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segunda-feira, 7 de março de 2022

CAP. 03/09 - fichamento - livro - HISTÓRIA DA AMÉRICA LATINA - Autor: Historiador francês - PIERRE CHAUNU (Edição 1971)

capítulo 03/09                (leitura em fevereiro de 2022)       #Argentina #História 

         Período de progresso para o Brasil foi nos 60 anos de fusão do reinado de Portugal e Espanha (1580-1640) pela Casa de Habsburgo.

         Nesse tempo os dois reinos, Espanha e Portugal continuaram independentes, mas sob influência da Espanha.    Criaram no Brasil os Senados das Câmaras que governavam de forma semelhante aos Cabildos da colônia espanhola.

         Capítulo III   -  Economias e Sociedades

         A Produção   -   A ocupação espanhola nas Américas reduziu em 2/3 ou ¾ a população indígena nas áreas por ela ocupadas.   Trabalho forçado, doenças trazidas da Europa com os colonizadores...   Doenças como varíola, tifo e febre amarela, mataram muita gente nas Américas.

         Em 1818 o Brasil contava com 3.617.000 habitantes, sendo destes, 1.887.500 negros escravizados, ou seja, aproximadamente 50% da população total de então.

                   No Brasil houve sangrentas revoltas de escravos como a de Minas Gerais no final do século XVIII.

         Vida Econômica e Social

         A colônia espanhola enviava à metrópole principalmente ouro e prata, dois produtos que tem alta possibilidade de contrabando.   E isso ocorria em certo grau.  Essa era uma forte razão para que a Espanha não permitisse intercâmbio comercial entre colônias.

         Esse transporte de ouro e prata para a Espanha assanhava os piratas do mar que agiam na rota.   Ao ponto da Espanha organizar comboios de navios para aumentar a segurança.

         Foi partindo de Acapulco no México que os espanhóis conquistaram as Filipinas na Ásia.   Esta ficou vinculada administrativamente à Espanha via Vice Rei da Nova Espanha.     Nessa rota, vinham artigos elaborados da Ásia (do Oriente) até o entreposto da Nova Espanha e de lá, para a Europa.   Manilha, a capital das Filipinas foi fundada em 1571.

         Já no Brasil, acentuou-se do ano 1700 em diante o suprimento de bens elaborados pela Inglaterra.      Para esta enviar produtos ao Brasil, por formalidade de acordo comercial, os navios ingleses antes passavam pelo porto de Portugal e depois seguiam para o Brasil.     Por outro lado, muitos navios escapavam dessa exigência na base do jeitinho.

         Os pampas do sul no passado eram planícies com muita criação de gado em campo nativo.   Alta produção de couro e de trigo.

         (o autor cita que os gaúchos de então foram enaltecidos na literatura pelo poeta Martin Fierro)

         O poeta descreve o pampeano do passado, lá pelo século XVIII:   “Habitando em choças de ramos entrelaçados e de terra, sem portas nem janelas, passam a maior parte do tempo a cavalo, o único ser pelo qual essa humanidade brutal experimenta alguma ternura”.

,,,  “A vida não tem mais valor que a vida do animal; o padre e o mestre-escola, os dois caixeiros-viajantes da civilização europeia, nunca chegaram até aí”.

         Couro e sebo eram os produtos de destaque dos gaúchos de então.  Exportavam até 800.000 couros por ano.

         Nas Antilhas (pertencentes à América Central) os produtores de cana na era colonial, devolviam o bagaço da cana ao solo para preserva-lo.

         No Brasil, que o autor chama de economia destrutiva, o produtor colonial, derrubava a mata, queimava, plantava cana, esgotava a terra de forma acelerada até pela condição tropical (calor e chuvas frequentes) e logo ia derrubar novas áreas de mata.   Nada de cuidar do solo.

         Carros de boi, rodas enormes, seguem a 2 km/hora.   Nos pampas, o uso do cavalo (oriundo da Europa).   Nos Andes, uso de muares principalmente nas minas.

         Produtos como a batatinha, o fumo, o milho e mandioca são originários das Américas.

                            Continua no capítulo 04/09 

sábado, 5 de março de 2022

CAP. 02/09 - fichamento - livro - HISTÓRIA DA AMÉRICA LATINA - Autor: Historiador francês PIERRE CHAUNU - Edição 1971 #Colonialismo Latino Americano

 Capítulo 02/09

 

         Em 1550 a parte espanhola da América Latina estava conquistada.

