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sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

CAP. 5/8 - fichamento do livro - PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM - autora : CLARICE LISPECTOR

capítulo 5 de 8.                leitura em dezembro de 2023

 

         Joana teve um caso com Otávio.  Depois, sentimentos controversos, alternando alegria, tristeza, certeza, dúvidas.     ...Serenamente vazia.  Estava pronta.

         Procurou-o então.  E a nova glória e o novo sofrimento foram mais intensos e de qualidade mais insuportável.    “Casou-se”.

         ...”a harmonia existente sob o que não entendia.     ...Falavam-lhe das próprias dores e ela, embora não ouvisse, não pensasse, não falasse, tinha um olhar bom – brilhante e misterioso como de uma mulher grávida”.

         “O que sucedia então?  Milagrosamente vivia liberta de todas as lembranças.  Todo o passado se esfumaçara.  E também o presente eram nevoas...

         “Aos poucos habituou-se ao novo estado, acostumou-se a respirar, a viver”.    Só não habituara a dormir... atravessar a escuridão. Morrer e renascer.”.

         ...”Uma vez terminado o momento de vida, a verdade correspondente também se esgota.”

         Segunda Parte do Livro

         Capítulo – O Casamento

         ... já casados...   “A culpa era dele, a culpa era dele.  Sua presença, e mais que sua presença: saber que ele existia, deixavam-na sem liberdade”.

         Otávio debruçado nos livros de Direito e Joana resolveu dar um basta na situação deles.   

         “Então... começou com ironia”.   Mas não sabia como continuar e esperou, olhando-o.   Ele disse um cômico ar severo:

         - Muito bem.  Agora a senhora faça o favor de se aproximar e encostar a cabeça nesse valoroso peito, porque estou precisando disso”.

         ...”Quantas vezes não dera uma gorjeta exagerada ao garçom só porque se lembrava de que ele iria morrer e não sabia”.

         “Olhava-o misteriosamente, séria e terna.  E agora procurava emocionar-se pensando nos dois futuros mortos”.

         No relacionamento com Otávio...   “Não o odeio, não o desprezo.   Por que procura-lo, mesmo que o ame? Não gosto tanto de mim a ponto de gostar das coisas de que gosto.

         Amo mais o que quero do que a mim mesma.      ...Adiar, só adiar, pensou Joana antes de deixar de pensar.   Porque os últimos cubos de gelo haviam-se derretido e agora ela era tristemente uma mulher feliz.

         Capítulo -  O Abrigo do Professor

         Ela queria encontrar o professor antes do casamento dela.   “Sabia que o professor adoecera, que fora abandonado pela esposa.    O professor recebera-a com ar sereno e distraído.

         ...”como dizer-lhe que iria se casar?   O encontro com o professor ficou só no conversar, mais dela do que dele.

         Capítulo -   A Pequena Família

         Joana na casa dela.   “O que fascinava e amedrontava em Joana era exatamente a liberdade em que ela vivia, amando repentinamente certas coisas ou, em relação a outras, cega, sem usa-las sequer.

         Pois ele se via obrigado diante do que existia.    Bem dissera Joana que ele se via obrigado diante do que existia.     ... que ele precisava ser possuído por alguém.     ...”Não se pode pensar impunemente”.

         No passado Lidia, prima de Otávio, chegou a ser noiva dele.  Depois ele se casou com Joana e a prima ficou como sua amante.

         Otávio com a amante.   “Mas afinal de nada tenho culpa, disse”.   Nem de ter nascido.

         ... sobre a recordação de um beijo de Otávio em Lidia...  “Ninguém saberia que um dia tinham se querido tanto que haviam permanecido mudos, sérios, parados”.

         Ele foi embora um dia.   Lidia tomaria parte na sua vida de qualquer forma.    ...”Depois que se fuja – e nunca se estará livre.”

         ...”Há coisas indestrutíveis que acompanham o corpo até a morte como se estivessem nascido com ele.   Uma delas é o que se criou entre um homem e uma mulher que viveram juntos certos momentos”.

