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sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Cap. 3 - fichamento do livro de ficção - O FILHO DE OSUM - Autor: DECIO ZYLBERZTAJN

 capítulo 3                        outubro de 2024

 

         Depoimento de Bela – Reminiscências da libertação

         ... “antes do fim da guerra, o grupo da resistência foi capturado.   Cornelius foi enviado para um campo de concentração.

         Jos comprou a liberdade na base do suborno aos soldados alemães, usando dinheiro das joias que tinha em seu poder.   Escapou e embarcou em navio para a América do Sul.

         “Todos pagaram um preço, menos Jos”.    “Entre os resistentes, Jos que fora herói, virou um traidor”.

         Capítulo 7 – Adeus rio Schelde, maio de 1945

         Porto de Santos, novembro de 1945.      Jos chega ao Brasil e tendo marcado com Anna, ela estava lá para recebe-lo.

         Anna criticando o tipo de “amigos” que Jos dizia ter no Brasil.    Os que articulavam para trazer garotas refugiadas da guerra na Europa para coloca-las como garotas de programa no Brasil sem elas saberem que estavam nas mãos do tráfego humano.

         Anna em referência aos amigos de Jos:    “Ah, sim, você nem imagina como eles facilitaram a minha vida.  Pois saiba que entre os seus amigos, aqueles que não foram mortos, estão presos”.

         Uma das residentes no bordeu mostrou a casa para Jos.  Depois ele sentou com Anna para uma conversa e ela narrou que ao chegar ao Brasil de navio, desceu em Santos.

         Foi levada diretamente pelo contato de Jos para um bordeu em São Paulo e lá o traficante ficou de posse dos documentos dela.

         Anna ficou sem alternativas e teve que se integrar ao grupo de prostitutas do bordeu.

         Jos quis saber de Anna por que ela aceitou ajuda-lo depois que ele a jogou, indiretamente,  nessa vida de prostituição, colocando-a nas mãos de traficantes de mulheres.

         Ela respondeu:  “Resolvi te acolher quando li a carta que me mandou há meses.   Não faço isso por caridade, faço pelos seus pais e porque preciso de uma pessoa para administrar um projeto que acolhe as velhas prostitutas judias, algumas que sobreviveram a filhos da puta como você”.

         Projeto

         Como há na Argentina e no Rio de Janeiro, para acolher as idosas doentes que foram trazidas ao país pelas mãos dos integrantes do tráfico humano.

         Anna está convocando Jos para ajudar uma líder do Rio de Janeiro que toca o projeto de acolhimento às velhas doentes vítimas do tráfico.   E Anna justifica:

         No projeto...  “vamos ter que arrecadar dinheiro e você sabe bem como fazer essas coisas”.

         Preta Lina, favelada, é durante o dia a cozinheira do bordel e vai à noite para casa na favela na margem do Rio Tietê.

         Preta Lina explicando as coisas para Jos.   “Os rios são o reino de Osum”.    Jos pergunta à Preta Lina quem é Osum.

         Ela explica:   “Osum, filha de Orumilá e Iemanjá, foi criada pelo pai que lhe fez todas as vontades.  Sou filha de Osum e ela me protege”.

         Dina, a ajudante de Anna no bordeu disse a Jos:

         - “Vá se acostumando, Jos.  Preta Lina fala de coisas que a gente só vai entender depois de algum tempo”.

         Havia pelo bairro Bom Retiro em São Paulo, muito imigrante chegando da Europa, fugindo da Guerra.

         Uns traziam ouro e joias para vender e poder ter algum dinheiro para recomeçar a vida.

         Jos logo entrou nesse negócio e também na agiotagem.   Em pouco tempo ficou bem conhecido no bairro.    Jos fazia ponto na loja de tecidos do Alaor na Rua José Paulino que fica no Bairro Bom Retiro.

         Continua no capítulo 4

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

cap. 2 - fichamento do livro: O FILHO DE OSUM - ficção - Autor: DECIO ZYLBERZTAJN

 capítulo 2                                 outubro de 2024

 

         O pai de Anna, amigo do também professor Mendel, era judeu polonês da cidade de Lodz.     Perseguidos de forma implacável pelos nazistas.

