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domingo, 31 de janeiro de 2021

CAP. 08/10 - fichamento - livro - MODEERNIDADE LÍQUIDA - Autor: ZYGMUNT BAUMAN - Edição do ano 2000

 CAP. 08/10            leitura em janeiro de 2021

         “A vida é uma sequência de episódios – cada um a ser calculado em separado, pois cada um tem seu próprio balanço de perdas e ganhos”.

         O trabalho não pode mais oferecer o eixo seguro em torno do qual envolver e fixar autodefinições, identidades e projetos de vida”.

         A pessoa é medida e avaliada por sua capacidade de entreter e alegrar...

         Ascensão e Queda do Trabalho

         Civilizações no auge dos seus poderes:  Roma no século I, China no século XI, Índia no século XVII, Europa na Revolução Industrial.

         Página 177 – A renda per capita na Europa Ocidental no século XVIII não era mais que 30% acima da renda da Índia, África ou China da mesma época.

         Em menos de um século, tudo mudou.   Em 1870 a renda per capita da Europa industrializada era 11 vezes maior que a dos países mais pobres.   Já em 1995, o processo se multiplicou por cinco e a Europa industrializada possuía renda ter capita 50 vezes maior que a dos países mais pobres.

         181 – Na Revolução Industrial...   “Grande era belo, grande era racional; grande queria dizer poder, ambição e coragem...”    ... monumentos que, fossem ou não indestrutíveis, deveriam parece-lo.     ... trilhos pontuados de majestosas estações dedicadas a emular os antigos templos para a adoração da eternidade e para a gloria dos adoradores.

         “A modernidade sólida era...   do engajamento entre capital e trabalho fortificado pela mutualidade de sua dependência.   Os trabalhadores dependiam do emprego para sua sobrevivência; o capital dependia de emprega-los para sua reprodução e crescimento”.

         184 – Como sugeriu Sennett em estudo recente, foi só depois da II Guerra Mundial que a desordem original da era capitalista veio a ser substituída, pelo menos nas economias avançadas, por sindicatos fortes, garantidores do Estado de bem-estar, e corporações de larga escala, que se combinaram para produzir uma era de estabilidade relativa.

         ... ambos os lados (capital e trabalho) sabiam que sua sobrevivência dependia de encontrar soluções que todos considerassem aceitáveis.

         Sennett conclui:   “A rotina pode diminuir, mas pode também proteger; a rotina pode decompor o trabalho, mas pode também compor uma vida”.

         Isso tudo mudou.   Hoje é tempo de curto prazo.  (O livro é do ano 2000).    ...”um jovem americano com nível médio de educação espera mudar de emprego onze vezes durante a sua vida de trabalho.   O termo usual é flexibilidade.

         O fim do emprego como conhecemos.    ... posições sem cobertura previdenciária...    A vida de trabalho está saturada de incertezas.

         Sub título:   Do Casamento à Coabitação

         Se os revezes aos empregados ocorrem de forma aleatória, sem lógica, não tem como as pessoas se unirem contra os revezes.    “Os medos, ansiedades e angústias contemporâneos são feitos para serem sofridos em solidão”.

         Dificultam os atos de solidariedade e de defesa de classe.

         Pierre Bordieu fez estudos nesse tema.       “... em face das novas formas de exploração, notavelmente favorecidas pela desregulação do trabalho e pelo desenvolvimento do emprego temporário, as formas de ação sindical são consideradas inadequadas.”

         Os fatos recentes quebraram os fundamentos das solidariedades passadas.     (relembrando que este livro é do ano 2000)

         ...”e que o resultante desencantamento vai de mãos dadas com o desaparecimento do espírito de militância e de participação política”.

         Mark Granovetter diz que os atuais são tempos de laços fracos.

         O emprego no sistema tradicional comparado ao sentido figurado, seria um casamento e o emprego hoje é um viver junto, transitório, uma coabitação.

                                      Continua no capítulo 09/10

CAP. 07/10 - fichamento - livro - MODERNIDADE LÍQUIDA - Autor: Filósofo e Sociólogo - ZYGMUNT BAUMAN - Edição 1ª no ano 2000

 CAP. 07/10                leitura feita em janeiro de 2021

         A mudança em questão é a nova irrelevância do espaço...

         Hoje os dados trafegam quase na velocidade da luz.   O longe e o perto até perdem o sentido nesse tráfego. 

