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sexta-feira, 28 de abril de 2023

CAP. 07/10 - fichamento do livro de ficção - TERRA SONÂMBULA - autor moçambicano MIA COUTO

Capítulo 7/10

 

         No bar, o magrelo Quintino tinha levado um murro, já bêbado, e dormia na calçada.  Ao fechar o bar  ...”Alguém puxava Quintino pelos braços.  Depositavam-lhe na calçada, ele estava destinado a dormir sob o lençol de estrelas”.

         A prostituta cega avisa o jovem que o Quintino era quem poderia ser o seu guia na mata com seus perigos, na busca de tentar encontrar Gaspar.

         Carolinda (esposa da autoridade municipal) aparece à noite toda provocante e atraente.  O jovem lembra da sua Farida e o romance que rolou entre ambos.   ...”Ou será que o fogo do desejo faz semelhar toda mulher?”

         Ele teve um caso com Clarinda.

         Capítulo oito – O Suspiro dos Comboios  (trens)

         O velho ao miúdo, perdidos na estrada, se abrigando no ônibus carbonizado.     

         - “Lhe vou confessar.  Eu sei que é verdade:  não somos nós que estamos a andar.  É a estrada”.

         As andanças deles pelas matas perto do ônibus carbonizado .... “ era só fingimento”.

         “Tudo aconteceu na vizinhança do ônibus carbonizado”.   Siqueleto, o fazedor de rios, as mulheres dos gafanhotos...   “Era o país que desfilava por ali, sonhambulante”.

         O velho e as lembranças das antigas viagens de trem.   “O velho se lembrava, olhos quiméricos”.

         - “Você alguma vez escutou a fala do trem?

         - Nunca, tio.

         - É bonito de se ouvir.

         O velho trabalhava numa estação do trem antes da guerra.   Esta chegou e os trens pararam de circular.   Por muito tempo o velho continuou cuidando da estação na esperança de que o trem um dia voltaria.

         O velho guardava no bolso o apito que usava na estação.   Dá o apito de presente para o menino.

         ... “Digo isso porque já perdi a esperança.”  (do trem voltar e a guerra terminar)

         O velho pede para o menino ler os cadernos que acharam no ônibus.

“Dividissem aquele encanto como sempre repartiram a comida”.

         “Ainda bem que você sabe ler, comenta o velho.  Não fossem as leituras eles estariam condenados à solidão”.

         O velho que antes recusava, ouvindo a leitura, resolve limpar o local do ônibus onde se abrigavam na estrada.   Recolhe as cinzas dos mortos que estavam no ônibus.  Espalha as cinzas no campo para quando chovesse, elas ajudassem as plantas a crescerem.   Vida e esperança renascem no velho.        

         Oitavo caderno de Kindzu – Lembranças de Quintino

         O jovem Kindzu foi cedo ao bar para encontrar Quintino, o bêbado, indicado para ser seu guia.   (indicado pela prostituta cega...)

         O bêbado pousou na rua.   Cedo...   “Um homem rebocava Quintino, carregando-lhe às forças”.   O magrinho não resistia:  seus passos é que não encontravam as pernas”. 

         ... “toda direção do embriagado é sempre conveniente.”   Seja qual rumo for, não faz diferença...

         Quintino da delegacia com Kindzu que passou a noite com a mulher do manda chuva do lugar.

         Quintino bêbado, chorando na delegacia.  “Tinha bebido tanto que as lágrimas cheiravam a álcool”.

         Pena do amigo bêbado.   “O mesmo álcool que ontem lhe fizera corajoso, hoje lhe atirava nas valetas”.

         No tempo colonial, Quintino foi empregado na casa do português Romão Pinto.    Na revolução, mataram os donos da casa e enterraram na casa.    Um dia, Quirino invadiu a casa dos ex patrões para “nacionalizar” algum bem que lá encontrasse.   Surrupiar.

         Romão foi fazendeiro e plantava algodão.   Perdida a revolução pelos portugueses, Romão incendiou as próprias lavouras para estas não ficarem nas mãos dos adversários.

 

                   Continua no capítulo 08/10 

quarta-feira, 26 de abril de 2023

CAP. 06/10 - fichamento do livro de ficção - TERRA SONÂMBULA - de autoria do moçambicano MIA COUTO

 capítulo 06/10                            abril de 2023   (a leitura)

 

         Farida e Kindzu há tempos no navio encalhado.   “Uma coisa me certificava:   Pouco a pouco eu me amarrava à presença daquela mulher”.   E ele sabia ao mesmo tempo que o seu destino era outro.