         “O motor das conquistas  foi a ânsia do lucro”.     Na América espanhola, a conquista precedeu a colonização.  Já na América ango-saxônica, a colonização precedeu a conquista.   

         Os anglo-saxões com o sistema de colonizar avançavam lentamente.   Em dois séculos, avançaram algo como uma faixa de 200 km contando do litoral para o interior.    Bem deferente dos espanhóis que vasculharam e dominaram tudo e todos para depois colonizar.

         O saxão era mais por tomar posse e povoar as terras, não a busca do ouro.   Para eles, “o melhor índio é o índio morto”.   O sistema saxão não busca se mestiçar com os índios.   Colonização branca.

         Já os espanhóis, estímulo à mestiçagem e precisavam dos índios para mão de obra na busca de riquezas extrativas.

         Capítulo II   - A Organização da Conquista

         Colonização espanhola e portuguesa na América.  Numa mão de direção as metrópoles drenando matérias primas baratas das colônias e vendendo a estas, produtos manufaturados caros.

         Colonização espanhola com reis católicos e tendo a bula papal lhes dando domínio das terras.

         Algumas instituições que os espanhóis criam para as colônias.  Uma delas é a Casa da Contratação, composta de um tesoureiro, um superintendente e um secretário no comando dos auxiliares.

         Foi criado um Conselho para supervisionar esse sistema.   Em certo tempo o Conselho tinha oito membros para exercer suas funções nos interesses do rei na colônia.  

         Chamavam de Cabildo o órgão administrativo das cidades (ajuntamentos humanos) na américa espanhola.   A palavra em espanhol é ayuntamiento.

         Na América espanhola a extração de ouro era feita por grupos privados e a coroa ficava com o quinto (os 20%) sobre a quantidade de ouro extraída.

         A bula do Papa colocava nas mãos dos reis católicos a administração do clero nas colônias e assim o rei nomeava as pessoas do clero, dividia as dioceses etc.    Mantinham rigor no controle do povo na colônia via – rei sobre o clero e estes com a Inquisição.     Em 1570 a Inquisição em Lima e em 1571, no México.  Vítimas eram mouros, judeus e marranos (marrano 1.na Espanha e em Portugal, designação injuriosa que se dava outrora aos mouros e especialmente aos judeus batizados, suspeitos de se conservarem leais ao judaísmo.      2. excomungado, imundo.)

         Os índios não eram alcançados pela inquisição por serem equiparados a crianças grandes, incapazes de heresia.

         Os jesuítas e as obras junto aos índios.    Organizavam a vida e segurança dos índios e davam tarefas a estes e também castigos.

         O rei Carlos III decretou a expulsão dos Jesuitas da América em 23-03-1767.

         Mesmo ao longo do tempo a Espanha perdendo sua força naval frente a países como Inglaterra, Holanda, ainda conseguiu manter suas colônias sob seu poder por três séculos.

         O Brasil

         Portugal a partir de 1500 passa a ter sua India Ocidental a desbravar mas o seu interesse estava mais nas Índias Orientais com seus produtos.  Só em 1534 foi que Portugal começou a se preocupar mais com o Brasil.    O rei usou o sistema de menor custo para a coroa.   As grandes capitanias hereditárias e os donatários.   O sistema não funcionou bem e em 1549 o rei revogou o poder dos donatários, mas estes continuaram com as posses e a economia local.

         Período de progresso para o Brasil foi nos 60 anos de fusão do reinado de Portugal e Espanha (1580-1640) pela Casa de Habsburgo.

                            Continua no capítulo 03/09

sexta-feira, 4 de março de 2022

CAP. 01/09 - fichamento do livro - HISTÓRIA DA AMÉRICA LATINA - autor: Historiador francês PIERRE CHAUNU (edição 1971)

CAP. 01/09            (leitura feita em fevereiro de 2022) 

         Alerto que a edição desse compacto livro de História da América Latina, de 130 páginas, data de 1971.   Por outro lado, como trata de quase cinco séculos de colonização da América Latina e pela formação do autor, achei que valia a pena a leitura e estando terminando de ler, veremos que muito do que hoje vemos no Brasil e no mundo se explica pelo conhecimento do nosso passado e a conjuntura das diferentes épocas.