         A Sedutora Leveza do Ser – Vida Instantânea

         O Pesquisador Richard Sennett acompanhou no Forum Econômico Mundial em Davos na Suiça os grandes empresários.   Sobre Bill Gattes, destacou:  “Tinha cuidado em não desenvolver apego (especialmente apego sentimental) ou compromisso duradouro com nada, inclusive suas próprias criações”.     Gattes não tinha medo de tomar o caminho errado, pois nenhum caminho o manteria na mesma direção por muito tempo e porque voltar atrás ou para o outro lado eram opções constante e instantaneamente disponíveis”.

         ...  mas a história é tanto um processo de esquecer como de aprender, e a memória é famosa por sua seletividade”.

         Mudanças...   “Na famosa frase de Guy Debord, `os homens se parecem mais com seus tempos que com seus pais`”

         E os homens e mulheres do presente se distinguem dos seus pais vivendo num presente que quer esquecer o passado e não parece mais acreditar no futuro.”

         Mas a maioria do passado e a confiança no futuro foram até aqui os dois pilares em que se apoiavam as pontes culturais e morais entre a transitoriedade e a durabilidade, a mortalidade humana e a imortalidade das realizações humanas, e também entre assumir a responsabilidade e viver o momento”.      

         Página 164 – Capítulo 4 – Trabalho

         O autor viveu por trinta anos na cidade inglesa de Leeds que é do século XIX e tem uma câmara num prédio majestoso e  sólido.

         Frase de Ambrose Bierce de 1906 em seu Devil´s Dictionary:   “o tempo quando nossos negócios prosperam, nossos amigos são verdadeiros e nossa felicidade está assegurada.”   (como leitor faço um modesto contraponto com uma trova nordestina cujo autor não me ocorre, mas que me parece ter bastante sabedoria popular:    “Tem amigos que se parecem // com aves de arribação // faz tempo bom, eles vem // faz tempo mau eles vão”

(na verdade essas aves permanecem numa região quando tem água e alimentos e quando seca tudo, elas migram para sobreviver)

         Autoconfiança moderna ... sobre o futuro.

         ... expressões de fé em que o que se desejava podia e devia ser realizado.    O futuro era a criação do trabalho, e o trabalho era a fonte de toda criação...   Pierre Bordieu notou recentemente com tristeza:

         “Para dominar o futuro é preciso estar com os pés firmemente plantados no presente”.

         Sub Título – Progresso e fé na História

         Henry Ford sobre o exercício:  “Exercício é bobagem.  Se você for saudável, não precisa dele; se for doente não o fará”.    (há controvérsia, claro!)

         “Cada forma de projeto social mostrou-se capaz de produzir tanto tristeza quanto felicidade, senão mais.    Isso se aplica em igual medida aos dois principais antagonistas – o hoje falido marxismo e o hoje esperançoso liberalismo econômico”. 

   (como leitor, fica mais um modesto contraponto.  Na pandemia tem sido notado que países de orientação marxista como China, Cuba e Vietnã socorreram com mais eficácia seus povos e também a China tem exportado vacinas, respiradores e demais equipamentos que tem ajudado salvar vidas.   A rica Europa Ocidental e USA não demonstraram a mesma eficácia.   Na parte econômica, lembrar que a China é a maior exportadora para os USA e seu superavit propiciou à China ser credora de mais de 1 trilhão de dólares da dívida pública americana)

         Observação de Peter Drucker de 1989 – defensor do estado liberal.

         ... não procuramos uma boa sociedade nem estamos muito certos sobre o que na sociedade em que vivemos nos faz inquietos e prontos para correr”

         O veredito de Peter Drucker:   “Não mais salvação pela sociedade”.

         171 – “Vivemos num mundo de flexibilidade universal.   São poucos os portos seguros da fé, que se situam a grandes intervalos, e a maior parte do tempo a fé flutua sem âncora, buscando em vão enseadas protegidas das tempestades”.

         Antes a fé e acreditar, no resumo de leitor, que com fé tudo se resolvia.

         Volta o autor...  .... a ciência contemporânea voltou-se para o reconhecimento da natureza endemicamente indeterminística do mundo, do enorme papel desempenhado pelo azar e para a excepcionalidade, não à normalidade da ordem e do equilíbrio”.

