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quinta-feira, 4 de abril de 2024

Fichamento 21/22 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 21/22

 

         Em maio de 2017 Bolsonaro estava em terceira colocação nas pesquisas para presidente.  Em dezembro, ocupava a segunda posição isolado, atrás de Lula.     ...”a Lava-Jato acelerou os processos e prendeu Lula.”

         No dia que o STF ia votar o caso Lula, o General Villas Bôas tuitou algo que pesou na decisão do STF contra Lula.

         Depois da eleição sem Lula, já preso, o general em entrevista à Folha de São Paulo de 11-11-2018 cita:  (página 274)  “Eu reconheço que houve um episódio em que nós estivemos realmente no limite, que foi aquele tuite da véspera da votação do STF da questão do Lula.  Ali, nós conscientemente trabalhamos sabendo que estávamos no limite”.

         Justo o general que dizia que defenderia a legalidade e ao mesmo tempo deixou as portas abertas dos quarteis para a campanha política do Bolsonaro.

         Na página 275 do livro em pauta, um fax símile de um twitter do General Villas Bôas agradecendo o desembargador do TRF-4 (RS), datado de 06-06-2018:   “Em nome do Exército, agradeço ao Desembargador Thompson Flores, Presidente do TRF-4 a acolhida do general Geraldo Miotto, comandante do Comando Militar Sul, em visita àquele órgão do poder judiciário.    A sinergia de nossas instituições fortalecerá o Brasil”.

         (O TRF-4 que julgou e tirou o Lula da candidatura e resultou na prisão do Lula)

         Antes, em abril de 2017, o Exército condecorou Moro na Semana do Exército . 

     ... há menos de dois meses da eleição, tomou posse no STF Dias Tófolli e, por indicação do general Villas Bôas, Tófolli recebe como assessor especial o general Fernando Azevedo da Silva.   (página 277).

         Antes das eleições de 2018 o governo do RJ agonizava.  Criaram a intervenção na Segurança Pública do Rio e isso mascarou os problemas locais permitindo a continuidade do governador.

           Nessa intervenção foi gasto 1 bilhão de reais do governo federal em onze meses de ação dos militares que comandaram a segurança pública do RJ.    Fizeram isso olhando o lado da política e não do povo em si.

         Ao fim da intervenção o Gal. Villas Bôas fez um balanço favorável do que teria realizado a intervenção.  Saudou Bolsonaro eleito, os feitos de Sergio Moro “protagonista da cruzada contra a corrupção em curso...”.

         Página 280.    B – As Eleições  -   “Fundamentalmente, gostaria de expor alguns dos elementos que associam o Exército ao jogo eleitoral”.

         O poderoso General Villas Bôas falando uma coisa e fazendo outra...   “afirmou o tempo todo ao longo de 2018, que nada tinha a ver com o processo eleitoral.    E como também vimos, foi o próprio Exército que produziu uma galvanização de suas fileiras em direção a Bolsonaro”.

         ...”não economizou no constante bombardeio semiótico o fogo contra Lula e o PT”.

         Eleição em outubro.   “Lula foi preso em 07-04-2018, mas mesmo assim liderava nas pesquisas para presidente.   Lula 31% e Bolsonaro 19%.

         ...”trata-se de um só fio que uso aqui para exemplificar como uma sequência de fatos durante as eleições transcorreu dentro de um processo de dissonância cognitiva... provocada”.

         A campanha do Bolsonaro seguiu a estratégia das Operações Psicológicas muito usadas pelas Forças Armadas norte-americanas em guerras do Iraque e do Afeganistão.   O manual do Human Terrain Systems que envolve psicologia, linguística e antropologia.

         Usaram forte as redes sociais espalhando absurdos, mas que fizeram a cabeça das pessoas.   Diz o autor deste livro em carta de alerta aos candidatos anti Bolsonaro:  “As teorias da guerra híbrida usam as redes sociais de comunicação descentralizadas para desestabilizar nações e desestabilizar uma campanha eleitoral de adversário é fichinha”.

        

         Continua no capítulo final 22/22

quarta-feira, 3 de abril de 2024

Fichamento 20/22 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 20/22

 

         O general especialista em Operações Psicológicas, Álvaro de Souza Pinheiro, atualmente serve no batalhão de Operações Psicológicas em Goiânia  (perto do centro do poder político...) .   Uma das frases dele:  “A empatia transformou-se numa poderosa arma.     ...soldados ... treino para obtenção do apoio da população...”