 

         Continua no capítulo 6/8 

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

CAP 4/8 - fichamento do livro (ficção) - PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM - autora: CLARICE LISPECTOR

 capítulo    04                        dezembro de 2023

     (Original de 1943 quando Clarice tinha 23 anos e estudava Direito no RJ)

         Capítulo -  A mulher da voz e Joana

 

         Joana casada com Otávio.  Foi um dia sozinha ver uma casa para alugar.  Não gostou da casa mas se interessou pela mulher.  Mulher viúva e mãe de um filho.

         Joana, após conhecer, disse que não se interessou pela casa.   Perguntou se poderia visita-la uma vez ou outra “para conversarmos”.

         (relato da mulher viúva):          O filho da mulher já é casado e mora em outro lugar.

         ...  “muitos anos de existência, gastou-os à janela olhando as coisas que passavam e as paradas.  Uma vez dividiu-se, inquietou-se, passou a sair e procurar-se”.   Buscou estar entre as pessoas...

         “Ninguém sabia que ela estava sendo infeliz a ponto de precisar buscar a vida.   Foi então que buscou um homem, amou-o e o amor veio adensar-lhe o sangue e o mistério.

         Deu à luz um filho, o marido morreu depois de fecunda-la.  ...   juntou seus pedaços...   Reencontrou a janela onde se instalava em companhia de si mesma.

         ... morreu... virou pó    ...ela é eterna agora.

 

         Capítulo     ... Otávio...

         Olhando-se no espelho...  Joana parecia uma gata selvagem...   “Às vezes ouvia  palavras estranhas e loucas de sua própria boca.   Mesmo sem entende-las, elas deixavam-na mais leve, mais liberta”.

         ... “Mas não queira orar, repetiu-se mais uma vez francamente.   Não queria porque sabia que esse seria o remédio.    Mas um remédio como a morfina que adormece qualquer espécie de dor.

         ...”Preferia conhecer a dor...   “de sofre-la, possui-la integralmente para conhecer todos os seus mistérios”.

         “Havia o perigo de se estabelecer no sofrimento e organizar-se dentro dele, o que seria um vício e também um calmante”.

         Ao piano...   Exercícios...  por que não?   Por que não tentar amar? Por quê não tentar viver?

         Otávio, vinte e sete anos.  “Por que me chamar de folha morta quando sou apenas um homem de braços cruzados?”

         Orar, orar.  Ajoelhar-se diante de Deus e pedir.  O que?  A absolvição.  Uma palavra tão larga, tão cheia de sentidos.   Não era culpado – ou era? De que?   Sabia que sim.   A prima Lídia chega, toca piano.

         Otávio pensava...   prostituta...    “no entanto, mesmo quando se arrependia, voltava a pecar”.

         Amava Otávio desde o momento que ele a quisera, desde pequenos, sob o olhar alegre da prima.   E sempre a amaria ... mesmo quando ele a feria, ela se refugiava nele contra ele”.

         ... a vida é longa.   Temia os dias, um atrás do outro, sem surpresas, de puro devotamento a um homem.

         ... Mas agora ela falava também porque não sabia dar-se e porque sobretudo apenas pressentia, sem entender, que Otávio poderia abraça-la e dar-lhe a paz.

         Ela não era bonita.  No passado Otávio que tinha um caso com sua prima Lídia, após se relacionar com Joana.     ...Daí em diante não haveria escolha.  Caira vertiginosamente de Lídia para Joana.  Sabendo disso, ajudava-se a amá-la.  Não era difícil.    Otávio pensava que ao lado de Joana poderia continuar a pecar.

         Joana teve um caso com Otávio.  Depois, sentimentos controversos, alternando alegria, tristeza, certeza, dúvidas.     ...Serenamente vazia.  Estava pronta.

