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sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

CAP. 03/10 - fichamento - livro - A GRANDE AVENTURA DOS JESUITAS NO BRASIL - Autor: Jornalista Tiago Cordeiro

 CAP. 03/10          dezembro de 2020

         Página 41 – Sempre o colonizador europeu “usava” os missionários.  Franceses em Quebec e Ontário (Canadá).     Em 1609 trouxeram os Jesuitas.

         Ingleses – enviaram também missionários junto com os colonizadores das então Sete Colônias que depois formaram os USA.   Por lá os missionários jesuítas chegaram a partir de 1634 – para Maryland – apoio aos colonizadores.

         A partir de 1556 – espanhóis – apoio de jesuítas para a Flórida, México e Peru.

         Portugueses – apoio de jesuítas desde 1549.     Outras colônias dos europeus seguiram essa toada.

         42 – Os hurões do Canadá – Tribos muito organizadas.  Dieta incluindo milho e comiam carne de cachorro.   Tinham o namoro já parecido com o dos civilizados europeus.   E permitiam o “test drive” do casal antes de formalizar a união por semanas e poderiam continuar ou desistir um do outro.   Mesmo após casados, podiam se divorciar.

         Os Hurões apostavam muito.  Nisso eram inveterados.  Usavam em seus jogos peças de madeira pintadas um lado de preto e outro de branco.  Jogavam sobre uma vasilha de madeira.  Ganhava quem tirasse mais lado branco para cima.   Ganhava quem acertasse quantas de cada cor caia com essa face para cima.

         43 – Festa com carne de caça.  Todos eram convidados.

         O missionário Bréfeut ficou no Canadá de 1625 a 1629 e voltou para o Canadá em 1633.

         Vários Jesuitas foram mortos de forma cruel lá no Canadá primitivo.

         45 – Na grande Flórida.  Quente, úmida e pântanos frequentes.  Índios de muitas tribos.  Os Jesuitas chegaram àquela região em 1556 com os espanhóis.

         Lugar mais promissor aos missionários:  Cidade do México.   Lá chegaram em 1572.   Missionários de outras ordens chegaram antes dessa data.  Eram Agostinianos, Dominicanos e Franciscanos.

          Colégios para educar colonizadores europeus e depois, também, alguns índios.   O foco era usar a Educação para obter conversões ao catolicismo – cristianismo.

         47 – Descobertas minas de prata na Califórnia e Arizona.

         47 -  Eusebio Kino.  Missionário e  cartógrafo, realizou aproximadamente 40 expedições pela região entre 1687 e 1711.   Percorreu aproximadamente 130.000 km em lombo de cavalos.  Teve fazenda de gado por lá.

         47 – Peru – Chegaram os Jesuitas em 1568, depois dos Agostinianos, Dominicanos e Franciscanos.

         Perú, Paraguai, Bolívia, nessa ordem.

         Igreja de São Pedro em Lima no Perú, datada de 1638, estilo Barroco.   E construíram uma Biblioteca Nacional em Lima.  Obra dos Jesuitas.

         48 – Missionários nos USA ganharam, como os demais homens, seus quinhões de terra.  Havia inclusive plantio de tabaco.

         49 – Anglicanos e “puritanos”.    Nos USA a Companhia de Jesus foi banida em 1773.   Nesse tempo a Ordem tinha muitos fieis, fazendas, igrejas e demais infra estrutura.   Nas fazendas, como os demais colonizadores, usaram mão de obra de escravizados africanos.

         Um teórico, frei Dominicano – Bartolomé de las Casas – século XVI – defendia que a escravidão era compensada por se ter o “ganho” da fé cristã.... (incutida à força)...   e os convertidos seriam salvos do inferno...

         Atualmente na América do Norte, 22% dos Jesuitas do mundo.  São ao redor de 2.400 missionários.  Nos USA não foram responsáveis por inaugurar grandes cidades, ao contrário do que ocorreu na América do Sul.

         Em São Paulo, inauguraram a cidade de São Paulo em 1554.   Antes das missões na China e no Canadá.