         Vou recortar aqui uma biografia consolidada do autor francês Pierre Chaunu, tirada da popular Wikipedia da web.

         Pierre Chaunu, Belleville-sur-MeuseMeuse, na Lorraine, 17 de agosto de 1923 - Caen22 de outubro de 2009 [1] foi um historiador francês, especialista em estudos sobre a América espanhola e de história social e de história religiosa da França durante o Antigo Regime ( séculos XVIXVII e XVIII). Foi uma grande figura francesa da história quantitativa e serial. Foi professor emérito da Paris IV-Sorbonne, membro do Institut, e comandante da Legião de Honra. Protestante defendeu posições conservadoras, numa crónica que mantinha no periódico "Le Figaro" e num programa de rádio.

Recebeu o Prêmio Gobert em 1982.[2]

         Vamos  ao fichamento – Introdução.

         A América Latina se localiza entre as Latitudes 32 graus Norte a 54 graus Sul.   Área de 21.l73.000 km2 e corresponde a 16% das terras emersas do planeta.   (O Brasil tem ao redor de 7,5 milhões de km2)

         Corresponde a América Latina os países que foram colonizados por Espanha e Portugal, ficando de fora os USA e Canadá por terem sido colonizados por outros países da Europa.

         A.Latina em grande parte é tropical, não distante do Equador e por isso, bastante incidência de sol e bastante chuvoso.   Propício a florestas.

         Destaca-se que os colonizadores europeus vieram de clima temperado, ou seja, mais frio que o tropical.     Sentiram isso.

         Tirando a região dos pampas do sul, em geral são terras de planalto.

         Aqui neste livro também os povos originários são tratados como índios.

         Os índios de certas civilizações pré colombianas no Continente Americano, nos séculos XV e início do século XVI dominavam a metalurgia do cobre, ouro e prata, mas não dominavam a do ferro.

         Não tinham a tração de bois e do cavalo como havia na Europa e Ásia.

         O início  da colonização da América coincide com o povo da Europa saindo da Idade Média.   Europa de predomínio de cristianismo.   Oito séculos de ocupação árabe em Portugal e Espanha até quase o ano de 1500.

         O fim desse domínio árabe na região foi dia 01-01-1492 com a queda da cidade de Granada na Espanha.

         Cita Colombo descobridor da América dia 11-10-1492.   A chegada de Colombo foi no arquipélago das Bahamas na América Central.

         Primeira Parte -   A A. Latina Colonial   (1492 a 1808)

         Mistura em três séculos de três elementos, o europeu, o índio e o negro escravizado africano.     A A. Latina ....”virou a terra da economia destrutiva”.    Em apenas 50 anos os colonizadores vasculharam todas as regiões da A. Latina e depois um processo mais lento de ocupação e povoamento.

         Capítulo 1 – O século dos conquistadores  (1492 a 1550)

         Em 1492, os espanhóis em São Domingos, no caribe da América Central.   Era tempo dos Reis Católicos na Espanha.  Estes logo buscam se documentar com o Papa sobre as novas posses.  O Papa de então era espanhol em decorrência do poder dos reis cristãos da Espanha.  Papa Alexandre VI.    O Papa emitia a chamada Bula Papal que era o documento de posse das novas terras.

         O segundo tratado, o de Tordesilhas, de 1494 foi mais favorável a Portugal.    O Papa “doava” essas terras para os colonizadores cristãos e esperava em contrapartida a expansão da fé católica nas novas terras.

         O autor diz que no México as duas civilizações pré colombianas, os Maias e os Astecas, viviam em planalto com altitudes entre 2.000 e 3.000 metros acima do nível do mar.   Diz que os Maias eram mais requintados e que foram empurrados mais para o litoral no período da colonização.

         Cortés – com dez navios, 600 soldados, 16 cavalos e armas de fogo.  (destaca-se que antes não havia bovinos domésticos nem cavalos no Continente Americano de então)

         Dizimou os indígenas.    Nesse tempo o chefe dos Astecas era Montezuma.

         Na região do Peru foi Pizarro o pioneiro da ocupação.     Nada de expansão católica.   Era busca de riquezas, com foco no ouro dos Incas.

         Os Íncas eram uma potência sacerdotal, teocrática.     “... comunismo agrário de estado...”.    Os incas dividiam a terra de cultivo em três partes não iguais, a saber.  Uma parte para a produção para os deuses; uma para o ínca (o rei) e a terceira para o povo.   Cada família recebia um lote proporcional às suas necessidades.