 

         Continua no capítulo 5 de 8.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

CAP. 03/10 - fichamento do livro - PERTO DE UM CORAÇÃO SELVAGEM - Autora : CLARICE LISPECTOR

 capítulo 3                    dezembro de 2023

(    livro original de 1943 quando Clarice tinha 23 anos e cursava Direito)

 

         “Oh, havia muitos motivos de alegria, alegria sem risos, séria, profunda, fresca”.

         Joana perdeu o pai cedo, depois, casa da tia, depois o internato..

         Joana sobre a infância dela.   “Sim, havia muitas coisas alegres misturadas ao sangue”.  

         Capítulo - ... O banho...

         A tia era esposa do tio Alberto e tinha a filha Armanda, já casada.   A tia no quarto reclamando de Joana para o marido e Joana com o ouvido colado na porta, escutando...

         Joana tinha roubado um livro e estava lendo e foi pega pela tia.   O casal optou por colocar Joana num internato buscando corrigi-la.

         “Mesmo quando Joana não está em casa, fico agitada.  Parece loucura, mas é com se ela estivesse me vigiando... sabendo o que eu penso...”

         ...”- Alberto, nela não há amor nem gratidão.     ...É um bicho estranho, Alberto, sem amigos e sem Deus – que me perdoe!”.

         Joana sofria.   “Nada acontecia se ela continuava a esperar o que ia acontecer...”     ...”perscrutando....  não não a queria!  E como para deter-se, cheia de fogo, esbofeteou seu próprio rosto”.

         ... ela busca o professor.   Ela refletindo sobre a vida e o prazer.    “Quem se recusa o prazer, quem se faz de monge, é porque tem uma capacidade enorme para o prazer, uma capacidade perigosa – daí temer mais ainda.    Só quem guarda as armas a chave é quem receia atirar sobre todos”.

         Joana e o professor em aula particular na casa dele.   Surge uma conversa dele insinuando coisas para ela, um romance, um possível caso.  Entra no recinto a esposa do professor.   Os dois mudam de assunto.

         ...”Por que tinha toda criatura alguma coisa para lhe dizer?  ... E que exigiam, sugando-a sempre?”

         ... uma vertigem.  Logo, outra vertigem.

         “Agora sou uma víbora sozinha.    Lembrou-se de que se separara realmente do professor, que depois daquela conversa, jamais poderia voltar.

         ...”ela própria estava mais viva.   A alegria cortou-lhe o coração, feroz, iluminou-lhe o corpo.”

         ...”alguma fonte estancara-se para o exterior e o que ela oferecia aos passos dos estranhos era areia incolor e seca”.

         ... “o tio brincava com dinheiro, trabalho, com uma fazenda, com jogo de xadrez, com jornais”.

         Joana em relação aos tios:  “sim, gostavam-se de um modo longínquo e velho”.

         Um jantar tenso com os tios e ninguém falava.  Evitava-se fazer barulho com os talheres.   Joana quebrou o silêncio, perguntando sobre Armanda.   Depois perguntou aos tios:   Quando eu vou para o internato?

         Os tios não sabiam que Joana tinha ouvido a conversa dos tios trancados no quarto...

         Joana na banheira...   “Ela mal se conhece, nem cresceu de todo, apenas emergia da infância”.

         ... Ri de novo...   Alisa a cintura, os quadris, sua vida.    ... fecha as janelas do quarto – não ver, não ouvir, não sentir.”

         Joana no internato.      ...”Nesse momento, minha inspiração doi em todo o meu corpo.”      ...e ser realmente uma estrela aonde leva a loucura, a loucura.”

         “Não sinto loucura no desejo de morder estrelas, mas ainda existe a terra.”     ...”liberdade é pouco.   O que desejo ainda não tem nome.”

 

         Continua no capítulo    04

sábado, 2 de dezembro de 2023

CAP. 2/10 - fichamento do romance: PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM - Autora (aos 23 de idade) - CLARICE LISPECTOR

 

capitulo 02/10                DEZEMBRO DE 2023

 

         O curto tempo de vida do pai, a mudança para a casa da tia, o professor ensinando-lhe a viver, a puberdade elevando-se misteriosa, o internato...  o casamento com Otávio.

