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sexta-feira, 13 de novembro de 2020

CAP 11/20 - fichamento - livro - UM PACIENTE CHAMADO BRASIL - autor: Luiz Henrique Mandetta - Médico e ex Ministro da Saúde

 CAP 11/20

 

         108 -  Dia 18-03-2020 o presidente do Chile, Sebastián Piñera que articulava a América Latina nas questões da pandemia estava em vídeo conferência.  O nosso presidente não conseguiu agenda para participar e o Mandetta estava participando.    Ele em frente ao computador e a meio metro dele, sem máscara, o General Heleno.     O mesmo que no dia seguinte testou positivo para covid 19.    O Gal.Heleno era Chefe de Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

         Os prefeitos já estavam em clima de campanha para a eleição de 2020 e os adversários destes ficavam de olho para tentar captar falhas do prefeito para usar contra ele na campanha eleitoral.    Entre a cruz e a espada.  Se fecha tudo, afeta a economia, se abre, põe em risco as vidas.

         As pautas nos níveis de governo:

         A pauta número 1 dos municípios é o item Saúde.

         A pauta 1 dos Estados é a Segurança Pública

         A pauta 1 da União é a Economia, emprego, geração de renda.

         113 – “O SUS é o grande pacto federativo do Brasil, porque conecta todas as instâncias de poder”.  Município, estado e União.

         Uma vez por mês, mesmo fora da pandemia, de rotina se reúnem as três instâncias.   Representante do Ministério da Saúde, representante do CONAS Conselho Nacional dos Secretários da Saúde e  do Conasems dos Secretários Municipais da Saúde.    Reuniões para traçarem estratégias de ação.  Na pandemia, o Mandetta instituiu de forma permanente duas reuniões diárias, uma cedo e outra à noite para ações articuladas.   Assim as três instâncias juntas passaram a deliberar todo dia os passos a seguir.            “Acho que foi o momento de maior união da história do SUS”.

         Para o Mandetta foi de grande valia a experiência de ter sido Secretário da Saúde de Campo Grande-MS.

         Houve a hipótese de adiar as eleições municipais mas essa discussão geraria polêmica enorme e iria produzir mais calor do que luz.

         116 – O Mandetta se aconselhava em termos políticos com o deputado José Carlos Aleluia, do partido dele, o DEM.     Aleluia é da Bahia e foi deputado federal por três décadas e ligado ao grupo do ACM Neto.          “Aleluia conhece como poucos o Congresso”

         117 – O Onyx Lorenzoni foi flagrado por jornalistas da CNN tramando a queda do Mandetta, este que ficou sabendo e iria dar no dia seguinte uma resposta dura via imprensa.     O assessor Aleluia ponderou e sugeriu que fosse moderado, o Ministro achou razoável, assim agiu e tudo ficou bem menos traumático.

         “A crise é de caráter...  Nunca mais falei com o Onyx”.  (do seu partido e o seu padrinho na indicação para Ministro)

         118 – O Bolsonaro já tinha ofendido os governadores do Nordeste chamando-os uma ocasião de “paraíbas” num sentido pejorativo.

         No CE, governado pelo PT, estavam aumentando os casos da pandemia e o governador, por pressão popular, estava em vias de afrouxar as medidas de controle.    Sabendo disso e sendo contrário, o Mandetta iria no dia seguinte puxar a orelha do governador pela imprensa.    O assessor Aleluia sugeriu:   Não dê pau no governador.   Ligue e fale com ele.   O Mandetta achou razoável, assim fez, conseguiu o que pretendia e ficou tudo de bastidor sem atrito, sem imprensa.  “Isso graças ao Aleluia”.

         119 – Aleluia ficou sem mandato de 2011 a 2014 porque disputou o senado e não foi eleito.  Pelo conhecimento que tinha no setor, o DEM o colocou como Presidente do Instituto Liberdade e Cidadania, vinculado  ao DEM – Partido Democratas.

         “Todo partido político no Brasil é obrigado a ter uma fundação que recebe 30% do fundo partidário com o objetivo de discutir políticas públicas, apoio à democracia, projetos, formação política, enfim, no papel é uma entidade extremamente nobre”.       Via articulação do Aleluia, o Mandetta que sempre era requisitado para eventos do Instituto, chegou a ser Vice Presidente do mesmo.     Através do Instituto, participou de eventos na América Latina.

