Total de visualizações de página

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

LIVRO - A MEDIDA DO EXAGERO E O APOCALIPSE CRISTÃO (Resenha)

RESENHA DO LIVRO –  A MEDIDA DO EXAGERO E O APOCALIPSE CRISTÃO
Autor:   Caetano Fischer Ranzi – Editora UFPR -  setembro de 2015    (190 páginas)

Elaborada a “resenha”  (um pinçamento dos destaques segundo o critério do leitor Orlando Lisboa de Almeida                  orlando_lisboa@terra.com.br

     O autor é psicólogo com mestrado na área e exerce atividade clínica e de docência.

     Página 13 -  Cita o escritor  turco O.Pamuk, prêmio Nobel em literatura.  Desse autor eu li um livro e gostei muito.
     14 -  Em 1920 os USA detinham 42% do PIB mundial e consumiam 40% das matérias primas que eram exportadas pelas nações.
     16 – Da visita do autor ao Japão -  Viu muitos fumantes, além de excessos na bebida.
     17 – Fala um pouco da corrupção no Japão com destaque em caso que foi amplamente noticiado nos anos 1992-1993 envolvendo inclusive o governo da época.
     18 – Discorre um pouco sobre a Alemanha, que o autor conheceu.   Povo ferido das suas glórias do passado pela derrota na IIª Guerra Mundial.   Já na época em que esteve por lá, notou a preocupação do povo alemão com a “invasão” dos muçulmanos que para lá emigraram.   Medo de num futuro, os muçulmanos ultrapassarem o número de alemães na própria Alemanha.    Fala também um pouco do peso da igreja e seu poder.
     18 – Alemanha e o grande esforço e preocupação na questão ambiental.
     25 – “Pretende-se estudar a propensão da sociedade Ocidental de orientação cristã em não acreditar em limites e sua conseqüente propensão ao exagero”.  (negrito do resenhista, não do autor)
     32 – Max Weber e abordagem sobre marxismo, capitalismo, protestantismo.  
     32 -  O protestantismo e a crença de que Deus abençoa os bem sucedidos economicamente.    Atingir o ilimitado (capitalismo) sem medida.
     33 -  Entra o enredo no século XX e no cenário da crise ambiental.
     33 – Ulrich Beck – ações humanas... produção de riscos globais  (ambientais).   E o efeito bumerangue – o homem provoca e as conseqüências ambientais aparecem.
     33 – Conceito de irreversibilidade (na questão ambiental) – por Ilya Prigogine.
     34-   Discorre um pouco sobre Jung e Freud.    Eu, leitor leigo, grosso modo e de forma sintética no entendimento.      Jung e perguntas – Freud e respostas.
     42 – Comte – Positivismo.   “Religião da Humanidade”     “Na religião positivista, a terra seria adorada, a humanidade santificada e os mortos honrados”.
     49 – No contexto do pensador  Zoja -  “O ser humano não tem mais a quem culpar a não ser a si mesmo.”    (angústias, etc)
     51 – Mensagem de Hobsbawm -   “Não sabemos para onde estamos indo...  Se tentarmos construir o terceiro milênio nessa base, vamos fracassar.”
     (ele é um dos maiores intelectuais e pensadores dos tempos recentes)
     59 – Sócrates (há até dúvida de que ele realmente existiu) seria um sujeito “feio”.  Até o filósofo Nietzsche se refere a ele como feio.
     59 – Sócrates e seu sistema de marêutica – ir “arrancando” idéias dos seus discípulos, instigando-os a pensar e refletir.
     59 – No tempo de Sócrates, no templo de Delfos, Oráculo do deus Apolo, na fachada, a inscrição :  “Conhece-te a ti mesmo”.
     60 – Sócrates com suas idéias e reflexões causou reboliço.    ...”foi acusado de desvirtuar a juventude, de fortalecer a razão mais fraca e com isso desafiar os Deuses atenienses.”     Eu leitor, destaco – a civilização grega tinha seus próprios deuses.
     67 – Sócrates viveu uma transição entre o pensamento mítico e o pensamento racional.
     68 – Tanto Sócrates quanto Jesus nada escreveram”.
     69 – Sócrates -  A noção de medicina para os gregos.   O radical da palavra é med  com significado de medir.   Isso num contexto de opostos, riscos e exagero.
     71 – Vocábulo grego kathárdios  - purificador de almas.    (suponho que desse termo surgiu a palavra catarse)
     71 – Apolo...   o médico dos deuses.   Sua cura não é somente física.   ...   “Assim como é guia das curas médicas também é o tutor dos poetas.  Enquanto os primeiros curam por esforço, os últimos curam por encantamento.   (Brandão – 1999 – pg 86)
     72 – Consciência – tendo como base a conceituação da Psicologia Analítica já exposta, pode-se afirmar que não existe só aquilo que se ilumina, pois ainda existe aquilo que não é iluminado.
     76 -  A serpente que figura no símbolo da medicina é a que renasce, que muda de pele e que tem acesso ao futuro.
     79 – Psicologia Analítica - ....”condizentes com a noção de que a razão é limitada”.
     83 – Racionalidade médica -  “Há uma mudança que generaliza e simplifica a doença, fazendo o doente existir em segundo plano.  Uma medicina que classifica, identifica e age.    (no meu exagero de leitor:   parece consertar um carro...)
     92 – O homem -  Há uma reflexão sobre o homem no plano material e não material.  Mais uma do leitor aqui -  e os outros animais?  E os vegetais?  Só matéria? 
     106 – Sobre memórias de fatos, etc.   ...”existem emoções e lembranças, mais ou menos, conscientes.”      (ao recordar fatos do passado, somamos o real e o imaginário)
