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sábado, 13 de dezembro de 2025

Cap. 3/6 - fichamento do livro PASSEIO AO FAROL - Autora VIRGÍNIA WOOLF (ficção)

 capítulo    3/6                dezembro de 2025

        

         A autora cita que na região dela há também a flor da dalia que também tem por aqui.    A família Ramsay tinha até jardineiro que também era caseiro, além de terem cozinheiro.  

         O Sr Ramsay e seus pensamentos  ...”Era um bom trabalho, em geral – seus oito filhos.   Mostravam que ele não desprezara totalmente este pequeno e insignificante universo...”.

         Ele:   “Pobre lugarejo.  Ela:   “sabia que ele não tinha absolutamente do que reclamar”.

         Ela pensando nas habilidades do marido.   ...”um olho de águia para coisas extraordinárias.  Mas será que ele notava as flores?  Não.  Será que notava a paisagem?  Não.

         Ela no jardim com ele.  Ela queria que ele apreciasse mais as coisas do entorno.   “E quando ele o fazia, apenas comentava com um dos seus suspiros:  pobre mundo insignificante.”

         Capítulo 13 -   O amigo da família, Sr William Banker perguntando à pintora Lily se ela já havia visitado os destacados museus da Itália, Holanda, França, Espanha com as obras dos pintores do passado.

         Ela tinha visto muito pouco disso.    ...refletiu ela, talvez fosse melhor não ver esses quadros: eles apenas nos tornavam desalentadoramente insatisfeitos com nosso próprio trabalho.

         Capítulo 14 -   O namorado da filha achando que era conveniente pedir ela em casamento direto para a mãe da jovem.   “Ela o fizera acreditar que poderia fazer qualquer coisa.  Ninguém mais o levava a sério, mas ela o levara a acreditar que poderia fazer o que bem entendesse.”

         Dia de jantar com convidados.  Jantar especial e cercado de certa solenidade.   Incluindo a pontualidade tradicional britânica.   Soou o gongo e todos se apresentaram na sala de jantar.

         No jantar com os convidados a Sra. Ramsay perguntou ao Sr Tansley -  “O senhor escreve muitas cartas?”.

         ...    uma verdade sobre a Sra Ramsay: sempre lastimava os homens, como se lhes faltasse alguma coisa...”

         Ele que lê muito acha o mundo cheio de futilidade e acusa as mulheres.   “As mulheres tornavam a civilização insuportável com todo o seu ´encanto`, toda a sua tolice”.

         “O jovem na sua prosa, ficava criticando o governo de plantão...”

         O jantar foi ficando enfadonho...    “E todos, inclinando-se para ouvir, pensaram.   Queira Deus que não se exponha o interior da minha mente.

         Sobre as discussões políticas e o tédio de alguns ouvintes da casa durante o jantar.

         A Sra Ramsay achava que o marido conhecia a raiz dos problemas sociais.   “Pois se ele dissesse uma única coisa, tudo se tornaria completamente diferente.  Ele ia até o cerne das coisas.   Ele se importava com os pescadores e os seus salários”.   ...

         A Sra Ramsay pensando que Lily e o Sr William, viúvo, dariam um bom par.     “Ambos são frios e distantes e muito autossuficientes”. 

         ... Uma pergunta de alguém na mesa do jantar.  Quem permanecerá?   (nomes da literatura, depois que os autores se forem desta vida)

         “Quem poderia dizer o que permaneceria – em literatura como em tudo o mais?”.

         O Sr Ramsay ficou inquieto, quem sabe querendo que alguém dissesse que os livros dele permaneceriam...

 

         Continua no próximo capítulo    (4)

sábado, 22 de novembro de 2025

Cap. 2/6 - fichamento do livro PASSEIO AO FAROL - autora: VIRGÍNIA WOOLF (ano 1927) - ficção

 cap. 2

 

         ... mais adiante....     ....”Mas  o que sucedera?  Alguém se equivocara”

Palavras soltas como se ao acaso pelo senhor Ramsay em casa.

         O casal se desentende por palpite sobre a condição do clima no dia seguinte e se poderiam ou não ir ao farol.   Ele foi indelicado com ela.