         Saul encaminhou a filha Anna para a casa do amigo Mendel que morava na Holanda para buscar protege-la dos nazistas na guerra.

         Os professores eram amigos desde a juventude quando estudaram e passavam férias na Alemanha.

         O filho Jos articulou uma migração de pessoas que partiram em pequenos barcos fugindo dos alemães.   Era considerado um herói pelos refugiados, mas ficou marcado pelos alemães.

         A mãe dele, Judith, desabafa:

         - “Meu querido filho é considerado um herói, mas eu quero um herói vivo”.

         Os alemães bombardearam inclusive o Porto de Rotterdam na Holanda.    Importante local de intercâmbio comercial da Europa.

         Os judeus sendo impedidos de ter suas áreas agrícolas, restrições no comércio e nem podiam nesse tempo de guerra, participar das piscinas públicas.

  •          Os “pogroms” (na web: todo movimento popular de violência dirigido contra uma comunidade étnica ou religiosa; carnificina ou massacre genocida organizado, especialmente de judeus) ocorreram inclusive na Holanda.    O pai de Jos querendo ficar na Holanda.

     “Eu gosto da Holanda e aqui você pode ficar até que os alemães desistam.  Daqui eles querem os portos, pois não há mais nada na Holanda, além dos holandeses”.

         Capítulo 5 -   Na resistência, 1941

         Cornélius, o dono do barco no qual Jos era um ajudante.    Cornélius gostava muito de ler e de escrever cartas.   E militava às escondidas, na resistência à ocupação alemã na região dele na Holanda.

         Cornélius mantem correspondência com o escritor Stefan Zweig.

         Consta que esse escritor e esposa, na Segunda Guerra Mundial se mudou com a esposa para o Brasil.   No Rio de Janeiro, se instalou na região serrana, Petrópolis, de clima mais ameno.    E que teria o casal se suicidado por desalento com a guerra.

         Capítulo 6 -  Resistência e Rendição

         Resistência, 1943

         Cornélius conhece o rio no qual navega desde menino.  É um navegador nato e habilidoso.   Deu até dicas para os soldados alemães na ocupação à sua região.  Era visto por estes como um aliado deles.    Vendia mercadorias no trajeto do rio.   Vendia mercadorias e cigarros inclusive para soldados alemães.

         5 de março de 1945, houve a rendição dos alemães.

         Jos após percorrer a casa onde morou e que estava abandonada e em condição miserável, após saqueada.   “Nada aqui lembra a minha família”.

         Jos viu um velho vizinho e perguntou pelos seus pais.   O vizinho informou que os pais dele foram colocados num trem pelos alemães e depois embarcados no caminhão que levaria eles até um campo de concentração.  Seria o fim dos pais de Jos.

         A cidade de Jos na Holanda, Wageningen é uma cidade medieval e tem uma parte murada.   Lá já havia no tempo de Jos a Universidade Agrícola de Wageningen.

         Jos foi ao cemitério, ajuntou duas pedras sobre um dos túmulos que lá encontrou e lá rezou pelos pais falecidos, mesmo sabendo que os restos mortais de seus pais estavam longe dali.

         Pegou em seguida parte de suas economias, comprou roupas e partiu para o Brasil para tentar encontrar Anna e talvez encontrar Deborah por quem tinha uma paixão.

         Dia 04 de maio de 2000 foi inaugurado na cidade de Wageningen o “Portal da Vida”, um monumento aos mortos da guerra.   Por acaso, o monumento ficou perto da casa onde morou a família de Jos.

 

         Segue no capítulo 3

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Cap. 1 - fichamento do livro de ficção - O FILHO DE OSUM - Autor: Decio Zylberztajn

 

  outubro de 2024

 

         O livro é uma obra de ficção pautada na trajetória de personagens judeus no tempo da segunda guerra mundial.   Familia holandesa que está na mira dos alemães nazistas que invadiram inclusive a Holanda.  