     107 – Fala de passagem sobre o fenômeno do espiritismo.
     108 – Uma explicação da ação e da interação consciente e inconsciente.
     112 – Questão do diferente e do comum.   (trocar idéia com o autor sobre a experiência paranaense dos assentados da Copavi – Coop.Paranaense Vitória no município de Paranacity-PR que fazem o uso comunitário do solo agropecuário)
     112 – O ser humano é instável.
     113 – O risco ambiental entra na pauta da ciência de forma mais enfática.
     114 – O desafio.   “A crise ambiental expressa um questionamento sobre a natureza da natureza e do ser humano no mundo...”  (citando Leff – 2007)
     117 – Cita Weber e estudos que inclui o protestantismo – a riqueza como benção.
     118 – “Uma sociedade de mais comum seria a alternativa para diminuir o exagero das diferentes classes”.    O comum aqui tem um sentido específico.
     120 – Fala sobre o risco global – na pauta ecológica.
     121 – Usina nuclear de Chernobyl e a explosão nuclear.
     122 – A pobreza e o risco maior.   (inclusive os bolsões de pobreza são explorados por indústrias poluidoras – mão de obra barata, etc.)
     123 – O diabo da fome...    (lembra inclusive os catadores dos lixões)
     124 – O risco e o futuro “inexistente”.
     141 – O homem Ocidental.  O iluminismo – orientado para o fato e a lógica.
     Ele negligenciou em grande parte...  os aspectos emocionais e intuitivo do homem.
     142 - ... “tentar evidenciar uma realidade maior que a consciência humana.  Uma realidade que possui autonomia e que resiste ao entendimento, domínio, iluminação, que a razão pode propiciar.”
     142 – P.Analítica – interpretar...   “Este processo é chamado de projeção e caracteriza a complexidade com que lidamos com a realidade.”
     143 – Projeções -    (eu como leitor fico a imaginar – quem segue a fé cristã teria um só Deus, mas quem sabe cada um o “vê” de uma forma particular e pessoal, quem sabe)
     143 – Percepção da realidade ...  “tem-se agora uma realidade tão complexa quanto é complexa a percepção.”
     144 – Para a P.Analítica, portanto, a linguagem humana é metafórica.
     144 – “Um símbolo não se define nem explica”.    (Jung – 2000 – página 278)
     144 – “Abandonar-se-ia a idéia de que a ciência evolui para um estado de perfeição, realidade.”
     144 -  Nessa perspectiva a religião e a mitologia são também metáforas.
     145 – Jung     “Que a vida de Cristo (por exemplo) seja um mito, nada depõe contra sua realidade, e eu quase diria: muito pelo contrário, pois é o caráter mítico de sua vida que exprime justamente o seu valor humano universal.”
     146 - ... o Ocidental -  O risco de exagerar na razão.   “... a razão não possuiria limites e consequentemente não precisaria de medida.  No paralelo, seria como “solucionar” a diferença entre o consciente e o inconsciente e se controlaria tudo.
     146 – A pergunta – “Qual a versão do mito cristão sobre a medida do humano?”
     149 – Cita Jung.    “... jamais somos nós que possuímos uma convicção, mas é ela que nos possui.”
     150 – Apocalipse – do grego – ato de descobrir; revelação.
     152 – Cita White (1974)  “Nós precisamos repensar e novamente sentir a nossa natureza e destino.”
     153 -  Mateus (5: 17)  “Não julgueis que vim abolir as leis ou os profetas.  Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição”.
     154 – Deus, segundo a Biblia, criou o homem e só colocou um limite:  que ele não comesse o fruto do bem e do mal...
     155 – Tentar transferir a culpa.  Adão tenta repassar à Eva e esta, à serpente.
     159 -  O dilúvio como sacrifício.   Diante dos exageros da ambição de conhecimento, da emoção do apego e da emoção da violência.
     162 – Satanás – quer dizer adversário.
     164 – Caim, Isaac, Jô -  provações por desígnio de Deus.
     ... metáfora....    assim o Ocidente selecionou e interpretou um símbolo de acordo com sua própria necessidade.
     164 - ... “Deus e os homens se relacionam buscando uma medida contra o exagero...”
     165 – Jesus – do hebraico – Salvador.   Messias – consagrado por unção; Cristo – ungido.
     166 – Satanás como parte da obra do Criador.
     167 – Batismo de Cristo no Espírito Santo e no fogo.
     169 – Cristo no Apocalipse  (1: 17-18)
     170 – O único pecado não perdoável no cristianismo:  o duvidar do poder de Deus.
     171 – Elias – do hebraico :  Jeová é meu Deus.
     177 – Visão de mundo...   perguntas sem respostas...   tem a ver com limite humano.
      179 – O capitalismo e a pobreza.   A idéia de crescer para reduzir a pobreza.
     181 – Ocidente – falta de limites, excessos, danos ambientais, etc.   “O Ocidente quer matar a humanidade.”
      180 – A primeira conclusão do autor:    O Ocidente possuir a sua própria mitologia.  Evidentemente a mitologia ocidental que desacredita a dinâmica da medida não se impõe sem resistências.”
     181 - Segunda conclusão -  O Ocidente quer matar a humanidade.
     181 – Capacidade de confrontar os obstáculos...
     18 2 – “Um momento de crise pode ser também um momento de transformações.”
     182 – “A fé no que acreditamos é que orientará o caminho que trilharemos.”