         “Já no começo da década de 2010 o Terreno Humano passa a ganhar peso nos currículos do Exército brasileiro”.    ... cita inclusive a possibilidade de combates cibernéticos...    “conquistar a opinião pública passa a ser o objetivo em todos os níveis de planejamento”.  (pág. 266)

     “Segundo o artigo citado acima, foi estabelecida uma instrução do Estado-Maior do Exército, de 2012, que indica que o Terreno Humano ganhou importância”.

         Parte dos artigos do guru do ramo, General Álvaro de Souza Pinheiro e outros de alta patente podem ser lidos na internet no site defesanet.com.br

... o portal citado deu volume ao tema da Guerra Híbrida e possui uma coluna dedicada à Guerra Híbrida.

         O site tem um gaúcho que consta como detentor do mesmo e o foco é no ramo militar.   Tem até juristas e advogados que postam artigos no mesmo.

         ...”tudo aponta para o fato de que este site serve de porta-voz para os bombardeios semióticos de um grupo de generais que ora estamos identificando como um consórcio que está no centro da G.H - Guerra Híbrida, tanto em termos teóricos como práticos”.

         O Gal. Villas Bôas já no tempo do governo Dilma, tinha discurso legalista mas na prática agia de forma a fomentar a G.H.,  solapando o governo.

         Em 2017, governo Dilma, perto do impeachment e a revista Veja entrevista Villas Bôas.   A pergunta: “O surgimento de um líder populista neste momento é um risco?”.   Villas Bôas responde:  - “Nitidamente há um cansaço em relação ao politicamente correto.  O perigo é surgir um líder falando determinadas coisas politicamente incorretas, mas que correspondem ao inconformismo das pessoas.  Tivemos Trump nos USA e temos aqui alguns no nosso país”.

         O General nega o apoio do Exército ao candidatável Bolsonaro só na fala.   No mundo real se sabia que as portas dos quarteis eram abertas para ele.

         O QG Quartel General do Exército fica em Brasília e tem o apelido popular de Forte Apache.

         O governo Dilma tinha retirado força, via normas, das Forças Armadas, acabando inclusive com o GSI Gabinete de Segurança Institucional.    Claro que descontentou em muito os militares.

         Já na fase do ocaso do governo dela, restituiu os poderes dos ministros militares e recriou o GSI, mas já era tarde demais.

         Página 271 -     No governo Temer já enfraquecido em 2017 inclusive por negociações dele com dirigente do Frigorífico JBS (Joesley Batista) vazadas para a imprensa.    (notar que espionaram um presidente e vazaram à imprensa...)

         ...”todo o grupo que articulou diretamente o impeachment acabou neutralizado (descartado...): Eduardo Cunha que presidia a Câmara Federal, preso.  Temer em ruinas.  O PSDB pulverizado...”

         Nesse tempo a esquerda já está colocada na parede pela Lava-Jato... que a opção anti-sistema começa se alavancar”.

         Em maio de 2017 Bolsonaro estava em terceira colocação nas pesquisas para presidente.  Em dezembro, ocupava a segunda posição isolado, atrás de Lula.     ...”a Lava-Jato acelerou os processos e prendeu Lula.”

         No dia que o STF ia votar o caso Lula, o General Villas Bôas tuitou algo que pesou na decisão do STF contra Lula.

 

         Continua no capítulo 21/22

        

terça-feira, 2 de abril de 2024

Fichamento 19/22 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 19/22

         Sobre o artigo de 2017 de Haddad:    “...Bem mais tarde eu soube que o Putin e Erdogan haviam telefonado para Dilma e Lula com  o propósito de alerta-los sobre essa possibilidade  (da revolução colorida no Brasil nos moldes do que fizeram na Turquia etc) ...Tenho para mim que  o impeachment de Dilma não ocorreria não fossem as jornadas de junho”

          Há vários estudos acadêmicos sobre as passeatas de 2013 no Brasil inclusive citados no blog Duplo Expresso de Romulus Maya e no blog cinegnose de Wilson Ferreira.   O autor cita livros também sobre o tema.

         Página 257 do livro.

