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sábado, 29 de maio de 2021

CAP. 03/08 - fichamento - livro - A GEOGRAFIA DA PELE - Autor: Engenheiro Agrônomo Evaristo Miranda - vivência como pesquisador no Niger (África - anos 70)

 CAP. 03/08

         O pesquisador foi morar de inquilino, no quintal da casa de Guwani, o ferreiro.  Pagar aluguel e duas “bilhas” de água por dia.  Uma bilha equivale a uma lata de uns 20 litros.   O povo local acha um exagero do moço.    (para quem toma banho de cuia...)

         Árvore chamada caritê com altura de uns quinze metros no quintal.

         Essa planta dá um tipo de noz.  Fala-se que produz frutos a partir dos cem anos.   A manteiga de caritê é feito dessas nozes.

         O ferreiro segurar brasas com os dedos.   Lá ser ferreiro é raro e tem um lado místico na profissão.     O ferreiro toma como ofensa o rapaz acender fósforo para usar o fogareirinho a gas.

         Ele acha engraçado o costume de muitas mulheres de lá, de guardar coisas debaixo dos seios caídos e mesmo no cabelo.    Seios à mostra.

         (pelo suposto, a cabeça raspada seria hábito exclusivamente masculino)

         O ferreiro consertava ferramentas quebradas e nada cobrava e nem se via para quem fazia o serviço.   Na colheita, cada um trazia algo para o ferreiro  (algo como nossos antigos benzedores).

         Usam transportar alimentos em sacos feitos de fibra da palmeira dum.

         Os jovens agricultores deixavam para o ferreiro, porções de alimentos mais generosas.  

         O pesquisador morando no quintal do ferreiro, passou a ter mais acesso ao povo local.   Em consideração ao prestígio do ferreiro.    Um dia alguém da aldeia lhe pediu dinheiro emprestado e o pesquisador entendeu isso como  uma prova de proximidade de uma certa forma.   Modo de mostrar e testar a confiança.    Se você não pede dinheiro emprestado de ninguém é porque você não confia em ninguém na lógica local.

         Há uma rede de credores e devedores e isso é cultural entre eles.

         Nota nova de dinheiro para eles vale mais...

         O pesquisador alegou problema religioso para não emprestar dinheiro como credor nem devedor.

         Corria o risco do povo da aldeia não colaborar com suas pesquisas.

         O costume local do povo ajudar nas roças dos noivos para ter boa produção.  A sobra era toda gasta na festa de casamento.

         (me lembrei de uns versinhos de uma música de Luiz Gonzaga:   “Mas se a safra não atrapalhar meus planos  // que que há, ô Seu Vigário, vou casar no fim do ano”).

         Segredos entre os locais.  Pediam segredos de 20 anos, de 30 anos.

         Com o tempo e tendo ganho a confiança da comunidade, foi levado a conhecer um dos segredos dos homens locais.   O fazer cerveja escondidos e beberem escondidos.    Mesmo com risco de passar fome, usavam parte do milheto rico em amido que seria para alimentação, no fabrico de cerveja.

         O islamismo proíbe o consumo de bebidas alcoólicas.   No caso, eles dão um jeitinho.

         Anualmente na região há um longo período seco.   Primeiras chuvas, comumente com raios.    Se alguém era atingido por um raio de forma fatal, o povo levava a pessoa para o ferreiro “ressuscitá-lo”.   

         Tomar a cerveja escondido, mais no tempo das águas, quando tem os trabalhos nas lavouras.   Seria para recobrar as forças do homem.

         Quando o pesquisador ganhou a confiança do povo da aldeia, lhes revelaram o segredo da cerveja e pediram que guardasse segredo.  Ele teve que prometer segredo de 30 anos para Mei Dagi, seu assistente.    E mesmo deixando o país, optou por escrever o livro após o tempo da promessa.

         Música local com um tipo de rabeca de duas ou três cordas.    A cerveja eles chamam de guiá na linguagem huaçá.

         Os homens-bois.   Usam carne de cabra seca ao sol e sempre há as asas das moscas...

         Eles tem o mineral laterita e usam técnica rudimentar de fabricação do ferro.

         Ouvir com os rins  (forma de orelha) e ouvir com a sola dos pés, também com a forma de orelha no rastro que deixa no solo.

         A mística dos metais.    Extrair o estanho da cassiterita.   Há mais de 3.000 anos no Niger já se explorava metal, o cobre, no caso.   Retirar metais da terra para eles gera ira da Natureza.  Ira e vingança.   Desrespeitar a natureza para servir os humanos... riscos.

         Continua no capítulo 04/8

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