         ... para o mundo das questões humanas e da ação humana.    “A continuidade não é mais marca de aperfeiçoamento”.   Incertezas.      “O labirinto como alegoria da condição humana foi mensagem transmitida pelos nômades aos sedentários.   O azar e a surpresa mandam no labirinto, o que sinaliza a derrota da Razão Pura.

         Capítulo 08/10

sábado, 30 de janeiro de 2021

CAP. 06/10 - fichamento - livro - MODERNIDADE LÍQUIDA - Autor: ZYGMUNT BAUMAN - Edição oridinal ano 2000

CAP. 06/10                - leitura em janeiro de 2021

         Página 129 – “Claude Lévi-Strauss, o maior Antropólogo cultural do nosso tempo (que já esteve no BR por algum tempo)...  reação de repulsa aos estranhos... êmica ...  separação espacial  (tipo guetos)...   reação de “ingerir”. ... fazer dos corpos algo igual ao do corpo que os ingeriu...

         Um tipo de reação ao estranho é de exilar ou aniquilar.   A outra, ao contrário é de “digerir” e suprimir a alteridade do outro.

 ( alteridade é o reconhecimento de que existem pessoas e culturas singulares e subjetivas que pensam, agem e entendem o mundo de suas próprias maneiras. Reconhecer a alteridade é o primeiro passo para a formação de uma sociedade justa, equilibrada, democrática e tolerante, onde todas e todos possam expressar-se, desde que respeitem também a alteridade alheia.)

         133 – Item – Não fale com Estranhos

         “Torna-se cada vez mais fácil misturar a visão dos estranhos com os medos difusos da insegurança”...   Como resumiu Sharon Zukin:  “Ninguém mais sabe falar com ninguém”.

         ...”mas no uso norte-americano comum, a cultura é, antes de tudo, a etnicidade que por sua vez é um modo legítimo de escavar um nicho na sociedade”.   ... implica acima de tudo separação territorial, o direito a um espaço defensável, espaço que precisa de defesa e é digno de defesa precisamente por ser separado”.

         ...”já que há os espaços onde ninguém sabe falar com ninguém, a meta é estar no nicho seguro onde todos são parecidos com todos...  onde... há pouco a se falar e a fala é fácil.

         ...queiram tirar sua lasquinha da etnicidade e inventem cuidadosamente suas próprias raízes, tradições, história compartilhada e futuro comum...

         ... sua cultura separada e singular... um valor em si mesma...

         Cada formação social promove seu próprio tipo de racionalidade, investe seu próprio significado na ideia de uma estratégia racional de vida.

         Sennett há vinte anos já citava:    ...”as pessoas se tornarem espectadores passivos de uma personagem política que lhes oferece para o consumo suas intenções e sentimentos em lugar de seus atos”.

         139 – Ao longo dos tempos as pessoas sempre tiveram dificuldade de lidar com estranhos e o problema aumenta se os estranhos são estrangeiros.

         Isso...  “pode muito bem levar a unir o difuso amontoado de indivíduos atemorizados e desorientados em alguma coisa vagamente assemelhada a uma “comunidade nacional; e essa é uma das poucas tarefas que os governos de nosso tempo são capazes de fazer e tem feito.”

         A Modernidade como História do tempo

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         144 – Da Modernidade Pesada à Modernidade Leve

         A modernidade pesada foi a era da conquista territorial.  Na versão pesada da modernidade,  o progresso significava tamanho crescente e expansão espacial.    No tempo das grandes fábricas e da mão de obra por muito tempo no emprego, o autor compara a um casamento por conveniência entre o capital e a mão de obra.

         Era a conveniência e a necessidade – raramente de amor...  deveriam permanecer unidas:  uma não poderia sobreviver sem a outra.   Quem começava uma carreira na Ford tinha boa chance de encerra-la na mesma.  Já quem inicia uma carreira na Microsoft já não tem essa tendência.   Nas empresas de tecnologia da atualidade gerentes se ocupam de implementar formas organizacionais mais soltas e por isso mais adequadas ao fluxo...

         ...tentativa permanente, não conclusiva, de formar uma ilha de adaptabilidade superior.... num mundo percebido como múltiplo, complexo e rápido e, portanto, como ambíguo, vago ou plástico  (maleável...)”.

         Em tais condições a ideia de uma carreira parece nebulosa e inteiramente fora de lugar.