         “Toda a sua vida era um erro, ela era fútil.  Otávio vivendo no outro quarto.”

         “E de repente toda a lassidão da espera concentrando-se num movimento nervoso e rápido do corpo, o grito mudo. Frio depois, e sono”.

         Capítulo -   ...A Mãe...

         O pai de Joana almoçando com a família e o cunhado Alfredo, amigo da família.  Almoço acompanhado de vinho.  

         Alfredo pergunta o que ela quer ser no futuro.   O pai responde:  “Me disse que quando crescer vai ser herói...”

         O pai falando como foi a mãe de Joana, a Elza.   “Cheia de poder.  Tão rápida e áspera nas conclusões, tão independente e amarga que da primeira vez que nos falamos, chamei-a de bruta!  Imagine.   “Ela riu, depois ficou séria”.

         A esposa... “Era o diabo...    – “Tu não imagina sequer:  nunca vi alguém ter tanta raiva das pessoas, mas raiva sincera e desprezo também”.

         “E ser ao mesmo tempo tão boa... secamente boa”.    ...”eu ainda agora queria saber é o que ela tanto pensava...”

         O pai segue falando mal da esposa perto da filha.   “Sei lá, eu mesmo prefiro que esse broto aí não a repita”.   ...”E nem a mim, por Deus...”

         A mãe de Joana já é falecida.

         Capítulo -   O passeio de Joana

         Agora Joana e seu marido Otávio.

         O casal entre quatro paredes...   “os dois eram incapazes de se libertar pelo amor porque ela aceitava sucumbida o próprio medo de sofrer, sua incapacidade de conduzir-se além da fronteira da revolta”.

         “Como ligar-se a um homem senão permitindo que ele a aprisione?”

         “Como impedir que ele desenvolva sobre seu corpo e sua alma suas quatro paredes?”

         “Por que uma casa encerada e limpa deixava-a perdida como num mistério, desolada, vagando pelos corredores?”

         ...”- Então eu me distraio muito, repetiu.  Sentia-se um galho seco, espetado no ar.   Quebradiço, coberto de cascas velhas.”

         ...”Sentir o corpo fora de si mesma”.   ...

         - “Eu notei, você gosta de andar, disse Otávio, apanhando um graveto”.

         ...”e com uma palavra poderia inventar um caminho de vida.   Se dissesse: estou no terceiro mês de gravidez, pronto! entre ambos viveria alguma coisa.”

         Capítulo   ... A Tia...

         Viajando de bonde para a casa da tia que morava na praia.   Vento forte.

         “Tudo gritava:  não! Não!    A tia a recebe...   – “Pobre da orfãzinha!”

Beijos desajustados (da tia)...     ... Joana deu o fora da casa da tia e saiu rumo à praia.

         “Joana enxugou com as costas das mãos o rosto umedecido de beijos e lágrimas”.     Sozinha na praia.  “Sua felicidade aumentou...”

Mas agora era uma alegria séria, sem vontade de rir.

         Tempos atrás o pai de Joana tinha morrido.   Iria ela morar na casa da tia.      ...”no quintal, um galinheiro velho, sem galinhas.”

         O tio de Joana tinha uma fazenda....

         Joana...   “não tenho nada o que fazer também, não sei o que fazer também”.

         Alegrias de Joana.   “O próprio pensamento adquiriu uma qualidade de eternidade”.   Joana raciocinando sobre a eternidade...   Em suas reflexões, Joana encontrava alguma razão para se sentir feliz em alguns momentos.

 

         Continua no capítulo 3

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

CAP. 1/10 - fichamento do livro - PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM - Autora: CLARICE LISPECTOR (romance)

 

30-11-2023

Cap. 1/10

         Já vou adiantando aqui que este é o primeiro livro que leio da famosa Clarice Lispector.    Antes li uma extensa biografia dela com mais de 600 páginas, escrita pelo judeu como ela, Benjamin Moser.   Li a tradução para o português.