         Personagens que fogem da guerra e que chegam ao Brasil buscando reconstruir suas vidas, mesmo tendo perdido familiares e amigos durante a ocupação nazista no seu país de origem.

         Vamos à obra:

         Capítulo 1 – Preta Lina de Osum, Bairro Bom Retiro – São Paulo, ano 1893.

         Ariaxé, nome do centro do terreiro, onde moram os Orixás.

         Preta Lina, a Ialorixá.   O som do atabaque.   Uma devota entra em transe.

         Após o rito...  “Agora Preta Lina tinha maioridade, era Egbon, deixava de ser uma Yawo.”

         A Ialorixá fala ao ouvido de Preta Lina, agora uma iniciada, filha de Osum.

         ...” que Osum guie teus passos na vida.”

         Capítulo 2 -  Anna Lea na biblioteca do bordel, ano de 1952

         Anos da jovem no bordel.   Ora na cama com os clientes, ora na biblioteca com seus livros.

         ...” Agora a estante está vazia e eu com mais de trinta anos vou ter que mudar de cidade.   Uma puta velha é o que sou.   Por treze anos de trabalho no bordel foram os livros que me salvaram”.

         ... “bordel na Rua Aimorés”   (perto dos trilhos do trem)   SP capital.

         O governador e o prefeito mandaram fechar o bordel.

         Antes ali era um lugar estratégico.    A estação de trem trazia os viajantes e vinham também os clientes do bordel.

         Preta Lina, velha, lá da favela da várzea do Rio Tietê vem visitar a prostituta Anna.

         “Preta Lina, ela não gosta que eu  chame a sua morada de favela.”. 

         ... só quatro pessoas tinham acesso à biblioteca do bordel de Anna.  Inclui Egídio, que gostava da dona do bordel, Anna.    Termo curve para designar prostituta em hebraico pelo suposto.

         “A curve fugitiva de Lodz”.     Ela dizia:   “Sou impura e não posso rezar na sinagoga.    ...não terei direito a enterro decente”.

         Bracha – oração em hebraico.

         Egídio, “protetor” de Anna era um ex-delegado de polícia.

         A decadência da casa de prostituição de Anna.   “Vou vender esta casa e mudar para um lugar onde ninguém saiba que foi Anna Lea.   Na verdade acho que ninguém sabe quem é Anna Lea, nem você, nem eu mesma”.

         Capítulo 3  A caminho do Brasil.

         Anna Lea num trem na Holanda em 1938, perto de completar 18 anos.

         Anna em companhia do Professor universitário Mendel Litvak e sua esposa Judith.  Junto, Jos, filho do casal.    Ela, filha de um professor judeu, estava sob a proteção da família Litvak por conta da ocupação nazista na sua região na Holanda.   

         O risco crescente e a família que a acolhia resolveu embarca-la sozinha para o Brasil, viagem de navio a partir de Genova na Itália.

         Anna insistiu e trouxe bastante livros na bagagem.   Viagem de trem até Amsterdam.  De lá embarcaria sozinha em navio de Genova rumo ao porto de Santos no Brasil.      Anna era natural de Lodz na Polônia.

         No navio rumo ao Brasil, estavam cinco jovens desconhecidas entre si.  Ficaram trancadas num local insalubre.   O navio era um misto de cargueiro com algum setor para passageiros.

         Não demorou muito para os marinheiros, alcoolizados, invadirem o aposento delas e violenta-las uma a uma.

         Capítulo 4     Na casa do Professor na cidade de Wageningen em 1941

         O Professor Mendel morava numa casa que já tinha mais de duzentos anos.   Nessa casa, a família morava há anos e Anna passou a morar com eles por dois anos por conta da perseguição à família dela que era também judia.

         O pai de Anna, amigo do também professor Mendel, era judeu polonês da cidade de Lodz.     Perseguidos de forma implacável pelos nazistas.