         Pizarro era um bastardo analfabeto oriundo da Estremadura na Espanha.

         Os incas viviam em terras na faixa de altitude entre 3.000 metros e 3.500 metros acima do nível do mar.

         Na força de soldados, cavalaria e armas, Pizarro em dois anos consegue derrubar o império Inca.

         Antes de conquistarem o Peru e suas riquezas, os espanhóis fundaram em 1533 Buenos Aires.    Em 1550 a parte espanhola da América Latina estava conquistada.

         Segue no capítulo 02/09

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

RESERVAS EM DOLAR DA RUSSIA DIVULGADA EM FEVEREIRO DE 2022, BASE 30-06-2021 PELA FOLHA DE SÂO PAULO

 SOBRE AS RESERVAS MONETÁRIAS DA RUSSIA - fevereiro de 2022 (base 30-06-21)

Na página A15 da Folha de SP de hoje, 28-02-2022 saiu um gráfico mostrando onde estão depositadas as Reservas da Russia expressas em dolar, apesar de haver reservas em ouro metal.
Reservas totais 30-06-2021: 630,2 bilhões de dolares.
Assim distribuidas:
Ouro (metal) ............ 23%
China........................... 13%
França......................... 11%
Japão.......................... 09%
Alemanha................. 09%
USA,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,, 06%
Bancos internac..... 05%
Reino Unido............. 04%
Outros........................ 21%
Em valores aproximados, tirados de um gráfico.
OBS - Ver que há países que irão bloquear o acesso a essas reservas nos respectivos territórios.

sábado, 19 de fevereiro de 2022

CAP. 10/10 - fichamento - livro - O MAPEADOR DE AUSÊNCIAS - autor moçambicano - MIA COUTO

capítulo 10/10

 

          O  Inspetor Óscar Campos escreve ao prisioneiro Adriano Santiago

                   Ano de 1973

         Sobre espionagem e agente infiltrada.   Almalinda era uma espiã disfarçada de prostituta.   “No calor dos prostíbulos as mulheres ganham a confiança dos nossos inimigos”.

         Arrancar confissão – despir a roupa do que vai ser interrogado.  O policial diz:   “a roupa atrapalha a sinceridade”...

         Carta da avó Laura ao Inspetor Campos – 1973

         “Quando um regime começa a prender os poetas é porque esse regime está perdido”.

         Uma senhora sobre as estratégias das mulheres de sua época:

         “Os senhores (policiais) não aprenderam com as mulheres da minha geração.    Era o que fazíamos no casamento.   Trazíamos o lobo para dentro de casa, que era onde ele se convertia num cachorro manso”.

         Capítulo 21 – Naufragadas Nuvens  - Inhaminga,     março de 2019

         O povo local ver os brancos nas piscinas e não poder entrar.       ...”e que deveríamos dar graças a Deus por poder ver a alegria dos outros”.

         O marido de Maniara é contratado como guarda do cemitério.   Logo lhe passaram uma pá para ele abrir covas.   Ele argumentou que era guarda e não coveiro.   O chefe retrucou:   “És guarda de noite... de dia vais abrir covas que é um trabalho em que os pretos são bons porque mal nascem já vão abrindo a própria sepultura”.

         Por lá eles consomem muito “peixe seco”.   (como leitor já ouvi que muitos povos africanos tem o hábito de consumir peixe seco e procuram a mercadoria mesmo em países distantes para os quais migram, como nos USA).

         Cubata é o nome que dão às choças que servem de moradia nas aldeias.   Cubata é coberta com folhas de palmeiras.

         Capítulo 22 – O amor e outras mentiras  - Os papeis da PIDE – 11

         Ano de 1973.    O da polícia política.

         “Retirei da minha maleta um livro que os nossos serviços de censura tinham recolhido na livraria Salema.    Tinha por título Capitães da Areia e o autor era um tristemente célebre comunista brasileiro chamado Jorge Amado”.   Neste tempo o livro citado era proibido em Portugal e em suas colônias.

         Dá pane no poeta ao receber o livro do policial.   Desmaia.  Chama-se um médico.        