         Ela era uma devoradora de livros, uma leitora compulsiva e tem muito de filosofia neste seu livro e fica inclusive desafiador até o entendimento da narrativa dela.   Dito isto, vamos aos recortes feitos aqui pelo leitor.

         Em 1943 Clarice, que viveu no Recife, nascida na Ucrânia, vivia no Rio de Janeiro e estudou Direito.  Em 1943, ainda muito jovem e estudante quando escreveu este livro.  

         Ela nasceu em 1920 e faleceu em 1977.

         Vamos à obra:

         ... A criança personagem olhando pela janela o quintal da vizinha.   Vê galinhas  “que iriam ser comidas”.  Galinhas procurando minhocas para comer.    “Houve um momento grande, parado, sem nada dentro”.

         “E sempre no pingo de tempo que vinha nada acontecia se ela (esperava) continuava a esperar o que ia acontecer”.

         A menina pensativa...     O pai vê a menina chorando e pergunta:   - O que é isso?   Ela responde:   - Não tenho o que fazer.     O pai abraça a filha.

         ...”ele respira apressado, balança a cabeça.   Um ovinho, é isso, um ovinho vivo.   O que vai ser de Joana?”

         Capítulo         O que vai ser de Joana

         “Sentia dentro de si um animal perfeito cheio de inconsequências, de egoísmo e vitalidade”.

         “Lembrou-se do marido que possivelmente a desconhecia nessa ideia”.

         O marido saia de casa.... “E, livre, nem ela mesma sabia o que pensava”.

         “Sim, ela sentia dentro de si um animal perfeito”.     ...”a bondade me dá ânsia de vomitar”.

         Vendo o homem comendo...    “Sabia que o homem era uma força”.

         “Emocionava-a ler histórias terríveis dos dramas onde a maldade era fria e intensa como um banho de gelo”.

         “Talvez fosse apenas falta de vida:  estava vivendo menos do que podia e imaginava que sua sede pedia inundações”.   “Talvez apenas uns goles”.

         ...”buscar a base do egoísmo: tudo que não sou não pode me interessar”.

         ...”Estava alegre nesse dia.  Bonita também. Um pouco de febre também”.

         “Por que esse romantismo: um pouco de febre?   Mas a verdade é que eu tenho mesmo:  olhos brilhantes, essa força e essa fraqueza, batidas desordenadas do coração”.

         ...”É porque estou muito nova ainda e sempre que me tocam ou não me tocam, sinto – refletia”.

         “Pensar agora em regatos louros.   Exatamente por que não existem regatos louros, compreende?”

         Imaginação...   “Mente-se e cai-se na verdade”.    ...”sinceramente, eu vivo.  Quem sou?  Bem, isso já é demais”.

         Um estudo do compositor Bach.    ...”perco a inteligência”.  Perco a consciência, mas não importa, encontro a maior felicidade na alucinação”.

         “É curioso como não sei dizer quem sou”.

         ...  Quer dizer, sei-o mas não posso dizer.   Sobretudo tenho medo de dizer.     ... pensar...    “Mas sobretudo donde vem essa certeza de estar vivendo?”

         “Não, não passo bem.   Pois ninguém se faz essas perguntas e eu...”

         ... Otávio tosse...  fuma...   me emociona...

         “Piedade é a minha forma e amor.  “De ódio e de comunicação.

A dor cansada numa lágrima simplificada.  Mas agora já é desejo de poesia...”

         “Ainda não se libertara do desejo-poder-milagre, desde pequena.  A fórmula se realizava tantas vezes: sentir a coisa sem possui-la.”

         O curto tempo de vida do pai, a mudança para a casa da tia, o professor ensinando-lhe a viver, a puberdade elevando-se misteriosa, o internato...  o casamento com Otávio.

         “Toda a sua vida era um erro, ela era fútil.  Otávio vivendo no outro quarto.