         ................. continua no capítulo 4/10

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

CAP. 02/10 - fichamento - livro - A GRANDE AVENTURA DOS JESUITAS NO BRASIL - Autor: Jornalista Tiago Cordeiro

 CAP. 02/10 -             dezembro de 2020

Página 27 – Inácio mais seis seguidores das ideias dele fundaram em Paris, no bairro de Montmartre, a Ordem dos Jesuitas dia 15-08-1534. Isto na igreja de Saint Denis.
Em 1537 ele optou pelo nome de Inacio por ser mais fácil de ser pronunciado. Criou a ordem com o nome de Sociedade de Jesus, mas ele nunca usou aos seus membros o nome de Jesuita.
Objetivo principal do grupo: viajar a Jerusalém e converter os de lá ao cristianismo. Em 1540 conseguiu que sua Ordem fosse aprovada porque o Papa percebeu que estavam perdendo fieis. Um dos membros da Ordem, Francisco Xavier, foi atuar na Ásia em missão. Por ser mais acessível, ficou primeiro no Congo (na África). Depois foi para a Etiópia, Zimbabue e Angola. Geralmente mal sucedidos na missão.
29 – Não havia navio de exploração europeia que não levasse missionários. Em Goa, Francisco Xavier ficou surpreso com o tanto de cristãos por lá. Após pedir autorização para Roma, montou em Goa um Tribunal de Inquisição. Foi um recordista de conversões de qualquer religião. Converteu ao cristianismo entre trinta mil e cem mil pessoas.
Usava intérpretes porque tinha dificuldade de aprender a língua local.
32 – No Japão, desconsolo do povo em relação à fé cristã porque culturalmente os japoneses acreditavam em reencarnação e pelo cristianismo não podiam mais fazer algo pelos ancestrais. Na fé tradicional dos japoneses os antepassados podiam ser resgatados do inferno para passar à eternidade livre do inferno. Choram desconsolados por não poderem, como cristãos, acudir seus ancestrais conforme a crença anterior.
Isto está expresso em carta de Francisco Xavier, datada de 1552.
Francisco queria chegar à China. Morreu aos 46 anos em Roma, de febre.
Dali quatro anos morreu Inacio, após sucessivas malárias sofridas em Roma.
A cada dez anos se leva o corpo de Francisco Xavier para Goa e em 2014 o evento reuniu ao redor de cinco milhões de peregrinos a Goa.
O corpo de Francisco Xavier está conservado.
33 – Por volta de 1550 na China reinava a próspera Dinastia Ming. Eram então os chineses o que havia de mais avançado no mundo e não queriam papo com estrangeiros.
33 – Os poucos comerciantes europeus que apareciam na China de então eram mal vestidos, sujos e de pouca cultura.
Os missionários Franciscanos já tinham passado pela China lá pelos anos 1289 a 1369.
Em Macau, em 1594 se constrói o Colégio Jesuita São Paulo. Macau de então era colônia portuguesa na Ásia. Era uma base para os missionários irem da Europa para outras regiões da Ásia em missão.
34 – Um dos estudiosos, Matteo Ricci foi o primeiro ocidental a ter acesso à Cidade Proibida em Pequim.
35 – Resultado das missões nas Filipinas que fica na Ásia, não distante do Japão. Atualmente 90% do povo filipino é católico e tem nomes em espanhol por causa das missões. (e também da colonização espanhola)
36 – Em 1562 já havia universidade de Pádua na Itália.
A influência dos missionários cristãos para o intercâmbio com países da Ásia etc.
36 – Francisco Xavier bateu de frente com os japoneses em Yamaguchi onde o povo local aceitava bem as práticas homossexuais.
Na reunificação do Japão (1597) muitos e muitos missionários foram sacrificados de forma cruel.
40 – Manoel da Nóbrega (padre Jesuita). Era filho de desembargador, bacharel em Direito Canônico e Filosofia na Universidade de Coimbra. Concorreu por uma vaga como professor na referida Universidade. Por ser gago, foi reprovado pela banca em duas diferentes tentativas. Decidiu entrar então para a Companhia de Jesus aos 27 anos de idade em 1544. Após cinco anos, veio para o Brasil em missão e aqui ficou até sua morte.
Continua no capítulo 03/10