         Continua no capítulo 2

terça-feira, 1 de outubro de 2024

Capítulo final - Fichamento do livro O AVESSO DA PELE - Autor: JEFERSON TENÓRIO

 

Capítulo final        - setembro de 2024

 

         A Barca

         O professor já cansado de duas décadas dando aulas para alunos de periferia.  Pessoas que não se motivavam com as aulas.  Vários alunos negros em sala.

         O professor para chamar a atenção disse que presenciou dois crimes e que na próxima aula ninguém faltasse, pois ele iria trazer o criminoso para a aula.

         Trouxe o texto do livro Crime e Castigo (do autor Dostoyévski) cujo personagem  principal era o criminoso Raskólnikov.

         Foi lendo e fazendo gestos de ação e os alunos ficaram todos ligados na narrativa.   A prática deu tanto resultado que o professor continuou com a leitura do livro por várias aulas.

         A “barca” é a viatura policial na gíria das pessoas que vivem em Porto Alegre.

         Um  dos alunos se admirou porque o assassino do livro se arrependeu dos crimes.   O aluno diz:  “Lá na vila quando um cara mata para roubar, ninguém se arrepende”.

         Na região, o policial cujo amigo de farda foi abordado por um ladrão de celular, o ladrão após perceber que a vítima era policial, acabou atirando e matando a vítima.

         Os policiais do setor, num esforço enorme, buscam encontrar o assassino do colega.    “Ele, o policial, nunca pensa que vai morrer.   Na verdade ninguém ali pensa que vai morrer.  Eles acreditam que são imortais.  Porque, se eles não pensarem assim, não saem de casa”.  

         Rondas nas vilas dos pobres.

         “A cada hora que passava, a vontade de vingar a morte do colega cresce”.

         Na ronda noturna os policiais abordam o professor negro.    O professor não obedece aos comandos rudes dos policiais e estes dão vários tiros no professor.  Foi uma execução.

         O pai explicando ao filho de doze anos sobre a morte e o velório no caso de um parente.    “Mesmo que um amigo sinta uma dor maior, ninguém tem o direito de chorar mais do que os familiares do falecido”.

         “Minha mãe não quis ir ao seu enterro.   Preferiu ficar em casa.”

         Henrique era o professor que foi executado e Pedro, o filho dele que então era um jovem estudante.

         Pedro, tendo perdido o pai, estava no desalento.     Após almoçar com uma tia num restaurante onde conversaram sobre a vida, ela percebeu que ele estava desmotivado com os estudos.

         Foi então que minha tia pegou na minha mão e disse:   continue, querido, só isso.  Continue”.

         Sobre a memória do pai e o que os parentes narravam em recortes.

         “Prefiro uma realidade inventada, capaz de me por em pé.    Eu sei que essa história pode estar apenas na minha cabeça, mas é ela que me salva.”

         Sobre a trajetória e a morte do pai.   “Esta história é ainda a história de uma ferida aberta”.

         O jovem Pedro, antes da morte do pai, pretendia cursar arquitetura.

         O filho no IML Instituto Médico Legal vendo o corpo do pai.

         “A imagem de um pai falecido também nos mata um pouco”.

         O pai...    “Permaneceu.  Porto Alegre era um lugar que você construiu fora de si.   Você nunca esteve dentro dela”.

 

                   Fim da leitura dia 25-09-2024   em Curitiba PR

                   resenhaorlando@gmail.com       

domingo, 29 de setembro de 2024

Cap. 3/4 - Fichamento do livro - O AVESSO DA PELE - Autor: Jeferson Tenório

  setembro de 2024

...   O protagonista aos doze anos, morando com a mãe e os irmãos na casa da avó em Porto Alegre.  Vida de pobre.  Mãe desempregada, ambiente hostil.

         O tio, polícia civil, traia a esposa e ela um dia descobriu e fez barraco.  Pegou faca para matar ele, que sacou a arma e deu um tiro no chão para assustá-la.    O protagonista ficou paralisado diante da cena.