                   Continua no capitulo 02/10

terça-feira, 28 de novembro de 2023

CAP. 4/4 - fichamento da biografia da CLARICE LISPECTOR - autor: BENJAMIN MOSER (REEDIÇÃO AQUI NO BLOG)

    A edição original deste fichamento aqui no blog é de setembro de 2014. Por isso resolvi reeditar.


 Como já disse nos capítulos anteriores, a Biografia da Clarice Lispector, de autoria de Benjamin Moser, é um livro volumoso, mas de grande qualidade e diversidade de informação.     Dos apontamentos que fui fazendo ao longo da leitura, daquelas partes que mais me chamaram a atenção,  notei que dava para fazer comentários sobre um pouco do pensamento da Clarice, um tanto do Brasil na época e finalmente, destaquei o lado que o autor realça o povo judeu, afinal o autor e Clarice pertencem ao povo judeu e essa condição se reflete naturalmente na obra.    Vamos à síntese do que anotei:

     (Página 23)   Na Ucrânia onde nasceu Clarice, Stalin matou muita gente e depois Hitler também fez o mesmo, para a dor daquele sofrido povo.    Era a região que tinha a  maior concentração de judeus do mundo.     Clarice nasceu na cidade de Tchechelnik.

     (p.27)  Os judeus costumavam ter muitos filhos, pois preceitos religiosos deles não eram compatíveis com o controle da natalidade.

     (p.28)  Por lei, na Ucrânia da época, os judeus não podiam ter terras e viviam em seu país como se fossem estrangeiros.        

     (135)   Nas Guerras Mundiais, praticamente o mundo todo fechou as portas para os imigrantes judeus.

     (p.166)   Para todos os lugares onde os judeus migraram, já na segunda geração eram classe média, visto que sempre foram dedicados inclusive aos estudos.         Sionismo - movimento dos judeus visando ao retorno à terra dos ancestrais.

     (p.244)   O jornalista Samuel Wainer, que foi destaque no cenário brasileiro, era judeu nascido na Bessarabia,  que fazia parte da URSS.    Ele foi proprietário do Jornal Última Hora.      Clarice, formada em Direito, exerceu o jornalismo no Rio de Janeiro por bom tempo e foi até demitida do Jornal do Brasil  por ser judia.

     (p.271)   O diplomata brasileiro Osvaldo Aranha teria assinado pela ONU em 29-11-47 o documento de criação do Estado de Israel.

     (304)   O empresário Adolpho Bloch, da Revista Manchete nasceu na Ucrânia e era judeu.

    (p.327)   O empresário americano Henry Ford, segundo o autor, era um notório anti-semita.    

 

     Conclusão:   o meu hábito de anotar o que achei de mais relevante em todos os livros que leio me fornece uma síntese interessante.    Ao ler e reler esta síntese, reforço o conhecimento das passagens de destaque que permitem uma reflexão boa.   


grato aos leitores que tem acompanhado os fichamentos.


Nesta semana ainda começo a publicar o fichamento do livro Perto de um Coração Selvagem de autoria da Clarice Lispector.    Vamos nessa!                      zap 41 999172552    Eng.Agr. Orlando - Curitiba PR 

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

CAP. 03/4 - fichamento da Biografia de CLARICE LISPECTOR - Autor: BENJAMIN MOSER (REEDIÇÃO NO BLOG)

             Reedição deste blog.  O original é de setembro de 2014           

 No mês de fevereiro coloquei duas partes de comentários daquilo que achei mais interessante na Biografia da Clarice, cuja obra está detalhada no Capítulo I do tema no blog.     Para este capítulo III destaquei mais o lado Brasil da época focado no livro.    Mas antes de entrar no tema Brasil, vou destacar uma frase lapidar para as pessoas que são chegadas a fazer uns rabiscos.   (página 126) " Uma coisa eu já adivinhava:  era preciso tentar escrever sempre, não esperar por um momento melhor porque este simplesmente não vinha.  Escrever sempre me foi difícil, embora tenha partido de uma vocação.  Vocação é diferente de talento.  Pode-se ter vocação e não ter talento, isto é, pode-se ser chamado e não saber como ir".

