CAP. 12/20 dezembro de 2020
Problema
é que aqueles que falam contra a legalização não ouvem o que dizem aqueles que
a defendem. Não ouvem as próprias
mulheres enquanto legislam sobre elas.
“Os
desentendidos do assunto falam demais.
E porque falam pensando que dizem verdades, não se calarão”.
Consideram
a si mesmos. como qualquer personalidade autoritária, donos do outro a quem
tomam por “ninguém”.
Ela fala
de deputados com essa postura: “São
atualmente os donos do Brasil e agem como donos dos corpos e mentes das
brasileiras que, de algum modo, eles levam à morte, no contexto do aborto
ilegal”.
A
ilegalidade mata.
Página
115 – Item 42 – As pessoas não sabem o que dizem quando falam de legalização do
aborto.
Oprimir
as mulheres não é novidade nenhuma. O
ódio no discurso contra a legalização do aborto defende ocultamente a morte das
mulheres pobres ou desamparadas legalmente no seu ato comum de abortar”.
Item 43
– O aborto e a bondade das pessoas de bem.
“Ora, a
sociedade da culpabilização é a
sociedade que mata as mulheres pela culpa e pela ausência de direitos”.
Item 44
– A Postura a favor da ilegalidade
Se
referindo às mulheres de posses: “As
demais fazem o aborto que querem em clínicas bem pagas”.
Item 45
– “Olho Gordo” Uma pequena nota sobre a inveja, o medo e ódio na televisão.
“No
Brasil a televisão substitui os livros”.
A TV é uma experiência intelectual, uma experiência de conhecimento, só
que empobrecida”.
O
telespectador: “Ele olha para o
invejado e se sente menor... Ele gostaria de ser o outro, mas não é”. A vida do invejoso é muito triste porque ele
não pode fazer nada.
O
telespectador é aquela pessoa que é orientada à inveja, não ao desejo. Qual a diferença entre uma e outra? O invejoso não quer ser uma pessoa
singular. É que a inveja faz você
imitar o outro enquanto o desejo permite a você se inventar.
A
imitação faz comprar. Comprar, aliás, já
é um ato de imitação. Outro comprou, eu
também compro. Outro usa e eu também
uso. A televisão tenta administrar
afetos das pessoas. A inveja é um afeto
bem primitivo.
“Um
malefício político, porque de tanto ver televisão são convencidas a ficar em
casa trancadas e bem distantes das questões políticas, que decidem sobre suas
vidas”.
As
pessoas que ficam sentadas na frente da TV não sabem o que está lhes
acontecendo. Não sabem que perderam a
capacidade de entender. Não sabem que
simplesmente repetirão o que a TV lhes deu.
Mas também erram porque pensam que a TV lhes dá alguma coisa de graça...
A tela
da TV é uma vitrine.
No
Brasil atual, o poder tem usado o ódio.
E a TV, que é um braço do Estado e do capital, começa a vender o ódio.
OBS de
leitor: Sobre essa de se desligar um
pouco da TV. Me recordei de um
depoimento da Dra. Zilda Arns, proferida em Maringá pouco tempo antes da morte
trágica dela no terremoto no Haiti. Ela
que foi fundadora da Pastoral da Criança.
Ela foi falar sobre a Pastoral do Idoso que foi um desdobramento natural
da pastoral da Criança. As mulheres
voluntárias da Pastoral notavam que era comum nas casas assistidas, haver três
gerações. Avós, pais e crianças. E as voluntárias notavam que na pobreza, as pessoas
acabavam dando mais atenção para a criança e os idosos ficavam em segundo
plano, às vezes mais carentes. E surgiu
a ideia de se criar a Pastoral do Idoso.
Só que as voluntárias tinham em geral um perfil mais voltado para atuar
com crianças e descobriram que teriam que prospectar voluntárias específicas
com vocação para dar atenção aos idosos.
Assim nasceu a Pastoral dos Idosos.
E desta, ela relata algo curioso que vem se ajustar ao discutido sobre
TV. Numa pequena cidade do interior, os
que trabalhavam com idosos faziam reuniões periódicas com estes e promoviam
dinâmicas de bate papo, de integração com jogo de dama, bingo e similares,
tirando o pessoal da TV e levando eles a interagirem na comunidade. Eis que um dia, tiveram a ideia de ir até a
Câmara de vereadores assistir umas sessões.
Lá viram aqueles da geração dos seus filhos, mais estudados que eles,
fazendo e falando coisas que não tinham a ver com o bem comum. Aí só a presença deles na Câmara já mudou
muita coisa. E isto ficou como um caso
para reflexão. Há caminhos e caminhos a
trilhar quando se tem preparo, vontade e criatividade.
Continua
no capítulo 13/20