          “Minha missão era contra.     .. eu não podia esquecer meu original motivo: ser um naparama.   (lutar ao lado dos guerrilheiros por justiça junto ao povo nativo).

         “Eu estava parado naquela mulher.. “.    Um dia os dois se afagaram pra valer.

         Logo depois, se despediram e ele levou a promessa de achar o filho da Farida e de traze-lo de volta a ela.

         Sexto Capítulo – As mulheres em rituais

         Elas e somente elas, secretamente, sem poderem ser vistas pelos homens, em ritual na roça, fazendo benzimentos ancestrais para espantar gafanhotos em bando que destroem tudo.  E por acidente, o jovem Kindzu apareceu no meio do ritual e estragou tudo.   Elas vieram pra cima dele e puniram inclusive fazendo sexo coletivo com ele.   Ele que não falava a língua do dialeto local e ficou sem entender o caso.

         Sexto Caderno de Kindzu   -  O regresso a Matimati

         Lugar beira mar.    “Minha única posse era o medo”.

         Ele e Farida no navio encalhado.    “Nosso mundo, meu e de Farida, tinha o tamanho de um navio”.

         Ele de barco voltando à terra depois de ter o caso com Farida.

         “Aquelas visões, dias antes, já tinham estado nos meus olhos”.  Porém agora tudo me parecia mais cheio de cores, em assembleia de belezas”.

         O jovem desembarca em Matimati e começa a procurar o filho de Farida.   Encontra na praia o amigo Antoninho que era ajudante na loja do indiano amigo de Kindzu na infância.   O indiano comerciante que falou que iria abandonar o país no passado quando puseram fogo na loja dele.  Agora o indiano tem nova loja e não abandonou Moçambique.

         Andando entre os estranhos, se lembrou de conselho do pai:  “Agora somos um povo de mendigos, nem temos onde cair vivos”.    ...”mas você, meu filho, não se meta a mudar os destinos”.

         “Um sonâmbulo como a terra em que nascera”.

         ... Assim, sócio  da loja, mostrando a casa.  ...”seguia em frente, exibindo as demais bocas com as quais tinha que repartir o pão”.

         Farida está jurada de morte porque viu e conhece os saqueadores do navio naufragado.   Gente do povo dela.

         Assane (sócio do indiano) entra  de sócio só de fachada, pois todo capital da loja é do indiano.   Assane que é da terra, figura como dono da loja para esta ser aceita na comunidade local.   Por isso, corre risco por hospedar o  indiano, mesmo que temporariamente, em sua casa.

         Assane revela ao jovem que vai ser sócio de fachada do indiano mas não gosta dele nem da raça dele.  Diz que mais adiante ele “nacionaliza” a loja para si e dá um pé no traseiro do indiano.   Assane é um garrafeiro, bebe muito.

         A sociedade local (em decorrência das guerras) está sem configuração e sem comando.   (primeiro, anos 70 para sair do jugo de Portugal e depois em guerra civil pelo poder local)

         “Os chefes aqui andam de ombros tão elevados que já não escutam o bater do coração”.

         O rapaz perguntou a Assane sobre mulheres.  O outro retruca.   “Divagou sobre mulheres que ele dividia em mais ou menos putas”.

         Ao reencontrar o amigo indiano.    “Magrecera, o corpo lhe fugia dentro da roupa”.        

         No momento de inauguração  da loja apareceu um bando de pessoas, atacou, incendiou a loja completamente.

         Sétimo Capítulo  -  Mãos sonhando mulheres.     O velho que caminhava a ermo pela estrada há tempos com o jovem, percebe neste a atração por mulher.   Acha um jeito de ajudar o garoto na realização de fantasia sexual naquele lugar ermo.    Evocando pensamento em mulheres que conheceram.

         Sétimo Caderno de Kindzu      Um guia Embriagado

         Duas horas de luz no bar, antes de desligarem o gerador.   “Muitos aproveitam as duas horas de eletricidade que o gerador da administração distribuía pelo povoado, se agremiavam na cervejaria, a juntar conversa, amolecendo fraquezas em voz alta”.