     183 – A dúvida como a chance de mudar a rota e salvar a pele.         FIM

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

PALESTRA COM O PROCURADOR DELTAN DALLAGNOL - LAVA JATO

RESENHA DA PALESTRA DO PROCURADOR DELTAN DALLAGNOL – LAVA JATO
Anotações feitas pelo Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
Palestra realizada dia 26-08-15 no Teatro do Colégio Santa Maria (Marista) Curitiba-PR
Promoção do Rotary Club Curitiba Marumby
Tema: A SOCIEDADE CONTRA A CORRUPÇÃO
Na abertura foi lembrado que hoje é o Dia do Voluntariado
O Procurador Deltan ingressou aos 22 anos de idade na área jurídica do serviço público e tem doutorado em Harvard. Especialista em apurar crime financeiro. Começou a atuar no ministério público em 2002 e em 2005 atuou no caso das CC 5 do Banestado. Adiante, na fala dele, há umas cifras desse caso que ainda não teve um desfecho.
Foi dito pelo anfitrião do evento que os jovens estariam desanimados com o Brasil. Ficou até a questão: Mudar do Brasil ou mudar o Brasil?
A fala do Dr.Deltan – ele é o Coordenador da Força Tarefa que apura o caso Lava Jato.
No ministério público federal sua tarefa é técnica, imparcial e apartidária, segundo o mesmo.
Caso Lava Jato - Foram feitas 20 denúncias contra 104 pessoas. Houve 12 acordos de colaboração premiada. Recuperado até agosto-15 1,5 bilhão de reais. Foram 36 pedidos de cooperação internacional para ajudar a apurar os desvios.
Mostra como a ponta do iceberg uma cifra reconhecida de 6,2 bilhões de reais de desvios.
Ao longo do tempo no Brasil a estimativa é que a corrupção gira em torno de 200 bilhões de reais. Mostrou mapa da corrupção no mundo e o problema é generalizado em maior ou menor grau, com destaque para a Ásia em incidência. Numa escala dos menos corruptos aos mais, o BR ocupa a 69ª posição. Isto no mapa da Transparência Internacional – uma ong.
Mostrou o vídeo de uma reportagem de um advogado que declarou: No BR uma prefeitura não consegue colocar um paralelepípedo no calçamento de uma rua sem correr propina.
Para mostrar que o problema da corrupção vem de longe no BR, lembrou que um dos colonizadores logo no início da colonização deixou claro que não vieram para fazer o bem, mas para levar os nossos bens. Ouro, madeira, etc.
Sobre a corrupção, disse que temos que conhecer um pouco do inimigo.
Diante dos fatos o Ministério Público Federal sugere que a Nação tem que propor mudanças sistêmicas para agilizar as averiguações e rapidez e mais rigor na lei para poder efetivamente punir os culpados. Atualmente as penas são brandas e são tantas instâncias para o réu recorrer que acaba desaguando tudo em prescrição e impunidade dela resultante. Isto tem que mudar através da mudança na lei. O MPF propôs um rol de 10 Medidas para alcançar essa mudança sistêmica e elas estão no site, no qual também há o formulário para os abaixo-assinados em apoio. Pretende-se colotar 1,5 milhão de assinaturas para entregar ao Congresso e lutar para que as leis sejam alteradas e assim conseguir criar meios para averiguar e punir culpados.
www.combateacorrupçao.mpf.mf.br/10-medidas (fazer busca na internet)
Corrupção – duro de descobrir, duro de provar, risco de anular o processo (por algum detalhe), demora na tramitação, risco de prescrição, penas brandas. Situação atual.
Quando conseguimos executar a pena, esta vai de 2 a 12 anos independente do valor desviado. E cumprido ¼ da pena o réu já tem direito ao indulto. Hoje o desonesto ve nisso a impunidade e acha que vale a pena o crime do gênero. Corrupção e impunidade andam de mãos dadas. Tem que mudar isso.
Citou alguns especialistas mundiais em combate à corrupção, sendo um deles Michael Sandel.
Estudiosos tem feito estudos de custo e benefício no caso de combate à corrupção. Confronta fatos e leis dos países sobre o tema. Corrupção é um crime racional. O do delito analisa se vale a pena o risco para o benefício.
Hong Kong era um caos em corrupção. Fizeram mudanças severas nas leis ao ponto de muitas empresas se mudarem para outros países. Hoje estaria em 16º lugar no ranking da corrupção, partindo dos mais honestos. Mudou muito para melhor. (Relembrando, o BR em 69º lugar)
Ele disse que hoje há uma janela de oportunidade de mudar isso no Brasil. Citou a respeito inclusive uma frase do historiador (não me lembro bem o nome) ? José Murilo de Carvalho.
Voltou a falar das 10 medidas propostas para mudança da lei visando o combate mais efetivo da corrupção. Destacou que o Juiz Sergio Moro foi o primeiro a assinar o abaixo assinado sobre as 10 medidas.
Disse que nós cidadãos também temos que rever nossos costumes e combater as pequenas corrupções do dia a dia. Não tentar subornar o guarda de trânsito, não ocupar vagas de cadeirantes, não levar material de escritório da empresa para casa, etc.
Teste em NY onde deixaram 20 carteiras com dinheiro e documentos (inclusive endereços/fones) em lugares distintos pela cidade. Todas foram achadas e devolvidas. Como seria por aqui?
É proposta inclusive a criminalização do enriquecimento ilícito. Fica o réu na situação de ter que tentar provar a origem da sua riqueza, quando é colocada em dúvida.
Pretende-se que a corrupção seja colocada como crime hediondo na lei e penas maiores, de 12 a 25 anos. Penas maiores para valores acima de R$.80.000,00 em valores atuais. Ler as medidas no site do MPF.
Sobre a morosidade que gera impunidade citou um caso que se chamou Propinoduto dos fiscais do RJ. Ocorreu o evento em 1999/2000. Dos sucessivos julgamentos em diferentes instâncias, um destes ocorreu em 2014 (em terceira instância). A maioria dos crimes já estão prescritos no caso e ainda há recursos. Estima-se que o desfecho será por volta de 2021. Corrupção comprovada, 36 milhões de dolares bloqueados no exterior, mas não vai dar em nada, infelizmente.
Dentre as medidas propostas está a recuperação do lucro derivado do crime.
Não perca a capacidade de se indignar com a injustiça, conclama ele. Se o brasileiro é aquele que não desiste nunca, nós não vamos desistir do Brasil, completa.
Caso Banestado – lavaram 35 bilhões de dinheiro de corrupção. Houve uma porção de ações penais, só uma ainda tramita. Não alcançaram o objetivo.
Ele disse que no caso o nosso sistema é feito para não funcionar e temos que mudar isso.
Somos convidados a:
Colher Assinaturas no abaixo assinado para as 10 medidas propostas pelo MPF
Enviar cartas de apoio a essas medidas
Ação em 02-09-15 quando os abaixo assinados serão entregues ao Congresso.
No Facebook. Mude.chega
Não devemos desistir dos nossos sonhos. Temos que agir para mudar tudo isso.
Contato: comunicação - Liliana F. Pereira lilianafrazao@mpf.mp.br
Na ocasião o palestrante recebeu do Rotary o Título de Companheiro Paul Harrys, uma elevada distinção a quem tem ações marcantes dentro dos princípios que são caros ao clube.
No agradecimento geral que ele fez, destacou que o trabalho que faz é em equipe e agradeceu à equipe citando inclusive o apoio dos estagiários. Um gesto cidadão.
A palestra durou uma hora e foi bem concorrida e nos parece que cumpriu com o objetivo.
orlando_lisboa@terra.com.br

sábado, 8 de agosto de 2015

RESENHA DAS PALESTRAS DE PROFESSORES DA UNICAMP



Anotações feitas pelo Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida
             orlando_lisboa@terra.com.br
Data e local:   07-08-2015 no auditório do Senge Sindicato dos Eng. do PR
Promoção do IDP Instituto Democracia Popular de Curitiba (foco na luta pela regularização das ocupações urbanas)

Tema:    O mundo do trabalho na atualidade
Palestrantes – Professores da UNICAMP – Amilton Moretto e Eduardo Fanhani