         A mudança em questão é a nova irrelevância do espaço...

         Hoje os dados trafegam quase na velocidade da luz.   O longe e o perto até perdem o sentido nesse tráfego. 

                            Continua no capítulo 7/10


sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

CAP. 05/10 - fichamento - livro - MODERNIDADE LÍQUIDA - Autor: Filósofo e Sociólogo ZYGMUNT BAUMAN - Edição em 2000.

 CAP. 05/10                    leitura em janeiro de 2021

         Propagandas na TV:  “Imagens poderosas, mais reais que a realidade”.

         “Estabelecem os padrões da realidade e de sua avaliação, e também a necessidade de tornar mais palatável a realidade vivida.    A vida desejada tende a ser a vida vista na TV”.

         A vida na telinha diminui e tira o charme da vida vivida:  é a vida vivida que parece irreal...

         Mundo atual  -   “A produção de mercadorias como um todo substitui hoje o mundo dos objetos duráveis pelos produtos perecíveis projetados para a obsolescência imediata.”    (um exemplo bem prosaico:  No tempo do meu pai, fazer barba era ter um porta lâminas “gilete” com cabo e só se trocava a lâmina.   Hoje em dia quem usa lâmina compra o kit descartável total).

         Jeremy Seabrook afirma:  “O capitalismo não entregou os bens às pessoas; as pessoas foram  crescentemente entregues aos bens...   cuja venda é o que dá forma e significado a suas vidas”.

         Página 110 – “A obediência aos padrões...  tende a ser alcançada hoje em dia pela tentação e pela sedução e não mais pela coerção – e aparece sob o disfarce do livre arbítrio, em vez de revelar-se como força externa”.

         113 – Cita um provérbio:  “Viajar com esperança é melhor do que chegar”.    ... os pobres nunca vivem numa cultura separada da dos ricos...   mesmo mundo que foi planejado em proveito daqueles que tem dinheiro.

         “Numa sociedade sinóptica de viciados em comprar/assistir, os pobres não podem desviar os olhos, não há mais para onde olhar”.

         114 -  ... o pobre .... o desejo de experimentar, ainda que por um momento fugaz, o êxtase da escolha”.

         “Quanto mais escolha parecem ter os ricos, tanto mais a vida sem escolha parece insuportável para todos”.

         Sub Título:   Separados, Compramos.

         115 – Separação e filhos...   ruptura de certos vínculos...  os que estão do lado que sofre nunca são consultados, e menos ainda tem chance de exercitar sua liberdade de escolha.

         Capítulo 3 – Tempo/Espaço.

O arquiteto George Hazeldon  projetou para perto da Cidade do Cabo na África do Sul um verdadeiro mundinho à parte com luxo, conforto e segurança.    (o país tem certo paralelo com o Brasil com poucos ricos muito ricos e muito pobre dolorosamente pobres).

         “Uma cidade sob medida para indivíduos que querem administrar e monitorar seu bem estar juntos”.   (eu diria ao invés de querem, o podem...)

         Nome dado ao ambiente projetado:  Heritage Park.     Grande, cercado com cerca elétrica de alta voltagem e guarnecida por guardas armados.

         O autor do projeto vende o sentido de “comunidade” em que viveu em Londres quando criança onde os vizinhos interagiam e o local era seguro...

         “Nunca e em nenhum lugar faltaram pessoas prontas a encontrar uma lógica para sua infelicidade, frustrações e derrotas humilhantes atribuindo a culpa a intenções malévolas alheias.”

         Injustiça social e a criminalidade.   “Endurecer contra o crime construindo mais prisões...    militarização do espaço público – fazendo das ruas, parques e mesmo lojas lugares mais seguros mas menos livres...    enclaves defensáveis com acesso seletivo; separação no lugar de vida em comum – essas são as principais dimensões da evolução corrente da vida urbana”.   

          (lembrar que shopping é um local público e hipoteticamente de livre acesso como em lojas, mas tem lá os seguranças para tentar evitar que gente “miúda” entre lá...    Uma vez em Curitiba foi dito que as vigilâncias dos Shopping iriam apertar o cerco para evitar que os jovens da perifa, os carçudos, entrassem nos estabelecimentos)

         121 – Sub Título – Quando estranhos se encontram

         Na rotina das cidades há convívio entre estranhos.   “O encontro de estranhos é um evento sem passado”.   Os cafés e outros ambientes para “ação”, ir lá e tomar café, mas não de “interação” com outros clientes que de passagem lá estão no momento”.