         O médico puxa a orelha do poeta que andava fugindo de retornar à consulta e não andava bem de saúde.   O poeta argumenta:   “É verdade, doutor, ando com problemas de memória.  Tenho-me esquecido de ficar doente”.    O poeta defendia a necessidade de ter uma doença.  Justifica:

         “Há dois inimigos da inspiração poética:   o primeiro era ser saudável num mundo tão doente; o segundo era ser feliz num mundo tão injusto”.

         O por quê do não retorno ao médico:  Quando eu ia, lá só tinha pacientes da estrada de ferro, todos brancos.   Não se via negros.   “Se eles não adoecem, eu também quero ser negro”.

         O marido poeta já doente e não largava de fumar.   Tanto a mulher dele reclamou. Mas...   “A certa altura, deixei de me importar.   Era melhor o cheiro do tabaco que o perfume das amantes que ele trazia agarrado no corpo”.

         Capítulo 23 – O ciclone -    Beira, março de 2019

         Lá na região a cada uma porção de tempo ocorre ciclone que causa enormes estragos.    Em 2019 houve um que foi arrasador.

         Epílogo – O último interrogatório  - Beira – março de 2019

         O Inspetor velho recordando.    “...sempre me senti derrotado.   Comecei a perder vitória.   A minha mulher escapou-me, da pior maneira que pode suceder: desistiu de ser ela mesma.   Enlouqueceu...”

         A Vitória teve uma filha mulata, a Ermelinda.   Nome português e lá em Moçambique os nativos não tem a pronúncia do erre e então ficou como Almalinda.

         No passado o Inspetor desprezava Ermelinda.  Depois que ela morreu assassinada, ele mudou de comportamento.    “No dia que mataram Ermelinda, nesse dia ela nasceu como minha filha.   Pela primeira vez eu era pai”.  (fora do casamento)

         O velho inspetor confessa que no passado tinha uma atração pelo poeta Adriano.   E um dia visitou Sandro, filho de Adriano e teve um caso com ele sonhando com Adriano.

         O inspetor já em Portugal.   O exército nunca chegou a me prender.   “E não era necessário.  Eu já estava aprisionado no meu passado”.

         O antigo inspetor confessa e pede sigilo a Diogo, filho de Adriano.  Foi ele que pagou secretamente os estudos de Benedito Fungai.  No passado a polícia matou o pai dele por ter testemunhado o crime dos policiais ao matarem Almalinda.

         Liana, filha de Almalinda diz que como punição ao Inspetor vai escrever a história dele.   E ele tinha cedido a ela toda a papelada.  Ele diz à neta.    “Mas devo dizer-te uma coisa – avisei – Não é reproduzindo a minha história que te vais curar.  É escrevendo a tua história”.    Pela primeira vez Liana escutou o meu conselho.    O livro dela:    O Mapeador de Ausências”.   (este que estamos lendo).

         O desfecho -   “A história do que fomos e de quem somos”.    “Esses anônimos guardiões das histórias buscam, entre os escombros, a palavra redentora.   Eles sabem:   tudo o que não se converte em história se afunda no tempo”.

                            Fim.            Término da leitura dia 08-02-2022

                                                                                                                                                                 orlando_lisboa@terra.com.br 

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

CAP. 09/10 - fichamento - livro - O MAPEADOR DE AUSÊNCIAS - autor moçambicano - MIA COUTO

 capítulo 09/10                    leitura feira em fevereiro de 2022

 

 

         Logo que Almalinda voltou para Moçambique, foi trabalhar numa boate.   Dali dois meses, estava morta. (“caída” do quinto andar...)

         O jornalista vê Soraya e Liana se abraçarem e chorarem juntas o fim de Almalinda.  Ele:   “Por um momento sinto inveja daquela habilidade.   Chorar é um modo de falar.   O meu corpo não tinha acesso a esse idioma”.

         Capítulo 16 – A descida aos céus – Os papeis da PIDE -8

         No prédio da Beira, Almalinda, aos 22 anos, dançarina de boate, foi asfixiada com fita adesiva no pescoço e tem sinais de que ela lutou para se livrar.    Depois jogaram ela pela janela do prédio.   A colega dançarina também tinha morrido da mesma forma não fazia tempo.   Eram vizinhas de quarto no prédio.

         Sobre a morta atirada do quinto andar do prédio.   “Os moradores do prédio falaram todos ao mesmo tempo, parecia que tinham medo do silêncio que escapava da falecida”.