         “A pesquisadora Isabela Kalil identificou pelo menos 16 grupos diferentes que atuavam nos protestos.    ...”é um processo de dissonância cognitiva e viés de informação”. Já sabemos que é disso que trata uma Opsi (Operação Psicológica), afinal ninguém aqui está falando que não houve rua.  Nem que não houve manifestação...”

         Na campanha Bolsonaro versus Haddad a direita lançou aquela do código binário amigo-inimigo e o inimigo era Haddad e o PT, arrastando junto o tal comunismo, militância etc.

         ...”O aspecto simétrico da relação amigo-inimigo é central pois como se verá, parte da eficácia do mecanismo populista advém da canibalização...” ... bolsonaristas...    quanto mais percebemos absurdos que foram e estão sendo feitos, mais a base convertida intensifica sua ligação com o consórcio bolsonarista”.

         O governo Bolsonaro ...  “a coisa é feita para ser assim.   O governo da Guerra Híbrida é o da contradição fabricada, da dissonância cognitiva e do viés de confirmação, da guerra psicológica”.

         (daí o clima de ódio que eu percebia o tempo todo daquele governo que dava um motivo atrás do outro para isso, infelizmente)

         ...”a Operação Militar realizada envolveu três elementos conectados:

  a – a camuflagem.  “Ninguém percebeu que havia militares agindo no sentido de provocar um conjunto de dissonâncias”.  Primeiramente esta ação ocorreu no interior das próprias Forças Armadas, depois sincronizada com outros poderes, especificamente o judiciário, finalmente adentrou a população, camuflada no interior da campanha eleitoral.”  (página 261)

         b – Abordagem indireta ... os militares usando movimentos populares ou mesmo a justiça...

         c – a criptografia ...

         ... a preparação para as eleições.   “Desde 2014 o Alto Comando dos militares franqueia o acesso de Bolsonaro aos quarteis”.   O Exército assume para dentro que está em campanha política”.   Sai o General Enzo Peri e entra o General Villas Bôas para o Comando do Exército.

         ...”abre a brecha também para o Bolsonaro fazer campanha na Polícia Militar por todo o Brasil”.    O General Mourão vai para a reserva no começo de 2018 e no discurso acena com a possibilidade de intervenção militar no Brasil.  Ele era dos Paraquedistas no Rio de Janeiro.    “Do lado de fora dos quarteis foi evidente o acionamento de familiares militares para fomentar grupos adeptos de intervenção militar, que atuavam como célula avançada nas ruas”.

         O Gal Villas Bôas e Mourão são oriundos do RS. O Gal Alvaro de Souza Pinheiro realçando a importância de se conhecer o “terreno humano”:    “O conhecimento cultural tornou-se imperativo porque é atualmente um poderoso multiplicador de forças.   Significa muito mais que o mero conhecimento de línguas.  Consubstancia-se no conhecimento histórico, costumes sociais e religiosos, valores e  tradições.   Não raro, esse conhecimento se torna mais importante que o conhecimento fisiográfico do terreno”.   (para manobrar o povo e dominar)

         “A empatia transformou-se numa poderosa arma.     ...soldados ... treino para obtenção do apoio da população...”

 

         Continua no capítulo 20/22

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Fichamento 18/22 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 18/22            março de 2024

 

 

         “... As FFAA Forças Armadas conseguiram no governo Dilma, lei que ampliou a possibilidade de se decretar GLO Garantia da Lei e da Ordem, passando comando de ações de governo para as mãos de militares.

         Dilma e seu ministro da Justiça José Eduardo Cardozo .. “agiam sem ter a menor noção do que se passava nas filigranas militares”.   Ou, se tinham, havia algo de muito errado ali.  Como veremos no capítulo seguinte.”.  (página 253)

         Nesse período no governo Dilma se promulgou leis que vieram colaborar com o militarismo.   Lei das Organizações Criminosas que trouxeram as delações premiadas e a lei Antiterrorismo.

         Nos tempos de ação da Comissão Nacional da Verdade os militares se contrapuseram espalhando a narrativa de que “O PT é uma organização criminosa que visa desestabilizar as Forças Armadas e com isso causar a divisão do país”.