         “Não havia ninguém a quem ela respeitasse tanto quanto a ele”.

...”Sentia que não era boa o bastante para amarrar o cordão de seus sapatos.”

         Sobre ser destacado e genial.   Ser esquecido após tempos...    “Até a pedra que se chuta com a bota perdurará além de Shakespeare”.   (nas memórias das sucessivas gerações)

         “Mas seu filho o odiava”.   O Sr Ramsay se achando derrubado.   A esposa lembra ele de que o amigo dele, Charles Tansley “o achava o maior metafísico do seu tempo...”

         ...”mas ele precisava de mais do que isso.  Precisava de compreensão”.

         Ela, uma fortaleza.  Ele, inseguro total.     “Se ele depositasse uma fé implícita nela, nada o atingiria, não importa o quão fundo ele naufragasse ou quão alto ele subisse...”

          ...ela   “não gostava nem por um instante, de sentir-se melhor do que o marido”.

         Ele era requisitado no mundo acadêmico...   Mas no convívio social...   “Pois as pessoas diziam que ele dependia dela”.

         Sobre a beleza da Sra. Ramsay.   “Ela trazia consigo, sem que pudesse se impedir de sabe-lo, a tocha da beleza”.

         ...   “Sensibilidade que era o seu filho James (pois nenhum dos seus filhos era tão sensível quanto ele)”.

         Pitaco do leitor:  Há foco na beleza da protagonista, mas de descrição física mesmo, a autora só cita diretamente os olhos de cor cinza.   No mais, é reflexão e captação do que os contatos dela estariam sentindo em pensamento sobre a beleza dela.

         O Sr Ramsay era respeitado como pesquisador pela comunidade acadêmica mas para ele próprio, isso tudo não bastava.   Sentia-se inseguro.

         Os amigos se questionavam   ...”por que Ramsay precisava sempre de elogios, por que um homem tão valente no terreno do pensamento era tão tímido na vida...”

         Sr. Bankes, mais de sessenta anos de idade.    ... numa reflexão

         ...”uma mulher solteira perdia o melhor da vida”.     A pintora chinesa...

         “Lutaria por sua causa:  gostava de ficar sozinha; gostava de ser ela mesma...   insistia em escapar da regra geral”.

         Lily (a pintora) em reflexão, em pensamento junto à Sra Ramsay.

         “Seria o amor, na forma em que as pessoas entendiam, capaz de tornar a senhora Ramsay e ela uma única pessoa?”     Lily tinha 33 anos de idade.

         A tela pintada pela Lily tinha elementos que na abstração da artista tinha uma “declaração de amor”.      Pergunta do leitor aqui:   Seria amor dela pela Sra. Ramsay?

         O lado de Voluntária da Sra Ramsay.   “Não era autoritária...  talvez se pudesse dizer que era quando reagia apaixonadamente em relação a hospitais, saúde pública e leiterias”.      ...”o leite entregue à porta em Londres era literalmente negro de sujeira”.     (ano 1927)

         Sobre o leite nessa condição ela dizia:   “deveria ser proibido”.

         Sobre os dois filhos menores entre os oito totais.      “gostaria de conservar os dois assim como eram demônios perversos, nunca vê-los crescer e se transformar em monstros de pernas compridas.   Nada poderia compensar essa perda.”

         Sra Ramsay e seus pensamentos sobre a vida.   “Havia os eternos problemas:  o sofrimento, a morte, os pobres”.     

         O livro infantil que ela lia para o filho tinha cenas narradas muito trágicas.  Tempestades, mar revolto, escuridão...

         Pensamentos e reflexões dela:   “Como poderia um Senhor qualquer ter feito este mundo?.   Sua mente sempre se agarrara ao fato de que não há lógica, ordem ou justiça; apenas sofrimento, morte e pobreza.”

         Sobre o marido:   “sem dúvida, a horrível verdade é que ele lhe tornava a vida mais difícil.   Era suscetível, era irritável.   Descontrolava-se por causa do farol.

