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terça-feira, 24 de novembro de 2020

CAP. 08/10 - fichamento - livro - RECADO DE PRIMAVERA - autor: RUBEM BRAGA

 CAP 08/10

         Página 127 – Na Revolução de 1932 o jornal Diário da Tarde lá de Belo Horizonte, assim como o jornal O Estado de Minas era dos Diários Associados (cujo dono era o Assis Chateuabriand).    O então jovem jornalista Braga, aos 19 de idade, é destacado para ir fazer a cobertura da batalha na divisa de MG com São Paulo.     As tropas de SP tinham entrado em território mineiro e depois recuaram para perto da divisa na Serra da Mantiqueira, lugar acidentado, de difícil acesso e bastante frio.    Pico do Cristal.   Parte do trecho, a cavalo.     Na trincheira, frio de menos dois graus.

         O censor das matérias jornalísticas era no caso o prefeito de Pará de Minas, Benedito Valadares.     O Comandante dos mineiros onde estava o jornalista, leva um tiro no abdômen.  Levado para a cidade é operado por dois médicos, ambos não sendo cirurgiões.   Pela gravidade do ferimento, o militar veio a falecer.   Um dos médicos era JK Juscelino Kubitschek, que depois foi o presidente que Construiu Brasilia.    No tempo do combate JK era capitão-médico da Força Pública.

         135 – “Navegação nas Galápagos”.   Ilhas no oceano Pacífico na Costa Americana.    O autor que já tinha uma vivência longa em viagens por mar vai dando detalhes de astros e navegação.

         137 – Indo de navio para Galápagos.   Um dos tripulantes, italiano, explicando os astros à noite e as estrelas principalmente.   Uns ele já conhecia.    “Coisa que eu já sabia, mas fiquei quieto, pois é antipático mostrar que a gente sabe coisas demais”.

         Curiosidade que destaca:  hélice na Marinha é masculino e na Aeronáutica é feminina. E alerta:   “Não criar caso com os homens de farda; eles sempre tem razão de um lado e de outro e se você brincar, mandam-lhe em cima a Lei de Segurança Nacional”.

         Um dia foi interrogado pelos militares e não foi bem...

         “Meu espírito às vezes só se faz presente horas, dias depois da ocasião.”

         143 -   “Gaita de foles e Maringá (a música)”.

         No velho navio, indo para Portugal e muitas famílias de portugueses que moram no Brasil estavam indo a passeio rever os parentes e amigos.    Aparece um rapaz com uma gaita de fole e quebrou a monotonia da viagem.  Foi aplaudido e trazido para a primeira classe para alegrar a galera.   Passa um dia, dois dias ...  gaita de fole... gaita de fole...  o pessoal enjoou que não queria nem ver, muito menos ouvir aquilo.   Esconderam o instrumento e rebaixaram de volta o músico para a terceira classe.

         Nisso o autor lembrou de outro episódio regado a música típica na Escócia.   Pessoas com traje típico e a gaita de fole.  Brasileiros bebendo e celebrando a novidade.   Mais um pouco de tempo, já foram ficando enjoados da música e logo estavam batucando samba na mesa e cantando.   O cronista destaca.   Engraçado... brasileiros que quase nunca cantam,  viajam pra fora, bebem um pouco e soltam a voz.     Março de 1982.

               Continua no capítulo 09/10

CAP 07/10 - fichamento - livro - RECADO DE PRIMAVERA - autor: RUBEM BRAGA - crônicas

 CAP 07/10

         97 – “Recado de Primavera” .   Esta é a crônica que dá o título do livro que estamos fazendo fichamento.    Foi feita a pedido da Globo para homenagem ao poeta Vinícius de Morais pelo primeiro ano de sua morte.