         125 – Lugares êmicos, lugares fágicos, não lugares, espaços vazios.

         127 – “Os lugares de compra/consumo oferecem o que nenhuma realidade real externa pode dar:  o equilíbrio quase perfeito entre liberdade e segurança.” 

         “Dentro de seus “templos (de consumo), os compradores/consumidores podem entrar, além disso, o que zelosamente e em vão procuram fora deles: o sentimento reconfortante de pertencer – a impressão de fazer parte de uma comunidade.

                   Próximo capítulo – 06/10

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

CAP. 04/10 - fichamento - livro - MODERNIDADE LÍQUIDA - autor: Filósofo e Sociólogo ZYGMUNT BAUMAN - Edição original ano 2000

 CAP. 04/10     -livro lido em janeiro de 2021

         E o autor cita alguém que reforça essa linha:   Samuel Butler, que diz:

         “No fim, o prazer é melhor guia que o direito e o dever”.

         E o aconselhamento -   “Qualquer que fosse o conteúdo do aconselhamento, este se referia a coisas que a pessoa aconselhada deveria fazer por si mesma, aceitando inteira responsabilidade de faze-las de maneira apropriada, e não culpando a ninguém pelas consequências desagradáveis que só poderiam ser atribuídas a seu próprio erro ou negligência”.  

         87 – Fala de Jane Fonda, estrela do cinema do passado, e seu livro com dicas.   Tipo: eu posso, você também pode.      “Sou famosa... sou amada...

         88 – Ter “seguidores”...   (como leitor digo que na web se tem mais seguidores quem se apresenta com futilidades, mas respeito outras opiniões)

         Volta o autor:  programas de TV com entrevistadores bem populares nos USA: Oprah e Trisha, estes que tem milhões de telespectadores.   Os entrevistados em geral contam suas vidas etc.   “A autoridade da pessoa que compartilha sua história de vida pode fazer com que os espectadores observem o exemplo com atenção e aumenta os índices de audiência do programa de TV”.

         93 – Compulsão transformada em Vício – Consumismo.

         Ferguson cita:   “O indivíduo expressa a si mesmo através das suas posses”.

         “Uma coisa que os que buscam a aptidão sabem com certeza é que ainda não estão suficientemente aptos, e que devem continuar tentando.   A busca da aptidão é um estado de autoexame minucioso, autorrecriminação e autodepreciação permanentes e assim também de ansiedade contínua”.

         A saúde e o mundo atual.     “O que ontem era considerado normal e, portanto, satisfatório, pode hoje ser considerado preocupante, ou mesmo patológico, requerendo um remédio”.

         O autor fala de doenças iatrogênicas – enfermidades causadas por terapias passadas.

         103 – Comprar como ritual de exorcismo.  Impulso de comprar, compar...

         “Mas estão também tentando escapar da agonia chamada insegurança.  “Ainda que possa ser algo mais, o comprar compulsivo é também um ritual feito à luz do dia para exorcizar as horrendas aparições da incerteza e da insegurança que assombram as noites”.

         ...”o tipo de certeza à venda nas lojas pouco adianta para cortar as raízes da insegurança que foram o que levou o comprador a visitar as lojas”.

         “Enquanto a arte de exorcizar estiver viva, os fantasmas não podem reivindicar a invencibilidade”.

         105 – Sub Título: Livre para comprar – ou assim parece.

         “As pessoas de nosso tempo, observou Albert Camus, sofrem por não serem capazes de possuir o mundo de maneira suficientemente completa: Exceto por vívidos momentos de realização, toda a realidade para eles é incompleta”.

         Quando olhamos nossa biografia sempre temos a impressão de que faltam coisas, ações.   Parece que as dos outros são mais coerentes e aceitáveis, quando não são”.     “Ilusão ou não, tendemos a ver as vidas dos outros como obras de arte”.    E tendo-as visto assim, lutamos para fazer o mesmo.    Todo mundo tenta fazer de sua vida uma obra de arte”.

         Essa obra de arte que queremos moldar a partir do estofo quebradiço da vida chama-se identidade.    A busca da identidade é a busca incessante....

         ...de dar forma ao disforme.

