CAP.08/08 (final) leitura em abril de 2021
Página
125 – Conto – A avó, a cidade e o semáforo
A avó
que morava em aldeia e o neto, professor, ganhou um prêmio e ia recebe-lo na
cidade. A avó queria saber quem iria
cozinhar para ele lá na cidade. “Na
panela se verte tempero ou veneno, diz a avó”.
“Nem
pensar, nunca tal se viu, sujeitar-se a um cozinhador de que nem o rosto se
conhece”. (e que pode ser de aldeia
inimiga)
-
“Cozinhar não é um serviço, meu neto.
Cozinhar é um modo de amar os outros”.
Em
resumo, a avó tanto insistiu que foi para a cidade para “proteger” o neto e
inspecionou tudo no hotel e sentiu alívio porque o da cozinha era da tribo
dela. Na volta, ela optou por ficar
“morando” lá na cidade, de forma precária e vivendo de ajuda de caridade. Dormia perto do semáforo e gostava de
perceber as cores se alternando.
Conto –
O menino que Escrevia Versos
“O pai
da criança, mecânico de nascença e preguiçoso por destino espreitara uma
página”. Lia motores, interpretava
chaparias”.
Quando
jovem... “namoros de unha suja de graxa”.
Versos
pela casa. “O pai sentenciara: havia de tirar o miúdo da escola. Aquilo era coisa de estudos a mais,
perigosos contágios, más companhias”.
O rapaz
ao invés dos esfregas-esfregas com as meninas... escrevia versos. A mãe do garoto, Serafina, sempre defendia o
filho.
O
pai: Então que ele seja examinado: revisão geral. “Parte mecânica e elétrica”. Para o pai aquilo era uma vergonha familiar.
O
médico: Doi alguma coisa? - Doi-me a vida, Doutor. O doutor pediu para a mãe e o garoto
deixarem o caderno de versos para o médico analisar. Conversariam no retorno.
No
retorno da consulta, o médico perguntou se tinha trazido mais versos escritos e
o menino trouxe mais meio caderno das poesias recentes.
O médico
“internou” o garoto por uns tempos.
Nesses tempos, o menino era solicitado a ler poesias para o médico. E o
médico: - Não pare, meu filho. Continue lendo...
Conto –
Uma questão de Honra
Os dois
velhos amigos a jogar dama no bar todo dia na mesma mesa.
Jogar e
conversar. “À volta do tabuleiro os dois
tinham construído uma ilha, um castelo sem areia onde ainda valiam a palavra, a
honra e a amizade”. Horas à fio ali
jogando com direito a cochilos e tudo.
“O bar
era o lar. E cada um deles era, para o
outro, a humanidade inteira”. Deixavam
jogo em curso e voltavam no outro dia para dar sequência. Um dia as peças estavam mudadas. Deu conflito.
Foram pedir opinião ao juiz da comunidade. Os dois amigos se desentendem.
“E
separaram-se, cada um conforme sua solidão”. “Confiança manchada, amizade
desmanchada”. Um deles voltou a falar
com o juiz.
“E o
compadre Fabião era a quem confiava sua única e última riqueza: gordas
lembranças, magras confidências”.
O juiz
deu um parecer que deixou o velho arrasado e este tinha ido armado falar com o
juiz. Indignado, tentou atirar no juiz
e um segurança atirou primeiro e matou o velho jogador de damas.
O outro
teve seu mundo desmoronado e ficava solitário horas em frente ao tabuleiro no
bar e não tinha mais o amigo para jogar e tocar a vida.
Conto –
Peixe para Eulália
“A seca
durava há anos. Sem pingos, sem lágrima,
sem gota”. Consultaram o andarilho. “Senhorito era conhecido por não ter
sabedoria de nada”.
“Ninguém
é só atrasado: outras habilidades se esconderão em outra dimensão do ser. Desconfie-se”.
- “Assim
sem as vistas, quem sabe, evito as feiuras da vida”. (diziam que certas horas ele retirava os
olhos e depois os colocava no lugar)
“A
aldeia, quanto mais pequena, mais carece de um louco. Como se por via desse louco se salvassem, os
restantes, da loucura.”
“Já a
sede ombreava com a fome”.
Eulália
do correio que era gorda, adoeceu e emagreceu. “E já nem forças tinha para sofrer”. Um dia foi vista sentada aos pés do louco
que a compreendia.
O louco
fez um barco a remo, colocou o mesmo na
vertical e subiu remando, remando e não foi mais visto. Iria buscar chuvas e abundância de
peixes. Só Eulália acreditou. E um dia choveu muita água e peixes.
...”chuva
gorda, farta, despenteada trança de água no colo do universo.” “Vale não haver escassez de loucos”.
Final. 04-04-2021
Excelente, Orlando, gosto muito do Mia, e vc?
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