                   Continua no próximo capítulo

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Cap. 1/4 - fichamento do livro - PASSEIO AO FAROL - autora VIRGÍNIA WOOLF (original é de 1927)

 

 

         Editora Círculo do livro – 1988   (edição original de 1927)

 

         Até então, eu não tinha lido nenhum livro dela, mesmo ouvindo sempre comentários sobre sua obra.    Desta vez nosso clubinho informal de leitura no Sesc da Esquina aqui de Curitiba PR, que se reúne uma vez por semana (nas quintas das 15 as 16 h).      Em breve, debateremos sobre este livro.

         Li até o momento, quarenta das 190 páginas.    No meu jeito de fazer um fichamento estendido, haverá em torno de quatro capítulos de duas laudas cada.   Vamos ao primeiro capítulo.

         A protagonista é a Sra Ramsay e sua família.   Obra de ficção ambientada na Escócia de 1927.    

         Casal com oito filhos, sendo um deles, James de seis anos.

         A Sra Ramsay achava que a vida da pobre família do faroleiro seria monótona, isolada.    Pensando sobre o faroleiro   .... sem ver a mulher, não saber como estão os filhos...     a mãe   .... “perguntando especialmente às filhas”...

         Tasley – o ateu amigo do Sr. Ramsay.    Os filhos do casal Ramsay em reservado, zombavam do “ateuzinho”.    Os filhos:  Rose, Prue, Andrew, Jasper, Roger, dos oito, são citados nesta fase.

         Menciona o cão da família Badger.   Também as Ilhas Hébridas.

         As filhas são Prue, Nancy e Rose.    Elas sonhavam em ser mais livres na França, em Paris.

         O judeu não sabe jogar críquete.

         O Sr. Ramsay e o judeu nas prosas de intelectuais.   Após o jantar da família e o judeu com sua prosa complicada, as crianças se trancavam no quarto para poder conversar sobre o que quisessem.

         Sra. Ramsay, (pelo que entendi), descendia de nobres italianos...    “deles herdara a inteligência, a maneira de ser – o gênio”.  Ela anotava entre os pobres, o salário etc.     Ajudar...  “na esperança de assim deixar de ser uma mulher voltada para si mesma...”

         Caridade   .... um consolo.

         A Sra. Ramsay vai para a cidade com o judeu como companhia.   Ela falando com ele que já foi casado.        ...pensando sobre a submissão de todas as esposas aos trabalhos de seus maridos...

         Se tomasse um taxi, ela gostaria de pagar a corrida.   A Sra. Ramsay tinha os olhos cinzentos que agradavam muito o marido dela.

         O jovem que acompanhou a Sra.Ramsay na cidade.   “Subitamente, ele descobriu:   ela era a pessoa mais bela que conhecera”.

         No texto, cita a flor de cíclame, que tem por aqui também.   Constatação de leitor.

         Ela aos cinquenta anos de idade e os oito filhos.

         Ambos na rua e passaram por um trabalhador cavando uma valeta e este parou o trabalho para admirá-la.

         Charles Tansley, o acompanhante   .....”andava com a mulher mais bela pela primeira vez na vida”.    “Segurou a sacola dela”.  (autora insinua que foi uma atitude machista dele).

         A Sra Ramsay posando para a chinesa Lily que era feia   (“e nunca se casaria, mas era uma pessoa independente”.).    A Sra. R gostava dela por isso, por ser independente.

         Capítulo 4.

         Um pensamento  .... a pintora estar caída pela Sra Ramsay...

         ... flores de maracujá....

         ... William Bankes pensou na Sra Ramsay.     Quando ele andava sozinho....    William foi namorado dela no passado.     Depois ela se casou com o Sr. Ramsay.    William atualmente continuava a amar a Sra. Ramsay.

         Agora ela casada e tendo oito filhos e ele do outro lado da baia, viúvo e solitário.

         A família Ramsay não era rica e tinha oito filhos...

         A conversa de Lily com o amigo do Sr Ramsay sobre a obra filosófica deste.   Uma complexidade intrincada a obra do Sr. Ramsay.

         Capítulo 5

         O filósofo e família bem distante da biblioteca da cidade.   E perto de muitos livros – em casa.

         “Livros, pensou, cresciam por si mesmos”.

