CAP. 03/08
O
pesquisador foi morar de inquilino, no quintal da casa de Guwani, o
ferreiro. Pagar aluguel e duas “bilhas”
de água por dia. Uma bilha equivale a
uma lata de uns 20 litros. O povo local
acha um exagero do moço. (para quem
toma banho de cuia...)
Árvore
chamada caritê com altura de uns quinze metros no quintal.
Essa
planta dá um tipo de noz. Fala-se que
produz frutos a partir dos cem anos. A
manteiga de caritê é feito dessas nozes.
O
ferreiro segurar brasas com os dedos.
Lá ser ferreiro é raro e tem um lado místico na profissão. O ferreiro toma como ofensa o rapaz
acender fósforo para usar o fogareirinho a gas.
Ele acha
engraçado o costume de muitas mulheres de lá, de guardar coisas debaixo dos seios
caídos e mesmo no cabelo. Seios à
mostra.
(pelo
suposto, a cabeça raspada seria hábito exclusivamente masculino)
O
ferreiro consertava ferramentas quebradas e nada cobrava e nem se via para quem
fazia o serviço. Na colheita, cada um
trazia algo para o ferreiro (algo como
nossos antigos benzedores).
Usam
transportar alimentos em sacos feitos de fibra da palmeira dum.
Os
jovens agricultores deixavam para o ferreiro, porções de alimentos mais
generosas.
O
pesquisador morando no quintal do ferreiro, passou a ter mais acesso ao povo
local. Em consideração ao prestígio do
ferreiro. Um dia alguém da aldeia lhe
pediu dinheiro emprestado e o pesquisador entendeu isso como uma prova de proximidade de uma certa
forma. Modo de mostrar e testar a
confiança. Se você não pede dinheiro
emprestado de ninguém é porque você não confia em ninguém na lógica local.
Há uma
rede de credores e devedores e isso é cultural entre eles.
Nota
nova de dinheiro para eles vale mais...
O
pesquisador alegou problema religioso para não emprestar dinheiro como credor
nem devedor.
Corria o
risco do povo da aldeia não colaborar com suas pesquisas.
O
costume local do povo ajudar nas roças dos noivos para ter boa produção. A sobra era toda gasta na festa de casamento.
(me
lembrei de uns versinhos de uma música de Luiz Gonzaga: “Mas se a safra não atrapalhar meus
planos // que que há, ô Seu Vigário, vou
casar no fim do ano”).
Segredos
entre os locais. Pediam segredos de 20
anos, de 30 anos.
Com o
tempo e tendo ganho a confiança da comunidade, foi levado a conhecer um dos
segredos dos homens locais. O fazer
cerveja escondidos e beberem escondidos.
Mesmo com risco de passar fome, usavam parte do milheto rico em amido
que seria para alimentação, no fabrico de cerveja.
O
islamismo proíbe o consumo de bebidas alcoólicas. No caso, eles dão um jeitinho.
Anualmente
na região há um longo período seco.
Primeiras chuvas, comumente com raios.
Se alguém era atingido por um raio de forma fatal, o povo levava a pessoa
para o ferreiro “ressuscitá-lo”.
Tomar a
cerveja escondido, mais no tempo das águas, quando tem os trabalhos nas
lavouras. Seria para recobrar as forças
do homem.
Quando o
pesquisador ganhou a confiança do povo da aldeia, lhes revelaram o segredo da
cerveja e pediram que guardasse segredo.
Ele teve que prometer segredo de 30 anos para Mei Dagi, seu
assistente. E mesmo deixando o país,
optou por escrever o livro após o tempo da promessa.
Música
local com um tipo de rabeca de duas ou três cordas. A cerveja eles chamam de guiá na linguagem
huaçá.
Os
homens-bois. Usam carne de cabra seca
ao sol e sempre há as asas das moscas...
Eles tem
o mineral laterita e usam técnica rudimentar de fabricação do ferro.
Ouvir
com os rins (forma de orelha) e ouvir
com a sola dos pés, também com a forma de orelha no rastro que deixa no solo.
A
mística dos metais. Extrair o estanho
da cassiterita. Há mais de 3.000 anos
no Niger já se explorava metal, o cobre, no caso. Retirar metais da terra para eles gera ira
da Natureza. Ira e vingança. Desrespeitar a natureza para servir os
humanos... riscos.
Continua
no capítulo 04/8