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terça-feira, 6 de abril de 2021

CAP. 03/08 - fichamento - livro - O FIO DAS MISSANGAS - Autor: MIA COUTO (premiado autor de Moçambique - África)

 CAP. 03/08                abril de 2021

          Conto: Meia Culpa, meia própria culpa

         “Sempre fiquei entre o meio e a metade”.  Maria Metade.   “Mas não me coube a metade de um homem”.  

O nome dele:  Seis.  Seis empregos todos perdidos; seis amantes, todas atuais.

Ficou grávida, fez aborto.    “Sendo metade, sofria pelo dobro”.

Ela presa, contando sua história ao escritor.   “A verdade é luxo de rico.  Eu aviso:   minto até a Deus.   Afinal, Deus me trata como meu marido: um nunca me olha, o Outro nunca me vê”.

Ela apunhalou o marido.    “Na prisão, saio pelo pé do meu pensamento”.  Quando criança,  entrava na matinê mas não podia entrar no cinema à noite.

“Eu tinha a raça errada, a idade errada, a vida errada”.   Conselho de mãe:   - Sonhe com cuidado, Mariazita.  Não esqueça, você é pobre.   E um pobre não sonha tudo, nem sonha depressa.

Em criança ficava na calçada em frente ao cinema vendo a alegria das outras.   Em pensamento... “volto onde eu não amei, mas sonhei ser amada”.

“A cidade se foi assemelhando a todas as outras.   Nessa parecença, o meu lugar foi falecendo.  Nessa morte foi levada minha lembrança de mim”.    

“A única memória que me resta: a migalha de um tempo, o único tempo que me deu sonhos”.

Matou o marido bêbado.  Já não tão vivo.   “Por agora, prossigo metade, meio culpada, meio desculpada”.

 

Conto – Na tal noite

A mãe, dois filhos, se prepara com banho de loja para a visita de Natal do marido que trabalha no exterior e vem de carro no Natal e traz presentes.  “O marido senta-se à mesa, refastelado, dono.  Cada vez que ele vem, ele usa mais correntes e cordões.   Para que Mariazinha não pense que ele foi cavalo e não foi burro”.

Ele dez meses sem mandar mesada a ela.  Sabe que ela recebe ajuda do vizinho Alves.   Ele parte logo, o filho avisa que o Alves está chegando...   ela manda o filho ir brincar no quintal para receber o Alves.

        

Página 51 -  A despedideira

Há muito tempo, me casei, também eu.   Dispensei uma vida com esse alguém.   A magia do encontro.

“Vez e voz, os olhos e os olhares.  Ele, na minha frente, todo chegado como se a sua única viagem tivesse sido para a minha vida”.

Um dia ele avisa:   “Que a paixão dele desbrilhara”.     “Ele se chegou e me beijou a testa.   Como se faz a um filho, um beijo longe da boca”.

“Recordar tudo, de uma só vez, me dá sofrimento.  Por isso, vou lembrando aos poucos”.   ... paixão.   “Como a lua: o que brilho é por luz de outro.”

“Toda a vida acreditei: amor é os dois se duplicarem em um”.

55 – Conto – Maria Celulina, a Esferográvida

Lá em Moçambique o para-raios é chamado de apara-raios.

 

         Continua no capítulo 04/08 (um por dia)

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