Resumo das falas do professor Amilton
     As pessoas de melhor condição econômica no Brasil comumente acham que o miserável é assim porque não tem iniciativa, é vagabundo.
     Lembrou que muitos dos que recebem Bolsa Família tem emprego, mas ganham abaixo do necessário e a Bolsa Família acaba sendo importante no contexto.
     Citou a escala usual na condição -   Indigentes, pobres, vulneráveis, outros.   
     Nos dias atuais é comum o setor de RH Recursos Humanos das empresas ter como ponto de corte a exigência de segundo grau aos candidatos a emprego.   As pessoas das classes mais baixas da população, por falta de oportunidade, tem escolaridade abaixo do segundo grau e acabam ficando de fora na disputa pelas vagas.     Baseado nessa constatação, fica demonstrado que mesmo havendo aquecimento do mercado de trabalho, os menos favorecidos acabam ficando de fora dos empregos formais.    Pesquisas revelam isso.    
     Do ano 2000 para cá, tivemos uma melhoria significativa na distribuição da renda no Brasil.   Mas ainda a injustiça social é grande em nosso País.  Em 1970 os pobres no Brasil eram 60% da população total.   Citou bastante dados do PNAD Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar – IBGE.
     O crescimento da nossa economia de 2000 para cá ficou entre 3,5 e 4% ao ano com melhoria do emprego e renda.  Reduziu a pobreza no País.
     A política de reajustar o Salário Mínimo acima da inflação na década também ajudou a melhorar a distribuição de renda.
     Falou da moradia popular e lembrou que além de abrigar a família, muitas vezes é também um local onde o morador elabora produtos para obter renda quando não tem um emprego formal.
     Mostrou dados oficiais (IBGE) de 2010 sobre as residências de pessoas pobres que vivem com renda familiar de até R$.70,00 por mês.  Pelo Censo Demográfico de 2010, temos no Brasil:
     4.009.433 domicílios cujas famílias ganham até R$.70,00 por mês.
Destes domicílios:
     42,6% sem abastecimento de água potável
     32,1% sem banheiro
     44,4% sem coleta de lixo
     66,4% sem esgoto sanitário
      7,6%  sem energia elétrica domiciliar
     Ele citou uns dados que foram publicados na Folha de São Paulo em fev/13 com resultados da Auditoria Cidadã da Dívida pública brasileira.
     Percentual do Orçamento da União:
     0,04% aplicado em saneamento básico
     3% em educação
     44% em juro e parcelas pagas da dívida pública.
     Comumente quando há corte no Orçamento da União, os itens mais afetados são os que atendem as pessoas de baixa renda.
     O governo está elevando a taxa de juros buscando reduzir a inflação.  O pesquisador disse que há outros meios de combater a inflação sem elevar os juros que elevam nossas dívidas.
     Defende obviamente que se gaste com critério e se corte despesas desnecessárias, mas o caminho atual não tem sido a melhor forma.
     Lembrou que o desemprego em 2002 quando o Lula assumiu era de 12% e foi caindo para abaixo de 6%.   Agora com as condições desfavoráveis da economia, o desemprego está se elevando.
     Ele disse que foi constatado por estudos que um dos grandes problemas do nosso mercado de trabalho formal é a rotatividade da mão de obra.   Ao ponto de ocorrer o seguinte:   Nestes tempos em que houve aumento do emprego, por conta da rotatividade da mão de obra, também houve aumento do pagamento de seguro desemprego.      Defende que há de se atacar as causas da rotatividade da mão de obra.   Citou dados do FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador – do Ministério do Trabalho.    De 2003 a 2013, um período de elevação do emprego, houve uma elevação de 70% no número de beneficiários do seguro desemprego por conta da rotatividade acima citada.

                  Estes foram os dados que consegui anotar da fala do professor, da forma que consegui entender e espero que seja útil às pessoas que buscam um entendimento maior sobre o tema. 
    
(a segunda palestra, do Professor Eduardo Fanhani eu publico logo que colocar a mesma no Word)




segunda-feira, 13 de julho de 2015

RESENHA DO FORUM LIXO & CIDADANIA – CURITIBA – PR

                                                  
                                                       

RESENHA DO FORUM LIXO & CIDADANIA – CURITIBA – PR -  02-07-2015

     Anotação pelo Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida     orlando_lisboa@terra.com.br

     O evento que tem reunião mensal (primeira quinta-feira do mês) ocorre no Auditório do 9º TRT de Curitiba – PR   Tribunal Regional do Trabalho na parte da manhã.
     A mesa foi constituida pela anfitriã Dra.Margaret (Procuradora do Trabalho), pelo Dr. Sinclair que é Promotor Público e pela lider dos catadores de recicláveis – Marilza que é membro da diretoria da entidade nacional dos catadores – MNCMR Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Reciclaveis e de associação regional do ramo – cooperativa Cataparaná.  
     Os catadores contam com assessoria do Instituto Lixo & Cidadania que tem pessoal técnico aqui em Curitiba e apoia as ações e organização do setor no Paraná.    Acompanho há quase uma década o trabalho desse setor desde quando residia em Maringá-PR e noto que das entidades da chamada Economia Solidária consta que o movimento dos catadores é o mais organizado no Paraná.  Inclusive a Marilza (lider dos catadores) já esteve em evento da ONU em Nova Iorque a convite daquela entidade para explanar sobre os trabalhos que vem sendo desenvolvidos por aqui.   É certo que ainda há muito a ser feito, mas já conquistaram muita coisa em termos econômicos, políticos, sociais e ambientais, com ganho para eles e para toda a sociedade.
     Foi dada a palavra à Maria das Bonecas, uma lider comunitária que veio de Londrina e atua por aqui fazendo e ensinando pessoas a fazer artesanatos a partir de recicláveis, agregando valor e gerando renda.    Atualmente ela está com uma turma de vinte aprendizes na comunidade de Vila Torres, local onde se concentra bastante gente de baixa renda.    Ela disse inclusive que estão precisando de patrocínio de alguma empresa para ajudar o trabalho com artesanato seja ensinado às interessadas que já estão em processo de aprendizagem.     Ela usa como lema do seu trabalho a frase de que é melhor educar uma criança para depois não ter que punir um adulto.   Citou o uso de panos de sombrinhas que são descartadas quando alguma pequena peça deixa de funcionar e o pano está novo.   Usa o pano para fazer rabicó para prender cabelo e outros itens de artesanato que viram renda para as artesãs.    Ela disse que o trabalho dela tem o nome de Projeto Casa na Árvore Maria das Bonecas  e que está disponível no Youtube. (continua)....

quinta-feira, 21 de maio de 2015

EVENTO PELOS 130 ANOS DA FERROVIA PARANAGUÁ – CURITIBA

                        crédito da foto - Google

     Dias atrás eu fui visitar o Museu Ferroviário de Curitiba que fica anexo ao Shopping Estação, este que ocupa boa parte que era a antiga Estação Ferroviária da cidade.   No contato que fiz lá, arranjei mais um amigo de Facebook, este que recentemente me convidou para o Evento dos 130 anos.
     Foi um bate papo com especialistas da área para um público que não era tão grande, mas composto em geral de gente que tem afinidade  e paixão pelas ferrovias.   Inclui pesquisadores científicos.
     O evento foi no Teatro Regina Vogue que fica dentro do Shopping Estação, no dia 19-05-15 a partir das 19 h.
     Compuseram a mesa as seguintes pessoas:
     Aimoré Índio do Brasil Arantes – Historiador da Coordenadoria de Patrimônio Cultural do Estado do Paraná.
     Henrique Paulo Schimidlin (Vitamina) – Curador do Patrimônio Natural do Paraná e Montanhista.
     Juliano Martins Doberstin – Historiador do IPHAN – PR  Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
     Adonai Arruda Filho – empresário da Serra Verde (trem turístico Serra do Mar)
    
