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domingo, 4 de abril de 2021

CAP. 01/08 - fichamento - livro - O FIO DAS MISSANGAS - Autor: o premiado moçambicano MIA COUTO - leitura - abril de 2021

CAP.  01/08

     Eu descobri os livros do moçambicano Mia Couto através de uma das filhas que são tão leitoras quanto eu.   Tenho seguido muitas dicas de leituras delas.    Fora os livros que me dão de presente dentro do meu perfil.

         O Mia Couto é médico, biólogo, poeta e escritor premiado.  Trabalha inclusive com Auditoria de Impacto Ambiental.   É nascido em 1955.

         O livro é composto por vinte e nove contos concisos e ele gosta de trabalhar as palavras com um jeito todo especial que veremos.   É o terceiro livro dele que li.   Gostei de todos.

         No português do Brasil a miçanga é grafada de outra forma.    Livro de 150 páginas

         Como cito número de páginas, informo que li a 7ª reimpressão da primeira edição da Companhia das Letras, de 2009.

         Na orelha da capa do livro:    “A vida é um colar.   Eu dou o fio, as mulheres dão as missangas”

         O autor se declara fã da arte da escrita de Guimarães Rosa, um monumento na literatura brasileira.

         Suas personagens:    ...”dando voz e tessitura a almas condenadas à não-existência, ao esquecimento”.

         Um dos destaques da sua obra é o livro Terra Sonâmbula.

         Conto – As três filhas.     ...”as irmãs nem deram conta de seu crescer: virgens, sem amores nem paixões.   Cada uma feita para socorro: saudade, frio e fome.”

         As três:  uma rima, outra das receitas e a terceira, bordadeira.   A mais nova, bordadeira.   “Lhe doía se lhe dissessem ser bonita”.

         Bordava aves, mas recurvada, nunca olhava o céu.     ... sobre o pano pingavam cristalinas tristezas.

         Chorava a morte da mãe?  Não.  Evelina chorava a sua própria morte.   “Três por todas e todas por nenhum”.

         Aparece um jovem e as filhas se encantam e se arrumam.  O pai ficou de olho.   “Cortar o mal e a raiz”.   O velho pai agarra o moço pelo pescoço.    “E os dois se beijam, terna e eternamente”.

         Há muitos sóis.   Dias é que só há um.  Rosaldo e o visitante, esse foi o dia.   O derradeiro.

         Conto:  O Homem Cadente

         Alguém cai ou salta do prédio.   “Que tropeço derrubara sua vida?”.

         O rapaz caindo lentamente.   “Fosse um político, com o peso da consciência, desfechava logo de focinho”.

         A namorada chorando vendo ele caindo.   “A moça não tinha outra explicação senão a lágrima”.

         “Onde nada se passa, tudo pode acontecer”.    Zuzé caindo...   formou-se comércio no meio dos curiosos.   O policial graduado, no alto falante.     – Desça em nome da lei.   Era um sonho.

         No outro dia foi lá no local para conferir.  Tudo na de sempre.  E mais a praça bem terrestre, desumanamente humana.

         Conto:   O cesto

         Marido há tempos no hospital.   Ela já passada de tantos sofrimentos.   “Tínhamos não camas separadas, mas somos apartados”.

         No hospital:  “lhe falarei, junto ao leito, mas ele não me escutará.  Não será essa a diferença.   Ele nunca me escutou”.

         Ele moribundo.   “Agora, pelo menos, já não sou mais corrigida.   Já não recebo mais enxovalho, ordem de calar, de abafar o riso.

                   Continua, um a cada dia, oito ao todo.   Próximo 02/08

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