         “Dilma, enfim caiu em dissonância cognitiva e o ciclo OODA dela passou a operar em função dos interesses do consórcio militar”.  (entrou no jogo do inimigo)

         Conclusão:  Blitzkrieg

          “Da Turquia, em 22 de junho de 2013, o presidente Erdogan teria dito:  “O mesmo jogo está sendo jogado no Brasil.   Os símbolos são os mesmos, Twitter, Facebook são os mesmos, a mídia internacional é a mesma:  Os protestos estão sendo levados ao mesmo centro...  Eles estão fazendo o máximo possível para conseguir no Brasil o que não conseguiram aqui.  É o mesmo jogo, a mesma armadilha, o mesmo objetivo”.

         Em 2015, Putin alertou a presidente Dilma...   ....sobre a escalada de uma revolução colorida no Brasil...   Essa revolução inclui atribuir ao governo do país a ser atingido, o que de ruim acontece no mundo todo, só que distorcendo para parecer que só naquele país o ruim acontece:  coisas como déficit público, crimes, corrupção etc.

         ...”uma corrupção que só existiria, em tal nível, em cada um dos países que esteja sendo atacado”.

         Casava com nosso já antigo complexo de vira-lata, nos fazendo sentir culpa por nossa pobreza, violência...

         Outra faceta de revolução colorida:  (Passo 2) Demonizar autoridades eleitas, mediante manipulação de preconceitos.  Promovendo atos públicos para defender:  ° a liberdade de expressão que as elites dizem estar ameaçada  (só na cabeça dela).

     º direitos humanos e liberdades civis;

     ° contra a “ditadura” do governo popular democraticamente eleito (que as elites sempre consideram autoritários);

     ° trabalho nas ruas, nas manifestações...   “Canalizar conflitos, promovendo a mobilização de qualquer oposição...”    ...”forçar a radicalização dos confrontos...  “promover confrontos com a polícia para criar a impressão de que o governo nada controla, desmoralizar o governo legítimo e suas agências de serviços policiais”.

         ...”sempre exigindo a renúncia do governante que está sendo atacado”.

         Em 2017, o então prefeito de São Paulo, Fernando Haddad escreveu artigo sobre indícios de que as redes sociais foram usadas em projetos patrocinados com envolvimento da empresa Cambridge Analytica que atuou na campanha de Donald Trump e que depois foi acusada de ter tumultuado a campanha da Rússia e do plebiscito Brexit no Reino Unido.

 

         Continua no capítulo 19/22

sábado, 30 de março de 2024

Fichamento 17/22 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 17/22

 

 

         ...”O General Villas Bôas  ... “comandou e viabilizou o desenho elaborado por Heleno e outros das Operações Psicológicas que foram testadas ao longo do tempo, que, do meu ponto de vista, foram o principal fator de condução de Bolsonaro ao poder, inclusive produzindo efeitos jurídicos e eleitorais”.

         O autor cita quase uma dezena de Planos das nossas forças armadas mirando nos defender contra ameaças externas e em defesa da Amazonia.

         Na Constituinte “os militares atuaram para que ficasse uma porta aberta para intervenções internas...  Entre elas, as GLO Garantia da Lei e da Ordem (sob a batuta dos militares).

         De 1988 até o ano 2000, o ex militar que se doutorou na USP, Frecille, lista em seu livro 12 intervenções militares Brasil afora, em eventos específicos como greves etc.  (página 241)

         SISFRON – Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras.   Um projeto de defesa ambicioso com submarino nuclear, aviões caça Grippen para FAB e desenvolver uma indústria bélica de defesa e segurança.

         A EMBRAER que era do consórcio, “vai parar na mão da americana Boeing em menos de cinco anos.  Em dezembro de 2008, mês de lançamento da END Estratégia Nacional de Defesa, foi montado o protocolo do consórcio da DCNS francesa com a Odebrecht que depois foi “baleado’ pela Lava Jato e no bojo disso, prenderam o Almirante Othon, “afundando” o projeto do submarino nuclear da Marinha em parceria com empresa francesa, com repasse de tecnologia.

         No caso dos caças Grippen, sobrou um processo contra o presidente Lula.   O professor Licio Monteiro que havia pesquisado justamente o SISFRON conclui sua fala mostrando os planos do Brasil criar um sistema de defesa e a derrocada dos planos.