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

CAP. 01/10 - fichamento - livro - A GRANDE AVENTURA DOS JESUITAS NO BRASIL – Autor – Jornalista Tiago Cordeiro (dezembro/20)

 CAP. 01/10 – livro – A GRANDE AVENTURA DOS JESUITAS NO BRASIL – Autor – Jornalista Tiago Cordeiro – Editora Planeta – 2016 – 240 páginas

        

         Leitura deste livro em agosto/setembro de 2018

         Na orelha do livro consta que o Papa Francisco é o primeiro Papa da Ordem dos Jesuitas e é o 266º Papa no computo geral. 

         A Ordem dos Jesuitas surgiu em 1534.

         “Não é nenhum exagero afirmar que a Companhia de Jesus não seria a mesma sem o Brasil.   E o Brasil não seria o mesmo sem a Companhia de Jesus, mantida pela Ordem dos Jesuitas.   Notar que nasceram praticamente na mesma época do início da colonização do Brasil.

         Página 12 – Jovens que estudaram em colégios religiosos levam para a vida vários ensinamentos da formação em colégio cristão.

         12 – Citou algumas ordens religiosas:  Franciscanos, Vicentinos, Dominicanos, Capuchinhos, Carmelitas.    Uma das ordens mais antigas é a dos Beneditinos, de 529 dC.

         12 – Jesuitas – sólida formação religiosa e intelectual.  Os mais aptos para as Missões.  Resistência física, capacidade de articulação política e boas noções de administração e finanças.

         13 – Na época dos descobrimentos (1500) – O mundo tinha ao redor de 450 milhões de habitantes.  Destes, 200 milhões na Ásia.    Quase metade da população mundial ainda não tinha sido “descoberta” pelo povo europeu dos anos 1500.

         13 – Os missionários católicos, 1500 anos depois dos primeiros cristãos, iriam se sentir nas novas descobertas povos que não aceitavam suas crenças e eram hostis aos mesmos.

         14 – Após a reforma protestante, os católicos foram cobrados para saírem do luxo e certos religiosos partem para as Missões.   Ser mártir (morrer pela causa) fazia parte dessa nova fase como foi dos primeiros cristãos.

         14 – Os três votos católicos – pobreza, obediência e castidade.

         Os jesuítas criaram um quarto voto: Não se submetiam ao poder local/regional.   O Centro deles era Roma.   O Brasil para eles tinha sede em Roma e assim por diante.

         15 – Eles tinham liberdade de movimento e isso ajudava em suas ações.     Para eles, conversão pela Educação.

         Como exemplo, São Paulo teve como marco inicial o Pátio do Colégio.      

         Século XVII na América do Sul – Missões - comunidades protegidas e autônomas em todos os sentidos, inclusive militar e economicamente.

         Nelas se falava o idioma dos índios, não dos colonizadores.

         O modo de operar gerou conflitos e chegou ao ponto do Papa, em 1773 extinguir a Ordem dos Jesuitas.

         16 – Reaberta em 1814.     Padre Manoel da Nobrega foi mandado para o Brasil bem jovem e era muito gago.

         17 – Origem da Ordem dos Jesuitas.   Região dos bascos na Espanha e o ex guerreiro que perdeu uma perna em combate.   Foi ler livros – Esse era Inácio (1491 – 1556).

         23 -  Inácio era guerreiro mas desde a infância era um ávido leitor.   No Mosteiro após mutilado, rezando de joelhos sete horas por dia...

         25 – Ele criou um programa de trinta dias de exercícios espirituais para se agregar à ordem que instituiu.

         25 – No seu tempo, Israel estava sob domínio dos turcos otomanos.  Mendicância e ida a Jerusalem.

         26 – Peste negra e portão da cidade fechado (em Veneza – Itália).