         120 – Aleluia foi do grupo político do ACM Antonio Carlos Magalhães que era mestre na prática.   “Sabia qual  briga comprar e qual ficar de fora”.      Mestre ACM e seu aliado Aleluia.

         121 – O Mandetta descreve como foi a articulação dos partidos na Câmara Federal para eleger o Presidente da casa, o Rodrigo Maia, do DEM.     Eram quatro postulantes ao cargo.      Na articulação que elegeu Maia, o pessoal buscou reduzir o poder do centrão e buscou uma opção diferente do PMDB inclusive pelo fato que este já tinha a presidência da república com o Temer.   E assim foi feito.

         122 – O Aleluia é bem articulado e conseguiu inclusive apoio e conquistou o disputado cargo de Conselheiro da Itaipu Binacional.

            ....... continua no capítulo 12/20

CAP 10/20 - fichamento - livro - UM PACIENTE CHAMADO BRASIL - Autor: Luiz Henrique Mandetta - Médico e ex Ministro da Saúde

 CAP. 10/20    - novembro de 2020

         Página 97 -  Porto de Recife PE – Março de 2020.   Navio de cruzeiro com 318 passageiros e 291 tripulantes atraca com um idoso de 78 anos, canadense apresentando sintomas de covid 19.   Se internou numa clínica do Recife.   O pessoal do navio ficou a bordo em quarentena.   O que fazer?    Separaram as pessoas por país, entraram em contato com as embaixadas, acertaram tudo e colocaram os grupos em ônibus fretado com médico acompanhando e levaram os grupos ao aeroporto e as pessoas embarcaram para seus países.   Deu tudo certo.

         Ficou o alerta no caso.  O Ministério lançou um documento proibindo embarque e desembarque de navios de cruzeiro em nossa costa por causa da pandemia.   Muitos outros países já tinham feito essa proibição.   Foi uma choradeira enorme do pessoal de turismo e comércio no Brasil.     Chegou a reclamação na Presidência.   Queriam a revogação do documento, inclusive o pessoal do governo federal.

         A ANVISA sempre sem sintonia com o Ministério da Saúde.    “A ANVISA emite notas técnicas, mas não tem pernas para ir a campo.   Quando a Anvisa diz que recolheu um lote de produtos, não é dela o fiscal que está na ponta.     Usa fiscais da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde”.      ( e mesmo assim não se articulam)

         O presidente da Anvisa, Almirante Antonio Barra Torres é indicação direta do Bolsonaro e o Wanderson da Secretaria de Vigilância Sanitária é de indicação do Mandetta.

         O Ministério da Saúde, a contragosto, teve que revogar a portaria e alterar seu conteúdo na questão dos navios de cruzeiro.    E os navios do gênero já estavam barrados nos portos da América do Norte, América Central e Argentina.    O mundo já estava adotando essa medida.    Se o Brasil não tomasse cuidado, navios com problemas poderiam escolher o Brasil para aportar com milhares de pessoas em quarentena e não teríamos o que fazer com todo mundo.

         E navios de cruzeiro são de alto risco sanitário.   Pessoas de toda que é parte do mundo, uma grande quantidade de gente mais idosa. 

         O Wanderson, da equipe do Mandetta, da área responsável pela portaria, queria pedir demissão de tão contrariado que ficou por uma decisão política interferir de forma grave na busca de proteção da população contra a covid.    O Mandetta pediu para ele ficar e ele acatou o pedido do Ministro.     “ A verdade é que a pressão era enorme para todo mundo no Ministério da Saúde”.

         102 – Estresse do ministro e dos membros da equipe.   “Não era só a responsabilidade de ter que tomar as melhores decisões e a quantidade de trabalho; havia também a insegurança política, pois a insatisfação da presidência com a minha condução do ministério já se mostrava bem clara”.

         O Wanderson, o braço direito do Mandetta, é enfermeiro de formação e concursado das Forças Armadas.  Tem uma filhinha de dois anos com paralisia cerebral e tem convulsão com alguma frequência.   É ele que cuida dela nesse pormenor.

         103 – O Mandetta conheceu o Wanderson em 2015 quando era deputado federal, no período que ocorreu a Zika e em alguns casos causando a microcefalia em bebês.   Mais no Nordeste.     O Mandetta como deputado foi ao Pernambuco para averiguar o problema, após pedido de ajuda do poder público local.   Logo em seguida o Wanderson foi lá destacado pelo Ministério da Saúde.   Ele fez os levantamentos e o relato da zika para comunicação à OMS Organização Mundial da Saúde como manda o protocolo do setor.