         No outro dia na escola, dor de estômago e sem fome, ficou sabendo que daqui a “zilhões” de anos o sol iria se apagar.   Ele ficou em pânico.

         Quando o pai foi embora de casa.    “Era uma noite muito triste.   Pois estava indo embora e não ia mais voltar”.   “A partir dali, tudo que aconteceu na vida de vocês resultou num repertório de mágoas”.

         Numa separação ninguém vence, mas vocês não sabiam disso.   Briga judicial após a separação.

         “Vocês estavam ressentidos um com o outro porque fracassaram”.

         Pais separados, o pai vendo o filho...  “E por vezes eu sentia inveja daqueles livros todos, que você lia com toda atenção”.

         “Com a minha mãe as coisas eram diferentes, porque, enquanto eu tinha de lutar para me aproximar de você, eu tinha de lutar para me afastar dela.”

         3ª Parte – A volta de São Petersburgo

         O protagonista, adulto, relembrando quando era professor.   As reuniões com pais de alunos.    “A reunião de pais é quando você abre a porta de um manicômio, você dizia”.     .... o professor se torna um psiquiatra dos pais de alunos...

         ...  Em Porto Alegre, oferta de emprego para pessoas de “boa aparência”.   O jovem negro já sabia que não era para ele...

         O jovem consegue emprego numa Pizzaria como serviços gerais, um faz tudo, de limpeza até serviços de cozinha.

         Com o tempo, passou para o período da madrugada nesse emprego para ganhar mais.     ...”trabalhar na madrugada rendia mais e na época você só queria ter dinheiro para comprar um bom tênis, um bom boné importado, comprar a última fita dos Racionais, sair uns fins de semana para dançar passinhos, e ajudar a sua mãe com as contas”.

         As agruras da vida de professor.   Vinte anos enfrentando os desafios.   “Todos acham que, se você está ali, tendo de aturar os desaforos das crianças e adolescentes é porque você não deu certo na vida”.

         “Dar aulas foi o que sobrou para os perdedores”.   “Mas no fim das contas você sabe que não é bem assim”.

         O professor, muito depois de se separar, teve um caso com uma colega professora casada.  O caso não prosperou para ele que voltou a ficar só e sofrer por anos.  Beber por amor.

         “Mas a vida seguia porque, mesmo que se ama errado, ainda temos de viver”.    “O amor não impede a vida”.

         Sobre a vida de professor:   “Você apenas travou durante anos uma guerra particular, mas cumpriu uma tarefa.  Não abandonou o barco.   E achou que isso já te redimia das aulas ruins que deu”.

         Capítulo final        - continua na próxima publicação.

 

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Cap 1-2/4 - fichamento do livro - AVESSO DA PELE - autor: JEFERSON TENÓRIO

 


         Anotações pelo leitor Eng. Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida

         Autor do livro – Jeferson Tenório – Editora Cia das Letras – 2ª reimpressão – ano 2020 – 190 páginas 

 

         O autor é nascido no RJ e radicado em Porto Alegre.   Tem doutorado em Teoria Literária.

         Na introdução tem uma apresentação de Paulo Scott na orelha do livro.

         “Jeferson Tenório se coloca como autor que nos ajuda a compreender nossa identidade brasileira, humana”.

         A Pele    - sobre o pai     “Eu queria um tipo de presença, ainda que dolorida e triste.  E apesar de tudo, nesta casa, neste apartamento, você será sempre um corpo que não vai parar de morrer”.

         “Até o fim você acreditou que os livros poderiam fazer algo pelas pessoas”.       ...”Em silêncio, esses objetos me completam sobre você”.

         O autor se refere a objetos da Umbanda que a família pratica.   Alguidar  (vaso de barro que pode ser de uso doméstico ou de ritual da Umbanda).   O pai era filho de Ogum.

         Fala da tia Luara.   

        ... O pai era professor e o narrador, após o pai falecer, está entrando em contato com objetos do cotidiano do pai.   Provas de alunos, canetas, redações, cadernos...”

