaixadas, acertaram tudo e
colocaram os grupos em ônibus fretado com médico acompanhando e levaram os
grupos ao aeroporto e as pessoas embarcaram para seus países. Deu tudo certo.
Ficou o
alerta no caso. O Ministério lançou um
documento proibindo embarque e desembarque de navios de cruzeiro em nossa costa
por causa da pandemia. Muitos outros
países já tinham feito essa proibição.
Foi uma choradeira enorme do pessoal de turismo e comércio no
Brasil. Chegou a reclamação na
Presidência. Queriam a revogação do
documento, inclusive o pessoal do governo federal.
A ANVISA
sempre sem sintonia com o Ministério da Saúde. “A ANVISA emite notas técnicas, mas não tem
pernas para ir a campo. Quando a Anvisa
diz que recolheu um lote de produtos, não é dela o fiscal que está na
ponta. Usa fiscais da Secretaria de
Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde”. ( e mesmo assim não se articulam)
O
presidente da Anvisa, Almirante Antonio Barra Torres é indicação direta do
Bolsonaro e o Wanderson da Secretaria de Vigilância Sanitária é de indicação do
Mandetta.
O
Ministério da Saúde, a contragosto, teve que revogar a portaria e alterar seu
conteúdo na questão dos navios de cruzeiro.
E os navios do gênero já estavam barrados nos portos da América do
Norte, América Central e Argentina. O
mundo já estava adotando essa medida.
Se o Brasil não tomasse cuidado, navios com problemas poderiam escolher
o Brasil para aportar com milhares de pessoas em quarentena e não teríamos o
que fazer com todo mundo.
E navios
de cruzeiro são de alto risco sanitário.
Pessoas de toda que é parte do mundo, uma grande quantidade de gente
mais idosa.
O
Wanderson, da equipe do Mandetta, da área responsável pela portaria, queria
pedir demissão de tão contrariado que ficou por uma decisão política interferir
de forma grave na busca de proteção da população contra a covid. O Mandetta pediu para ele ficar e ele
acatou o pedido do Ministro. “ A
verdade é que a pressão era enorme para todo mundo no Ministério da Saúde”.
102 –
Estresse do ministro e dos membros da equipe.
“Não era só a responsabilidade de ter que tomar as melhores decisões e a
quantidade de trabalho; havia também a insegurança política, pois a
insatisfação da presidência com a minha condução do ministério já se mostrava
bem clara”.
O
Wanderson, o braço direito do Mandetta, é enfermeiro de formação e concursado
das Forças Armadas. Tem uma filhinha de
dois anos com paralisia cerebral e tem convulsão com alguma frequência. É ele que cuida dela nesse pormenor.
103 – O
Mandetta conheceu o Wanderson em 2015 quando era deputado federal, no período
que ocorreu a Zika e em alguns casos causando a microcefalia em bebês. Mais no Nordeste. O Mandetta como deputado foi ao Pernambuco
para averiguar o problema, após pedido de ajuda do poder público local. Logo em seguida o Wanderson foi lá destacado
pelo Ministério da Saúde. Ele fez os levantamentos
e o relato da zika para comunicação à OMS Organização Mundial da Saúde como
manda o protocolo do setor.
Atualmente
a Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz no RJ leva o nome do Cientista
Sergio Arouca. “É o sanitarismo também
a maior trincheira do pessoal de esquerda na saúde pública”.
104 – “A
maior referência desse pessoal é o Sergio Arouca, a pessoa que construiu o SUS
e dá nome à Escola da Fiocruz no RJ.”
“Arouca era de esquerda, foi para o exílio durante a ditadura militar e
voltou para ser deputado federal”. “É o
idealizador do texto que diz que a saúde é um direito de todos e um dever do
Estado”. (na nossa Constituição)
Quando
se trata de buscar pessoas de alto gabarito em Sanitarismo, os lugares de
referência são as Escolas da Fiocruz no RJ e a Faculdade de Saúde Pública da
USP SP. O Wanderson veio desse meio.
“Mas no governo Bolsonaro, qualquer pessoa
que fosse de esquerda era rejeitada”.
Quando o
Mandetta foi formar a equipe, pensou e convidou o Agenor Alvares que foi
Secretário Executivo do Ministério da Saúde e Ministro da Saúde interino em
três ocasiões – 2007, 2009 e 2016 sob Lula e Dilma. Agenor não topou e o Mandetta pediu
sugestão. Veio a sugestão de que fosse o
Wanderson da zika. O Mandetta topou na
hora. O Wanderson é competente e de
centro.
Ordem em
que as autoridades restringiram atividades econômicas:
Distrito
Federal – dia 11-03-20. Em segundo, SP
em 16-03 e em terceiro, RJ em 18-03 e já em seguida todos foram aderindo.
Continua no capítulo
11/20
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