         Atualmente a Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz no RJ leva o nome do Cientista Sergio Arouca.    “É o sanitarismo também a maior trincheira do pessoal de esquerda na saúde pública”.  

         104 – “A maior referência desse pessoal é o Sergio Arouca, a pessoa que construiu o SUS e dá nome à Escola da Fiocruz no RJ.”     “Arouca era de esquerda, foi para o exílio durante a ditadura militar e voltou para ser deputado federal”.   “É o idealizador do texto que diz que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado”.   (na nossa Constituição)

         Quando se trata de buscar pessoas de alto gabarito em Sanitarismo, os lugares de referência são as Escolas da Fiocruz no RJ e a Faculdade de Saúde Pública da USP SP.    O Wanderson veio desse meio.

         “Mas no governo Bolsonaro, qualquer pessoa que fosse de esquerda era rejeitada”.

         Quando o Mandetta foi formar a equipe, pensou e convidou o Agenor Alvares que foi Secretário Executivo do Ministério da Saúde e Ministro da Saúde interino em três ocasiões – 2007, 2009 e 2016 sob Lula e Dilma.   Agenor não topou e o Mandetta pediu sugestão.  Veio a sugestão de que fosse o Wanderson da zika.    O Mandetta topou na hora.    O Wanderson é competente e de centro.  

         Ordem em que as autoridades restringiram atividades econômicas:

         Distrito Federal – dia 11-03-20.  Em segundo, SP em 16-03 e em terceiro, RJ em 18-03 e já em seguida todos foram aderindo.

                          Continua no capítulo 11/20

CAP 09/20 - fichamento - livro - UM PACIENTE CHAMADO BRASIL (sobre a pandemia covid 19) - Autor: Luiz H.Mandetta - Médico e ex Ministro da Saúde

 CAP 09/20    - novembro de 2020

         A maioria dos Ministros do Bolsonaro não tinha uma vivência de mandato.   As exceções:   Alvaro Antonio (Turismo), Onyx Lorenzoni, Tereza Cristina e o próprio Mandetta.    Dificulta interagir com as entidades, o povo e dialogar com o Congresso.

         Na reunião com os congressistas, depois da fala do Mandetta, ele pediu licença para dar espaço para o Guedes expor o lado econômico e os deputados e senadores perceberam que ele, o Guedes, estava alheio ao problema social da pandemia.   Demonstraram isso ao Guedes e ele ficou irritado, inclusive com o Mandetta, achando que este fez de propósito essa de expor os riscos da pandemia e deixar o Guedes sobre ataque.

         Depois das explicações do Mandetta, os congressistas ficaram mais cuidadosos com relação ao covid 19.       “A Câmara brasileira é uma das mais abertas do mundo.   Num dia de sessão intensa, que atrai vários segmentos da sociedade e imprensa, chegam a  passar 20.000 pessoas por ali”.

         Os presidentes da Câmara e do Senado pensaram em colocar as casas em recesso, mas o Mandetta disse e lutou para que isso não ocorresse porque matérias importantes de combate à pandemia dependiam de votações no Congresso.    Sugeriu que não entrassem em recesso e que poderiam  atuar de forma remota com videoconferência.

         O Mandetta fez a mesma argumentação com o STF, mesmo sabendo que a Corte tem a maioria dos Juizes já com certa idade.

         90 -  O pessoal do poder Executivo que viajou para os USA com o presidente precisava de quarentena, pois o Secretário da Comunicação voltou com sintoma da covid 19.  Mas como segurar o pessoal?

         Bolsonaro convocando o povo para manifestação do dia 15-03-2020 contra o Congresso alegando que este usurpou uma fatia do Orçamento federal.  Briga por uma fatia de 15 bilhões do orçamento, das emendas parlamentares.

         91 – Esses 15 bi já eram do orçamento, verba para as emendas impositivas, dentro da norma do Congresso.    Verbas para os deputados atenderem obras em suas bases.   Era cumprir e pronto.

         Mas o presidente, na pandemia, resolve apoiar uma manifestação contra o Parlamento.   O General Heleno era desfavorável a essa manifestação sem sentido.   E a agravante de aglomerar na pandemia.

         93 – Dia 15-03-2020, pandemia crescendo, manifestação e o Presidente convida o Mandetta para ir cumprimentar os manifestantes.  Ele não foi inclusive pelo mau exemplo na pandemia.