         “Seu nome virou placa de rua”, avisa o cronista.    Rua em Ipanema, vista para o mar.    O poeta, morando numa cobertura em Ipanema, cercado de plantas e tico-tico fazendo ninho entre elas.   Um chopim fiscalizando o tico-tico que fazia o ninho.    Pois o chopim tem o hábito de beber parte dos ovos do tico-tico e colocar os seus no lugar e depois o tico tico choca e cria os filhotes mistos.  Parte dos filhotes pardos sendo tico ticos e parte pretos sendo chopins.

         “Chega a primavera nesta Ipanema cheia de sua música e de seus versos”.   Eu ainda vou ficando por aqui – e vigiar, em seu nome, as ondas, os tico-ticos e as moças em flor.  Adeus”.       – setembro de 1980.

         99 – “Aconteceu na Ilha de Cat”.    Falando de palavras cruzadas e seus macetes.   Cat seria uma das ilhas de Creta.  Há até dicionário específico com termos usuais em palavras cruzadas.    O cronista dá o sentido de uma porção de palavras usuais nesse passatempo por curiosidade.  

         103 – “A inesquecível Beatriz”.   Uma crônica a um inesquecível amor passageiro dele.   Fala de jeitos, feições, sentimentos e reflexões da vida cotidiana também.      Dezembro de 1956.

         105 – “Onde nomeio um prefeito”.    Na guerra na Itália em 1944 com a FEB onde ele atuava como jornalista correspondente de guerra para o jornal Diário Carioca.     O jornalista no front de guerra anda fardado e recebe patente militar no período.    Vencidos os alemães na região, as tropas voltando e chegando a vilarejos e o povo que andava enfurnado por causa da guerra recebe as tropas aliadas como salvadoras da pátria.  E é viva e mais viva aos heróis.   E numa dessas um líder comunitário veio pedir para eles nomearem o prefeito para o local.    Acabou que o cronista, em cima do jipe militar, usa como palanque o veículo e ergue o braço do que é aclamado como o novo prefeito até que venha ordem superior.  Todos ficam felizes da vida.       Crônica de maio de 1984

         109 – Três amigos brasileiros num Café em Lisboa e são interrompidos na prosa pelo garçom que perguntou, intrigado:   - Que raio de língua é essa que estão a falar, que eu percebo tudo?

         111 – “Olhe ali uma tontinegra!”

         Morou um tempo em Marrocos onde foi Embaixador.  Morou em Rabat.  Também passou por Marrakech.    Gosta tanto de pássaros que comprou um livro para identificar pássaros da Europa.    Um deles é a tal tontinegra.    Até imaginou um dia, amigos de longe visitando a região e o cronista poder dizer:   - Olha ali aquele pássaro!  É uma tontinegra...

         117 – Diário de um subversivo – ano de 1936

         Na pensão dele, dois jovens integralistas.   Vieram puxar papo com ele sobre política.   Papo contra o comunismo.  Para eles, o Lenin era um gênio, mas um gênio do mal.

         O cronista procurado pela polícia no tempo da Ditadura Vargas, acusado de ser comunista.   Vários conhecidos dele foram presos.  Ele se escondeu na casa de um amigo.  Isto em 1936.     A crônica é de 1957

         121 – Recordações Pernambucanas.    Morou em Recife por uns meses em 1955.   Conheceu o Lourenço, funcionário do Banco do Brasil, já conhecido  por Capiba, músico.   O apelido, como leitor, suponho que tem a ver com o rio que desagua em Recife, o Capiberibe.

         Lá em Recife ele conviveu com intelectuais de destaque como integrantes da família de Ariano Suassuna, Gilberto Freyre e outros.    Narra inclusive uma aventura amorosa passageira do Gilberto Freyre dizendo que é para a biografia dele ficar completa.