“Teu caos me comove.  Olho para tudo isso e percebo que serão esses objetos que vão me ajudar a narrar o que você era antes de partir.   Os mesmos utensílios que te derrotaram e que agora me contam sobre você”.

         Capítulo 2

         O pai professor e um dia um aluno pediu para sair porque estava passando mal.   Acabou vomitando sobre o professor.

         O pai quando criança já sentia ansiedade.  Aos 12 anos a ansiedade já era forte  ...  “sofreu antecipado por todos que viessem a viver na Terra.

         No caso do vômito, o pai dele, professor em escola pública de Porto Alegre, tinha trinta anos de idade.

         O pai aos 18 anos, tinha úlcera no estômago e não foi aceito no Exército.    Assim, com essa idade, já com úlcera, sem plano de saúde nem dinheiro para se tratar.

         O pai, virgem aos 18, magricela, jurando bandeira.   O militar grita para todos erguerem mais o braço, “porra!”.   “Senão vai pra cela por um dia”.

         O pai se lembra que um dia, ainda aos quatorze anos, já foi abordado pela polícia sem ter cometido nada errado.   Abordado por ser preto.

         O pai dele tinha padrasto quando tinha quatorze anos, idade na qual foi algemado no Rio de Janeiro, quando ia indo visitar o pai.

         Ao descer do ônibus, foi confundido por um grande número  de moleques que acharam que ele tinha roubado o boné de um deles.

         Agrediram ele ao máximo e depois ele foi algemado.   Nessa situação, descobriram que ele não era o ladrão.

         ...”E ser confundido com bandido vai fazer parte de sua trajetória”.

         ... “Você precisa ser honesto consigo mesmo:  você não sabe como se formou professor”.

         Vestibular aos 19 e emprego num escritório de advocacia em Porto Alegre.

         Bruno, o advogado que o contratou: “Bruno disse com todas as letras que não gostava de negros”.

         Foi para o protagonista a primeira impressão racista direta.

         Bruno alegou que dando o emprego iria salvar o rapaz das drogas, das armas e da violência”.

         Os pais dele se conheceram como colegas de trabalho num supermercado no RJ.    O pai dizia que na juventude ele com bigode se parecia com o bigode do jogador Rivelino.

         “Ele era um homem de poucas palavras e sua mãe gostava de homens de poucas palavras”.     Antes de casar, o pai vai à casa de Mãe Tereza de Iemanjá se aconselhar e receber a benção.

         Continua no capítulo 2     

          

         O livro em geral trata da trajetória de um professor negro nascido no RJ e que viveu a juventude em Porto Alegre.   O fio da meada mostra as agruras de viver desde sempre enfrentando desde criança o preconceito racial.

         O livro tem sido objeto de frequentes discussões nas redes sociais.

             Quando o narrador era criança, o pai saiu de casa e abandonou a família.    Um dia o terapeuta falou para o pai da criança:  É cruel abandonar alguém.

         Falando do pai....   “Você se sentia um fracassado por não conseguir mais amar minha mãe”.     ...”minha mãe também estava arrependida por ter depositado sonhos e planos em você”.  “Ela também se sentia culpada.”

         A mãe estudou letras mas não quis dar aulas.

         O pai do narrador morreu no Rio de Janeiro aos 75 anos e então já tinha uma segunda família.

         “Você tinha um ano de idade quando seu pai sumiu no mundo”.   “Anos a fio, suportou a pobreza, o racismo e a ausência paterna foi uma espécie de sinônimo da vida”.

         Tempo de criança.    ...”evitar chorar.  Vai chorar para dentro”.

         O casal jovem com dificuldades de relacionamento e a mãe dele recomenda terapia de casal para eles.   Indicou a Jane que era a terapeuta da mãe.

         O jovem casal andando pela cidade e entra num bar.   Encontram no bar a terapeuta de casais, Jane, bêbada e arrumando treta.   Frustração do casal.

         O protagonista quando garoto, com problemas na escola.   Acharam que ele era magro, passava fome.