         A Sra Ramsay correndo com os afazeres, cuidando das crianças  .... “supor nela um desejo latente de se libertar da beleza de sua forma, como se a beleza e tudo o que os homens diziam sobre ela a aborrecessem..

         continua no capítulo 2 desta resenha estendida....

        

 

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

FICHAMENTO DO LIVRO – ROTA 66 – AUTOR CACO BARCELLOS

 

            Editora Record – RJ – 10ª edição – ano 2009 – 350 páginas

 

            Eu li e fiz o fichamento em letra cursiva deste livro em julho de 2017.   O livro é resultado de ampla pesquisa do Jornalista na documentação das ações da ROTA Ronda Ostensivas Tobias Aguiar de São Paulo nos tempos da Ditadura Militar.

            Página 33 – A ROTA foi criada para combater guerrilheiros.

            Página 34 – Exército no governo e PM Polícia Militar orientada para defesa da propriedade dos ricos.   Combater o “marginal”.    A imprensa acompanha essa lógica também.

            Página 38 – brigas, som alto, jovem alterar o Fusca ... coisa de jovens da classe média local de SP de então.

            Página 41 – O Clube Paulistano (em 1975) e os embalos da juventude de classe média.    Comum o grupo de amigos fumar maconha.

            Os jovens personagens do livro veem a polícia como sendo para combater os pobres e ser contornada com grana quando o abordado é rico.

            Página 45 -  Carro preparado para racha.    

            No rodapé da página, o autor descreve a sub metralhadora Beretta usada pela ROTA.

            ...  Página 48 -  O Jornalista Caco Barcellos é ameaçado num velório de um jovem pobre morto pela polícia.   Ameaçado por ser da imprensa que nos casos que se apresenta no lugar dos fatos, relata sempre a versão dos policiais.   A polícia faz as  vítimas (o povo) virarem réus.

            Página 49 -  Reporter correto irrita os dois lados, inclusive a polícia.    A polícia costuma só ter a versão dele e um repórter decente pode apresentar outra versão.

            Caco trabalhava na Folha da Manhã em Porto Alegre no passado.

            Página 51 -  A PM e a PF na época da Ditadura aproveitaram para aumentar a violência contra o crime dos pobres.

            Página 54 -  Caco foi despedido do jornal gaúcho por pressão dos policiais.    A queixa dos policiais chegou até o governo e deste partiu a pressão para o jornal demiti-lo.

            O Caco chegou a fazer bico após demitido, como motorista de taxi.

            Página 58 -  Agora atuando em São Paulo, foca no caso dos jovens de classe média que foram abordados “por engano” pelos policiais.    Policiais da ROTA partem em perseguição aos jovens do fusca incrementado.   Os jovens no embalo, na farra, tinham roubado um toca-fitas.   O jornalista estima que a perseguição por um contingente grande de policiais teria tido um custo estimado de dez mil dólares, para recuperar um toca fitas de um “bacana”.

            Lema de então da ROTA:  “A ROTA é reservada aos heróis”

            Páginas 63/64 -   Os jovens do fusca cercados e executados.

            Página 75 – O comandante da abordagem da ROTA nessa operação tinha 21 anos de idade.   Despreparo para ação.

            Página 78 -  O Secretário de Segurança era o Coronel Erasmo Dias.

            Página 81 -  Cada sub metralhadora pesava 8 kg.

            Página 87 – A vizinha da casa da frente de onde houve a chacina viu tudo pela janela.   Em seguida telefonou para a mãe de um dos jovens.  Em seguida, ela deu entrevista para a imprensa.   Em seguida, foi ameaçada e sumiu para o interior, temendo pela própria vida.

            Página 88 -  Em 09-04-1970 houve a fusão da Polícia Civil com a Força Pública.   Surgiu a PM Polícia Militar.

            Página 89 -  Exército mais Polícia Civil – casos de combate ao terror.   No período todo foram executadas 269 pessoas.   Destas, 144 oficialmente mortas e 125 desaparecidas.

            Página 91 -  Cita ação da Operação Bandeirantes  (Caça aos Terroristas).

            Página 92 -  Guerrilheiros no Vale do Ribeira – SP.   Houve cerco da PM e os  da guerrilha escaparam.    Esta ação foi comandada pelo Coronel Erasmo Dias.