         Entre os que bebericavam no bar, estava Abacar.  “Sério como uma segunda feira...”.

         O rapaz, forasteiro, no bar tentando achar um guia mateiro para ajuda-lo a encontrar Gaspar.    Mato cheio de combatentes armados.

         Uma prostituta cega chega no bar e fica entre os bêbados.   Ela fica sabendo que o jovem forasteiro procura um guia para a busca.   Ela dá um conselho:    “Encontrarás o miúdo, mas fica proibido de lhe dar caneta ou enxada.   Isso não dá vida para ninguém.   Vale a pena uma arma, estrangeiro”.

        

         Capítulo 7/10

domingo, 23 de abril de 2023

CAP. 05/10 - fichamento do livro de ficção TERRA SONÂMBULA - de autoria do moçambicano MIA COUTO

 capítulo 05/10

 

         O padre aconselhando a moça.  

         “O mundo não tem nenhuma utilidade.  A felicidade só cabe no vazio da mão fechada.   A felicidade é uma coisa que os poderosos criaram para ilusão dos mais pobres”.

         Trouxeram ela de volta para a casa de Romão e Virgínia.   Ela tinha viajado.  À noite, Romão invadiu o quarto dela e a violentou.   A moça grávida do português.   Seria filho rejeitado pela comunidade.

         Uma pessoa aconselhou ela a usar a lenda da criança negra que nasceu albina porque foi atravessada por raio quando estava no útero da mãe.

         “Nascida gêmea primeiro, agora mãe de um albino:  ela era a pior das leprosas, condenada para sempre à solidão”.

         Logo que a criança nasceu, ela entregou o menino numa Igreja.  Não mais foi ver o filho.   Muito tempo depois, Farida vai ao convento em busca de notícia do filho.   A freira fala que o menino Gaspar é menino triste.  “Nunca em sua face foi visto rabisco de sorriso”.

         Farida vai até o navio encalhado e saqueado.   Agora o navio está abandonado.  Ela fica no navio esperando que os donos venham resgatá-lo e ela consiga partir para longe.

         No navio abandonado, ela encontra o jovem Kindzu.

         Quinto capítulo   -   O fazedor de Rios

         Muidinga pensativo sobre a morte do Siqueleto.   O velho e o jovem caminhando e o velho pensando nos velhos tempos dos amores.   E dá um conselho ao jovem.

         -“Se um dia se casar-se, escolha mulher feiona, dessas que os outros nunca invejam”.

         O velho andando na mata com o jovem, encontra um velho amigo e colega de trabalho dos tempos coloniais.   “Cada um puxa sua lembrança, em suave escorrer, rindo mesmo dos mais tristes momentos”.

         O velho solitário cavava buscando formar um rio.   Enfrentando solo pedregoso.   “Esperto é o mar que, em vez da briga, prefere abraçar o rochedo”.

         Argumento de Tuahir sobre o amigo.    ...”não está maluco, não.   O homem é como a casa:  deve ser visto por dentro!”.               

         O sol forte e a seca na savana.   (tipo de vegetação baixa africana).

         “Até o capim que não tem nenhuns pedidos, até o capim vai miserando”.

         O velho e o jovem na estrada procurando um rumo.   “Muidinga começa a desconfiar das certezas do seu guia”.  O jovem:   “Ele pensamenta, fiando conversa”.   O que é perder-se, ao fim e ao cabo?  Muita gente, acreditando ter a certeira direção, nasce já equivocada.  E acaba barateando a prosa.

         Quinto Caderno de Kindzu  - Juras, Promessas, Enganos

         Farida, desiludida, fica no navio encalhado sonhando um dia partir para longe.   Ela e Kindzu no navio.    “Não mexia.  Só ela sentia o navio ceder.  Naquele destroço o tempo parecia também naufragado”.

         Farida e Kindzu queriam partir, mas cada um com seu objetivo.

         “Ela queria partir para um novo mundo, eu queria desembarcar numa outra vida”.    Farida pediu ao garoto que fosse procurar o filho dela, Gaspar.

         “Hei de levar Gaspar comigo”.    O filho de Farida estaria então com quatorze anos.

         Farida e Kindzu há tempos no navio encalhado.   “Uma coisa me certificava:   Pouco a pouco eu me amarrava à presença daquela mulher”.   E ele sabia ao mesmo tempo que o seu destino era outro.