         26 – Esteve por vinte dias em Jerusalém estudando Teologia.  Parou de comer carne, cortar unhas e tomar banho.

         26 – Em Paris, dividiu quarto com Francisco Xavier (que depois foi consagrado como Santo)

         27 – Fundação da Ordem dos Jesuitas.   Em Paris, bairro de Montmartre, dia 15 de agosto de 1534.   Ele e seis discípulos.

         Continua no capítulo 02/10

CAPITULO FINAL 20/20 - fichamento - livro - COMO CONVERSAR COM UM FASCISTA - Autora: Doutora em Filosofia - MÁRCIA TIBURI

CAP.20/20 (FINAL)            dezembro de 2020        

Na prática...  objeto é infelizmente aquilo que o sujeito faz do seu outro.

         Colombo...   “Nos objetos ao seu redor e nas pessoas tomadas como objetos – ele põe os nomes que traz consigo, sem entender que a comunicação humana no sentido da aventura no ponto de vista do outro, ou pelo menos no diálogo, poderia ser válido na sua viagem”.

         ,,, segundo seu ponto de vista, os índios eram apenas “objetos vivos”.   Cortez, por sua vez...  não fora tão limitado quanto Colombo, pois buscou, logo em sua chegada, um interprete.  Isto não mudará...   o interesse de conquista visado.

         Também ele não verá naqueles com quem depara, sujeitos iguais a ele.    Na guerra das perspectivas, os europeus foram mais fortes porque mais violentos.

         ... não havia proposição de diálogo por parte do opressor.

         Tempo de Montezuma, rei dos Astecas. 

          Nós e nossos índios.   No Brasil atual, a percepção popular sobre os povos nativos se resume em exotismo e curiosidade, mais positivo da percepção coletiva, e do descaso e ódio, do lado mais negativo.

         ... entendendo que há maldade – não apenas ingenuidade – no procedimento daquele que nega o outro.    “O exótico é sempre o estrangeiro, aquele que em nosso hábito mental-cultural, no senso comum, tentamos sempre trazer para dentro daquilo que já conhecemos”.      ... mania de redução do estranho ao comum. 

          “Ontologia integralmente relacional” entre as coisas que participam da mesma alma do mundo.     ... deslocando as questões de natureza e cultura, humanidade e animalidade numa grande indistinção – uma “ontologia integralmente relacional”.

         “Os pontos de vista são diferentes dependendo das formas corporais dos seres, não mais um princípio de identidade que opõe uns aos outros, antes os instaura na relacionabilidade geral.

         Cita o Antropólogo Viveiros de Castro e o perspectivismo.   Ele põe em jogo o problema do “ver como” em que animais veem humanos e humanos veem animais, e serem em geral veem uns aos outros.    No lugar do etnocentrismo (o ser humano como centro da vida na Terra), o Cosmocentrismo dos ameríndios como postura avançada em termos ecológicos em geral, inclusive no que concerne à condição humana”.

         Pensar numa ecologia levando isso em conta.

         190 – Item 67 – A paranoia da Autorreferencialidade

         Colombo não aceitou o diferente.  Os povos nativos.   Nós aqui não somos muito diferentes do comportamento dele em relação aos nativos.

         ...”mas se não guardamos espaço para entender que o estranho também nos habita, nos tornamos janela fechada para a diversidade da vida que está implicada na possibilidade de conhecer”.

         “O que está em jogo é a redução do outro a objeto.   A incapacidade de ver neste outro um sujeito de direito, um sujeito que o é do “mesmo” direito.

         Fala da Carta do povo Guarani-Kaiowá.    “O que faz do sujeito dessa carta o sujeito da verdade insuportável para o discurso dominante.

         O que nos permite concluir que a expressão dessa cisão é a única saída, o único passo da saída, contra a dominação vigente”.

                                               Fim do livro.     06-12-2020

         Bibliografia.    A autora cita uma extensa bibliografia, mas destaco as que eventualmente pretendo ler.