         O Chefe de Gabinete do Presidente, Major Cid, chamou o Presidente da ANVISA, Almirante Antonio Barra Torres para acompanha-los no cumprimento aos manifestantes.       Saiu na TV com reprovação da imprensa e o povo ficou chateado com a falta de cuidado do Presidente e autoridades.

         As autoridades sanitárias pedindo para o povo não se aglomerar e o Executivo indo apoiar manifestantes.     O governador de Goiás, médico Ronaldo Caiado, discutiu em público com manifestantes.   Desabafou na imprensa dizendo que já apoiou o Bolsonaro, mas naquele gesto dele não o apoiava pois desrespeitava norma de saúde pública.

         94 – “Foi a partir daquele domingo (15-03-2020) que duas mensagens começaram a circular juntas, uma se contrapondo à outra.   O Ministério da Saúde indicava um caminho e o presidente enviava mensagem no sentido oposto, a de não respeitar as orientações do seu próprio Ministério”.

         94 – O Ministério tinha que passar orientações sobre sepultamento de vítimas do covid e o presidente não queria.     “Expliquei que não podia mais haver velório” para vítimas da covid 19.       O protocolo foi:  cadáver dentro de dois sacos plásticos próprios para tal, em caixão lacrado e no máximo duas horas de velório restrito à família.    A resistência da presidência acabou fazendo a norma virar uma Recomendação do Ministério aos estados e municípios, que acabaram acatando e assim fazendo.

         95 – Quase fiz a especialidade de Psiquiatria.   Cheguei a cursar por um ano, antes de mudar para Ortopedia.

         Presidente e a fase de negação diante das mortes e aquela frase da “gripezinha”.    Em caso de doença grave em geral o paciente ouve o diagnóstico, sente um turbilhão, vai confidenciar com um parente próximo e na esperança, busca uma segunda opinião médica.   A primeira fase é de negação.   Na segunda fase, depois da segunda opinião confirmando a gravidade, vem o baque, a fase da raiva:  “Ela tem raiva de Deus e se pergunta: Por que comigo?”...    Nesta fase a pessoa já não nega mais a doença.   Só tem raiva.   Depois, a fase da reflexão.   A próxima fase é a primeira proativa, quando ocorre, onde a pessoa, pés no chão, começa a aceitar o fato e ajudar no tratamento.    

 

          Continua no capítulo 10/20

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

CAP. 08/20 - fichamento - livro - UM PACIENTE CHAMADO BRASIL (SOBRE COVID 19) - Autor: Luiz Henrique Mandetta - Médico e ex Ministro da Saúde

 CAP 08/20       - novembro de 2020

(CAP. 08/20 - record - book - A PATIENT CALLED BRAZIL (ABOUT COVID 19) - Author: Luiz Henrique Mandetta - Doctor and former Minister of Health)

         Aumentando a pandemia e aumentando os repórteres nas coletivas.   A TV Globo já estava ocupando quase todo o Jornal Nacional com o tema.   Todo dia as cinco da tarde, tinha coletiva e na média em cada, umas dez câmeras de emissoras de TV.

         Depois   mudaram o formato das coletivas, inclusive para evitar aglomeração.  Davam entrevista para a TV Oficial e acertavam envio de perguntas pelos repórteres da imprensa.

         75 – Adotaram entre os do Ministério, providências.   Não se podia fazer reunião com a pessoa a menos de três metros de distância uma da outra.

         76 – Usavam colete para evitar contágio.   Usavam só na coletiva e ir pra higienização.    Coletes com a marca do SUS.  Divulgou bastante o SUS.

         O motorista do Mandetta era idoso, pela casa dos 70 anos e ele dispensou o mesmo do trabalho por ser do grupo de risco e o ministro tem que dar o exemplo de cuidados.   Passou a fazer o percurso entre o Palácio e o Ministério, quando tinha que se reunir na Presidência, à pé.    “Sempre gostei de andar e aquele passou a ser o meu tempo para pensar um pouco”.

         O à pé durou até a imprensa descobrir e passou a assediar o ministro e seu colega de equipe.

         78 – O Palácio do Planalto vivia como se nada estivesse ocorrendo em termos de coronavirus.  Dia 04-03-2020 ocorreu a Cerimônia de posse da Secretária da Cultura, Regina Duarte.   Mandetta foi convidado e compareceu.   Viu descuido  geral no local.    Autoridades e artistas aglomerados e se juntando para tirar selfies.   Mania de políticos de falar no pé do ouvido.    “E o ouvido é uma porta de entrada do novo coronavirus”.