                Continua no capítulo 08/10

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

CAP.06/10 - fichamento - livro - RECADO DE PRIMAVERA - autor: RUBEM BRAGA - Cronista e Jornalista

CAP 06/10

         Página 83 – O Sueco.    Os problemas do Brasil, a miséria do nosso povo etc.  ... todas essas coisas desanimam uma pessoa sensível.   Evandro Pequeno encontrou uma solução:  “Eu sou um sueco em trânsito.   Não saber de nada, não entender uma palavra do que estão dizendo... não ter nada a ver com nada... muito menos com a dívida externa, não ter vergonha de nada: ser um sueco em trânsito”.

         91 – “Um combate infeliz”.     O cronista na Italia na Segunda Guerra Mundial no front de combate com uniforme militar, como correspondente de guerra.  Isto em novembro de 1944.   Na região de Monte Castelo.  A tropa que ele acompanhou estava sob o comando do então Coronel Castelo Branco (que depois foi presidente militar do Brasil na década de 60).    No outro dia iria haver o batismo de fogo de dois batalhões brasileiros integrando um grupo de americanos.   Dos nossos soltados, dizia-se que estavam mal treinados e cansados.    Nossa tropa se acostumou lá com cigarros americanos.   Braga fumava um mata rato forte nacional chamado Liberty e um dia um comandante pediu um cigarro e quase recusou ao ver a marca.   Pior que este era só a marca Yolanda.

         O Yolanda, no maço, uma loira que os italianos chamavam de Bionda Cattiva, loira ruim.   Nosso comandante discordou da ordem do americano, mas não teve jeito.   No outro dia teria chumbo.   Ofensiva dos aliados, Brasil no meio.   Foram 24 mortos e 150 feridos. 

         Tudo na montanha, frio de travar os dedos, Braga escreveu numa máquina portátil com cinco vias em carbono, 21 páginas para o jornal. Mas a censura militar andou cortando umas coisinhas poucas e aqui no Brasil o DIP Departamento de Imprensa e Propaganda (do nosso regime – Ditadura Vargas) não aprovou a reportagem que virou lixo.   

         Como sabemos pela história, no final de contas, os combates foram favoráveis ao Brasil, à FEB Força Expedicionaria Brasileira.     Crônica de maio/1983.

 

         Próximo capítulo – 07/10 

CAP. 05/10 - fichamento - livro - RECADO DE PRIMAVERA - autor: RUBEM BRAGA - cronista e Jornalista

CAP 05/10                        leitura novembro de 2020

         Página 58 – O índio jivaro da América do Sul.   Um Mister Matter numa viagem de exploração na A. do Sul sabia que os jivaros quando abatiam um inimigo, tinham uma técnica de reduzir o crânio do abatido.

         O cientista queria ver um caso em execução...   O índio jivaro falou que veio a calhar porque ele tinha um inimigo em vista.   O cientista ponderou:   - Não, não!   Um homem, não.  Faça isso com a cabeça de um macaco.   E o índio: - Por quê um macaco?  Ele não me fez nenhum mal!

         59 – O chamado Brasil brasileiro.    Cita frases de muitos pensadores brasileiros e tasca uma dissonante de Oswald de Andrade do “Manifesto Atropofágico” de 1928.   “Tupi or not tupi that is the question”.  

         63 – Envelhecer.    “A infância não volta, mas não vai – fica recolhida como se diz de certas doenças”.    ... um ataque de infância...   agir como menino bobo.

         “Será que só eu sou assim, ou os outros disfarçam melhor?”

         65 – “Passarinho não se Empresta”.    Ao viajar, o cronista escolheu a dedo um amigo casado para deixar os dois passarinhos de gaiola.   Um deles, um bicudo (azulão).   Na volta da viagem, o amigo enrolando pra marcar o dia da devolução dos passarinhos e o cronista ficou preocupado de medo que tivesse acontecido algo com eles.    Mas era apego da família que cuidou deles e que tem criança em casa.   Discussão do casal na frente do cronista.  Ela pro marido:   É? O Juca lhe deu a palavra? Então está bem.  Você pegue o Juca, ponha dentro de uma gaiola e pendure na sua varanda.  Ele faz menos falta nesta casa do que o passarinho”.    Crônica de 12/1967

         69 – O autor é filho do Coronel Braga de Cachoeiro do Itapemirim.

