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sábado, 14 de novembro de 2020

CAP 14 e 15/20 - fichamento - livro - UM PACIENTE CHAMADO BRASIL - Autor: Luiz Henrique Mandetta - Médico e ex Ministro da Saúde

 CAP 14/20  e 15/20               novembro de 2020

         144 – No dia 01-04-2020       Bolsonaro chama o Mandetta para uma reunião com vários médicos.  Dois problemas.  Fazer uma reunião sobre pandemia não combinada antes com o Ministro da Saúde e depois da reunião em curso, convocar o Ministro da Saúde para participar.   O Mandetta tinha outro compromisso para aquele horário e disse que depois se inteiraria dos resultados.    A reunião era para referendar remédios contra covid (sem respaldo técnico) e buscar reabrir a economia etc.

         O presidente disse no telefone para o Mandetta que uma das médicas da reunião não concordava com as “nossas teses”.   E as teses eram as do presidente: remédio e abrir a economia em plena pandemia.

         “Esse negócio de isolamento não dá”, disse o presidente.   Mandetta diz no livro:   “Ele queria no seu entorno pessoas que dissessem aquilo que ele queria escutar”.

         145 – O presidente colocou ideologia até na cloroquina.    A Fiocruz Fundação Osvaldo Cruz (que completou 120 anos de serviços de excelência para o Brasil) faz em seus laboratórios há muitas décadas remédio à base de cloroquina para doenças cujo uso tem recomendação técnica e é comprovada.   Remédio que é muito demandado pelo Norte do Brasil.  

         Por idéia do presidente, foi encarregado o Exército para fazer cloroquina, deixando de lado toda a experiência da Fiocruz sob alegação do presidente de que nesta fundação só tem comunistas que são os pesquisadores.

         “Sempre que eu ia ao gabinete do presidente, em cima da mesa dele tinha caixinhas de cloroquina.    “Nunca tinha máscaras de proteção e álcool em gel, mas a cloroquina estava lá”.

         147 – O presidente acreditava que a China tinha inventado a pandemia e que o embaixador da China no Brasil teria agido pelo lado comunista quando atuava no Chile e na Argentina do Macri.     ...”e promover a volta da esquerda, e ninguém tirava isso da cabeça dele”.

         Mais um dos argumentos do Mandetta para ver se sensibilizava o presidente para a gravidade da pandemia:

         - O senhor já viu alguém morrer por falta de ar?    O presidente respondeu que não e eu disse como é.   “Morrer de asfixia é uma morte bruta” – disse o Mandetta.

         Disse ao presidente:   “Viver ou morrer é desígnio de Deus, mas não dar condições para que as pessoas lutem pela vida é inaceitável”.      .... não o convenci.

         150 – Primeira mensagem curta do Ministério da Saúde nos veículos de comunicação usando voz e legenda:   “Lave as mãos e use álcool em gel”.

         153 -  Antes o Mandetta enviava seus auxiliares para o encontro diário com a imprensa, mas depois que viu que não sensibilizava os pares do poder Executivo sobre a gravidade da pandemia, resolveu aumentar sua visibilidade e todo dia ia para a coletiva da tarde com a imprensa.   Foi ganhando destaque e a simpatia da Nação (e da própria imprensa).

         A imprensa com seu trabalho ajudava muito o Ministério a orientar a população.    Sem precisar pagar campanhas caras na mídia.   Os jornais também se aproximaram do Ministério em busca de matérias.  Folha de São Paulo, Jornal Estado de São Paulo, O Globo, Correio Braziliense entre outros.

         Relação do Mandetta ministro com a imprensa:   “Foi uma relação próxima e sempre muito respeitosa”.

         “Felizmente, a Saúde vinha ganhando essa guerra da comunicação”.

         O risco de excesso de dados na cabeça das pessoas já aturdidas com a pandemia.   A missão de alertar, sem alarmar a população.   Muitos dentro de casa e a TV a todo momento falando de pandemia e poderia até “intoxicar” o povo de tantos dados a todo momento.   O próprio Mandetta chegou alertar para o povo se cuidar sem se alarmar.

         Nessa o Jornal Nacional, que praticamente era quase só assunto da pandemia, ainda aumentou bastante o tempo de programa.

         Um dia na coletiva o Mandetta ao fazer alerta ao povo acabou dizendo um termo que depois constatou que foi infeliz.   Chamou a imprensa de sórdida e causou reação imediata, inclusive com editorial da Globo colocando o ministro como ingrato, batendo na imprensa que vinha ajudando a orientar a população.

         O Ministro, em troca de ideia com o velho amigo e assessor Deputado Aleluia, decidiu que na próxima coletiva do outro dia, faria um pedido de desculpa pelo termo usado e assim o fez.

         Consertou de um lado, e ofendeu o presidente de outro.   Por ter pedido desculpa inclusive à Rede Globo.    Pedir desculpa é coisa que o Bolsonaro não usa fazer.   Reconhecer erro e pedir desculpa.

         “Bolsonaro é alguém que não sabe reconhecer seus erros e muito menos pedir desculpas”.

                   157 – Os atritos aumentando.   Dia 31-03-2020, em reunião com o Paulo Guedes (Ministro da Economia), se desentenderam por discussão no reajuste de preços dos medicamentos.   Em plena pandemia reajustar medicamentos.  Iria cair mal para o presidente junto ao povo.

 

          Continua no capítulo 16/20

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