         “Pessoas brancas nunca pensam que um menino negro e pobre possa ter  outros problemas além da fome e das drogas”.

         Terapeutas brancos tentando orienta-los.   ...  o casal percebe que parte dos problemas deles era por serem negros e sofrerem com o racismo.

         Henrique pensava...   “e ninguém nunca te diz que você pode fracassar.   Que está tudo bem se você cometer um erro.   O mundo seguirá.  Nada demais vai acontecer”.

         No passado a mãe de Henrique, vendo que ele era um menino quieto, achava que ele era autista.  Até ele achava que isso poderia ser de fato.

         Depois da mãe dele desconfiar, ele também...   “a partir daquele momento você sempre achou que fosse autista, mesmo sem saber bem o que isso significava.”

         Dentre as cobranças que ouvia sobre os negros...   “Nunca saia sem documentos”.   “Não ande com quem não presta”.   Não seja um vagabundo, tenha sempre um emprego....   .... ao longo do tempo   ....”um manual de sobrevivência...”.

         O casal no taxi, ambos sem achar o que conversar depois da sessão com os analistas.   “Nada do que vinha à cabeça era bom para ser dito”.  (ele achava).

...   O protagonista aos doze anos, morando com a mãe e os irmãos na casa da avó em Porto Alegre.  Vida de pobre.  Mãe desempregada, ambiente hostil.

         O tio, polícia civil, traia a esposa e ela um dia descobriu e fez barraco.  Pegou faca para matar ele, que sacou a arma e deu um tiro no chão para assustá-la.    O protagonista ficou paralisado diante da cena.

         Continua no capítulo 2/4

sábado, 14 de setembro de 2024

NO SISTEMA DE MANDATA PARA A VEREANÇA, UMUARAMA PR É PIONEIRO

   texto meu de 14 de setembro de 2024

Eu até dei uma busca rápida no Santo Google e não achei uma definição para a tal mandata na vereança. Por outro lado, aqui em Curitiba já se tem um histórico relativamente recente de grupos focados numa causa, por exemplo, proteção de animais, que se une e lança para Vereador/a um dos integrantes do grupo.
Se a pessoa foi eleita, os demais participantes do grupo informalmente, buscam acompanhar o mandato e ir discutindo as pautas e tomando decisões colegiadas.
Isto me faz lembrar dos anos 80 lá em Umuarama PR quando por influência das CEBs Comunidades Eclesiais de Base da Igreja Católica, no âmbito do sistema Ver - Julgar - Agir, grupos se reuniam no entorno de onde moravam e liam o Evangelho, traziam o tema para os dias atuais de onde moravam, discutiam em conjunto e buscavam agir para melhorar de forma fraterna e conjunta, a comunidade.
Esta prática acabou por lançar pessoas envolvidas nas CEBs para disputar e exercer a função de Vereador. Dentro de um sistema que poderia ser visto como uma mandata. O vereador ou a vereadora eleita nessa forma, sempre estaria em sintonia com o grupo e em conjunto discutiam as matérias da pauta da Câmara e também propunham projetos de lei.
Numa eleição conseguiram dessa forma eleger uns quatro ou cinco vereadores, o que foi uma enorme novidade. Era o vereador atuando na base e com a base. Tendo que prestar contas aos membros da comunidade. Foi bom enquanto durou.
Passados uns tempos, as CEBs começaram a "incomodar" o sistema vigente e isso de maior participação das pessoas na vida pública sugerindo, cobrando e fiscalizando, acabou sendo sufocada pelo velho status quo e a própria Igreja teve que recuar.
Hoje em dia na Folha de São Paulo, vi uma matéria sobre uma tentativa de dar um caráter jurídico à Mandata, regulamentando a mesma, o que me parece bastante alentador. Quando mais gente se interessa de fato pela coisa pública, certamente haverá mais ideias, mais debate, mais fiscalização sobre a gestão do bem comum. Fica aqui o reconhecimento aos amigos de Umuarama PR que estavam na vanguarda de uma inovação que só agora vem sendo discutida e que traz algum alento neste relento.