     Agora, sobre o Brasil da época por conta do biógrafo:

     (pag.129)   Antes do ano de 1920 os navios de Cruzeiro que vinham do primeiro mundo se gabavam de não parar no Brasil.   Havia lá fora o medo de doenças tropicais daqui e outras idéias negativas.

     O Brasil em geral e o Rio de Janeiro (que era a capital federal na época) despontaram para o Primeiro Mundo como lugar interessante após 1920.    Nessa onda, o RJ inaugura em 1922 o famoso Hotel Glória e em 1923 o Copacabana Palace, outro hotel que virou ícone do RJ.     Getúlio Vargas, o Presidente, fez uma forte campanha para melhorar a imagem do Rio em particular e do Brasil em geral no exterior.    E era tempo da cantora super star da época Carmen Miranda estar bombando na mídia.   Ela acabou ajudando a melhorar a imagem do Brasil lá fora.     Futebol e Carnaval já eram produtos fortes do Brasil da época.

     (p.140)     Nossa Casa de Detenção, que depois virou o Carandiru já foi um presídio modelo de tal forma que era aberto a visitantes daqui e do exterior.   Visitantes famosos como o Antropólogo Clode Lévi-Strauss e o escritor judeu Stefan Zweig visitaram a Casa de Detenção.

     (p.142)   Algo para reflexão:    Até 1920 o Brasil não tinha nenhuma Universidade.  O que havia era faculdades isoladas com cursos específicos.    Nada de um campus com vários cursos dentro do conceito de universidade.     E o autor destaca que cidades como Lima, Cidade do México e Santo Domingo já tinham suas universidades desde o século XVI.  

     (p.198)     Na Segunda Guerra Mundial os americanos fizeram em Natal-RN a maior base aérea fora do seu território no esforço de guerra usando Natal-RN por ser um ponto estratégico por ficar no ponto da América do Sul mais próximo da África.    Diz que a  Base americana em Natal era tão grande e sofisticada que tinha até um cinema que recebia os filmes de lançamento, mesmo antes de chegarem à nossa capital federal que era o Rio de Janeiro.

     (p.213)   Em 1888 o Brasil decretou o fim da escravidão e passou a incentivar a imigração para prover mão de obra principalmente nas lavouras, sendo que o café era o carro-chefe.    E que a preferência teria sido para o imigrante italiano por ser branco, latino e católico.   Supunha-se que o povo brasileiro se adaptaria melhor a esse perfil de imigrante, segundo o autor comenta.

     (p.278)   Em 1947, o Brasil em uma fase de estreitamento diplomático com os USA chegou a importar 27.000 toneladas de bananas dos USA.     Parece piada!

     (p.300)   Diz que até certa época recente, no Brasil só três escritores conseguiram viver da literatura e seriam: Érico Veríssimo, Fernando Sabino e Jorge Amado.

     (p.314)   O magnata Giuseppe Martinelli fez o primeiro arranha-céu como se chamava um prédio alto nos tempos dos anos 20.    O povo paulistano ficou abismado com a obra e sua altura mas tinha medo de morar naquela altura.    Para mostrar que o prédio era seguro, o magnata Martinelli se mudou com a família na cobertura do arranha-céu.   Daí as pessoas aderiram à novidade.

     (p.395)   Jânio Quadros, que foi presidente do Brasil, visitou Cuba de Fidel.   Jânio condecorou Chê Guevara  (em 19-08-61) com a maior comenda nacional -  a Ordem do Cruzeiro do Sul.

    (p.427)     Na Ditadura militar os amigos de Clarice, Paulo Francis e Ferreira Gullar, foram presos logo após a edição do AI 5 Ato Institucional número 5 que suspendeu as liberdades democráticas no País em 1969.            

     Em resumo nosso País é novo e estamos no aprendizado...