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domingo, 15 de novembro de 2020

CAP. 20/20 (final) - fichamento - livro - UM PACIENTE CHAMADO BRASIL - Autor: Luiz Henrique Mandetta - Médico e ex Ministro da Saúde

 CAP 20/20   (Final)       - novembro de 2020

         Sobre vida social.    “Em Brasilia a gente quase não tinha vida social.  Não gosto de muita badalação, de clube, de festas.”

         Ele foi colega de turma da esposa no curso de Medicina na Gama Filho no RJ.    Ela, filha única, muito apegada aos pais.    O sogro, falecido e a sogra, aos 86 anos.    Foi morar com o Mandetta em Brasilia no tempo de ministro.   Só que o casal sendo médico, ele atuando como ministro e a esposa em hospital, punham em risco a sogra dele, o que causava preocupação ao ponto de depois optarem de leva-la de volta para Campo Grande onde ela morava, ficando lá com um dos filhos do casal.

         Ato falho, em termos.   Ele um dia falou pra esposa do risco da mãe dela idosa ser contaminada pela covid e na hipótese disso resultar em óbito, não ter nem jeito de enviar para sepultamento em Campo Grande, ao lado do marido lá sepultado.   A esposa dele ficou muito chateada e ambos ficaram tristes só dele citar a hipótese como alerta.

         209 – A partir da segunda semana de abril de 2020 vários ministros começaram a visitar o Ministério da Saúde para tentar ajudar o Ministro no enfrentamento da pandemia.    Um dos grandes desafios era ter reduzido a quantidade de voos entre as capitais e isso dificultava o envio de respiradores e demais equipamentos de segurança e uso médico para os Estados.    A FAB tem os aviões Hercules que poderiam ser usados, só que são antigos, pesados e grandes.   Para “sair do chão” fica uma fortuna em combustível e recursos para isso eram difíceis.

         Articulou com o Governador Caiado (Goiás) a construção de um hospital de campanha em Águas Lindas de Goiás, região metropolitana.  Isto perto da data em que o Ronaldo Caiado (que é médico) criticou o Bolsonaro por falar de gripezinha, negando a gravidade da pandemia.   Nessa ocasião o Caiado pediu ao presidente, respeito aos profissionais da saúde que lutam contra a doença arriscando as próprias vidas.    E para enfatizar, lembrou uma frase de Barack Obama:   “Na política e na vida a ignorância não é uma virtude”.

         Para a inauguração, iriam se encontrar o Presidente e o governador Caiado no mesmo evento com imprensa.   O Mandetta temia conflito e alertou o cerimonial.   O hospital de campanha foi feito a montagem das estruturas até 23 de abril e equipado para inauguração no dia 05-06-2020.

         Na hora da inauguração, foram de helicóptero para fugir de aglomerações.   E o Mandetta cuidando para não ter arestas entre o Caiado e o Presidente e também buscando evitar aglomerações.

         Colete do SUS.   O emissário do Bolsonaro queria um para o presidente usar (a pedido do próprio) na inauguração.  O Mandetta preferiu que não.   “Ele não estava ajudando o SUS, ele não entendia o que a gente estava passando”.   O Bolsonaro então pegou um colete da Anvisa para a aparição na inauguração.

         Mal o helicóptero chegou ao solo, o presidente, vendo a aglomeração já foi soltando o cinto e ao saltar, foi direto se juntar ao aglomerado, dizendo: “Olha o pessoal ali!”

         O trato tinha sido não promover aglomerado, manter o distanciamento social e todo o protocolo de segurança, até para dar o exemplo.   A imprensa ali registrando tudo.

         Nessa o Mandetta ficava à parte mantendo a distância e ficou ao lado do governador Caiado, anfitrião.      Logo o presidente veio e sem cerimônia deu um abraço no Caiado e disse sorrindo:   “Agora sim está todo mundo contaminado”.    O abraço era para sair nas fotos e TV e o Bolsonaro alegar que o Caiado não respeitava distanciamento social.

         Mandetta ficava sempre de dois a três metros de distância dos outros por segurança.    O Bolsonaro chama ele para se juntar ao aglomerado várias vezes e ele responde seco:  “Eu não fico em aglomeração”.

         A imprensa presente no local cobrou do ministro a aglomeração do presidente.  O Mandetta concordou publicamente que era um erro aglomerar.

         O assunto nas redes sociais era a péssima relação do Mandetta com o Bolsonaro.

         216 -  O Mandetta tentando entender os atos do Bolsonaro e concluiu:    O que afetaria nas eleições de 2022 seria a economia.    “O que salvaria ou enterraria a sua futura candidatura seriam emprego, renda e outros fatores econômicos”.   A pandemia iria prejudicar tais fatores.

         216 –Veio a pandemia e ameaça a economia e assim, os planos do presidente para reeleição ficariam ameaçados. 

         “Quando ele viu a adesão da população às pautas da saúde, criou na cabeça a teoria de que o isolamento social era uma conspiração do Doria, do DEM (partido do Mandetta), do Rodrigo Maia, minha, do Nordeste...”