1 – Theodor Adorno.     “Dialética Negativa” – Edit. Zahar – RJ 2009

         “                           “Dialética do Esclarecimento – Zahar – 1986

2 – Eliane Brum  (Jornalista e escritora) – livro – Sobrenome:  Guarani-Kaiowá – revista Época – edição de novembro de 2012

3 – Cristovão Colombo – “Diários da Descoberta das Américas. As Quatro viagens e o Testamento – Editora LP&M – RS – 1999

4 – Tristan Todorov – “A Conquista da América: A Questão do Ouro. – Martins Fontes – SP – 2003

5 – Eduardo Viveiros de Castro – “A Inconstância da Alma Selvagem” – Cosac-Naify - 2006 

CAP. 19/20 - fichamento - livro - COMO CONVERSAR COM UM FASCISTA - Autora - Doutora em Filosofia - MÁRCIA TIBURI

CAP 19/20

         Página 178 – Item 65 – Reconhecimento

         O pensamento conservador sabe a importância de “convencer”, de que “conservar” o estado de coisas como elas estão é fundamental...   é acima de tudo também teórico-prática.

         “Embora as redes sociais sejam redes virtuais e, de qualquer modo, instâncias de produção do senso comum, tornam-se também um verdadeiro laboratório de expressão democrática”.

         “A própria ideia de rede implica a conexão de diversas perspectivas.  Não há, neste sentido, como sustentar na internet um pensamento único ainda que tendências dominantes no sentido fascista possam surgir”

         Antes era apenas a opinião da “autoridade” – no caso, jornalística – a que contava no espaço.   Com as redes sociais há influência da opinião de “qualquer um” ou “de todo mundo”, estas que se manifestam nas redes sociais.

         “Os usuários das redes são tratados neste ponto pelos sacerdotes do fascismo como aberrações”.

         A autora fala dessa nova realidade trazida pelas possibilidades das redes sociais.     ... mas servem como orientação a uma sociedade que experimenta a autodesconstrução de paradigmas.

         Se há “reconhecimento”, ele não é mascarado na tolerância, mas festejado como “liberdade de expressão” na contramão da “formação de opinião” previamente dada nos meios de comunicação e do senso comum.

         181 – Item 66 – Violência hermenêutica e o problema filosófico do outro.

         O que podemos chamar de “alteridade”...  para dizer quem é o outro, preciso expressar algo sobre ele.    O problema é que o “outro” é sempre alguém ou algo que, por princípio, desconheço” 

         ... também é uma relação de estranhamento.    O que se pode dizer do outro é sempre uma interpretação, no sentido de que alguma coisa  é colocada diante de um ponto de vista   ... num sistema em que se disputa a “verdade”.    O “mesmo” e o “outro”.

         “O que o mesmo diz do outro pode derivar facilmente de discursos prontos e precários ao serem motivados por aspectos socioculturais, como moral e religião, compreensão de classe e até desses interesses ocultos, inconscientes, nem sempre conhecidos”.

         Para exemplificar ela usa o caso de Colombo em relação aos povos das Américas.   Ele faz “interpretações” sobre o outro.   “Se a interpretação parece inevitável, deve-se levar em conta que são inevitáveis os seus limites”.

         Platão estudava a relação com o outro, que em grego é heteron.  Já na moderna filosofia europeia se estuda o “sujeito” e o “objeto”.

         Theodor Adorno “comenta em um texto que o sujeito devora o objeto, ao esquecer o quanto ele mesmo é objeto.

         “O que chamamos de sujeito também sofre a objetividade do discurso de outros “sujeitos” que não percebem o quanto eles mesmos são objetos.

         Na prática...  objeto é infelizmente aquilo que o sujeito faz do seu outro.

 

           Continua no capítulo 20/20  (final) 

CAP. 18/20 - fichamento - livro - COMO CONVERSAR COM UM FASCISTA - Autora - Doutora em Filosofia - MÁRCIA TIBURI

 CAP. 18/20                DEZEMBRO DE 2020

   ... o senso comum se constrói e se sustenta no “dizem que”...