         107 – “As identidades parecem fixas e sólidas apenas quando vistas de relance, de fora”.    ...”realização das fantasias de identidade.   Com essa capacidade, somos livres para fazer e desfazer identidades à vontade.  Ou assim parece”.

         Propagandas na TV:  “Imagens poderosas, mais reais que a realidade”.

                   Continua no capítulo 05/10

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

CAP. 03/10 - fichamento - livro - MODERNIDADE LÍQUIDA - Autor: Filósofo e Sociólogo ZYGMUNT BAUMAN - Edição original ano 2000

 CAP. 03/10           - leitura em janeiro de 2021

                   Página 56 - ...” a hoje quase vazia ágora – o lugar de encontro, debate e negociação entre o indivíduo e o bem comum, privado  e público.”

         A Teoria Crítica Revisitada

         “São a busca ativa do valor de mercado e a urgência do consumo imediato que ameaçam o genuíno valor do pensamento”.

         Adorno, quando residindo nos USA cita:   “Todo intelectual emigrado está, sem exceção, mutilado”.

         A Crítica da Política – Vida

         Página 64 – Cap. 2 – Individualidade

         70  - Coloca-se aqui também o “dilema” recorrente entre o cenário da ficção de Orwel em 1984 e a ficção de Aldous Huxley em Admirável Mundo Novo.   Eram dois visionários distópicos.  Mundos diferentes como água e vinho.   O mundo descrito por Orwell, de miséria e destituição, de escassez e necessidade;  já o de Huxley – era uma terra de opulência e devassidão, de  abundância e saciedade.

         Em Orwell – mundo de pessoas tristes e assustadas.  Em Huxley, de pessoas despreocupadas e alegres.   Entre elas, o compartilhamento  - o pressentimento de um mundo estritamente controlado.

         “ – de uma pequena elite que mexia todos os cordões .... movendo pessoas/marionetes”.

         Em ambos mundos de ficção:  O fato de o futuro trazer menos liberdade, mais controle, vigilância e opressão não estava em discussão”.

         71 – “Em carta de 1769 a Sir Horace Mann, Horace Walpole escrevia que ´o mundo é uma comédia para os que pensam, e uma tragédia para os que sentem´ ”.

         72 – Capitalismo – Pesado e Leve

         76 – “Como disse o economista de Sorbonne (na França), Daniel Cohen:  Henry Ford... dobrar os salários... não seria no propósito de que cada empregado pudesse comprar um carro Ford... seria porque estava havendo muita rotatividade da mão de obra e para reduzir isso, resolveu aumentar os salários...

         O capitalismo pesado é representado aqui pelo tempo em que grandes indústrias tinham fábricas enormes com produção em série e empregos duradouros.    Hoje no “capitalismo leve”, mundo com internet, o emprego pode ser uma pasta, um celular e mobilidade.

         Sub Título:  Tenho carro, posso viajar   (a serviço)

         “Estar inacabado, incompleto e sub determinado é um estado cheio de riscos e ansiedade, mas seu contrário também não traz um prazer pleno, pois fecha antecipadamente o que a liberdade precisa manter aberto”.

         Perdas e Ganhos

         ...”nenhum marinheiro pode alardear ter encontrado um itinerário seguro e sem riscos.”

         (o autor traça um cenário dentro do capitalismo leve em que as escolhas das pessoas em termos de trabalho são quase infinitas, mas ao menos neste ítem ele não coloca os laços de família, amizades no entorno e tudo o mais.  Talvez isso será discutido em capítulo adiante)

         Sub Título – Pare de me dizer; mostre-me!

         “Os erros podem ser muitos, mas a verdade é só uma”.

         Auto ajuda.   Cita frase de Melody Beattie, em livro de 1987. Ela aconselha:   “A maneira mais garantida de enlouquecer é envolver-se com assuntos de outras pessoas, e a maneira mais rápida de tornar-se sábio e feliz é cuidar dos próprios”.   (deixa de lado um princípio da fraternidade cristã, em termos, que envolve acudir o próximo...)

         E o autor cita alguém que reforça essa linha:   Samuel Butler, que diz:

         “No fim, o prazer é melhor guia que o direito e o dever”.