     Fala do Aimoré
     Havia em várias partes do BR cursos técnicos para formar mão de obra ferroviária.  Um dos cursos que chegaram mais perto dos dias atuais (extinta há dez anos) antes de ser fechado foi o de Mafra-SC.    
     Curso de Museologia – teve um aqui em Curitiba que formou 3 turmas e depois encerrou as atividades.
     Museu como espaço pedagógico e muito mais.   Para se ter um Museu há vários requisitos legais como pessoal com formação em História, Museologia, etc.
     Ferrovias -  no passado, transportando inclusive passageiros, foram importantes meios de encurtar distâncias, propiciar lazer, dentre outros.
     Havia vagões de primeira classe com bancos estofados e de segunda classe com bancos de madeira.  Eram de madeira, mas não deixavam de ser confortáveis.
     Quando um dos palestrantes era criança, fez uma viagem de trem para Ibiporã-PR que fica vizinha de Londrina-PR.   24 horas de viagem.   O trem ia rumo à divisa com São Paulo lá pelos lados de Ourinhos e de lá, seguia em “baldeação” para Ibiporã.
     A Dra.Vania, professora, é uma estudiosa da História das Escolas e dentre estas, pesquisa as escolas que davam formação para mão de obra ferroviária. 
     O historiador lembrou que a ferrovia Paranaguá-Curitiba trouxe do porto muito suprimento para Curitiba e o interior do Paraná e de outro lado, levou para o porto muita madeira nativa da mata atlântica do Paraná.   Hoje temos menos de 7% da mata nativa.  O café também foi desde longa data escoado em parte por ferrovia para o porto.
     O atual Paraná Clube é um sucessor do antigo Clube Atlético Ferroviário de futebol.   Não é por acaso que o estádio desse clube fique encravado na região da Estação e pátio ferroviário de Curitiba-PR.  (Estádio Lourival de Brito).
     Foi dito que a ferrovia, por ter se iniciado de Paranaguá (cidade mais antiga) rumo a Curitiba, poderia ser citada como Ferrovia Paranaguá-Curitiba, nessa ordem.

     Fala do Juliano – do IPHAN-PR
     Ele tem formação em História.    Falou da lei 11.483 de 31-03-2007 que extinguiu a RFFSA Rede Ferroviária Federal  S.A e colocou os bens e equipamentos de interesse histórico no “colo” do IPAHN.  
     Tratam a estrutura da estação e oficinas do trem em Curitiba com o nome de um dos engenheiros pioneiros – Teixeira Soares.  
     Mostrou fotos de parte do acervo.   Muitos sinos, relógios que ficavam nas estações, etc.     Disse que a UFPr vai utilizar parte do espaço do parque ferroviário de Curitiba para expansão da mesma.     A entrada para o complexo Teixeira Soares / estação Curitiba tem acesso pela Rua João Negrão.
     O IPHAN fez o inventário do acervo aos seus cuidados.    Há atualmente 8.125 peças ligadas à ferrovia aqui em Curitiba para Cessão a terceiros.    Entidades, que podem incluir Prefeituras que tenham a ver com a ferrovia na história das mesmas.
     Curiosamente, primeiro teria havido o povoamento de Paranaguá-PR e lá havia o porto e com o tempo surgiram dois caminhos para Curitiba.   O mais íngreme, o Caminho de Itupava, que pegava os trechos mais difíceis da Serra do Mar.    E havia lá pelos lados de Morretes e Antonina, o Caminho da Graciosa, que fazia um percurso menos íngreme.   
     Primeiro, havia trilhos para transporte de mercadorias no ombro das pessoas, no lombo de mulas.   Antonina tinha também seu porto e começou a se desenvolver mais por causa do caminho da Graciosa.     Quando foram construir a ferrovia, por pressão política (havia até Senadores que eram de Paranaguá) acabaram optando pelo caminho mais íngreme ligando Paranaguá a Curitiba.
     Os 110 km de ferrovia foram feitas em apenas cinco anos, sendo dois sob a batuta do engenheiro francês Ferruci, que teria projetado toda a ferrovia e tocado a obra lá na planície litorânea por dois anos.   O trecho mais desafiador da execução da obra ficou a cargo da engenharia brasileira com destaque para o engenheiro Teixeira Soares e os irmãos engenheiros Rebouças, que tiveram inclusive estudos na França.    Curiosamente ambos eram negros.    Perto da estação de Curitiba há uma rua que tem um nome incomum por homenagear duas pessoas.    Rua Engenheiros Rebouças.    Mais que justa homenagem.
     Teixeira Soares tem inclusive cidade no interior do Paraná em sua homenagem.
     No trecho de serra onde passa a Ferrovia, tinha a Estação Marumbi e no pequeno povoado próximo havia uma Escola de Cantaria – a arte de trabalhar/entalhar a pedra para edificações, pavimentação, meio fio, estátuas/monumentos, muros de arrimo, etc.
O profissional do ramo é o canteiro.
     Mostrada uma foto antiga de um casarão que foi amplo e servia inclusive de escritório de apoio da ferrovia na estação Ipiranga, no trecho da serra.   Atualmente o casarão, que era de alvenaria, sólido, não existe mais.

     Fala do Adonai -  Serra Verde – Trens turísticos

     Mostrado filme institucional da empresa com os passeios de litorina e trem de passageiros pela Serra do Mar.    Eles tem divulgado inclusive em feiras de turismo no exterior o passeio e tem tido boa resposta.
     Mostrou a foto da ponte São João – toda em estrutura de ferro.   A ponte no passado só se apoiava nos barrancos do rio, sem pilares intermediários.   Quando começaram a usar no trecho as locomotivas diesel com mais vagões, tiveram que reforçar a ponte e ela ficou com a feição atual.
     A mesma empresa tinha a concessão do trem de passageiro (Tem do Pantanal do Mato Grosso do Sul).  Começou a operar com turismo em 2009 e ele disse que entregaram a concessão em março deste ano.  Não compensava.
     Citou alguns estados nos quais tem trens turísticos como RS, SC (Piratuba), PR, MG, ES.
     Tem um site da BWT ligada à Serra Verde que busca divulgar e vender pacotes para várias ferrovias no Brasil.
     Eles procuram preservar o meio ambiente em sua atuação na Serra do Mar.  Tem certificação do Instituto Falcão Bauer de Sustentabilidade.     Costumam toda quarta feira dar 40% de desconto no trem turístico pela Serra do Mar.       Disse que o trecho deu prejuízo por nove anos seguidos, mas depois passou a trabalhar em azul.    Disse que a oficina das litorinas pode ser visitada e fica no início da Avenida Silva Jardim em Curitiba-PR.
     Convidou o público para um evento de ferromodelismo que ocorrerá nas dependências da Serra Verde (ao lado da Rodo-ferroviária de Curitiba), entrada franca no dia 20-06-15.    Seria o dia todo.
     Alguém do plenário lembrou que parece não ter um esforço em captar para a história os depoimentos dos ferroviários que estão idosos.   Quando estes se forem, teremos uma lacuna irreparável.   Foi algo bem lembrado, por sinal, como sugestão de iniciativa.