         “Olhando tudo junto e combinado, ou as elites brasileiras são as mais corruptas do mundo, ou esse lavajatismo todo caiu como uma bomba inviabilizando qualquer probabilidade do Brasil pisar além de sua própria sombra na política internacional”.

         (extraído de comunicação pessoal do pesquisador Professor Licio Monteiro, 2019).   Página 252

         No sul do Brasil há unidades do Exército mais completas em “logística, apoio de fogo e comando e controle.   No RS são cinco brigadas bem completas, em Santa Maria e Pelotas.  No PR e SC, mais três brigadas.   “...na região Sul, há 8 brigadas e quase 40% do efetivo do Exército brasileiro”.

         Há um certo desbalanceamento, vendo a região amazônica e outras no contexto.

         Por outro lado na região sul são muito remotas ameaças externas de parte da Argentina e Uruguai.

         “O Gal Villas Bôas projetou um desenho que produziu as seguintes transformações : 1 incorporação de doutrina do terreno humano como centro de previsão de novas ameaças com mobilização de material e expertise vindas dos USA.

         Antes houve um balão de ensaio lá nas operações no Haiti.

         ... “intensificação dos contatos dos militares com os parlamentares e designação de pessoal para estabelecer ligação e pontes com o mundo político.”    ...” intensificação de contatos com empresários e membros das elites financeiras...”      “... intensificação de contatos com membros da Polícia Federal, Procuradores e Juizes,  para projetar e realizar ações combinadas.  (página 253)

 

                   Continua no capítulo 18/22

sexta-feira, 29 de março de 2024

Fichamento 16/22 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 16/22

         ...”do meu ponto de vista, Bolsonaro não foi mais um candidato qualquer com apoio dos militares”.

         Não é só alguém que atraiu a simpatia de um segmento.  Ele passou a ser uma peça central de um movimento que começou a ser realizado a partir de um consórcio de generais que tiveram as experiências necessárias para dirigir o processo de guerra híbrida...   (página 232 do livro).

         A operação de “estabilização no Haiti” comandada por militares brasileiros.    Em 2008 num seminário militar, um general disse ao autor deste livro:   “Olha, essa missão no Haiti...  O ponto é o seguinte:  Cuba, Venezuela, Caribe, tem toda infraestrutura desses lugares que é potencial para a gente.   É projeção de poder”.

         ...”Mas junto com projeção de poder vem outras coisas.  No caso, vem toda uma atualização da parafernália teórica e doutrinária das MOUT militares.  Operations in Urban Terrain elaborada pelos USA.   Segundo o manual do MOUT, as projeções populacionais para o futuro indicam que praticamente todos os conflitos do mundo irão ocorrer em ambiente urbano.”

         “Mais do que tudo isso, e ainda tomando os valiosos depoimentos dos comandantes  (obra – Castro e Marques, 2019) é notável que a experiência do Haiti, além de bélica, foi de governo”.   (comandada por militares brasileiros).

         Além de combater a criminalidade por lá, combater as forças insurgentes, mas também coordenar inúmeras agências, Ongs e setores da administração pública, relações com as elites...   elaborar eleições...   “Tudo isso somado foi um verdadeiro laboratório, onde os comandantes experimentaram a expertise de ser o centro do Estado e da nation-bilding haitiana”.

         O autor estudou a lista dos onze comandantes brasileiros que atuaram no Haiti.   Discrimina no livro os nomes, as patentes militares e o tempo que cada um operou lá.  Mostra que não por acaso estes militares foram alçados no governo Bolsonaro a cargos estratégicos aqui no Brasil.

         “Ou seja, o que vemos aqui?”  Quase todos os comandantes da Minustah (campanha no Haiti) assumiram posições chave em ministérios ligados às informações e à articulação política.”

         ...”no mundo militar as coincidências não devem existir”.   Não creio que isso se trata somente de uma coterie baseada em camaradagem”.

         ...”Acho que o Haiti foi  um rascunho para um desenho mais complexo que passou a ser pensado antes”.

         Um dos que atuaram no Haiti, o General Heleno que comandou todas as tropas lá.

         Depois, se desentendeu com Lula e foi destacado para a Amazonia.  Depois passou para a reserva em 2011.     ...”passou a fazer política intensa pelo Clube Militar e em células de militares radicais como o Terrorismo Nunca Mais.   (contraponto ao Tortura nunca mais da Esquerda)

         ...”Heleno, assim, voltou do Haiti apto a produzir uma guerra psicológica de espectro total e alavanca sua posição”.     “...realizou um balão de ensaio onde se testou a ideia de intervenção”.