         “Para se ter uma idéia, não havia sequer um frasco de álcool em gel no Gabinete do Presidente da República”.    “A sala do presidente era um entra e sai sem cerimônia”.    Bolsonaro é um homem de muito contato físico, muito abraço, muito aperto de mão.

         80 – O Mandetta alertava os do palácio mas ninguém dava atenção. Até que dia 07-03-2020 foram para os USA.   Foram numa delegação de 22 pessoas entre equipe do presidente, senadores e convidados.   O Mandetta não foi e sabia do risco enorme de contrair o novo coronavirus na viagem.

         Dia 06-03-2020 – nos USA – 77 casos de covid 19

         12-03-2020          -  acumulado de 393 casos

         19-03-2020           - acumulado de 3948 casos

         20-03-2020          - acumulado de 5.417 casos

         Nessa semana Trump parou de defender o viver em ritmo normal por lá.   Bolsonaro iria se encontrar com Trump na Flórida, na casa de campo do anfitrião.    O Mandetta fez recomendações inclusive para os seguranças do Presidente.   Usar máscaras, álcool em gel, manter distanciamento etc.

         Não se cuidaram.  Ficaram lá cinco dias.   Na volta, todos no mesmo voo.    O Chefe da Secretaria Especial da Comunicação Social Fábio Wajngarten teve febre e tosse antes de embarcar de volta para o Brasil.  Veio junto com os demais da delegação mesmo com sintomas e aqui chegando, foi direto para o Hospital Albert Einstein.

         Dia 11-03-2020 a OMS Organização Mundial da Saúde reuniu a imprensa e finalmente decretou a pandemia do novo coronavirus.

         82 – A presidente da Fiocruz, em março de 2020, Nizia Trindade Lima.

         85 – No dia da votação do BPC Beneficio de Prestação Continuada para os mais pobres enfrentarem a pandemia.

         Primeiro senador a contrair covid 19:  Nelson Trad.

         Em reunião com o presidente da Câmara e do Senado e lideres partidários, Mandetta explicou os problemas e  pediu verba para distribuir a estados e municípios para estes socorrerem os contagiados.    Nessa reunião, era a primeira vez que os legisladores estavam ouvindo uma explicação detalhada do cenário mundial da pandemia.     Ficaram alertados e o Mandetta conseguiu 5 bilhões de reais de verba emergencial para distribuir aos Estados e municípios.   Sairia das verbas das emendas parlamentares.

         Depois da fala do Mandetta na reunião, falou o Paulo Guedes que parecia alheio à questão da pandemia.

         “Em minha opinião, faltou ao Guedes a capacidade de fazer uma leitura política do momento, pois ele não percebeu o que estava acontecendo.”   (a pandemia batendo à porta)

         87 ...” da quase totalidade dos projetos para amenizar os impactos da pandemia – como auxilio financeiro, - a maior parte veio do Congresso.   De cada dez medidas de impacto social, nove se originaram no Congresso, não do Executivo”.

         A maioria dos Ministros do Bolsonaro não tinha uma vivência de mandato.   As exceções:   Alvaro Antonio (Turismo), Onyx Lorenzoni, Tereza Cristina e o próprio Mandetta.    Dificulta interagir com as entidades, o povo e dialogar com o Congresso.

         .............. continua no capítulo 09/20

CAP. 07/20 - fichamento - livro - UM PACIENTE CHAMADO BRASIL - Luiz Henrique Mandetta - Médico e ex Ministro da Saúde

 capítulo 07/20     - novembro de 2020                       

        

         Página 64 – Os casos da Itália no Carnaval.   Os números foram crescendo muito rápido.

         65 – Um brasileiro vindo da Itália.  Foi do aeroporto pra casa e dali uns dias deu um almoço reunindo a família com parentes.   Ao todo, 32 pessoas.   Depois se sentiu mal, foi internado com suspeita e os testes deram positivo para covid 19.   Foi o primeiro caso no Brasil.   A esposa dele não manifestou a doença, mas quatro dos parentes que estiveram no almoço, sim.

         66 – Pela evolução dos primeiros casos no Brasil deu para ver que o vírus se espalha bem rápido.   “Naquele dia 26 de fevereiro de 2020 o dia do primeiro caso no Brasil, eu parei de fumar.   Comecei com o cigarro aos vinte anos e apaguei a última bituca no cinzeiro aos 55 anos de idade”.