            Página 96 -  “O morto é sempre culpado pela morte dele na versão oficial”.      No Boletim de Ocorrência era recorrente...  “resistiu à bala...”.

            Página 327 – Caco ficou 22 anos investigando dados das mortes por policiais de São Paulo e dos crimes dela e da Polícia Civil.

            65% das vítimas  fatais eram inocentes.    Não tinham ficha criminal.

            O Caco passou uma enorme temporada levantando dados nos processos dos casos para chegar ao percentual acima.   Analisou mais de dois mil processos.

            Página 331 -   A maior parte dos estupradores eram brancos mas os que mais foram mortos eram negros e pardos.

            Página 337 -  Caco entrevista um assaltante procurado junto com o repórter Pena Branca.   Cita uma síntese que o Pena Branca faz de tudo (1981).     .... – “Quem mata é o sistema da PM, do Comando à Justiça.  O matador só aperta o gatilho”.

            Página 351 -  O autor terminou de escrever o livro em 1986.   O regime militar terminou em 1985.

 

            Fim.                   (eu sou de 1950 e vivi a juventude em Mauá-SP que pertence à Grande São Paulo e no mínimo era desconfortável viver a juventude nesse tempo por sentir no ar o risco de ser integrante da periferia)

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Cap. 10/10 - fichamento do livro - VIAGEM ÀS NASCENTES DO RIO SÃO FRANCISCO - autor: Botânico francês SAINT-HILAIRE (1819)


         O pobre que em GO não consegue pagar o dízimo abandona sua terra e se afunda para lugar mais ermo e a pobreza aumenta.  Viver isolado aumenta até o número de incestos por “falta de opção de vida”.

         ... “à falta de outras mulheres a não ser as da família...”

         Além de tudo, cobrar dinheiro da produção tira do agricultor o ânimo de produzir e isso é ruim para a economia da região.   Plantam e criam só para o gasto e quando o tempo não corre bem, há fome.

         Quem vem de fora não tem alimentos para comprar.    Justo numa região de solo tão fértil, isso acontece, o que é lamentável.

         “Numa terra que daria para sustentar com folga 20 milhões de pessoas, mal conseguem sustentar os 80.000 goianos”.

         Clero, Instrução Pública. 

         “Os padres são, na verdade, os únicos homens da província que possuem alguma instrução”.    

         ...”Enfim parecem considerar como seu único dever a celebração da missa aos domingos e a confissão dos fiéis à época da Páscoa, mediante a contribuição de 300 reis”.  

         Desde a colonização, GO só tinha como Bispos, os jurisdicionados pelo RJ e depois, do Pará.   Quase nunca os Bispos iam até Goiás.

         Raros professores na Província de GO.

         Cita entre os militares que atuam em GO, a Companhia de Dragões, da cavalaria.   Eles são encarregados de manter a ordem, impedir o contrabando e fiscalizar os direitos de entrada.    São muito corretos, transportam os valores dos tributos à sede e não há desvio de conduta.   São mais respeitados que os policiais de MG e do RJ.

         Atuam no sistema da Cavalaria.   Geralmente são brancos e de famílias remediadas.

         Extração do Ouro

         Diferente de MG que explorou ouro em leito de rios e também escavou minas para buscar ouro no subsolo, em GO só se buscou ouro de forma improvisada nos leitos dos rios.

         Em GO, dessa forma, durou pouco o ciclo do ouro.   Enriqueceu alguns rapidamente e empobreceu geral logo que o ouro deixou de ser abundante.

         Cultura da terra

         Em GO há terras férteis em várias regiões.   Produzem vários tipos de produtos agropecuários.   Até o trigo produz nas terras mais altas onde o clima é mais ameno.    Um exemplo seria Santa Luzia GO.   (em torno de 800 m acima do nível do mar – anotação deste leitor)

         Em terras mais altas, até a uva produz bem e dá duas safras por ano se for podada em fevereiro logo após a colheita da primeira safra.

         Pouco mercado para os produtos agrícolas e baixa população no interior da Província.    Apenas a capital da Província é mais povoada com seus 10.000 habitantes.