 

                   Continua no capítulo 06/10

quinta-feira, 20 de abril de 2023

CAP.04/10 - fichamento do livro de ficção - TERRA SONÂMBULA - do autor moçambicano MIA COUTO

 

capítulo 04/10

 

         “Você ainda continua com essa mania de encontrar seus pais?”   Está proibido!  Ouviste?”

         A fome e a sede fizeram os dois entrarem na mata em busca de comida e de água.   O velho não via nada a perder.  O menino tinha medo de perder os cadernos com os relatos do menino Kindzu.

         A fome...   “fazendo-os arrotar o seu próprio jejum”.

         A história que o velho contou ao menino.   Aldeias arrasadas, seis crianças mortas.   Ordem de enterra-las.  Uma delas, ainda viva.   O velho não deixou enterrar essa criança.  Os homens protestaram e ouviram ele dizer:  “É meu sobrinho.  Perguntaram.  E você cuida dele?    Sim, eu lhe trato.

         O menino ficou quase morto por fome e por comer mandioca azeda.  Lá eles chamam essa mandioca que contem ácido cianídrico HCN de maquela.

         O menino quase morreu mas no outro dia se restabeleceu.   O velho ficou comovido.  Teve mais carinho pelo menino do que lembrança dos próprios filhos.   E o velho disse:   - “Tu vais chamar Muidinga, decidiu”.  Mesmo nome do filho mais velho de Tuahir, filho que já morreu.

         Capítulo – Terceiro Caderno de Kindzu   - Matimati, a terra da água

         O navio naufragado e o do barquinho bisbilhotando o navio.  Surge uma mulher.   “A beleza daquela mulher era de fazer fugir o nome das coisas”.

         Quarto capítulo – página 63 do livro – A lição do Siqueleto

         Cacimbo seria o orvalho.   Vegetação orvalhada.

         Um estranho velho solitário que ficou numa aldeia onde todos fugiram da violência da guerra.   O velho caçou os dois caminhantes numa armadilha cavada no solo e os levou para casa.   O velho não tem dentes.

         Insulta os dois aprisionados.  “Vocês são fugistas, nosso mal está nos dentes”.  São os dentes que convidam à fome.  É por isso que retirei toda a dentaria”.  Guarda os dentes numa lata.

         O velho e o menino presos na rede.   O velho preso conta uma grande história de guerra e de paz para seus povos.   O desdentado se aquieta e dorme.

         O menino fica surpreso com as palavras do seu velho companheiro.  Tuahir pergunta ao amigo.

         - “Acreditaste em mim?   Fizeste bem.  Te dou um conselho:   não confiem em homem que não sabe mentir”.

         Quarto caderno de Kindzu   - A filha do céu.

         Farida teve muita má sorte.       Na crença se sua gente, nascer gêmeo é sinal de grande desgraça”.

         Farida, uma das gêmeas que foi criada pelo casal de portugueses.   Isto porque a mãe das gêmeas teve que “dar fim” numa delas e descartou Farida.

         Farida quando já mocinha, criada por um casal de portugueses.  Ele de olhos gulosos nela.   Virgínia, a esposa do português, sofria de saudade dos parentes de Portugal.   Desenhava fotos deles.  Sobrepunha as fotos que desenhava como se eles tivessem visitado ela.

         “As fotos sobrepostas traziam novas verdades a uma vida feita de mentiras”.    Virgínia um dia contou sua vida para Farida e depois pediu a ela para escrever cartas como se fossem os parentes da portuguesa.   As cartas depois eram lidas por Farida para Virgínia escutar e esta se emocionava muito.    Tanto que até Farida ficava emocionada e quase nem acreditava que o que ela inventava mexia tanto com o sentimento da portuguesa.

         Escondida do marido, um dia Virgínia entregou Farida para o padre leva-la para a Missão.  Já sentia que não podia mais cuidar da moça.   E a chamou de filha pelo carinho que tinha por ela.

         Passado um tempo, o padre percebeu que Farida gostava muito de retornar para sua terra, seu povo.   O padre aconselhando a moça.  

         “O mundo não tem nenhuma utilidade.  A felicidade só cabe no vazio da mão fechada.   A felicidade é uma coisa que os poderosos criaram para ilusão dos mais pobres”.