         “Já o General Villas Bôas passava a imagem de bom moço e no seu cargo que era o terceiro na hierarquia do Exército, passava a imagem de uma arma a serviço da legalidade e longe de ser política.  Só que no bastidor, desde 2015 quando Bolsonaro andava  em campanha, franqueou a ele livre trânsito nos quarteis...”

 

                   Continua no capítulo 17/22

Fichamento 15/22- do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 15/22

 

 

         Além desse descontentamento do Exército com a Comissão Nacional da Verdade,  havia outros fatores.   Negócios ampliados do governo Dilma com a China agravaram a ira dos militares.   Investimentos chineses no Pré Sal, no setor elétrico, o Banco dos BRICS, os negócios usando a moeda Yuan (da China) em detrimento do dólar.

         Houve inclusive em 2014 participação de empresa russa explorando petróleo na Amazônia (empresa Rosneft).

         Desde meados dos anos 2000 a Rússia andava num movimento de  aproximação militar com  países da América Latina como Peru, Equador, Nicaragua, Venezuela.

         Nossos militares viram isso como Dilma implantando no Brasil uma versão 2.0 do comunismo.    “... disposta a colocar a ordem internacional de ponta cabeça...”.

         ...”Estamos muito além de Snowden que revelou inclusive a espionagem dos USA na Petrobras: isso pode ter sido apenas uma operação... para encobrir o fato de que os USA estavam abastecendo militares brasileiros com material para uma teoria da conspiração.   (o tal comunismo...)

         ...”em 2014... oficiais da ativa que, depois de 25 anos mantendo-se em silêncio extramuros, passaram a abertamente criticar o governo – entre eles o General Mourão, quando ainda em 2014 começa dar palestras falando do PT e do Foro de São Paulo.

         Dilma e sua equipe já vinham tendo sucessivos atritos com os militares.  Em 2015 ela praticamente extinguiu o GSI Gabinete de Segurança Institucional (comandado por militares), que até então tinha status de ministério e existia desde 1938.

         Em  maio de 2016 ...”quando veio à tona um documento sobre resolução de conjuntura do PT elaborada pela Executiva nacional do partido onde se colocava que o PT falhou em não mexer nos currículos dos militares e nas promoções.”

         “A conspiração petista foi assim fechada na cabeça dos militares...”

...”O general Villas Bôas, Comandante do Exército declarou a uma jornalista do jornal O Estado de SP:  “Com esse tipo de coisa, estão plantando um forte antipetismo no Exército”.

         Há trecho de entrevista de generais à Revista Piauí e eles (em 2018) se colocam de forma contundente contra isso de tentar o Executivo mexer no currículo dos militares e no sistema de promoções   ...”foi uma coisa burra.   Essa é  coisa não é admitida nas Forças Armadas; a intervenção em nosso processo educacional....isto nos fere profundamente.  Está na nossa essência, no nosso âmago” concordou o General Villas Bôas.

              Bolsonaro e a janela de oportunidade.

         No governo Dilma se estabelece a crescente politização dos militares.  Bolsonaro em sua fala aos cadetes da AMAN Academia Militar de Agulhas Negras (RJ)...  “Alguns vão morrer pelo caminho, mas estou disposto em 2018, seja o que Deus quiser, tentar jogar para a direita este país...”.   (página 228).

         O peso da AMAN e seus 380 cadetes que concluem o curso com todos os ritos e seus padrinhos das armas.    É tradição o presidente da república prestigiar a solenidade  de formatura na AMAN.   Dilma não foi ao evento e assim ficou mais marcada pelo setor.

         Já Bolsonaro, nas formaturas da AMAN onde ele se formou...  “Em 2015, 2016, 2017 e 2018 ele repetiu a dose.   Foi todos os anos citados na formatura dos cadetes da entidade.     “Tudo isso numa situação em que ele já era (pré) candidato”.   Junto de Bolsonaro, já o General Mourão nas formaturas da AMAN (em campanha...)

         ...”do meu ponto de vista, Bolsonaro não foi mais um candidato qualquer com apoio dos militares”.

 

                   Continua no capítulo 16/22