         77 -    “A Rainha Nefertite”     Falando das pirâmides do Egito com quase cinco mil anos, que ele visitou.    Beleza, tamanho, majestade.   Ele cita um trecho de alguém comentando aqueles monumentos da humanidade colocando aspas mas não cita nome do autor da frase:   “Ali, perante os monumentos eternos, pasmaram Alexandre, o Grande, Cesar e Napoleão; e tudo o que fizeram foi erguer com seus passos, por instantes, um pouco de poeira do deserto”.

         A visita dele às pirâmides e o encanto especial pela obra que representa a Rainha Nefertite que tem sido consagrada através dos milênios como a mulher que foi a mais bela de todos os tempos.    Ele descreve a figura dela até colocando alguns reparos, mas concorda com a beleza ímpar.    Disse que a principal representação original dela se encontra num museu de Berlim, Alemanha.    Crônica de abril de 1979

         80 – Frases.   Independência ou Morte.   Cita como um desmancha prazer, a frase de Patrick Henry na Câmara de Virginia USA em 1775.  “Give me liberty or give me death”.

         Outro desencanto.    Atribuem a Guimarães Rosa:  “Viver é muito perigoso”.   Mas... um escritor mineiro teria garantido que viu essa frase numa obra do alemão Goethe.

         81 – Procura-se fugitivo em Ipanema.    Passarinho de estimação do cronista que escapou na casa dele na Praia de Ipanema.     A comida predileta do tal era semente de cânhamo, o da maconha.   E dá o recado:  ...”a pessoa que encontrar fará obra caridosa devolvendo-o ao seu dono, que é homem já de certa idade, com a vida esburacada de tristezas e desilusões, não possuindo gato, nem mulher, nem cachorro por falta de espaço no lar”.       Maio/1954

                                    Continua no capítulo 06/10 

CAP. 04/10 - fichamento - livro - RECADO DE PRIMAVERA - autor: RUBEM BRAGA - cronista

CAP 04/10

         Página 41 – “O holandês que cortava pepinos”

         O cronista morou uns tempos no Marrocos.   Em Tanger, frequentava às vezes o Bar Consulado, perto de alguns consulados.   Então alguns funcionários de consulado, se estivesse no bar poderia dizer no telefone que estava no Consulado.  Só que não...sqn.

         Fala do holandês que era albanês com passaporte irlandês, tudo menos holandês.    Vivia do comércio e outras variações baseado em Tanger, também no Marrocos.    Pilotava barcos de pequeno porte.    Descreve a mulher do holandês, que dirigia seus negócios em Tanger.

         ...”tinha uma pequena mulher de cabelos brancos azulados, sempre de calças compridas, sorridente, de olhos azuis, com uns restos de beleza”.

         Um dia havia um show na vizinha costa espanhola e o holandês montou uma pequena excursão com os amigos para lá e o contista foi junto.  Na volta, a polícia marítima parou o barco e viu que o piloto não tinha credencial para navegar por lá com passageiros.   Quase deu cana.   

         45 – O colégio da Tia Gracinha (irmã do avô do cronista em Cachoeiro do Itapemirim-ES).    A escola era um internato de moças.   Ali estudavam moças filhas de fazendeiros e famílias de remediadas para cima.    “Elas não aprendiam datilografia nem taquigrafia, pois o tempo era de pouca máquina e nenhuma pressa”.  (década de 20 do século passado)

         “Recebiam uma instrução geral, uma espécie de curso primário reforçado, o mais eram as prendas domésticas.   Trabalhos caseiros e graças especiais: bordados, jardinagem, francês, piano...”

         “A carreira de toda moça era casar...”