 

         Continua no capítulo 05/10

terça-feira, 18 de abril de 2023

CAP. 03/10 - fichamento do livro de ficção - TERRA SONÂMBULA - autor moçambicano - MIA COUTO

 Capítulo 03/10

 

         O menino pensa em deixar sua terra onde só vê mortos.   “Fecho os olhos e só vejo mortos, a morte dos vivos, a morte dos mortos”.

         Na aldeia, sentar debaixo da árvore onde se reúnem os mais velhos.

         “Eu queria ouvir as antigas sabedorias”.   Foi se aconselhar com o Nganga, o adivinho da sua aldeia.   Queria saber se há um lugar para se viver a vida sem conflitos.  O adivinho...   “disse que havia duas maneiras de partir: Uma era ir embora, outra era enlouquecer”.   Meu pai escolheu os dois caminhos, um pé na doideira de partir, outro na loucura de ficar”.

         “Não é o destino que conta mas o caminho”.

         Um velho mágico ...   “atirou os ossinhos mágicos sobre a pele de gazela”.   Para saber a sorte do menino.

         O menino partiu de canoa antes de se despedir da mãe.   “Me despedi da minha mãe, ela nada não falou”.

         Indo embora, apagando a visão dos lugares que conhecia.  Já de noite.

         “O escuro me fechada, apagando os lugares que foram meus”.

         Segundo Capítulo -  As letras do Sonho

         Em viagem, o menino Muidinga, na parada, lendo para o velho Tuahir.   Pergunta para o velho que ele sabe do passado do menino.   O velho diz que nada sabe.

         O menino desconfia.   “Seria verdadeira aquela ignorância dele?”

         “O velho lhe dedica paciências, em fraternais maternidades”.    O menino começa a chamar o velho de tio e o velho recusa isso.

         Pousando, garoto e o velho, no ônibus incendiado na estrada e o cabrito bem importunar.   O menino enxota o cabrito.  O velho adverte.  “Deixa lá.  Ele sente falta das pessoas.  Eu também começo a sentir falta de cabrito.  Primeiramente aqui no meu estômago.”

         “A fome quando ferra nos faz feras”.

         Segundo caderno de Kindzu -  Uma cova no teto do mundo

         De barco mar afora ao vento.   “Até meus remos foram motivo de feitiço”.    ...”aquela manhã estava bem-disposta, aplaudida pelo sol”.

         Um ser sobrenatural abre uma cova e manda ele entrar...   “eu mijava pelos calcanhares”.    Foi um pesadelo.   “Regressei daquele pesadelo já era noite”.      ... “afinal, a luz do cego está na sua mão”.

         O menino navegando no barco é o filho de Taímo.    O barco tem o nome de Taímo em memória.

         “Sempre a água me trouxera facilidades, nelas eu ficava à vontade de gafanhoto em capinzal”.    ...”lá, em minha aldeia, no sempre igual dos dias,  o tempo nem existia”.

         O menino conversando com o espírito do pai que sempre o desprezou.

         “Ele sorriu desprezador” quando o filho disse que ia se unir aos guerreiros blindados (via feitiço), os capulanas.

         Povo local recebendo castigo dos espíritos por causa da guerra.  “Eu e a terra sofríamos de igual castigo”.

         Mampfana, a ave que mata as viagens.

         - “O senhor está bem-disposto, não é, pai?”

         - Sim, estou.  Fez-me bem morrer.

 

         Terceiro capítulo -  O amargo gosto da Maquela

         O menino e o velho que dormiram na estrada no ônibus carbonizado.  O menino e os sonhos ao ler as cartas de Kindzu.

         Contrariando o velho, o menino deixou amarrado o cabrito que apareceu no local onde dormiam.   À noite alguém cortou com faca a corda, matou o cabrito e levou para si.   O velho ficou muito bravo com a desobediência do menino.

         Na região devastada na guerra, o menino vê alguma erva brotando.

         “Mas o mato selvagem não oferece alimentos para quem não conhece seus segredos”.   O velho ralha com o menino.

         “Você ainda continua com essa mania de encontrar seus pais?”   Está proibido!  Ouviste?”