         ... seguidas por quem não se ocupa em investigar...    quem não adquiriu esse hábito.    “E assume por contágio, por ser ele inconsciente da influência persuasiva que sofre.

         ... nebuloso contexto do senso comum, desenvolveu-se a opinião de que povos indígenas não apenas cometem, mas valorizam o suicídio...  (distorcendo a realidade).

         A autora do livro:   “Meu interesse é, no entanto, mais pontual:  fazer ver que a Carta  (http://blogapib.blogspot.com/2012/10/carta-da-comunidade-guarani-kaiowa-de.html ) do Grupo Guarai-Kaiowá manifesta uma consciência das vítimas sobre sua condição, sobre uma verdade que está sendo ocultada...

         Diz que essa carta se contrapõe ao senso comum e o “círculo cínico”, que sempre oculta uma verdade.  

         Nota do leitor:   O link acima é de um blog dos Povos Indígenas e lá tem uma porção de manifestações destes, inclusive  denúncia formal à ONU sobre o que estão sofrendo no Brasil atual.         

         A Carta “é apresentada sem medo das consequências que possa gerar”.    ... “meios de comunicação enquanto máquinas de reprodução da opinião”.

         Internet.    ...”é também o protótipo de uma impressionante experiência de linguagem capaz de quebrar paradigmas, estilhaçar perspectivas, criar o múltiplo e o uno, o mesmo e o outro”.

         ... o laboratório da alteridade é também laboratório perspectivista.

         169 – “Eliane Brum, a jornalista que mais se ocupou da questão defendendo, na contramão de vários outros jornalistas, o ponto de vista dos índios.   

...     A Carta na internet mobilizou solidariedade e o pessoal criou a hastag #somostodosGuarani-Kaiowá.   E muitos na rede social colocaram como extensão do próprio nome, o dizer Guarani-Kaiowá.

         Houve uma crescente na opinião pública e assim a onda chegou ao Executivo, legislativo e judiciário.   “Se esta percepção estiver correta, estamos diante de um ato democrático completamente novo na história do Brasil.   Os índios, excluídos da sociedade, tem no uso da internet um meio de dialogar com a sociedade.   Ver que há um protagonismo nesse caminho na busca do diálogo.

         171 -  Item 63 – Contraconsciência do Assassino

         “Uma das formas do discurso fascista e dominador...  é o falar de e sobre o outro projetando sobre este outro seus interesses e jamais posicionar-se no lugar de ouvir o que o outro tem a dizer”.

         Nesse contexto, “o outro é negativo”.    “O outro está sempre ´errado´, o outro é ´louco´, o ´estranho´, é ele que está sempre errado.

         Ainda sobre a Carta dos índios citada.   Segundo a Jornalista Eliane Brum:   “A declaração de morte dos Guarani-Kaiowá é “palavra que age”.

         O #SomosTodosGuaraniKaiowá é uma “frase-conceito”, mas também uma ação performativa em que a linguagem é o ato.

         175 – Item 64 – Uma Verdade Outra, um Outro In-Comum

         Quando grupos nas redes sociais colocam em foco a solidariedade a um grupo ao qual a sociedade brasileira sempre foi negligente, os usuários das redes sociais dão um passo na contramão do senso comum em relação a outra experiência com o “comum”.

         Outro comum entra em cena na forma de um comum totalmente “outro”.

         ... uma ideia que agrega alteridades em nome da mudança e não na conservação.   Uma outra visão das coisas chega à luz.

         O Antropólogo Eduardo Viveiros de Castro e a expressão Tupi “xará”.  Esta palavra vem do Tupi ichê rera, quer dizer “meu nome”, isto é dizer-se de alguém que tem o mesmo nome que eu, porque eu lhe “dei” meu nome e ele me “deu” o seu.

         Sobre a hastag citada, “o passo inicial das mudanças – em escala pessoal ou social – parte sempre da visão de mundo. 