         Nesta crônica ele cita o Córrego Amarelo que é objeto de outra crônica dele, muito linda por sinal.   Nesta fala do córrego limpo e bonito da sua infância que depois virou esgoto da cidade para o desgosto do cronista.    O córrego é afluente do Rio Itapemirim.

         O colégio ficava à margem do Córrego Amarelo.      Crônica de abril de 1979.

         47 – “O macuco tem ovos azuis”.

         “Ah. Eu sou do tempo em que todos os telefones eram pretos e todas as geladeiras eram brancas”.     No decorrer da crônica ele vai falando das mudanças do cotidiano ao longo do tempo e através dos lugares, ele sendo capixaba vivendo no RJ após passar um tempo trabalhando em Belo Horizonte.    Os telefones ganharam cor e geladeiras também.    Nesse tempo ele morava em Niteroi na casa de parentes, sendo então um jovem solitário e tinha descoberto que o macuco tem o nome científico de Tinamus solitarius e ligou isso à sua solidão da época.   E ele conheceu ninhos da ave macuco e sabia que os ovos destes são azuis e ele arremata o conto.  Os telefones não são mais pretos, as geladeiras não são mais só brancas, mas os ovos de macuco continuam sempre azuis.       

         47 - Restaurante tipo americano, automático no RJ.   A pessoa colocava uma ficha e saia por uma janelinha um prato feito.     Nesse tempo lia-se a revista Eu Sei Tudo, do francês, no título original, Je Sais Tout”.

         48 – Cita o militar graduado da Guarda Nacional, brasileiro, morando em Paris na Primeira Guerra Mundial.   Galã, tinha um punhado de estratégias de conquista, incluindo cartões de apresentação só para esse fim, que distribuía a dedo no metrô e alguns espaços públicos.    Faturou todas, pelo que relataria em livro.   “Quatrocentas e tantas...”.   O cronista cita o livro do tal Medeiros e Albuquerque.    O título do livro:  Quando eu era Vivo, editado pela Editora Record do RJ em 1982.

         Em outra crônica fala de Niteroi de outros tempos.  Era Nictheroy, mas em compensação a praia era limpinha!   Anos 1929-1930.

         Morava então na casa de uma parente que era professora de escola pública em Niteroi que então pertencia ao Distrito Federal.   A professora ficava com muita raiva porque era obrigada a assinar (com desconto automático na folha de pagamento do salário) o Jornal do Brasil que era então o órgão oficial do Distrito Federal.

         50 – O português correto.    Um dia o amigo boêmio deu uma dica a ele.   “Olhe, Rubem, faça como eu, não tope parada com a gramática:  dê uma voltinha e diga a mesma coisa de outro jeito”.

         51 – “O espanhol que morreu”.     E o tal, segundo a crônica da mulherada da zona do Alto da Lapa, era um esbanjador querido no local.   Um dia morreu e o pessoal sentia falta dele no lugar.   Um dia aparecem três amigos lá e uma das mulheres insistia que um deles era o “morto”, o falado espanhol.    Falou tanto disso que deixou o rapaz parecido com o espanhol falecido desconcertado.  Se sentiu um pouco como um morto que retornou não sei de onde para não sei o quê.        Janeiro de 1948.

         55 – “Lembrança de Tenerá”.      Tenerá era um velho solitário que sempre tinha seus cães de estimação e morava temporariamente num porão perto da casa da infância do cronista em Cachoeiro.   Era bem popular na cidade e era papudo.   Dizia sempre – quando cheguei aqui não tinha isto e agora tem, não tinha aquilo e agora tem, como se fosse ele que trouxe todo aquele progresso ao lugar.    E adestrava cães da vizinhança fazendo uns bicos.   

         Às vezes sumia, passava uns tempos não sei onde e de repente voltava pra Cachoeiro.     Nesse tempo o cronista bem jovem trabalhou uns tempos numa farmácia de manipulação (comuns na época – anos 20/30) e lá via o farmacêutico misturar as drogas para preparar remédios.