         O autor cita outras culturas com potencial para certas regiões de MG e GO como a sericicultura, a cultura do bicho da seda.

         GO é rico em minério de ferro e não tem industrialização deste metal.   Importa até os cravos para as ferraduras dos animais.   Fornos grandes para produção de ferro são inviáveis mas os “fornos catalães” poderiam ser adequados.   (deve ser uma forma mais artesanal e menor de fornos).

         A economia no Brasil até então tinha tão pouca circulação de dinheiro, que no caso de GO, era uso corrente o ouro.   Então os valores eram considerados em peso de ouro como oitavas, meia-oitava, quarto de oitava, cruzados de ouro, patacas de ouro, meia pataca.

         Meios de Comunicação

         Os caminhos mais promissores na época eram os rios.   Para o Sul do Brasil, o Rio Paranaiba e para o Norte, o Araguaia e o Tocantins.

         Partindo da capital da província, Vila Boa GO era possível sair navegando em pequenas embarcações pelos afluentes e chegar até o Pará numa distância de 420 léguas (cada légua, seis km).  Ao redor de 2.500 km ao todo.

         Costumes

         Aos mineiros à medida que o ouro trouxe riqueza, trouxe conforto e algum estudo, deixando o povo mais polido.

         O goiano teve um ciclo do ouro mais curto e não se tornaram muito polidos.

         “O mineiro de hoje (1819) sabe conversar, e o faz muitas vezes com espírito e cordialidade, já os colonos goianos mantém o silêncio da ignorância...”

         ...”apesar de tudo o que digo acima, não se deve concluir que esses homens sejam desprovidos de inteligência”.

         Poucos na época se casavam porque tinha um custo e também moravam distantes das igrejas.

         O autor diz que praticamente não havia roubos na região, apesar da pobreza.

         “Não há assaltos aos viajantes, nas estradas...”

         No trechinho final, o autor dá muitas dicas de ações que educariam melhor o povo e traria a este uma vida mais digna onde todos teriam benefício.

         Frase final:     “Não lamentarei a perda de minha saúde, pois poderei dizer:  paguei uma dívida da hospitalidade, e minha passagem pela terra não foi inútil”.                       FIM                                 18-10-2025

 

Em tempo:   Há um quarto livro dele que adquiri e trata das pesquisas no Rio Grande do Sul.   No caso ele anotou uma enormidade de coisas em mais de 400 páginas.   Vejamos quando encaixar essa empreitada de leitura e resenha.

         

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Cap. 9/10 - fichamento do livro VIAGEM ÀS NASCENTES DO RIO SÃO FRANCISCO - autor Botânico francês - SAINT-HILAIRE (1819)

             Goiás recebia sal da região de Pilão Arcado no Pernambuco.   O povo de lá trazia o sal para Paracatu e trocava por produtos locais como milho, feijão, açúcar, aguardente e outros.   O caminho era a navegação pelo Rio São Francisco e seus afluentes.

         Capítulo XV   Viagem de Paracatu à fronteira de Goiás

         Passando por Sobradinho, Rio dos Arrependidos, na divisa (na época) entre MG e GO.   Depois houve mudanças de divisas entre MG e GO.

         Capítulo XVI -  Quadro Geral da Província de GO

         “Os antigos paulistas se embrenharam no interior do Brasil à caça de índios, os quais, reduzidos à escravidão, iam aumentar o patrimônio dos ricos habitantes de São Paulo”.

         Um paulista que fez expedição com seu grupo por Goiás, arrebanhou (por volta do ano 1680), retornou para sua terra com ouro e muitos índios que seguiram acorrentados.

         Havia entre outras tribos, no passado, índios da nação Goiás.

         Ano de 1680, pelos relatos, o paulista Bartolomeu Bueno da Silva se embrenhou por Goiás em busca de ouro e índios para vender como escravos.

  Teria colocado fogo na aguardente para fingir algo sobrenatural e intimidar os índios, dizendo que se não lhe entregassem o ouro e não fossem cativos, ele colocaria fogo nos rios e matas onde os índios viviam.   Assim teria conseguido seu intento.  Arrebanhou muitos cativos.

