capítulo 04/09
Sobre os conflitos entre grupos de artistas de rua. ...”Uma das maiores agressões na arte de
rua é um pichador ou grafiteiro apagar a marca do outro e escrever ali a sua,
ou deixar sua assinatura sobre a do outro”.
Significa desrespeito, desafio... guerra.
Chamam isso de atropelo, quando é Graffiti. Na pichação chamam de desbanque. “Atropelo é sinal de confronto, o desbanque
denota disputa”.
Há os atritos eventuais entre grupos, mas o “inimigo” deles
é a sociedade em si com suas contradições.
Cooperação entre eles numa crew, quando vários do mesmo
grupo fazem uma obra em comum ou até em parceria com outros grupos.
A Pichação – Questões Específicas
O pichador não depreda prédios abandonados. Ocorre que outras pessoas depredam e mesmo
saqueiam e comumente o povo atribui isso aos pichadores. E o pichador deixa lá sua assinatura. Se tivesse culpa, não se mostrava.
“A gente picha porque eles (donos dos imóveis) não gostam,
porque se gostassem, a gente arranjava outra coisa para fazer”.
Outro artista de rua declara: “Eu picho mesmo é protesto”.
Critérios de fama entre os pichadores: Quantidade de pichos; dificuldade de
acesso aos lugares da pichação; desafio à autoridade.
Frase de um artista de rua:
“Nós somos a cárie da Cidade Sorriso”.
Nomes de alguns grupos e mesmo alguns com teor machista,
violento no nome: “mundo imundo”, “tenho
aquilo roxo”, “mijo na rua”, “destruição
em massa”, “pinto7”.
Frase de pichador:
“fome é foda”. “Compre menos,
viva mais!”.
Ano 2007 - Evento com
grafiteiros em Curitiba. Dois
grafiteiros dos mais destacados: Auma e Cimpls.
Depoimento do Cimpls sobre os pichos em obras de arte da praça Dezenove
de Dezembro em Curitiba.
“É uma questão de conflito de gerações. Tem gerações que vêm e tem gerações que
vão...”
Outro se contrapõe:
“Quer dizer que posso chegar no Louvre com um spray e pichar a Monalisa
porque é uma expressão da geração passada?”.
“Onde está escrito que depois de tantos anos você pode
destruir a obra anterior?”
Auma é formado na FAP, uma faculdade de Arte de Curitiba.
As obras de arte da Praça Dezenove de Dezembro no centro de
Curitiba são muito visadas pelos pichadores e grafiteiros. Uma obra é escultura do casal nu, obra de
Erbo Stenzel. A outra é um mural em
alto relevo de Poty Lazzarotto.
Graffite e picho tem pena semelhante na lei 9.605/98.... é
vandalismo e crime... Pena de três
meses a um ano de detenção ou multa”.
Já numa lei municipal de Curitiba, se colocou no mesmo texto como crime
o graffiti, a pichação e a depredação de patrimônio como pontos de ônibus
etc. Os artistas de rua veem isso como
uma medida muito forte contra eles.
Continua no capítulo 05/09
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