capítulo 4
Ela na Avenida Cruzeiro do Sul. ... Na favela todos sofrem. “Mas quem manifesta o que sofre é só
eu. E faço em prol dos outros”.
Anos 1957-58. A vida
piorando. Falta de dinheiro até para a
pinga. Menos serviço para a polícia.
As impressões dela na cidade... sala de visita. Na favela:
“E quando entro na favela tenho a impressão que sou um objeto fora de
uso digno de estar em um quarto de despejo.
Mal vestidos. “Sou rebotalho”, estou
no quarto de despejo, e o que está no quarto de despejo ou queima-se ou joga-se
no lixo”.
Nas favelas de dia, vários homens em casa. “Uns porque não encontram emprego. Outros porque estão doentes. Outros porque embriagam-se”. “Só interfiro-me nas brigas onde prevejo um
crime”.
“O meu sorriso, as minhas palavras ternas e suaves, eu
reservo para as crianças”.
Famílias que mudam para a favela, as crianças pioram no
comportamento. “São diamantes que se
transformam em chumbo”. Transformam-se
de objetos que estavam na sala de visita para o quarto de despejo.
...”os políticos sabem que eu sou poetisa. E que o poeta enfrenta a morte quando vê seu
povo oprimido”.
Pouco dinheiro em casa.
Não tenho açúcar porque ontem eu sai e os meninos comeram o pouco que
tinha”.
Ela viu um jovem catador de papel que achou carne estragada
no lixo e comeu ela “esquentada”.
Carolina alertou mas ele disse que estava há dois dias sem comer. Ele morreu intoxicado.
Morreu e foi enterrado como indigente, sem nome e sem
documentos.
Marginal não tem nome.
Um dia na casa de uma patroa que lhe dá um conselho. “Ela disse para eu não me iludir com os
homens porque eu posso arranjar outro filho que os homens não contribui para
criar o filho”.
Catou uns tomates descartados na fábrica Peixe. (também
marca de massa de tomate).
“Duro é o pão que nós comemos. Dura é a cama que dormimos. Dura é a vida do favelado”.
Dona Julita, a patroa de Carolina. Um dia a filha da Carolina pediu para a mãe. – “Mãe, vende eu para a Dona Julita, porque
lá tem comida gostosa.”
No barraco “digo louças por hábito, mas é latas. Comum faltar gordura para a comida.
“Fiz comida. Achei
bonito a gordura frigindo na panela”.
Que espetáculo deslumbrante!.
Para ela, ter o arroz e o feijão já era uma conquista.
Época de eleições...
“Mas o povo não está interessado nas eleições, que é o cavalo de Troia
que aparece de quatro em quatro anos.”
A vizinha, mãe de duas crianças que tentou se matar bebendo
soda cáustica.
...Faz duas semanas que não lavo roupa por não ter sabão.
... “ia andando meio tonta.
A tontura da fome é pior que a do álcool. A tontura do álcool nos faz cantar, mas a da
fome nos faz tremer.”
Está com fome e toma um café com pão. ...depois que comi, tudo normalizou-se aos
meus olhos. Passei a trabalhar mais depressa.
Continua no capítulo 5