 

                   Continua no capítulo 04/10

domingo, 16 de abril de 2023

CAP. 02/10 - fichamento do livro - TERRA SONÂMBULA - ficção - Autor: Moçambicano MIA COUTO

 capítulo 02/10

 

         Ela um dia lamentou para seu único filho, ainda menino.   Que ela teve tantos filhos e perdeu todos e ficou só ele, esse fraquinho, o “pior”.

         O menino sabia ler.   Vivia triste e sabia que não trazia alegria para a mãe.

         O menino sentado na duna de areia vendo o mar com suas ondas e o sol se pondo.       ...”quando o sol se ajoelhava na barriga do mundo”.

         Um dia uma baleia veio agonizando para morrer na praia e o povo correu para tirar suas carnes para comer, estando a baleia ainda em vida.

         ...”estou mais perdido do que meu mano Junihito”.

         Marcas da guerra nas casas abandonadas da vila.  Marcas de balas.

         “As paredes cheias de buracos de balas, semelhavam à pele de um leproso”.

         No passado recente trouxeram o cimento e as casas com ele construído   ...”residências que duravam mais que a vida dos homens”.

         A fraqueza física da mulher indiana, mulher do único comerciante da Vila.    ...”não aguentaria o peso do mundo”.

         Em Moçambique, monhé é o termo designado para filho de indiano.   Os moçambicanos se sentem desprezados pelos monhés que vivem por lá.

         Bronca grave dos povos nativos contra escolas e professores que traziam saberes de outras culturas.   Dava conflito com a cultura ancestral do povo moçambicano.   Professores e pastores eram vistos com muita reserva.

         O menino gostava de ficar lá no comércio do indiano.   E no fim da tarde eles contemplavam o Oceano Índico.   De um lado Moçambique e do outro a Índia.

         O indiano explicava ao menino que do outro lado ficava a Índia, sua terra e suas crenças.

         O indiano e o menino se distraiam na prosa e nos pensamentos.   O comerciante chegava a esquecer de atender alguns fregueses.

         O menino pensa.   “Eu me confortava: nunca ninguém se havia esquecido nada por causa de mim”.

         Encrenca do indiano com um nativo que quis roubar na loja e na discussão queria atear fogo na loja.   Veio em socorro do indiano um Naparama.   Os naparamas são nativos moçambicanos militantes contra a guerra.  Usavam vestes diferentes,  agiam pela paz e encaravam os armados com a benção do feitiço deles.

         Um naparama apareceu na loja e botou o ladrão para correr sem usar a violência.

         Daí o indiano explicou para o menino que o pai do menino sumiu e era um naparama que continua vivo e atuante.

         Afirmou que o pai do menino e vai até a casa comer a comida que a mulher leva para ele toda tarde.

         O indiano considera o menino como filho dele e nunca teve filho.

         “Você é como filho que Assma nunca me deu”.      O indiano e o menino ficam muito emocionados.

         Sobre o indiano.   “seus olhos tinham modos menineiros de quem não nasceu para aprender as manhas de ser feliz”.

         Um dia bandidos invadiram e incendiaram a loja do indiano.  O povo local não sentiu pena do indiano.    O indiano decidiu abandonar Moçambique.

         O menino se sentiu sozinho.   O irmão no passado, colocado no galinheiro, pai esconder o filho para evitar a convocação para a guerra.   Depois some o pai.   Agora o seu grande amigo vai partir.

         No passado, ele e o indiano nos fins de tarde e a ideia de que africanos e indianos eram um povo só, unidos pelo Oceano Índico.   Agora o indiano se sente estrangeiro e vai partir.

         O menino vê que assim o oceano divide o povo dele do povo indiano.

         O indiano “não tinha ninguém de quem se despedir”.

         “Sem família, quem somos?   Menos que a poeira de um grão.”

         O conselho do indiano ao partir, ao seu amigo menino.

         “Fica, tu não sabes o que é andar, fugista, por terras que são dos outros”.

         O menino tinha dois amigos que não eram da sua gente.  Eram o indiano e o pastor Afonso.   A escola do pastor também foi incendiada pelo povo local.   Por razões culturais.

         O menino resolve procurar o amigo pastor Afonso.    Descobre que o pastor tinha sido assassinado.

 

         Capítulo 03/10

sábado, 15 de abril de 2023

CAP. 01/10 - fichamento do livro - TERRA SONÂMBULA - (ficção) - Autor: MIA COUTO - Moçambicano

 

Capítulo 01/10   -   abril de 2023 


         Obra de ficção ambientada em Moçambique – África

         Primeiro Capítulo – A Estrada Morta

         Pelos anos 70 houve guerra do povo moçambicano para conquistar a independência em relação a Portugal.     Depois houve guerra civil entre o povo moçambicano.   

