Editei neste blog entre 30-08-2014 e 29-09-2014 originalmente o fichamento desta biografia.
Como
leitor franco atirador, um dia me chega às mãos o livro biográfico
"Clarice" de autoria de Benjamin Moser e tradução de José Geraldo
Couto. Obra da editora Cosacnaify, com 647 páginas.
O livro é de uma riqueza de dados impressionante, não só da controversa
Clarice, mas no retrato que o autor traça sobre a política brasileira, a Europa
das primeiras décadas do século passado, a questão do povo judeu na Europa, as
Guerras e muito mais.
Tendo o hábito de ler com papel e lápis do lado, anotando aquilo que mais me
chama a atenção, percebi que no caso desta obra, dá para fazer até uma separata
por assunto, como Política brasileira nos anos 20, aspectos da Geopolítica nos
tempos das Guerras Mundiais, aspectos da Diplomacia brasileira nos anos
20, aspectos do Jornalismo no Brasil e no front de batalha na Europa e por aí
segue.
Para esta primeira parte, já que a protagonista é a Clarice, resolvi destacar
frases e citações que mostram um pouco do modo de pensar dela.
Ela no Cairo, esposa de diplomata, em frente à esfinge e o mito do "me
decifra senão te devoro". Ela teria dito após
"encarar" a esfinge: "Não a decifrei.. mas ela também não
me decifrou". (p12)
Frase de Drummond sobre sua amiga Clarice: "Veio de um mistério e
partiu para outro" (p.14)
Ela por ela mesma: "Sou tão misteriosa que não me entendo"
(p.15)
Idem: "Eu sou vós mesmos" (p.17)
Idem: Dela que nasceu na Ucrânia e veio bem novinha para o Brasil:
"Eu pertenço ao Brasil" (p.23)
Consta que ela na juventude chegava a ler um livro por dia. (p.126)
A literatura de Herman Hesse teria influenciado um pouco a pessoa
e a obra de Clarice. (p.127)
Clarice, se referindo ao suicídio de Virginia Wolf:
"... não quero perdoar o fato de ela ter se suicidado. O horrível
dever é ir até o fim". (p.205)
Sobre viver longe do Brasil e das pessoas amigas na Europa, acompanhando o
esposo diplomata. "O que importa na vida é estar junto de
quem se gosta". (210)
Ela, morando numa pequena cidade do interior da Europa. "É preciso
ser feliz para morar em uma cidade pequena, pois ela alarga a felicidade como
alarga também a infelicidade" (251)
Para finalizar o capítulo de hoje, parte de uma frase dela numa carta enviada
da Europa: "... somente até um certo ponto que a gente pode
desistir de si própria e se dar aos outros e às circunstâncias...".
(259). Ela leu muito os filósofos...
(pretendo a cada dia publicar os três capítulos restantes). Grato pela leitura.