CAP. 01/20 - leitura em novembro de 2020
Desde
que começaram as manifestações de rua no governo da então Presidente Dilma, os
setores da sociedade que se preocupam mais de perto com a preservação da
democracia começou a promover encontros e debates para analisar os cenários e
definir ações para se contrapor às ameaças.
Nesse
contexto, eu participei de um evento no prédio histórico da UFPR Universidade
Federal do Paraná, no qual a fala principal, não por acaso era da autora do livro
Como Conversasr com um Fascista – a filósofa com doutorado no ramo, Marcia
Tiburi. Tenho o livro dela que em 196
páginas faz uma análise muito interessante do tema. Vejamos.
Antes do
mais, destaco que o livro que estou lendo já é da 6ª edição e de 2016,
portanto, de antes do governo atual mas o andamento das coisas tornaram
dolorosamente mais claros os assuntos abordados aqui e que notamos hoje em dia
nas ruas, na TV, nas redes sociais.
Página 5
- Na apresentação a autora
sintetiza: “É com a linguagem que
fazemos filosofia”.
“Insistir
em uma `filosofia em comum´ que não seja o simples consenso, mas a coragem do
diálogo. O diálogo não surge sem
esforço”.
“A
Filosofia corre o risco de perder seu lugar ético-político ao buscar uma imagem
de neutralidade metafísica diante dos fatos”.
Página
11 – Apresentação do livro por Rubens R.R. Casara
Cita
Theodor W. Adorno e suas pesquisas sobre o fascismo potencial... personalidade autoritária, que está presente
no psiquismo de cada indivíduo, faz com que práticas fascistas sejam facilmente
naturalizadas.
... não
dependem de reflexão e, portanto, aptos a serem incorporados por todos e, com
mais facilidade, pelos mais ignorantes.
Origem
do termo fascismo. Do Latim Fascis,
símbolo de autoridade dos antigos magistrados romanos que utilizavam (fascis –
feixe de varas) com objetivo de abrir
espaço para passarem... e que virou de certa forma um jeito de mostrar
autoridade e o termo migrou para uma forma do Estado exercer poder.
Fascismo
no pós Guerra não só na Itália de
Mussolini... com a mesma receita que
unia voluntarismo, pouca reflexão e violência contra seus inimigos.
...
necessidade de ação (da vontade de conquista).
“Hoje,
os neofascistas se contentam em disseminar o ódio contra o que existe para
conquistar o poder e/ou impor suas concepções de mundo, sem maiores
preocupações com a formulação de um projeto alternativo (por vezes, apostam em
projetos reacionários de retorno a um passado mítico marcado por desejos de
´ordem` e ´pureza`, na verdade, uma representação que funciona como `fantasia´,
capaz de dar conta e suporte ao desejo do fascista”.
Página
12 – “O fascismo possui inegavelmente uma ideologia: uma ideologia de
negação. Nega-se tudo (as diferenças, as
qualidades dos opositores, as conquistas históricas, a luta de classes etc), o
conhecimento e em consequência, o diálogo capaz de superar a ausência do
saber”.
“O
fascismo é cinza e monótono, enquanto a democracia é multicolorida e em
constante movimento.”
“A
ideologia fascista, porém, deve ser levada a sério, pois além de nublar a
percepção da realidade, produz efeitos contrários ao projeto constitucional de
vida digna para todos”.
13 – “Os
fascistas talvez não saibam o que querem, mas sabem o que não suportam. Não suportam a democracia, entendida como
concretização de direitos fundamentais de todos, como processo de educação para
a liberdade, de governo através do consenso, de limites ao exercício do poder e
de substituição da força pela persuasão”.
Continua no capítulo 2
Vale destacar que a autora, de quem já assisti palestra aqui no auditório da UFPR Universidade Federal do Paraná, lamentavelmente e sintomaticamente, teve que se autoexilar no exterior porque o fascismo brasileiro, o odio do dia a dia, estava ameaçando a vida dela o que é muito triste. E daí cabe a pergunta para reflexão, diante do que costumamos ouvir - Ah, mas a autora é radical. Quem é o radical? O que luta com a arma da palavra, no campo democrático, pela vida do próximo ou quem ameaça a vida das pessoas e ainda chamam o outro de radical?
ResponderExcluirEm tempo e nessa mesma linha. Auto exílio também ocorreu com o Jean Wyllys, Jornalista e Doutorando em Antropologia do Consumo, ex deputado federal pelo Rio de Janeiro, defensor das minorias, autor do livro auto biográfico Tempo Bom Tempo Ruim. Por sua militância pelo direito das minorias, foi mais uma vítima do fascismo e teve que se auto exilar. Volto à pergunta: Quem é o radical, o que defende os Direitos Humanos ou quem ameaça a vida de quem luta com o diálogo e as palavras.
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