         Capítulo 17 - Os que escutam a pólvora.     Inhaminga  - março de 2019

         Em 2019 o protagonista Diogo, Liana e Benedito partindo de Beira para Inhaminga.   Benedito pede a Diogo que recite poesias enquanto dirige, como fazia Adriano, pai de Diogo no passado no mesmo percurso.   Diogo confessa a Benedito.   “Às vezes sinto vergonha de ter sido seu patrão”.

         Benedito a Diogo sobre o tempo sofrido da guerra (anos 70).    “Aceitar que toda nossa vida tivesse sido um inferno seria dar um prêmio aos opressores”.

         O povoado de Inhaminga feito frangalhos após duas guerras.   Casas sem telhado, paredes com marcas de balas, sem energia elétrica...   “Bendito Fungai sugere que não procuremos a vida nas casas.  Procurássemos Inhaminga nas pessoas, nos laços sociais que escampam a quem está apenas de passagem.

         Nesta visita de 2019 o pai de Benedito, o Sr Capitine já é falecido e o filho foi ao cemitério para reverenciar o pai.   Fala do coveiro, fala dos mortos nas duas guerras:   “A vida aqui é uma outra guerra – acrescenta”.   “A gente chega a ter vergonha de ser um sobrevivente – concluiu o coveiro”.

         Capitine foi assassinado dois dias após presenciar a morte suspeita da dançarina Almalinda.    Ele viu a polícia levar o corpo e apagar pistas para não levantarem suspeitas.    A boate era vizinha do cemitério e ele era coveiro.

         Em Inhaminga há o paredão de fuzilamento.    O Diretor da escola foi do pelotão de fuzilamento nos anos de guerra e não quer prosa sobre o passado.   Benedito também tem suas razões para não mexer mais no passado.   E fala a Diogo...    “vivemos em sentidos opostos.   Tu queres lembrar.   E eu quero esquecer”.

         Quarenta anos atrás, Benedito saiu de seu povoado Inhaminga para fugir da guerra.

         Capítulo 18 – O chão do corpo.  Apontamentos autobiográficos do Inspetor Óscar Campos  -  Os papeis da PIDE – 9

         Segundo fragmentos da autobiografia de Óscar Campos, de 1951.

         Voltamos a Inhaminga de 2019.

         O Inspetor da Polícia Óscar Campos era o pai de Almalinda, fora do casamento.

         Sobre as guerras e os que ficam e os que partem da terra por causa destas.     “A guerra tem costas largas.  Usamo-la para explicar o que sucedeu e para justificar o que não aconteceu”.

         A dedicatória do pai ao filho, fruto das escapadas do pai.          “Querido Sandro, escrevi livros porque nunca soube ser autor de minha vida.   Espero que sejas autor dos seus sonhos”.

         Árvore de casuarina.   Digo como leitor que essa árvore deve ser bem frondosa e de destaque em certas regiões da África porque a mesma é bem citada nos mitos dos povos originários.

         Capítulo 20 – A culpa dos inocentes  - Os papeis da PIDE – 10

         Ano de 1973  (tempo de guerra).

         Virgínia na Delegacia brava e o marido preso.   Ela quer que ele fique por lá preso mesmo.   “Se quiserem castiga-lo tirem-lhe tudo que é papel e caneta.   Ele que apodreça, mais a porcaria da poesia”.

         O filho falando com o pai infiel preso.

         - “Volta para casa, pai.   A mãe vai perdoar-te”. Ele responde:   - A mãe é uma mulher de paixões.   E a paixão não chama o perdão.   Atrai, sim, vingança.

 

         Continua no capítulo 10/10 

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

CAP. 08/10 - fichamento - livro - O MAPEADOR DE AUSÊNCIAS - Autor moçambicano MIA COUTO

 capítulo 08/10

  

         Os domesticadores de milagres   - cidade de Buzi, março de 2019

         Estão na vila do Buzi à margem do rio do mesmo nome.

         Na época da tentativa de suicídio da mãe de Liana, o pai de Almalinda (Ermelinda) ficou sabendo que ela foi salva por um pescador no distante rio Buzi e foi lá rever a filha.   Ela logo o acusou pela tentativa de suicídio e pelo suicídio do noivo dela (ele era preto), ela sendo mulata e o pai, branco.