         O cronista batia papo com o Tenerá.     Um dia o Tenerá aprontou alguma malandragem e foi preso.   Pena leve, o delegado mandava darem a ele uma enxada e ele tinha que capinar a frente da delegacia, sol alto.   Ele reclamando em voz alta para quem passasse ouvisse e para que o delegado também ouvisse:   -Eu já estive preso em cadeia melhor que esta.   Muito melhor do que esta porcaria!”         Crônica de setembro de 1969.

 

         Continua no capítulo 5/10 

domingo, 22 de novembro de 2020

CAP. 03/10 - fichamento - livro - RECADO DE PRIMAVERA - autor: Rubem Braga (leitura novembro 2020)

 E ele falando de outro amigo, o mineiro Otavio Xavier Ferreira.  O que me colocou no jornalismo no Diário da Tarde de BH.    “Depois de me colocar cá dentro da profissão, ele, espertamente saltou fora – e naquele tempo era dono de uma lapidação e de duas joalherias”.

         Em BH, jovem, prestou o serviço militar.   Lá adiante, morando no RJ chegou a ser representante do amigo joalheiro e leu um tanto sobre pedras para poder entender o básico do assunto.    “Nunca paguei imposto”.

         Ele era amigo do Armando Nogueira que foi diretor da Rede Globo.

         25 – “A estrela que nós amamos”.     Ele era chegado ao mulherio, sempre só como aventura.   E fala dos astros e estrelas de cinema de sua época.   Domínio dos filmes americanos.    Depois vieram as novelas.  Moças bonitas e tal.  Cita Dina Sfat.   E sobre as musas das novelas:  “Muito bonita, muito interessante, mas, toda noite!”   “Não! A deusa não pode ser quotidiana...”

         28 – Falou de rodovias com árvores dos lados.  Bonitas mas se a pessoa perde o controle do volante, pode morrer no choque com uma árvore.      Por isso o desenhista e multi artista Carybé, argentino radicado no RJ disse em tom de brincadeira que iria sugerir para o DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, para plantarem bananeiras ao lado das rodovias.  Segura o carro desgovernado sem matar o motorista e dá cacho.   (dá bananas ao motorista).

         29 – “Clamo, e reclamo e fico”.     Na cidade do RJ andou por um bairro arborizado e limpo, sentindo cheiro de natureza.   Depois o taxi passou pela região mais densa de povoação e aquela sujeira, poluição e mau cheiro.    Suja e poluída inclusive a água da lagoa e do mar por ali.

         Ele resume comparando a cidade do RJ com uma moça bonita.  “Esta mulher não precisa de joias nem de sedas; precisa, antes de tudo, de ser limpa”.

         30 -  Na ocasião o autor morando na Praça General Osório no RJ.   Na época dele, tinha feira hippie aos domingos na praça.

         Gente pela rua e praia andando com cães.  Muitos cães.  Imagina que andam com cães de medo de serem assaltados.

         ... “tudo apinhado de gente no RJ.... e ratos de praia e assaltantes que trabalham até dentro d´água”.   O que fazer?    “Confesso-vos que por mim eu clamo e reclamo e choro, e não saio daqui”.       -   dezembro de 1983

         33 – “O Mistério do Telegrama”.     A amante ao homem de negócios, envia um telegrama cifrado, só com as palavras-chave que coisas e lugares e situações em que ambos estavam a dois.

         O telegrama foi parar na Polícia Federal da época e ela foi chamada para depor.     Ela foi explicitando cada termo, cada situação e tudo se esclareceu e foram felizes para sempre.    Mas ficou comprovada a truculência da polícia política de então.

         36 – O baiano que falava problema, comendo o erre.  Outro justificou:  “Os baianos tem razão:  quando um problema deixa de ser problema para ser poblema, ele fica mais fácil de falar e de resolver”.