         Cenário após a guerra:    “Aqui o céu se torna impossível.   E os viventes se acostumaram ao chão, em resignada aprendizagem da morte”.

         Caminhando...  “Vão para lá de nenhuma parte.”   Fogem da guerra.

         Um velho e um menino a caminho.    “Avançam descalços.   Suas vestes tem a mesma cor do caminho”.

         O velho Tuahir e o garoto Muidinga.    Na caminhada a ermo, o velho acompanha o menino que quer reencontrar os pais.

         O velho diz para o menino:  “Vou-lhe contar uma coisa: seus pais não lhe vão querer ver nem vivo”.

         Na estrada, um ônibus queimado e os cadáveres carbonizados.  Caso recente da queima.    No local, acham entre os cadáveres, uma mala com comida e cartas.   O menino (que sabe ler) se interessa pelas cartas e o velho, pela comida.

         Dormir enrolado como um congolote.   Congolote é um bichinho invertebrado local.

         A pedido do velho, à noite, perto da fogueira, o menino lendo as cartas devagar.    O velho escutando.

         Primeiro Caderno de Kindzu

         O tempo em que o mundo tinha a nossa idade.

         Nas cartas...    “Mas as lembranças desobedecem, entre a vontade de serem nada e o gosto de me roubarem do presente”.

         “Acendo a estória, me apago de mim.”    “Me chamo Kindzu.  É o nome que se dá às palmeiras ainda miúdas”.    O pai de Kindzu escolheu o nome para o filho porque era viciado a beber vinho desse tipo de palmeira.

         Vinho chamado sura.    Eles também fazem um destilado do produto da palmeira e a bebida, por ser destilada, é bem mais forte em álcool.

         Taímo, pai de Kindzu, contava histórias que nunca terminavam.  Ele dormia antes.  Levavam ele para casa mas ele recusava cama.   Preferia a esteira no chão.  Como na morte.

         “Leito dele era o puro chão, lugar onde a chuva também gosta de deitar”.

         Sonhos de Taímo.   “Taímo recebia notícias do futuro por via dos antepassados.”      Um dia o velho pôs terno e sapato de sola e gravata.   Falou solene que agora seu país era independente.  Isso num dia 25 de junho.

         Em seguida veio a guerra civil.   “A guerra é uma cobra que usa os nossos próprios dentes para nos morder”.

         Antes da guerra, a família tinha algumas posses.   Agora, a miséria.  

         O velho Taímo tentando consolar a família.   “É bom assim!   Quem não tem nada não chama inveja de ninguém”.    “Melhor sentinela é não ter portas”.

         Taímo presumiu que a guerra iria requisitar um dos filhos dele para morrer combatendo.

         Para evitar isso, mudou o filho para o galinheiro.   Fantasiar de galinha.    “Ao nosso lar só chagavam novidades de balas, catanas, fogo.”  Catana é um tipo de facão.

         Um dia Junito, o do galinheiro, desapareceu.

         O pai que bebia com frequência entre as pescas, agora só fica a beber.  Nem pesca mais.   Morreu de tanto beber.

         “Cerimônia fúnebre foi na água, sepultado nas ondas”.

         Recordação.   “Só recordo essa inundação enquanto durmo.   Como as tantas outras lembranças que só chegam em sonho”.

         Parece eu e o meu passado dormimos em tempos alternados, um apeado enquanto outro segue viagem”.

         O pai, pescador, sumiu provavelmente no mar.   A mãe do garoto Junito (junho, mês da independência de Moçambique) esperava um retorno dele à vida e à casa.   Fazia comida e levava para a casa feita para isso, num local retirado.

         “Em vida do meu velho, minha mãe toda se dedicara à ausência dele.  Agora, ele já morto, ela se mantinha cuidando de sua não comparência”.

         A mãe do Junito comia terra vermelha para “reforçar” o sangue.

         Ela um dia lamentou para seu único filho, ainda menino.   Que ela teve tantos filhos e perdeu todos e ficou só ele, esse fraquinho, o “pior”.

 

         Continua no capítulo 02/10