         Era para os índios o Anhanguera, o Diabo Velho.

         Muitos paulistas andaram em missão de procurar ouro no interior de Goiás e encontraram.   Havia na região índios.  Estes foram expulsos da região ou escravizados.  Muito ouro foi extraído de rios e córregos de Goiás e para isso muitos aventureiros foram para lá.

         No meio dos aventureiros em busca do ouro, vieram também criminosos fugindo a justiça.

         Todos os homens dessa fase andavam armados.  Só deixavam a arma para entrar em igrejas.

         “Goiás fazia parte da Província de São Paulo nessa época... (antes de 1749).”   Em 1749 GO se tornou Capitania de Goiás.

         Em 1819 quando o autor passou por GO, o ciclo do ouro praticamente já tinha acabado.    Pouca gente restava na região.

         Em GO, entre tantos rios, dois relevantes correm para o Norte, sendo o Tocantins e o Araguaia e para o sul corre o Paranaiba.

         Vegetação da região. 

         Entre outras espécies, a palmeira buriti, muito comum na região.

         Clima   - A região tem a estação das águas de setembro a abril e a da seca de maio a agosto.

         População – Em 1819 a população de GO era estimada em 80.000 habitantes.

         Em 1819 GO era um dos estados que mais havia índios.  Havia decreto que definia que eles eram homens livres.    Por outro lado, o Conde de Linhares criou norma para Go na qual índio que fosse pego “armado” poderia ser preso.    O posso estendeu por conta própria o alcance da norma absurda e passou a escravizar os índios.   Escravizar e vende-los como escravos.

         Teria havido muita venda de índios de GO para o estado do Pará.

         Administração Geral de GO  -   Até 1809 GO só tinha uma comarca.   Era uma província quase sem lei.   Em 1809 passou a ter duas comarcas.  Vila Boa era a capital da província.   “Uma das maiores infelicidades que tiveram os brasileiros após a vinda do rei, consistiu em que passaram a ser governados por homens que desconheciam totalmente a América...”

         Finanças.    Entre os impostos em 1819    ...”dízimos dos produtos do solo, os quais, conforme acordo feito outrora entre o clero e o governo, tinham passado às mãos deste último”.        ...”era o quinto (20%) sobre o ouro”.    (daí que surgiu a expressão de mandar pros quintos dos infernos)

         Em relação a mercadorias quase não dava para sonegar porque contrabando em lombo de burro era caro demais.    Exceto o ouro, que em pequena quantidade agregava elevado valor e era contrabandeado largamente.

         Em 1750 se criaram duas fundições de ouro estatais em GO.   Ao sul deste, em Vila Boa e ao Norte em São Felix.

         Dízimos -   O dízimo era cobrado em dinheiro sobre os produtos da terra.   Só que não havia quase nada de comércio de produtos agrícolas e pecuários na região.   O pessoal criava e plantava mais para o consumo próprio.    O dízimo dos produtores rurais era cobrado de três em três anos e um agente vinha, fazia a estimativa do que foi plantado no período e colhido e cobrava dez por cento.

         No caso dos produtores rurais de MG onde o comércio era mais desenvolvido, muitas vezes abandonavam as terras quando eram cobrados e iam mais adiante abrir novas terras.    Pela falta de estradas e comércio no interior de GO, esse não era uma opção para fugir do fisco.

 

         Continua no capítulo      10/10 

sábado, 25 de outubro de 2025

Cap. 8/10 - fichamento do livro - VIAGEM ÀS NASCENTES DO RIO SÃO FRANCISCO - autor Botânico francês - SAINT-HILAIRE (1819)

         Em Araxá-MG    “O barreiro é de propriedade pública.   Num raio de 60 km, todos os fazendeiros levam até ali o seu gado uma vez por mês, e cada um tem o seu dia certo, marcado pelo Juiz”.

         ...”jamais vi um número tão grande de pássaros como havia no Barreiro em Araxá-MG”.

         Antigamente animais silvestres também vinham direto beber água com sais minerais mas a caça foi tão implacável que estes deixaram de ir para lá.

         Capítulo XIII -  Viagem de Araxá a Paracatu-MG.  Rio Quebra Anzol.