         O pai resolve depois voltar para sua cidade e pagou para que os que a acharam se calassem.    A mãe de Almalinda teve que ser internada num hospício por conta da tragédia.

         O pai pensa em contar a ela que a filha não morreu e a esposa sararia e voltaria para casa.  “voltaria para casa para me atazanar o juízo”.

         Nos ventos que  prenunciam um furacão. “Há uma chuvinha que vai tombando sem saber onde cair”.

         Tradição local.   Enterrar as crianças perto do leito dos rios, em terras úmidas.    “Não se enterra em terra seca quem ainda não é pessoa”.

         “A vida é um percurso da água para a terra, do barro para o osso”.

         Capítulo 14    Os que nascem com raça.   (os papeis da PIDE-7)

         A PIDE é a polícia do colonizador.

         Anotações de viagem do meu pai a Inhaminga.   Viaja só Adriano e Benedito.   Diogo não foi daquela vez.   Benedito no banco da frente pela primeira vez.   O guarda da barreira (branco) fica bravo por causa do branco estar andando com um preto no banco da frente do carro.

         Deixou passar porque o motorista era jornalista, mas com muita má vontade por deixar um jornalista ir pra região do conflito e ainda essa de carregar um preto no banco da frente.

         Foram pra falar com Maniara, a madrasta de Benedito.

         A vizinhança da aldeia de Inhaminga onde vive Maniara e seu povo.

         “Havia ali tão pouca terra que a qualquer lagoa se dava o nome de mar.”    Ela exemplifica a vida de uma mãe na aldeia dela e os conflitos e riscos para os filhos.

         “Transitava de um filho morto para um outro que ia morrer”.    Maniara fala.   “Com esta mão abro a luz; com esta outra, fecho o escuro”.  O filho Benedito explicou:  - “Minha mãe está a dizer que tem dois serviços:  é parteira de  dia e enterradeira à noite”.

         O jornalista reparte o lanche com Benedito que estranha o gesto do patrão.   Depois vai lavar os pratos e Benedito, de novo, fica indignado.

         O jornalista avisa...  “hoje o teu serviço vai ser o de contares a história da sua mãe”.

         A mãe biológica de Benedito morreu ao pisar numa mina explosiva.  Daí ele ficou com a mãe adotiva, Maniara, com quem no passado o pai dele teve um caso.   Desse caso, nasceu um filho que já em seguida morreu.   Na casa de Maniara, o jornalista se reencontra com Sandro e este estava vestido de mulher e fazendo trejeitos femininos.

         Depois de breve conversa entre ambos, o jornalista resolve voltar para casa.   Vai dizer à esposa que Sandro se juntou à guerrilha da Frelimo Frente Nacional de Libertação de Moçambique.

         Capítulo 15 – Uma chaga na pele do tempo -  Beira, março de 2019

         Visitam a casa da cabeleireira Soraya em busca de pistas da mãe de Liana.   Ela vendo na TV a fala de um bispo protestante brasileiro.  Desliga a TV para falar com as visitas.  Diz que aprende português brasileiro com os pregadores e as novelas do Brasil.

         Soraya se gabando do corpo que ela julga em dia.  O segredo seria nunca beijar na boca os fregueses como as outras fazem.   E acrescenta o resultado negativo nas que beijam:   “Havia de as ver, andam com o corpo pendurado no pescoço”.

         Liana diz a Soraya que é filha de Almalinda, amiga e colega de prostituição de Soraya.   Do baú, Soraya tira um vestido que foi de Almalinda no tempo das danças na boate.

         Almalinda quando bebê foi enviada para um orfanato em Moçambique depois que a mãe dela morreu em um manicômio.   Em seguida foi enviada para Lisboa.   Aos 15 anos, ela resolveu voltar para Moçambique para morar com o pai.   Ela era linda.   O pai não teve os cuidados paternos com ela, apesar de lhe pagar os estudos.   Era linda e de pele escura e cabelos encaracolados.

         Voltou depois do afogamento para o orfanato em Lisboa.  Ao completar 18 anos, os enfermeiros do orfanato tocaram nela e lá havia uma prática de uma vez por mês uns homens virem escolher as “mulheres de aparência” e levavam sem volta, não se sabia para onde.     Voltou mais uma vez para Moçambique depois de ter uma filha em Portugal e de fazer Secretariado.

         Continua no capítulo 09/10