CAP 16/20 - novembro de 2020
157 – Os
atritos aumentando. Dia 31-03-2020, em
reunião com o Paulo Guedes (Ministro da Economia), se desentenderam por
discussão no reajuste de preços dos medicamentos. Em plena pandemia reajustar medicamentos. Iria cair mal para o presidente junto ao
povo.
Divergir
é normal, mas no caso, “foi acima do tom”.
157 – O
Guedes a dois anos no governo e não sabia que há mais de 20 anos (desde FHC) os
medicamentos no Brasil tem o preço controlado pelo governo. Há regras para elevação de preços.
“Guedes...
simplesmente desprezava toda e qualquer informação do Ministério da
Saúde”. Mandetta e Guedes discutiram
alto na frente do Mourão e do Bolsonaro.
O Guedes queria dar reajuste dos medicamentos no meio da pandemia. “Paulo Guedes é um economista afeito aos
números, às teorias, mas não conhece gente, não conhece povo, não conhece rua,
não conhece o chão, não conhece o SUS, não conhece a problemática social. Zero.
“O
Ministério que mais tem contato com o povo é o M. da Saúde”.
Depois da refrega entre ambos, melhorou o clima com o
Guedes que até passou a se interessar
mais pelos dados da Saúde e liberar verbas mais rapidamente para enfrentar a
pandemia.
163
- O presidente e os filhos sempre fustigando
o Mandetta. Ele é resiliente, mas um
dia ligou para o pai dele para trocar idéias.
“Precisava desabafar”. O pai
dele, Hélio Mandetta, 89 anos, também médico.
O pai decretou: “Não saia. Um
médico nunca abandona o seu paciente, meu filho. O Brasil é seu paciente. Vá até o fim”. (daqui sai o título do livro: Um Paciente Chamado Brasil)
Na
próxima coletiva com a imprensa repassou a frase do pai que saiu estampada nos
jornais. “O compromisso do médico é com
o paciente. E o paciente é agora o
Brasil”. Médico não abandona o
paciente. Esta frase me acompanhou até
o final do exercício no cargo.
165 –
Folga de domingo com a família. Esposa
Terezinha. No domingo, 05-04-2020 vê
pela TV a fala do Bolsonaro para o grupinho da aglomeração em frente ao
Palácio. O presidente “disse que poderia usar a caneta para
trocar um ministro e que alguns de seus subordinados ‘viraram estrelas, falam
pelos cotovelos, tem provocações...´ “.
.... “a
hora dele não chegou ainda não. Vai
chegar a hora dele. Que minha caneta
funciona. Não tenho medo de usar a
caneta, nem pavor, e ela vai ser usada para o bem do Brasil”.
166 – O
Mandetta ficou indignado. Isso mexeu com
o brio dele. Pegou o telefone e ligou
para o Luiz Eduardo Ramos, Ministro Chefe da Secretaria de Governo que estava
do lado do presidente na hora da fala.
Isto em momento depois da fala.
“O Ramos me pediu calma”. Na
segunda feira, à tarde, reunião de ministros.
O Mandetta soltou o verbo.
169 –
Falou que o presidente pede sempre lealdade mas não tem sido leal com ele. ...”o senhor aqui fica falando da Pátria,
de Nação... e ninguém aqui tem mais ou menos noção do que o outro...”
“Não é
porque o cidadão um dia vestiu uma farda que ele é mais patriota ou menos
patriota”. O Bolsonaro ficou
“nocauteado” em pé. Ele ficou sem
reação. O Braga Neto interveio: “Vamos acabar com essa reunião.”
O
Mandetta usou com o Mourão uma frase da Maçonaria (ambos são maçons): “Isto vai contra meus princípios e os seus
também”. “Porque está tudo justo e perfeito e entre
colonas”. “E há uma série de valores
maçônicos que dizem que quando você presencia uma situação de injustiça, de
deslealdade, você é obrigado, como maçom, a se posicionar.”
O Ramos
avisou o Mandetta que o recado era para o Ministro Moro e não para ele. Aquele recado: “O seu dia vai chegar...” (seria pro Moro)
O Moro
não tinha um Deputado Aleluia em sua vida, um assessor tarimbado em política
para sobreviver nesse meio.
172 – Já
após a reunião da refrega, o Mandetta foi fisgado para outra reunião grande com
vários órgãos e os médicos da cloroquina.
O presidente queria mudar por decreto a bula da cloroquina para usar na
covid 19. “Um risco grande para a
própria presidência”. Na hora da
coletiva, todos já achavam que o Mandetta estava demissionário. Ainda não.
Continua no capítulo 17/20
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