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domingo, 22 de novembro de 2020

CAP. 02/10 - fichamento - livro - RECADO DE PRIMAVERA - autor: Rubem Braga - leitura em novembro de 2020

 CAP 02/10

         Página 16 – Getúlio Vargas fumava charuto.    O cronista falando do tabaco:    “A propaganda do tabaco é múltipla e aliciante.  Na TV ele é um festival de saúde e beleza juvenil, com esportes finos do ar e do mar”.

         O cronista foi fumante de até dois maços e meio por dia.   Aos 19 de idade, começou a trabalhar no Diário da Tarde em BH.  Fumar, beber e jogar campista ou Pavuna.     Se formou em Direito.  Duas vezes pediu dinheiro pra família para registrar o diploma para ir atuar na sua cidade natal, Cachoeiro do Itapemirim-ES, mas nada de colocar isso em prática.   Gastou o dinheiro das ajudas no jogo.    E lá se vão cinquenta anos trabalhando em jornal.

         No cinema, todo mocinho fumava, mas não acendia o palito de fósforo na caixa.   Acendia na sola do sapato.   Coisa de moda americana.

         17 – Ele, fumante, teve binga (isqueiro).   Lá pelo ano de 1950, entrevistou Jean Paul Sartre, este que também fumava.

         17 -  “Em 1937, quando estava escrevendo Vidas Secas, em uma pensão da Rua Correia Dutra, no Catete, Graciliano Ramos fumava Selma, um cigarro com ponta de cortiça”.     O escritor tomava em jejum uma dose de cachaça que guardava no seu quarto.   Tempo de escrever com caneta tinteiro.    O cronista diz que Graciliano tinha uma letra exemplar, bonita.

         “Haviam lhe raspado a cabeça no presídio da Ilha Grande (ele era comunista), e seus cabelos ainda estavam curtos”.

         18 – Foi o cronista operado do pulmão após aparecer “um ponto” no exame do pulmão dele.   Operado pelo Dr. Fulano (ele cita) e assistida a operação por um médico amigo dele, Dr. Marcelo Garcia.    “...assistiu a operação – e deixou de fumar”.     – “Quando o Jessé abriu meu pulmão, levei um choque: eu guardava aquela imagem do pulmão, um órgão rosado...   o seu era todo escuro, e com uns picumãs pendurados”.

         (picumãs são teias de aranha de casa de sítio onde elas ficam penduradas e a fumaça do fogão de lenha com os anos tornam as teias pretas de fuligem)

         Nesse tempo o Braga fumava dois maços e meio por dia. Depois parou.   Chegava fumar entre um sono e outro.

         Feia tosse, mas que ele não associava ao cigarro.  Tosse que o impedia de ir a teatro ou cinema.    Um dia largou de fumar e a tosse sumiu.

Voltou a sentir o cheiro das coisas e também o sabor.

         Até tentou aconselhar alguns amigos, que acabavam caçoando dele.  Desistiu de tentar convence-los.   “Ah, quem quiser que se fume”.

         21 – “Uma Água-Marinha para Bárbara”

         Ele em jornal sempre ganhando modestamente.  Mais complicado na ditadura Vargas, quando ele foi colocado no regime de censura prévia dos seus artigos para o jornal.   Controlado pelo DIP Departamento de Imprensa e Propaganda  (propaganda do regime em si).

         Ficou com raiva da censura e parou um tempo de escrever para jornal e chegou a fazer uns bicos numa agência de publicidade de um amigo.

         E ele falando de outro amigo, o mineiro Otavio Xavier Ferreira.  O que me colocou no jornalismo no Diário da Tarde de BH.    “Depois de me colocar cá dentro da profissão, ele, espertamente saltou fora – e naquele tempo era dono de uma lapidação e de duas joalherias”.

 

          Continua no capítulo 03/10

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