         “A pandemia me fez esquecer o cigarro.   O estresse da abstinência do cigarro foi substituído pelo estresse maior da luta contra a pandemia”.

         69 – Lembrou do ditado que o ano no Brasil só começa depois do Carnaval e de certa forma foi assim.  Encerrou o carnaval e começou a pandemia no Brasil...

         69 – Houve enxugamento das redações e quase não havia repórteres que fossem mais afetos ao setor de saúde e vieram para as coletivas diárias, jornalistas de outras áreas como a de política e a da crônica de Brasilia.  Não se conhecia no Brasil uma cobertura de imprensa desta envergadura.

         69 – Sobre a Itália:   “Aquele era o primeiro país ocidental com a imprensa e a ciência livres, com um sistema de saúde consistente e bom histórico clínico, que entrava em colapso”.

         O sistema de saúde do Irã entrou em colapso antes do da Itátia.  O Irã foi o primeiro que mostrou na TV valas abertas em comum e enterros coletivos.   O país chegou a soltar detentos para tentar amenizar os contágios.

         70 -  A Ásia até se preparou melhor porque lá há fatores específicos de clima, aglomerações urbanas, comercialização de animais silvestres etc.  Pelos riscos, já eles tem uma cultura de se cuidar mais com contatos e uso de máscaras.   Lá na Ásia surgiu a gripe asiática nos anos 60 e a SARS (doença respiratória contagiosa) em 2002.

         Depois da Itália, o covid ataca forte na França, Alemanha, Espanha...

         72 – Em poucos dias, a Europa e o mundo já perceberam a gravidade da covid 19.

         Apenas os USA se mantinham na mão contrária”.

   “Trump retirou da linha de frente do combate à disseminação do novo coronavirus, Dr Robert Redfield, diretor do CDC Centro de Controle e Prevenção de Doenças.   Historicamente é o CDC quem fala pelo sistema de saúde dos USA”.

         Trump colocou no lugar do Dr. Robert, o Vice Presidente Mike Pense para coordenar o enfrentamento da covid 19.  E deu um tom político ao contexto, “sinalizando que o novo coronavirus representa uma ameaça menos do que a estimada e que os USA já tinham os caminhos para enfrentar a situação”    (sqn como de diz no popular)

         73 – Os povos ficaram de olhos nos USA achando que eles tinham alguma solução que os outros não tinham.   Ledo engano.

         73 – “Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas e epidemiologista consultor da Casa Branca, frequentemente divergia de Trump, corrigindo-o publicamente sobre as diretrizes de combate à pandemia e, com isso, conquistando o apoio de muitos norte-americanos.”

         A imprensa aqui no Brasil, mais tarde, chegou a publicar manchetes como:   “Trump também tem seu Mandetta”.       Dr Anthony era consultor da Casa Branca há 36 anos, de Reagan a Barack Obama.

         “Então, numa guinada, Trump recuou e colocou os médicos de volta na coordenação das ações contra a pandemia”.

         74 – O Mandetta disse que nas entrevistas diárias deixava mais o Wanderson e o Gabbardo falarem e só participava das que tinham algo de mais relevante a destacar.   Até para evitar super exposição e conotação política.

         “Ele, o presidente, ficava aborrecido se algum Ministro ganhasse muita evidência em seu governo”.   

         Aumentando a pandemia e aumentando os repórteres nas coletivas.   A TV Globo já estava ocupando quase todo o Jornal Nacional com o tema.   Todo dia as cinco da tarde, tinha coletiva e na média em cada, umas dez câmeras de cada emissora de TV.

.................... continua no capítulo 08/20

CAP 06/20 - fichamento - livro - UM PACIENTE CHAMADO BRASIL - Luiz Henrique Mandetta - Médico e ex Ministro da Saúde

 CAP 06/20   - novembro de 2020

         51– O Mandetta destacou gente do Ministério da Saúde para trabalharem na operação.   O Wanderson decidiu chamar a médica Ho Yeh Li, que é chinesa de Taiwan e coordena a UTI do Hospital das Clínicas da USP.   Ela acompanhou a missão à China.   Resgatar 34 brasileiros, mas foram usados quatro aviões e 120 pessoas que foram para lá.   “Eu disse aos militares que era prudente enviar o menor número possível, mas mandaram gente do Exército até para filmar o resgate”.    (busca de mídia)

         Página 52 – O exército manteve os resgatados em isolamento em Anápolis – GO (na base aérea)   mais uns poucos dos que foram para o resgate e dispensaram a maioria dos tripulantes de ficar em isolamento.  Correram com isso o risco de espalhar a epidemia.