         Na caminhada em setembro de 1817, temporada normal de seca na região, pouco se via de verde nas matas e nos pastos.

         Região com campos geralmente cobertos de gramíneas e alguns trechos com árvores mirradas, casca grossa, típicas do cerrado.

         No trecho, a Serra do Salitre e outras serras.   Apesar da Serra ter o nome do mineral salitre, não garante que o solo local seja salitroso *.

  *(que contêm inclusive Nitrogênio, importante para vegetais e animais)

         Em Paracatu MG, solo fértil, plantio de algodão, além da criação de bovinos e carneiros.     O algodão em caroço é levado em carros de boi por cerca de 240 km até Barbacena MG.  A partir de Barbacena, o produto é levado em lombo de burros até o RJ, distância aproximada de 1.200 km

         Fazenda Damaso na Serra do Salitre.    “Entre Damaso e Patrocínio, encontrei-me com numerosa tropa de burros que voltava de GO para o RJ.  Pertencia a um homem que fazia uma viagem por ano transportando mercadorias.   Demorava em média cinco meses para a ida e cinco meses para a volta.    Trazia do RJ mercadorias para os comerciantes de GO.  

         Patrocínio era conhecido também por Salitre, local também de água mineral.

         Em 1819 Patrocínio tinha cerca de quarenta casas.   No lugarejo de Campo Alegre, o povo para e fica espiando a equipe do botânico trabalhando.

     “Ninguém trabalhava e a conversa daquela gente oferecia tão pouco interesse que melhor seria que ficassem calados”.

         Cita a palmeira buriti (Mauritia vinífera) muito comum na região.

         Agora na margem esquerda do Rio Paranaiba.  Rio com abundância de peixes.   Dourados, piranhas, curimatãs, pacu, piracanjuba, surubim, jau, piapara, piau, mandi, traíra e outros.   (eu, leitor, conheço todos citados)

         O chapadão que o autor está explorando é plano e de vegetação baixa, sendo mais comum as gramíneas.   Plano e contém pouca água.

         Poucas fazendas nesse chapadão.   O sal chegaria muito caro lá.   O pessoal está iniciando o plantio de mandioca por lá.   O milho lá produz bem menos que em Araxá.  Nesta, o milho produz 200:1 e no Chapadão, 130:1.

         Na região, uma terceira concentração de águas minerais e assim a possibilidade de ter criação de gado sem precisar fornecer o caro sal que vem de longe.   (no caso, do Pernambuco)

         Pyra-catu  (bom de peixe).   Peixe saboroso na linguagem indígena.

         Um paulista se embrenhou na região em busca de ouro e em Paracatu, no Córrego Rico, encontrou ouro.   Fez riqueza e muita gente foi parar na região em busca do ouro.

         Quando Paracatu ainda produzia ouro, dependia de Sabará para a fundição do metal.   Em 1819 eram 3.000 habitantes em Paracatu, somando urbano e rural.

         Na época não existia o cargo de prefeito.  Havia a Câmara de Vereadores.   “A casa da Câmara é um sobrado quadrangular, cujo andar térreo serve de prisão, segundo o costume na província”.

         Ele fala do desmatamento em Paracatu e as consequências na redução das águas.     “Quando os primeiros mineradores vieram estabelecer-se na região todos os riachos eram rodeados de matas.   Elas foram derrubadas e a água se tornou menos abundante.   É esse o resultado dos desmatamentos tanto na América como na Europa”.

         Explorar o ouro.   O povo local era pobre e não tinha capital para explorar o ouro de forma mais adequada.  Não tinha confiança nos outros para se associarem no ramo.    “Por outro lado, seria talvez desastroso para o país se firmas estrangeiras ali se estabelecessem, pois não deixariam de carrear para sua pátria o fruto de seus trabalhos”.   (página 151)

         ...”as terras que cercam Paracatu são apropriadas a todo tipo de cultivo”.  (são solos férteis).

         Em Paracatu o pecuarista é obrigado a dar sal para o gado como forma de mantê-lo em boas condições.    Goiás tem terras férteis mas não tem como escoar a produção.   

         Continua no capítulo    9/10