     Isto foi o que consegui destacar e espero que estimule as pessoas a visitarem o Museu Ferroviário de Curitiba.  Vale a pena.      Já fiz o passeio de trem pela Serra do Mar e é maravilhoso também.
    
                 Blog      www.resenhaorlando.blogspot.com.br



     

sábado, 16 de maio de 2015

RESUMO DO FORUM LIXO& CIDADANIA - 14-07-2011

          
           Anotações pelo Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida     


     O evento foi realizado nas dependências da UEM Universidade Estadual de Maringá (Maringá - PR), no DACESE – bloco 125 -    Início 19.30h  e contou com duas explanações, sendo a primeira com os convidados da cidade de Tibagi – PR que tem um trabalho interessante no tema e a segunda palestra por conta de um representante da empresa Foxx que está sintonizada com o propósito do poder público municipal de Maringá no sentido de incinerar o lixo urbano.

     Palestra do pessoal de Tibagi-PR.    O tema deles é “Recicla Tibagi”

     O projeto em andamento lá resulta de um convênio entre a Prefeitura local e as Associações de Catadores de Recicláveis de Tibagi.   Um pouco sobre o município:
     Tibagi-PR é o segundo município do estado em extensão territorial.  Tem 20 mil habitantes e é o maior produtor de trigo do Brasil.
     Citadas as duas leis e resoluções que deram amparo ao trabalho deles.   A lei federal atual exige que todo serviço relativo aos resíduos sólidos urbanos tenham uma parcela de separação dos recicláveis a cargo de pessoas da comunidade, numa visão inclusiva do ser humano.
     Eles lá fizeram e está operando o Centro de Triagem e Compostagem de Tibagi.   Foi elaborado um projeto e divulgado à comunidade que apóia o serviço.   O caminhão de coleta do lixo puxa uma carretinha preparada para o lixo reciclável para atender aquelas pessoas que podem se enganar com os dias de descarte do reciclável.
     No galpão de separação da fração reciclável, ao invés da esteira convencional (que é cara) eles adaptaram aquelas telhas amianto grandes, tipo calhetão sobre cavaletes para dar a altura adequada à pessoa para trabalhar em pé separando o lixo.
     Os recicladores, através de convênio, são remunerados pela prefeitura em 1 salário mínimo, transporte ao trabalho, três refeições por dia mais uniforme adequado.   Além disso, as muitas mulheres que trabalham na varrição de ruas, têm jornada de 4 horas e quem tem filhos que precisa de creche, tem 100% de atendimento por conta da prefeitura.   Afinal esse pessoal presta um serviço relevante para a comunidade.
     Compostagem:   A  parte orgânica e molhada do lixo vai para a compostagem que dependendo do clima pode demorar de 35 a 90 dias.    A compostagem pronta se torna um excelente adubo orgânico que eles estão usando em três estufas para produção de flores que são colocadas pela prefeitura ou adquiridas pela comunidade.    Como dizem:   lá nosso lixo vira flor.   A produção de compostagem não consegue suprir a demanda local.    Para cada 1 kg de material orgânico que entra no processo, gera-se 0,6 kg de compostagem.     Apenas uma pessoa tem dado conta de cuidar das três estufas.

     Objetivos dos trabalhos deles   (são 80 recicladores – coleta – varrição de ruas e separação de recicláveis no galpão)
Ø      tratar os resíduos sólidos urbanos
Ø      criar trabalho e renda para o pessoal carente
Ø      proteger a saúde pública
Ø      reciclar resíduos e acabar com o lixão
     Eles tem um sistema e recolhem inclusive o lixo eletrônico e dão o destino correto.

     Destaque:   Após o processo de separação do reciclável e do material que vai para compostagem, prensam (compactam) para reduzir volume do que sobra e resulta em apenas 20% do lixo que vai para o aterro sanitário.   Com isso o aterro prolonga em 12 vezes sua vida útil.
     Eles tinham na cidade problema com aranha marron e escorpião.   Fizeram campanhas pela mídia local e realizaram bota fora de lixo, entulhos dos quintais e solucionaram o problema das aranhas e escorpiões que se proliferam em lugar onde há lixo e entulho.
     Pneus velhos – eles têm convênio com oficinas e lojas de pneus para articular o descarte correto e destinação adequada aos pneus velhos.   Ganha o meio ambiente.    Iniciaram suas atividades em 04-01-2009 – ACAMARTI Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Tibagi.
     Inauguração:  29-05-2009.   LO Licença Operacional 18.481         O trabalho deles tem sido premiado e repercutido, levando muitas pessoas e entidades a visitarem a cidade, ao ponto deles precisarem organizar uma agenda receptiva e as visitas são pré agendadas sempre para as quintas feiras.     No site oficial da prefeitura há dados também sobre a entidade.       www.tibagi.pr.gov.br  .   E-mail meioambiente@tibagi.pr.gov.br    fones (42) 39162151   e 88161189
     Na parte de Educação Ambiental – resumo das ações que eles fizeram e vem fazendo:
Ø      produção e distribuição de material informativo impresso
Ø      inserção de spot na emissora de rádio local
Ø      publicação de ações no site da prefeitura e jornais
Ø      realização de peças teatrais amadoras
Ø      palestras de divulgação.
     Frações do lixo local:
     Reciclável seco                   25%
     Rejeito/inservível                 16%          (45 toneladas por mês)
     Reciclável orgânico 56%          (158 toneladas por mês)
          A entidade já ganhou muitos prêmios pela forma de atuação, inclusive o título de Cidade Limpa, sendo a primeira cidade do Paraná a conquistar esta premiação.
     Contaram com o apoio de um técnico em Saneamento Sanitarista para dar suporte aos trabalhos da entidade.         (a palestrante deu o recado em 30 minutos)


     Segundo Tema:      “Central de Recuperação Energética de Resíduos”
                                        Alexandre – empresa Foxx