         O nome que o Exército deu à operação:  “Regresso à Pátria Amada Brasil”.

         53 – “Os militares colocaram em prática o que chamam de quarentena à brasileira:  bem – intencionada, mas sem a participação dos técnicos do Ministério da Saúde”.   No confinamento os confinados podiam interagir entre si; assistiram um filme escolhido pelos militares, chamado “Epidemia” e assistiram inclusive um show ao vivo de uma dupla sertaneja de Goiania.    Tudo inadequado para um isolamento.

         54 – Doutora Li era a única da delegação que falava chinês, dos 120 da comitiva que foi ao resgate.

         Felizmente na quarentena deu tudo certo apesar da forma.

         56 – Começou acontecer no Brasil, preconceito contra pessoas de origem asiática.

         57 – O Embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming.   Na feira calçadista no Sul do Brasil e os promotores do evento passaram a barrar chineses do setor que compram ou vendem calçados no evento.

         “O pano de fundo foi a declaração do Presidente dos USA, Donald Trump, classificando o novo coronavirus como vírus chinês”.

         Já no caso da gripe H1N1, porque estudantes de NY pegaram a gripe após voltarem do México, começaram a chamar a gripe de mexicana.    A norma internacional dá um nome à doença que nunca vincula a um país exatamente para evitar xenofobia contra o país.

         58 – Na Olimpiada de 2016 no Brasil e a ocorrência da Zika e a microcefalia em certos casos a ela ligados.   Gente do exterior ficou com medo de contágio e de “importar” a doença para seus países.  

         No meado de fevereiro de 2020 e os chineses, por causa da pandemia, estavam reduzindo suas exportações.      “Nós e o resto do mundo compramos os insumos da área de saúde dos fabricantes chineses.   Aqui os estoques estavam baixando muito rápido, mesmo sem qualquer caso de coronavirus detectado”.    Isto incluía luvas e máscara de uso hospitalar.

         60 – O Mandetta como ministro tinha se reunido com o diplomata da China e isso ajudou no abastecimento de materiais hospitalares.

         “O problema foi que, no mês seguinte, essa boa relação caiu por terra após o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, publicar nas redes sociais uma mensagem considerada ofensiva pela Embaixada chinesa no Brasil.   O teor do twitter de 18-03-2020:

         “Quem assistiu Chernobyl vai entender o q ocorreu.  Substitua a usina nuclear pelo coronavirus e a ditadura soviética pela chinesa.  + 1 vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas q salvaria inúmeras vidas.    A culpa é da China e a liberdade seria a solução”.

         Azedou nossa relação com a China que é nosso maior parceiro comercial.   Na véspera do twitter, o Trump tinha mais uma vez dito o termo “vírus chinês” causando atritos entre os USA e a China.    E nessa o Brasil se alinhou à postura do Trump e ambos passaram a atacar a OMS Organização Mundial da Saúde.

         63 – “O boletim diário é uma exigência quando há uma pandemia porque é útil para todos os países”.

         63 – O caso do navio de Cruzeiro de luxo Diamond Princess atracado na costa do Japão com os turistas e tripulantes a bordo em quarentena desde 03-02-2020, decorrente de casos positivos de covid 19 a bordo.

         Os americanos usaram helicópteros para resgatar do navio mais de 400 norte americanos entre os que estavam a bordo.   Deu uma enorme repercussão mundial e cresceu o medo do covid 19.

         64 – Os casos da Itália no Carnaval.   Os números foram crescendo muito rápido.

 

 

                   Continua no capítulo 07/20

terça-feira, 10 de novembro de 2020

CAP 05/20 - fichamento - livro - UM PACIENTE CHAMADO BRASIL (SOBRE A PANDEMIA) - Autor: Luiz Henrique Mandetta - Médico e Ex Ministro da Saúde

 CAP 5/20

         Página 43 – O Mandetta conta a maratona que foi para criar, tramitar e aprovar na Câmara e no Senado uma lei para embasar as ações necessárias à lida com a prevenção e controle da pandemia do covid 19.

         Criaram a lei 13.979 de 06-02-2020, disponível na internet.