......................... continua no capítulo 04/10

CAP. 02/10 - fichamento - livro - RECADO DE PRIMAVERA - autor: Rubem Braga - leitura em novembro de 2020

 CAP 02/10

         Página 16 – Getúlio Vargas fumava charuto.    O cronista falando do tabaco:    “A propaganda do tabaco é múltipla e aliciante.  Na TV ele é um festival de saúde e beleza juvenil, com esportes finos do ar e do mar”.

         O cronista foi fumante de até dois maços e meio por dia.   Aos 19 de idade, começou a trabalhar no Diário da Tarde em BH.  Fumar, beber e jogar campista ou Pavuna.     Se formou em Direito.  Duas vezes pediu dinheiro pra família para registrar o diploma para ir atuar na sua cidade natal, Cachoeiro do Itapemirim-ES, mas nada de colocar isso em prática.   Gastou o dinheiro das ajudas no jogo.    E lá se vão cinquenta anos trabalhando em jornal.

         No cinema, todo mocinho fumava, mas não acendia o palito de fósforo na caixa.   Acendia na sola do sapato.   Coisa de moda americana.

         17 – Ele, fumante, teve binga (isqueiro).   Lá pelo ano de 1950, entrevistou Jean Paul Sartre, este que também fumava.

         17 -  “Em 1937, quando estava escrevendo Vidas Secas, em uma pensão da Rua Correia Dutra, no Catete, Graciliano Ramos fumava Selma, um cigarro com ponta de cortiça”.     O escritor tomava em jejum uma dose de cachaça que guardava no seu quarto.   Tempo de escrever com caneta tinteiro.    O cronista diz que Graciliano tinha uma letra exemplar, bonita.

         “Haviam lhe raspado a cabeça no presídio da Ilha Grande (ele era comunista), e seus cabelos ainda estavam curtos”.

         18 – Foi o cronista operado do pulmão após aparecer “um ponto” no exame do pulmão dele.   Operado pelo Dr. Fulano (ele cita) e assistida a operação por um médico amigo dele, Dr. Marcelo Garcia.    “...assistiu a operação – e deixou de fumar”.     – “Quando o Jessé abriu meu pulmão, levei um choque: eu guardava aquela imagem do pulmão, um órgão rosado...   o seu era todo escuro, e com uns picumãs pendurados”.

         (picumãs são teias de aranha de casa de sítio onde elas ficam penduradas e a fumaça do fogão de lenha com os anos tornam as teias pretas de fuligem)

         Nesse tempo o Braga fumava dois maços e meio por dia. Depois parou.   Chegava fumar entre um sono e outro.

         Feia tosse, mas que ele não associava ao cigarro.  Tosse que o impedia de ir a teatro ou cinema.    Um dia largou de fumar e a tosse sumiu.

Voltou a sentir o cheiro das coisas e também o sabor.

         Até tentou aconselhar alguns amigos, que acabavam caçoando dele.  Desistiu de tentar convence-los.   “Ah, quem quiser que se fume”.

         21 – “Uma Água-Marinha para Bárbara”

         Ele em jornal sempre ganhando modestamente.  Mais complicado na ditadura Vargas, quando ele foi colocado no regime de censura prévia dos seus artigos para o jornal.   Controlado pelo DIP Departamento de Imprensa e Propaganda  (propaganda do regime em si).

         Ficou com raiva da censura e parou um tempo de escrever para jornal e chegou a fazer uns bicos numa agência de publicidade de um amigo.

         E ele falando de outro amigo, o mineiro Otavio Xavier Ferreira.  O que me colocou no jornalismo no Diário da Tarde de BH.    “Depois de me colocar cá dentro da profissão, ele, espertamente saltou fora – e naquele tempo era dono de uma lapidação e de duas joalherias”.

 

          Continua no capítulo 03/10