     Ele, sabendo que o público tendia mais para a forma de destinar os resíduos sólidos acima citado, ressaltou que acha o sistema razoável, principalmente para cidades pequenas.      E o seu enfoque será para cidades de maior porte.
     Lembrou que na lei atual a ordenação básica exige:  Coletar, reciclar, tratar e dispor.  A meta da lei é acabar com o sistema atual de lixão a céu aberto.
     Ele fez uma explanação bastante técnica e usou muito o PPT Power point, com lâminas ricas em artes gráficas, porém com muita informação por lâmina, dificultando a visão de quem assistia a palestra.      (letra 10 para quem está distante uns 6 m... não dá). Ele citou o caso de SP que fez campanhas para reduzir o uso de sacolinhas plásticas e as indústrias das tais sacolinhas aumentaram a espessura das mesmas.   Assim, caiu em 70% o número de sacolinhas utilizadas, mas aumentou a venda de plástico dos fabricantes de sacolinhas.    Estamos vivendo a época das redes sociais na web e ações desse tipo podem, logo, logo, custar caro a tais empresas...  assim espero!
     Mostrou um fluxograma de uma indústria de incineração de resíduos sólidos numa lâmina de ppt.    Eu contei nesta lâmina 33 quadradinhos, cada um “explicando” uma parte do processo.   (em letra oito!).     Ele disse  que o desafio é, como manda a lei, articular  a ação dos recicladores (catadores de recicláveis, etc) com a indústria que trata os resíduos.     “O município que não tem coleta seletiva de lixo está ilegal”.    E nós do  plenário sabemos disso e estamos esperneando por aqui, inclusive a Promotoria de Defesa do Meio Ambiente.    
     Ele falou muito da Europa, do Primeiro Mundo, para tentar respaldar o método da incineração.   Na Alemanha e França se usaria muito a incineração de lixo.    Em Paris eles conseguem, segundo citou, ao redor de 30% de recicláveis.    Disse  que em geral é a Europa é quem mais recicla e também quem mais incinera lixo.     Citou que da década de 70 para cá foram só 5 acidentes com gravidade nesse tipo de usinas.
     Na França houve um sério acidente (explosão) de uma incineradora e isso desacelerou o processo de uso desse sistema por um tempo, mas estaria o sistema em expansão por lá.
     Disse que na Alemanha a coleta e destinação do lixo não é da jurisdição dos municípios, mas sim dos estados.    Me parece algo razoável em princípio.
     A Espanha é o país da Europa onde se faz mais compostagem a partir do lixo urbano.
     A China implantou 90 usinas (unidades térmicas) de incineração de lixo.    
     No Qatar, que é um país pequeno e rico em petróleo, optaram por usar o material orgânico do lixo em compostagem no sistema fechado, que gera também o biogás.
     O sistema proposto é processado em usinas que queimam o lixo gerando calor e este gera vapor que fornece energia mecânica e esta gira turbinas que geram energia elétrica. No processo, são gerados gases tóxicos e 10 a 15% do material queimado sobra como cinzas.   Os gases tem que receber tratamento para recuperar os materiais tóxicos em suspensão e que são destináveis a aterros classe 1.  ( No PR só tem 1 aterro para esse tipo de resíduo – classe 1 na Região Metropolitana de Curitiba)
     Sobre o medo das usinas, disse que elas têm que ficar nas zonas urbanas por questão de logística (não gastar muito combustível para levar o lixo para longe) e que são seguras, ao ponto do povo de Paris conviver bem com elas, por exemplo.
     Perguntado se há incineradores do gênero proposto implantado no Brasil, ele disse que em operação ainda não.   Que os projetos mais adiantados estão em São Bernardo do Campo, em Barueri e Jundiaí.
     O lixo do Brasil é mais úmido que o da Europa, tendo umidade entre 55 e 65%.   É mais difícil de queimar na usina.     Disse que na queima de orgânicos gera inclusive dioxinas.     Que há no Brasil normas para esse tipo de queima e que no caso do lixo é muito menos tolerante do que as emissões de quem queima bagaço de cana, resíduos de madeira, etc.    Para estes últimos no Brasil não há limite de emissão de gases.     Falou também que no Norte do BR muito da energia elétrica vem de centrais movidas à queima de petróleo que são altamente poluentes e não tem havido preocupação com isso.                               
     Ele disse que no sistema proposto dá para inclusive gerar crédito de carbono.    Que a coleta seria viável ao redor de 50 km da usina.    O módulo mínimo seria ao redor de 500 t por dia e o custo para o cliente (município) sairia entre R$.60,00 e R$.80,00/tonelada.      
     Eu cá, fiz meus cálculos grosso modo:    Se Maringá gera por dia 200 t de lixo, já descontado o reciclável, seriam 6.000 t por mês, a 70,00 por tonelada, daria 500.000 por mês, ou R$.6.000.000,00 por ano.      Sem contar com as despesas de coleta e recicladores..         Disse que ao redor de 100 pessoas trabalham numa usina da modalidade,  uns 80 no operacional e uns 20 no administrativo.

     A fala do segundo palestrante se estendeu um tanto e terminou as 21.40.    Haveria uma fala do Prof.Jorge Villalobos que iria discorrer sobre a situação jurídica dos municípios da região no tema dos lixões.   Mas dado ao adiantado da hora, o plenário resolveu deixar esta parte para a próxima reunião.     As reuniões do Fórum Lixo & Cidadania são nas segundas Quintas Feiras do mês e são abertas aos cidadãos e entidades.   
    Isto foi o que consegui anotar da forma que entendi e espero ter retratado de forma adequada o que foi discutido.                 orlando_lisboa@terra.com.br


   
    


quinta-feira, 14 de maio de 2015

RESENHA - 2º SEMINÁRIO INTERNAC. REUSO DA ÁGUA - CURITIBA - PR

 Continuação...    (trecho final)
     Ele mostrou experimentos agronômicos da Universidade Federal do Ceará com água de reuso de esgoto tratado em hidroponia – sistema de cultivo em estufas, sem contato com o solo.  Bons resultados.
     Mostrou hidroponia para produzir forragem de milho com água de esgoto tratado.  No caso, colocam o milho por 24 h em água para estimular a germinação.   Em seguida, colocam na hidroponia e o milho brota e cresce rápido.  Com 15 dias já tem o porte de uns 25 cm (pelo visual do slide) e é usado como forragem para animais.   Pelo método produzem a cada 15 dias, 20 kg de forragem verde por m2 de alto valor nutricional.    Este caso é o da Universidade Federal de Viçosa-MG.    Suponho que dá para ver o artigo e as fotos em busca pelo Google com o título:  “Forragem verde hidropônica com Esgoto Tratado)   + UFViçosa-MG.
     Ele destacou que há vários livros técnicos produzidos pela equipe de pesquisadores nos tempos do Prosab – Programa de Saneamento há citado.    Atuavam no Prosab universidades de 13 estados e eram mais de 200 pesquisadores no tema do saneamento.  Os livros estão destacados no site da FINEP.
     Sobre o risco de alguma bactéria do esgoto passar por um vegetal (metabolismo deste) e ir parar no fruto, ele comparou que a bactéria é um “monstro” em tamanho e que isto é impossível.       Diferente de irrigar, digamos hortaliças com água de reuso aspergindo água nas folhas de alface, por exemplo, que é consumida in natura.  Aí é proibido e o risco é total.
     O pesquisador, muito  bem humorado, comparou a bactéria passar pelo metabolismo da planta, seria como uma pessoa estar na praça de alimentação do Shopping tomando um suco de canudinho e engolir uma vaca...  impossível.
     O problema para o reuso da água do esgoto em geral é a logística.  Levar a água até a cultura agrícola adequada.   Uma das soluções é a hidroponia com produção intensiva de vegetal bem perto da fonte da água de reuso.    Hidroponia produz via de regra 10 vezes mais que no sistema convencional.
     O gargalo é normativo, pois não há impecilho agronômico ou sanitário/ambiental ao reuso de água em agricultura, adotando-se os cuidados técnicos específicos.
    Ele elencou e explanou sobre os itens abaixo, sobre diversos prismas.  Reuso controlado:
     - Ponto de vista sanitário – questão de saúde pública
     - Ambiental – sustentabilidade
     - Tecnológico – adequação
     - Econômico – viabilidade
     - Social – decisões e benefícios
     - Legal – normas, direitos e deveres.
                                  cícero@ct.ufrn.br