 

         Continua no capítulo 04/10

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

CAP. 02/10 - fichamento - livro - MODERNIDADE LÍQUIDA - Autor: Filósofo e Sociólogo ZIGMUNT BAUMAN - Edição original ano 2000

 CAP. 02/10            leitura em janeiro de 2021

         “Como observou Arthur Schopenhauer, a realidade é criada pelo ato de querer, é a teimosa indiferença do mundo em relação à minha intenção, a relutância do mundo em se submeter à minha vontade...   que resulta na percepção do mundo real, constrangedor, limitante e desobediente...”.

         ... sentimo-nos livres na medida em que a imaginação não vai mais longe que nossos desejos e que nem uma nem os outros ultrapassam nossa capacidade de agir”.

         Página 27 - ... a suposição de que as pessoas podem ser juízes incompetentes de sua própria situação.

         Sub título – As bençãos mistas da liberdade

         ... um ser humano dispensado das limitações sociais coercitivas é uma besta e não um indivíduo livre; e o horror que ele gera vem de outra suposição:  a de que a falta de limites eficazes faz a vida detestável, brutal e curta – e assim, qualquer coisa, menos feliz”.

         Durkheim cita:   “O indivíduo se submete à sociedade e essa submissão é a condição de sua libertação”.

         ... grande e inteligente força da sociedade, sob cuja proteção se abriga”.     “A liberdade não pode ser ganha contra a sociedade”.

         31 – “Uma vez que as tropas da regulamentação normativa abandonam o campo da batalha da vida, sobram apenas a dúvida e o medo”.

         “A rotina pode apequenar mas ela também pode proteger”.   (no popular se diz que a pessoa está em sua zona de conforto).   A frase é de Richard Sennett.

         Sennett acrescenta:  “Imaginar uma vida de impulsos momentâneos, de ações de curto prazo, destituída de rotinas sustentáveis, uma vida sem hábitos é imaginar de fato, uma existência sem sentido”.

         38 – Cita George Orwell e seu livro 1984.    A distopia de Orwell.

(distopia: lugar ou estado imaginário em que se vive em condições de extrema opressão, desespero ou privação; antiutopia)

         41 – Modernidade...   colapso gradual e o rápido declínio da ilusão moderna: da crença de que há um fim do caminho em que andamos... da mudança histórica, um estado de perfeição a ser atingido...  algum tipo de sociedade boa, sociedade justa e sem conflitos...

         Antes se pensava em sociedade justa; mais recente, se destaca o mote dos direitos humanos, isto é, voltando o foco daquele discurso ao direito dos indivíduos permanecerem diferentes e de escolherem à vontade seus próprios modelos de felicidade e de modo de vida adequado.

         43 – O indivíduo em combate com o cidadão.   “A apresentação dos membros como indivíduos é a marca registrada da sociedade moderna”.

         48 - ... “frustrante e perturbadora em vista do aumento de poder que se esperava que a liberdade trouxesse.”

         “Quem sabe não seria um remédio manter-se como no passado, ombro a ombro e marchar unidos?”

         “Pode-se dizer que desde o começo são moldadas de tal forma que lhes faltam interfaces para combinar-se com os problemas das demais pessoas”.

         ...” como livrar-se de um vício que não dá mais prazer ou de parceiros que não são mais satisfatórios”.

         ... “e que a vida de todo mundo é cheia de riscos que devem ser enfrentados solitariamente”.

         No passado, Tocqueville:    ...”libertar as pessoas pode torna-las indiferentes.   O indivíduo é o pior inimigo do cidadão, sugeriu ele”.     O cidadão é uma pessoa que tende a buscar o seu próprio bem estar através da cidade – enquanto o indivíduo tende a ser morno, cético ou prudente em relação à causa comum, ao bem comum, à boa sociedade, à sociedade justa.”

         ...”individualização parece ser a corrosão e a lenta desintegração da cidadania...”

         52 – “Ser um indivíduo ´de jure´ significa não ter ninguém a quem culpar pela própria miséria...

         “Viver diariamente com o risco de autorreprovação, e do autodesprezo não é fácil”.

         “Nosso tempo é propício aos bodes expiatórios – sejam eles políticos que fazem de suas vidas privadas uma confusão...”

         Ágora – aquele lugar intermediário, público/privado, onde a política-vida encontra com a Política com p maiúsculo, onde os problemas privados são traduzidos para a linguagem das questões públicas e soluções públicas para os problemas privados são buscadas, negociadas e acordadas”.

         Continua no capítulo 03/10