         44 – Fim de janeiro, começo de fevereiro.   Crise no Palácio por conta do Ministro Onyx Lorenzoni, então Ministro Chefe da Casa Civil.  Ele perdeu espaço para seu concorrente Luiz Eduardo Ramos, então General da ativa.

         45 – O Mandetta articulou  uma reunião na casa dele com alguns ministros (cita no livro) para tentar dar apoio ao Onyx.   Tentar que ele continuasse ministro em alguma pasta relevante.   “Ele era o mais próximo do presidente desde a campanha eleitoral e fora um dos responsáveis pela minha indicação ao Ministério da Saúde e era, aliás, o meu canal de comunicação com o Presidente”.

         Semanas depois, Onyx foi exonerado da Casa Civil e empossado no lugar do Osmar Terra no Ministério da Cidadania.    Em lugar do Onyx foi para a Casa Civil o General Braga Neto.   “Homem afável, inteligente e discreto”.      Posse na Casa Civil dia 18-02-2020.

         47 – Agora, lei aprovada para a quarentena e os preparativos para receber os brasileiros resgatados de Wuhan na China.    Com a imprensa, logo percebi que tinha que medir as palavras, pois os militares queriam o protagonismo na operação”    (de resgate).

         47 – Com que verba para fazer o resgate?    As empresas aéreas Latam e azul não quiseram encarar a missão de medo de contagiar a imagem delas com o vírus numa viagem à China.    Há aviões de reserva da presidência, os chamados Sucatões (antigos).   Verbas para abastecer etc.

         Só acharam o meio e fizeram por esse caminho:   Usaram o cartão corporativo da presidência.  Gasto:  R$.739.000,00.     Mandaram quatro aviões.   Dois para a China e dois para trazer poloneses que estavam na China ao país deles, em contrapartida de conseguir com eles local para abastecer os aviões na ida e volta, já que outros países não aceitavam o risco.

         48 – Onde fazer a quarentena dos brasileiros repatriados?  Não havia precedente no Brasil e nem lugar para tal.    A demanda é um isolamento de nível 4 de biossegurança.   NB4, o nível máximo de biossegurança.

         Até então o Brasil só tem locais de até NB3+

         48 – O ambiente NB4 de referência fica nos USA.   É o CDC Centro de Controle e Prevenção de Doenças.

         Em 2019 o Mandetta queria, numa parceria entre o Instituto Evandro Chagas e a FioCruz Fundação Osvaldo Cruz, ter um isolamento NB4.   Nas Américas só existe NB4 nos USA e no Canadá.       O Brasil por estar numa faixa de enormes florestas tropicais tem potencial de risco elevado de haver doenças novas que demandem esse tipo de isolamento.   Atenderia o Brasil e região.

         Houve um projeto de NB4 e o Ministério da Defesa indicou um General reformado para tocar o projeto.   Depois no resgate dos brasileiros em Wuhan  na China, esse mesmo General coordenou as ações sem participação do Ministério da Saúde e seus epidemiologistas.

         Havia duas opções de lugares para os brasileiros repatriados fazerem a quarentena, em duas bases aéreas.   A de Florianópolis e a de Anápolis.   A de Florianópolis o Mandetta achava mais segura, sendo uma base desativada e teria mais condição do isolamento.    A de Anápolis fica pouco distante de Brasilia (150 km)  que é centro do poder e o risco de contágio seria maior.

         “mas pesou a questão do protagonismo, já que os militares poderiam frequentar o local (em Anápolis) aparecendo como comandantes da operação”.

         50 – Pedir ao governo de Goiás (Ronaldo Caiado) para ser lá a quarentena.   Não havia goianos entre os brasileiros repatriados.     Os goianos tem o trauma do acidente com o Césio 137 ocorrido em 1987 na memória do povo.   O Governador Caiado foi firme e acolheu o pedido.   Logo em seguida foi bastante criticado via imprensa, por líderes empresariais locais.

         51 – O Mandetta destacou gente do Ministério da Saúde para trabalharem na operação.   O Wanderson decidiu chamar a médica Ho Yeh Li, que é chinesa de Taiwan e coordena a UTI do Hospital das Clínicas da USP.   Ela acompanhou a missão à China.   Resgatar 34 brasileiros, mas foram usados quatro aviões e 120 pessoas que foram para lá.   “Eu disse aos militares que era prudente enviar o menor número possível, mas mandaram gente do Exército até para filmar o resgate”.    (busca de mídia)

.......................  continua no capítulo 06/20