capítulo 5/6
Após o dia de chuva na praia, Leda volta e a praia está
quase deserta. Pensa nas filhas: “Minhas filhas se esforçam a cada dia para
ser o meu avesso. São teimosas,
competentes, o pai as está encaminhando pela sua mesma estrada. Determinadas e aterrorizadas, avançam em
um turbilhão pelo mundo, vão se sair muito melhor do que nós, os pais”.
Escreveu uma carta para cada filha quando as deixou e
partiu. As filhas nunca responderam a
carta da mãe. “Que bobagem pensar que
é possível falar de si mesmo aos filhos antes que eles tenham pelo menos
cinquenta anos. Querer ser vista por
eles como uma pessoa e não como uma função.
Dizer: sou sua história, vocês começam comigo, escutem, pode ser útil.”
Leda agora de volta à praia e torcendo para rever Nina. “Nina poderia me ver até como um futuro. Escolher como companheira uma filha estranha. Procurá-la, aproximar-se dela”.
Leda caminhando solitária na praia “até se cansar”. Caminhando com os pés na água e as sandalhas
nas mãos. Pensativa. “Durante o primeiro ano de minha filha
Marta, descobri que eu não amava mais meu marido. Um ano difícil, a pequena não dormia nunca e
não me deixava dormir. O cansaço físico
é uma lente de aumento. Eu estava
cansada demais para estudar, para pensar, para rir, para chorar, para amar
aquele homem muito inteligente...”
...”o amor exige energia, eu não tinha mais...”.
No passado, num dia de inverno, a família de Leda viajando
com as crianças e deram carona para um casal.
Ele mais velho e ela, jovem. Eles
resolveram deixar suas famílias e se aventurarem na vida a dois. Ele deixou esposa e três crianças pequenas e
ela deixou o jovem marido.
Leda ficou tocada por esse contato com o casal. Passou a pensar mais seriamente em abandonar
sua própria família.
“Acho que nunca pensei em deixar minhas filhas. Parecia-me terrível, estupidamente egoísta. Mas pensava, sim, em deixar meu marido,
procurava o momento certo”.
Na trilha dos pinheirais até a praia, Leda deparou com
jovens distribuindo folhetos sobre a perda da boneca de Elena. O desalento da criança e o apelo a quem
encontrasse a boneca. Haveria
recompensa.
No folheto, o número do celular de Nina, mãe de Helena. Leda pegou um folheto e levou consigo.
No passado, Leda jovem rebelde, deixou sua família em
Nápolis e aos 18 anos foi para Florença para estudar. Detestava a sua família grande e agitada.
Quando mais adiante, rompeu o casamento, pediu ao marido
para não levar suas filhas e entrega-las aos parentes dela em Nápolis. Ele respondeu que ele faria o que achasse
melhor e que ela não tinha direito de se meter no assunto já que havia aberto mão
da família.
Poucas vezes ele deixou as filhas com a mãe de Leda. Por seu lado, Leda nunca foi grata à mãe por ter ajudado a cuidar
das filhas dela.
As filhas de Leda no começo após a separação, patinaram nos
estudos mas depois seguiram e foram bem.
Aprenderam o idioma inglês melhor que a mãe que era professora no ramo. Se adaptaram melhor ao tempo delas.
“Pertencem a outro tempo.
Eu as perdi para o futuro”
Leda soube que a família de Nina tem uma mansão perto da
praia, depois da trilha dos pinheirais.
Resolveu dar uma passada por aqueles lados. Estando perto da mansão, telefonou para o
celular de Nina que constava no folheto da procura da boneca. Nina respondeu por perto e estava na mata
próxima, à vista de Leda, aos abraços e beijos com Gino, o dos guarda sois.
Leda sempre buscando subir na carreira acadêmica. Ter que publicar artigos para melhorar o
currículo e ter contato com pesquisadores renomados. Conseguiu com ajuda de uma amiga, que um
artigo dela chegasse às mãos de um pesquisador destacado da Inglaterra. Foi até um evento e lá conheceu o
pesquisador que se mostrou interessado no artigo acadêmico dela e também dela
como mulher. E ambos acabaram indo
para a cama. Isso trouxe a Leda uma
onda de energia sobre seu auto conhecimento e sobre sua obra acadêmica.
Continua no capítulo final 6/6