     Palestra 17ª  -  “Estudo de Caso – Projeto SAFIR – União Européia – Produção Segura e de alta qualidade de alimentos na agricultura... “   
     Palestrante:   Finn Plauborg – Universidade de Aarthus – Dinamarca

     A Dinamarca tem 5,6 milhões de habitantes.     Ele trabalha no Departamento de Agroecologia da universidade citada.
     Lembrou dos desafios que as mudanças climáticas trazem para todos.     Na opinião dele é uma estupidez as pessoas quererem vir todas para as periferias das cidades em detrimento da vida no campo.     Mais vida urbana,  mais demanda para reuso da água.  Ele tem trabalho no tema em Gana na África.   Disse que a Dinamarca é um dos países que tem mais normas para regulamentar a Agricultura do mundo.     Citou o potencial da quinoa (planta dos Andes peruanos) que cresce mesmo em lugar com pouca água e solo com pH até 8 a 9, adversos para a maioria das culturas.  Um alimento nutritivo.
     Projeto Safir – Eficiência/economia/segurança.
     A palestra dele deve estar no site da ABES PR e deve conter dados interessantes.   www.safir.eu.org

     Palestra 18ª -   “Estudo de caso – Reuso de água em sistema de resfriamento utilizando a tecnologia de Eletrodiálise Reversa”   -  Palestrante:  Engenheiro Químico Rodrigo Suhett de Souza – Petrobras
     “O melhor reuso é o uso eficiente”.    Na Petrobras eles adotam o reuso de água desde a década de 70.   Consumo de água em refinaria de petróleo (geralmente para resfriamento de equipamentos) fica em torno de 1 litro de água para 1 litro de petróleo processado.      Boa parte da água se dissipa como vapor.
    
     Palestra 19ª – “A experiência do Vale do Mesquital (México)”   Palestrante Bianca Jiménez – Unesco – ONU
     Ela é mexicana.   Disse que quando o México foi “descoberto” pelo colonizador, o local da Cidade do México já tinha uma zona urbana com mais ou menos 200.000 habitantes.     Hoje a Cidade do México tem 22 milhões de habitantes.    O solo dessa cidade era encharcado e o uso intensivo da água por lá está causando problema nas construções, inclusive as de grande valor histórico.   Tem monumentos afundando lentamente por lá.     Se captei corretamente, ela disse que a Catedral da cidade em 50 anos afundou 87 cm.   ???
     Ela falou de um sistema de reuso de água para agricultura nas regiões de periferia, onde há muita pobreza.     Falou da água de esgoto conter muito nitrato que é uma ameaça à saúde pública.      (A Universidade Positivo tem Pós na área de Gestão Ambiental)

     Palestra 20ª -   “Tratamento de Águas e Efluentes com Peróxido de Hidrogênio”
     Luiz Alberto Cesar Teixeira -   empresa Peróxidos do Brasil

     Peróxido de hidrogênio     H2O2.    O produto é miscível em água.   Ao dissolver, o H e o O são átomos que não são contaminantes do meio ambiente.
     O produto é fabricado no Brasil em grande escala por várias empresas competidoras.  Ele é da fábrica de Curitiba-PR.    Ele disse que comumente o pessoal usa em tratamento de esgoto a alternativa do hipoclorito de sódio que parece barato, mas geralmente este vem com 20% de concentração.   Já no caso do peróxido é praticamente 100% concentrado.  
     Lembrou alguns usos do peróxido.    Tratamento de água/esgoto, desinfetar local para fazer curativo nas pessoas, branqueamento de papel na indústria, branqueamento de tecido na indústria, etc.
     Disse que em SP e PR é bem utilizado o peróxido em tratamento de esgotos e reduz inclusive o mau cheiro.   Baixas doses.
     Controla inclusive a proliferação do danoso mexilhão dourado.   
     Lembrou que cloro na forma de gás é mais barato, mas é de risco em caso de vazamento.   Cloro em outra formulação não em gás é mais caro.
     Peróxido não deixa resíduo na água tratada.    Outros tratamentos podem reduzir o O2 na água e se esta for lançada ao rio pode matar peixe por falta de O2.    Lembrou que mortandade de peixe é um dano visível pela população que fica indignada.
    Mostrou fotos de uso de peróxido na região mais poluída da represa de Guarapiranga que abastece parte de SP.   Nos lugares mais poluídos tem muita matéria orgânica que sofre ação de microrganismos e no processo se consome O2 da água.    O peróxido ajuda a repor O2 na água no caso.

     Palestra 21ª  “Cuidando da Água e do Cliente”
     Palestrante – Andrés Forghieri -   empresa Neoflow

     A empresa é norueguesa.   Um dos produtos dela é um tipo de hidrômetro.   Estão no mercado em 23 países.   No BR tem fábrica em Embu das Artes-SP.
     Hidrômetros de alta precisão.     Permite inclusive a leitura por ondas de rádio de distância de até 300 m.    Disse que na Noruega é comum o uso do equipamento e a água é cobrada uma vez por ano.   Passa o carro com o equipamento de leitura remota e a leitura é feita.    Isto ocorre de forma periódica porque assim se houver algum vazamento eles já conseguem detectar e avisar o cliente.    O hidrômetro funciona com ultrassom e não tem partes móveis.   Tem bateria interna com garantia de 16 anos.  Agüenta impacto, é à prova d´água, não sofre efeito de imã, etc.   Não mede ar.   Aprovado pelo Imetro.     Caso se tente inverter o fluxo da água, o hidrômetro veda.  Transmite informação ao leitor a cada 16 segundos.    Produzido totalmente com uso de robôs.     Como emite cada 16 segundos mensagem, caso haja vazamento, já em seguida dá para saber e cuidar do caso.       (custaria hoje ao redor de R$.500,00)  

     Isto foi o que consegui anotar (e passar para o Word!) da forma que compreendi e espero que o material seja útil às pessoas que tem interesse no tema.    

     Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida    -  Curitiba – PR    orlando_lisboa@terra.com.br          (41)  9917.2552