         “Para ele, quem tivesse de morrer, já iria morrer mesmo, não valia a pena parar a economia por causa disso”.

         217 – Queria o presidente empurrar a culpa dos mortos aos prefeitos e governadores.

         ...”seu interesse pessoal era esquecer da pandemia...”    Para ele, a ira com o ministro é que este não aceitava esse jogo.

         218 – O Mandetta resolveu dar entrevista ao Fantástico dentro do Palácio das Esmeraldas (GO) numa forma de prestigiar os governadores e na prática era rompimento sem volta com o presidente, dando entrevista para a Globo...

         Neste ponto, o Brasil já com mais de mil mortos pela covid.   O ministro deixou claro que seu esforço era como em toda crise:  foco, disciplina e ciência.

         No dia seguinte à entrevista, perdi o apoio dos militares.    Eram duas questões.  Uma, que o Mandetta deixou explícito que a conduta do Bolsonaro não era compatível com o que o ministro da saúde pregava e aplicava.   E para completar, o ministro deu entrevista na Globo, que o presidente tem como inimiga.

         Mourão deu entrevista dizendo quo o Mandetta havia cruzado “a linha da bola”.  No jogo de polo equestre, é falta grave e acrescentou:  “Merecia um cartão”.

         220 – No outro dia à tarde, coletiva da pandemia.  Mandetta com o General Braga Neto.    A repórter da Globo, Delis Ortiz, perguntou ao Braga se o Mandetta seria demitido.   O Braga respondeu afirmando que não havia discussão sobre isso.    Mandetta pegou o microfone....  “então peguei o microfone e disse que em política, toda vez que se nega alguma coisa, é porque aquilo vai acontecer.   ....”não era questão de se, mas de quando...”

         220 – Bia Kics, deputada do PSL do DF, aliada de Bolsonaro.   Andou tentando dialogar para aplainar arestas. 

         221 – Avisaram que o presidente queria conversar com ele 17 h.  Foi sabendo que era demissão.  Na hora, o presidente queria que a coisa fosse como pedido de demissão do ministro e o Mandetta não aceitou e relembrou sua máxima de que o médico não abandona o paciente.

         E se permitiu dar uns conselhos rápidos ao presidente.   Cuidado com o RJ e as compras de equipamentos...; cuidado que a pandemia é seria; cuidado ao se relacionar com a China, esta que tem suprimento de equipamentos para enfrentar a pandemia.

         222 – Essa pandemia vai ficar para a história, com foi a segunda Guerra Mundial e a quebra da Bolsa de NY em 1929.  “e cada um de nós será retratado pelo papel que desempenhou nessa pandemia”.

         Antes de se reunir com o presidente, fez o texto de um twitter e deixou com sua secretária na antessala da reunião.   No momento que saísse, era para ela disparar a mensagem com a demissão dele.  Assim se fez.    Eram então 16h17 minutos do dia 16-04-2020.

         223 -  Ele cita o texto completo do twitter no livro.   Contem aviso da demissão, agradecimento à equipe e desejo de boa sorte ao próximo ministro e ao povo. 

  “Durante minha estada no ministério, aprofundei muito a minha fé”.   Tem inclusive imagem de Dom Bosco, presente do Padre Marinoni, grande amigo desde o tempo de aluno do Colégio Dom Bosco de Campo Grande MS.   Mandetta foi inclusive coroinha da igreja quando garoto.    Padre Marinoni foi inclusive quem celebrou o casamento dele no Rio de Janeiro.

         O Mandetta é devoto de Nossa Senhora Aparecida e costuma ir ao Santuário sempre que pode.

         225 – Cita a emoção na despedida da equipe no ministério.

         226 – Conheceu de passagem o Dr Nelson Teich, o novo ministro num rápido contato na Inglaterra.   “Ele me parece uma boa pessoa, competente, mas claramente tem dificuldades de comunicação”.

         Na transmissão de posse no Palácio, todos os ministros presentes.  “No meu discurso agradeci um a um, nominalmente”.   E num trecho fez questão de agradecer a esposa pela boa educação dos filhos do casal, o que seria inclusive uma indireta ao presidente cujos filhos são o que são...

         O Mandetta tem um cão de estimação, um vira lata chamado Bingo.

         Terminada a cerimônia, ele, a esposa e o Bingo no carro CR-V 2010, pegaram estrada rumo a Campo Grande.   Ao som de Jimi Endrix, música que os dois gostam de ouvir de longa data.   Ele as vezes coloca o som bem alto.   Nesse dia colocou baixo e no percurso a esposa foi aumentando o som para ficar no astral melhor de sempre.

         Agradecimentos -   Faz uma série de agradecimentos a colaboradores e entidades que ajudaram no enfrentamento à pandemia.   Destacou o fato dele ter criado o programa Médicos para o Brasil   (substituindo o Mais Médicos).    Ter feito a informatização do SUS, tendo projeto modelo em Alagoas e com o qual se visa chegar ao Prontuário Eletrônico Universal para uso do sistema público e privado de saúde.   Desfecho:   “A todos, meu muito obrigado!”.

 

                               Terminei a leitura dia 11-11-2020

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