 

         Continua no capítulo 19/20

CAP. 17/20 - fichamento - livro - COMO CONVERSAR COM UM FASCISTA - Autora: Doutora em Filosofia - MÁRCIA TIBURI

CAP. 17/20

         .        “Há um Brasil que só cabe nas bibliotecas”.   Assim como há um Brasil que passa na TV.   Um Brasil da classe média etc.      ... um Brasil que nunca iremos conhecer – há um Brasil de quem não se contou sua história porque foi vencido e não vencedor.

         O contemporâneo somos nós dentro do tempo.   Diz Agamben  “Contemporâneo é o poeta.   Aquele que mantém fixo o olhar no seu tempo para observar não só as suas luzes, mas o escuro”.

         158 – Item 60 – Alteridade, redes sociais e a Questão indígena no Brasil.   

         ... “que advoga as necessidades do crescimento econômico brasileiro contra a vida, e a forma de vida, dos povos nativos”.

         “É o discurso colonizado que se reproduz como discurso colonizante”.    “Refiro-me à morte do outro que só pode acontecer sob seu ocultamento, nunca às claras, nunca numa pena de morte direta e legalmente autorizada, mas muito antes numa destituição do outro a partir da sua afirmação como algo negativo”.

         “O genocídio...  contra o qual alguns poucos assumem o desafio de agir contra o silêncio”.

         “Massacrifício”.   Foi um termo usado por Todorov, que reuniu sacrifício e massacre para explicar o que acontece em uma sociedade na qual a matança está cruelmente justificada no cotidiano e, ao mesmo tempo, ocultada e negada”.

         “O pensamento europeu tradicional... “O princípio da identidade é destrutivo do `não idêntico´...

         162 – Item  61 – A Internet e a Questão Indígena como retorno do Recalcado      

         Lado filosófico – Estudo pelo sujeito, ao objeto estudado.  Quando o objeto é o outro...    “Desde uma longa tradição que começa com Hegel, seria a relação não mais entre sujeito e objeto, no qual o primeiro manipula o segundo, mas a relação entre sujeitos que disputam lugar até perceberem sua mútua alteridade.

         Novo paradigma no estudo da causa Guarani-Kaiowá.   Ao invés do “reconhecimento”, a “assemelhação”.   ... melhor intepretação da ordem e dos destinos construídos coletivamente.  

         Fatos novos -  “crescimento da palavra dos povos nativos do Brasil no âmbito da internet, por meio de portais, blogs e redes sociais”.

         Escapa ao controle dos donos do poder.   .... aqueles que se manifestam impondo sua interpretação da verdade sobre os ameríndios e a chamada “questão indígena”.

A fala dos próprios indígenas via mídias sociais “põe em jogo um elemento castrador do discurso autoritário...”

         ... sujeito eurocêntrico que emite o discurso enquanto se furta ao diálogo.      ... a irrupção de um saber que se faz “contrapoder”

         ... assustadora quando ela é radical – que desagrada os que detém o poder antidemocrático”.

         “Está em jogo o `reaparecimento´ deste ´outro´ em um território que já foi seu e, no presente, não é mais”.

         ... povos que estão em  “desterro em casa própria...”

         “O espaço virtual torna-se, assim, um estranho modo de acesso, ao país que era seu, a um lugar que, além de lhes ter sido tomado, lhes foi `proibido´. “

         ... encontro...   um novo campo político.

         “O choque cultural que poderia acontecer dá lugar a um elo estranho e também inesperado, mas, sobretudo, escarnecido pelo discurso conservador que não quer ver esperança na contramão da sua ordem...

         “Onde há solidariedade é porque algo já não se conservou...”

         (sobre o drama dos Guarani-Kaiowá que levaram eles a enviarem uma carta ao Governo Federal e despertou solidariedade nas redes sociais)

         166 – Item 62 – Redes Sociais – Círculo cínico, senso comum, laboratório de alteridade

         Dia 11-10-2012 saiu nas redes sociais a Carta ao Presidente, enviada por um grupo de índios Guarani-Kaiowá.

 

         Continua no capítulo 18/20