Anotações pelo Eng. Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida, 64
anos
Data e local:
13-10-14 no Auditório do Setor de Comunicação Social da UFPr
O evento contou
com vários palestrantes, sendo um deles o Deputado Federal Jean Wyllys do Psol
do RJ. Período da manhã, auditório
lotado.
TEMA – A IMAGEM DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NA
MÍDIA
Palestrantes presentes:
Neli Gomes – Movimento Negro doutoranda em Sociologia (foi acadêmica por cota)
Xênia Mello – Marcha das Vadias – Advogada
Jean Wyllys – Deputado Federal pelo Psol – RJ
Leonildo José Monteiro – Movimento Nacional da População de
Rua
Fala da Neli Gomes –
Movimento Negro
Ela foi acadêmica de Sociologia na UFPr através de cotas e
atualmente está no doutorado. É
inclusive mãe cujo filhinho de três anos (presente no evento) já sofreu
discriminação, inclusive por usar o cabelo estilo afro. A escola pediu para os pais cortarem o
cabelo dele.
Fez referência ao
Manifesto do Recife em evento de cinema.
O tema era O Negro na TV Pública”.
A população negra é grande no Brasil e na TV o negro aparece em
percentual abaixo de 10% no rol de atores na telinha.
Falou que estudou
Sociologia, mas que a Comunicação Social no Brasil em geral estuda a Sociologia
baseada mais em autores de fora. Aborda
pouco do nosso meio e nossa cultura.
Ela disse que
episódios de racismo não devem ser vistos como problema dos que são vítimas
diretas, mas tem que ser vistos como problema de toda a nossa sociedade. Se isolar não resolve o problema.
Falou do
estereótipo no Brasil - A babá, a ama de
leite, preta. A empregada doméstica e
por aí vai.
Fala da Xênia Mello – Movimento das
Vadias -
Advogada
Os movimentos
sociais estão pautados na luta pela superação das opressões sofridas pelas
minorias. Alerta que mesmo dentro de um
determinado movimento, há lideranças com visões discordantes sobre formas e
meios de ação.
Ela defende a
tentativa de se buscar um Agir na Comunicação pelo Feminismo. Fala de se chegar a uma mídia comunicativa
militante feminista.
Lembrou que os
cargos de decisão (e controle financeiro) na mídia estão nas mãos do homem
branco.
Falou sobre
privilégios e exclusão. Um surdo não
costuma ir a eventos, porque não podendo ouvir e não tendo acesso à linguagem
de sinais, fica excluído.
Ela usa o método
de ter o roteiro da fala num caderninho à mão para ficar de forma organizada no
tema sem divagação. É interessante e
funcional, parece.
Em resumo a
meta: Que todas as mulheres sejam
livres e respeitadas.
Fala do Leonildo - Representante dos Moradores de Rua
Ele é negro,
gay, foi gordo e já usou drogas e morou quase dois anos na rua. Tem conhecimento na área de enfermagem e
trabalha em apoio aos que estão na Situação
de Moradores de Rua. Lembrou do
episódio mais trágico em 2004 quando na Praça da Sé em SP houve o assassinato
de uma porção de moradores de rua e não se descobriu quem praticou a chacina e
não houve punição.
Disse que em
Curitiba tem abrigo para ao redor de 900 moradores de rua, mas a demanda seria
ao redor de 4 a
5 mil em situação de morador de
rua. Lembrou que o morador de rua não
tem acesso a segurança (dorme na rua), banheiro, alimentação, etc.
Ele deu um
testemunho pessoal dizendo que foi mais bem acolhido no tempo que foi morador
de rua, pelos próprios moradores de rua (sem preconceito de cor, de ser
homossexual) do que na sua vida social após ter superado a situação de morador
de rua.
Fala do Deputado Federal Jean Wyllys – Psol
RJ (jornalista e ativista)
A cultura muda no
tempo e no espaço. Diferentes meios de
representação.
Mídia... oralidade, escrita, representação pictórica,
fotografia.
Os meios de
comunicação de massa foram coisas criadas pela humanidade.
Um pouco da
história. Cultura Judaico-Cristã
Quando Michelangelo
pintou a Capela Sistina ele passou para a narrativa pictórica a que vinha da
narrativa oral do povo cristão.
Cultura da dominação masculina, tanto pelo Judaísmo, como Islamismo e
Cristianismo. Patriarcais.
O homem domina a
mulher, tem mais poder.
O Egito era
politeísta e o povo judeu que era monoteísta ficou cativo no Egito por bom
tempo. Depois dos judeus se
libertarem do Egito, acabaram caindo sob o jugo dos Romanos, que na época eram
politeístas.
Na fase do Êxodo
dos Judeus, ao retornarem do Egito, tiveram que atravessar o deserto com alto
risco de vida. A energia teria sido
concentrada para depois, na terra prometida, procriar. A mulher estaria com a missão de procriar
essencialmente.
O prazer no sexo não era levado em conta para a condição
feminina.
O Cristianismo
foi “minando” o Império Romano ao ponto de determinado imperador, para
continuar a ter o controle sobre o povo, acabou aderindo ao catolicismo e
colocando a religião Católica Apostólica Romana como oficial do Império.
Povos Bárbaros –
os que não falavam o latim, que era a língua dos romanos. Portugal também entra no contexto do
catolicismo e do Império Romano. Assim
o colonizador do Brasil trouxe sua visão de mundo para cá e não respeitou as
diferentes visões de mundo (culturas, religiões, etc) do povo local. Destaca que nada disso veio da natureza,
mas da ação e das crenças humanas.
Feudalismo,
depois, capitalismo. Capitalismo com
os detentores dos meios de produção e a proletarização dos trabalhadores,
etc. No contexto surgem as correntes
políticas, lutas de classes, etc.
As lutas atuais
do feminismo, GLBT, contra o racismo e outras (das minorias) se desdobram das
demais lutas.
Historicamente
Jesus foi um grande líder inclusive nas lutas pelas Minorias. A sociedade excluía leprosos, cegos, coxos,
etc. Ele adotava postura Inclusiva.
Luta que vem de
longe e desemboca na Revolução Francesa, nas democracias, na luta pelos
Direitos Humanos. Indiretamente, na
luta do feminismo e das minorias.
Nessa luta por
direitos somos representados pelos meios de comunicação de massa. A janela que se abriu foi a mídia digital,
alternativa, via internet. A grande
mídia apóia o Capitalismo e o hegemônico.
Não apóia os movimentos sociais.
A sociedade
(influenciada pela grande mídia) vê a luta nas ruas como “ameaça à família” no
sentido tradicional da família opressora.
O palestrante
lembrou que o que pauta a democracia nos
dias atuais é a defesa das minorias.
As minorias são oprimidas e as opressões podem ser cumulativas. Alguém pode sofrer preconceito
cumulativamente por ser pobre, negro, gay por exemplo.
Ele defende essa
Frente de Lutas que não é só do Capitalismo que oprime as minorias.
Ao final das
palestras houve o lançamento do livro Tempo Bom, Tempo Ruim, do palestrante e
Deputado Federal Jean Wyllys.
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