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sábado, 23 de agosto de 2014

RESENHA DO LIVRO – DA MINHA TERRA À TERRA - Sebastião Salgado

crédito da foto:   https://www.google.com.br/search?q=foto+de+sebasti%C3%A3o+salgado+em+galapagos&espv

RESENHA DO LIVRO – DA MINHA TERRA À TERRA
Livro do fotógrafo Sebastião Salgado (O fotógrafo da Luz) e da jornalista Isabelle Franqc – Editora Schwarcz – São Paulo – 2014 – 152 páginas – 1ª.edição

Resenha feita pelo Eng. Agr. Orlando Lisboa de Almeida

     Página 10 – O fotógrafo em Galápagos tentando fotografar uma tartaruga que não colaborava.  A forma que usou para “conquistá-la”.    Paciência e talento.   Ele rastejou um tempo grande até conquistar a confiança da tartaruga e só então ela fez poses.
     Página 10 – “É preciso descobrir o prazer da paciência”
     10 -  Lembra que Charles Darwin no passado fez importantes estudos em Galápagos na sua viagem no Navio Beagle.
     11 -  O fotógrafo Sebastião Salgado ficou em Galapagos por três meses em seu trabalho de fotografar no importante arquipélago.
     12 -  Os exploradores das novas terras na época da colonização (séculos XV-XVI) caçavam tartarugas em massa e colocavam vivas nas caravelas como estoque de alimento fresco por longo tempo.   Tornou as tartarugas mais arredias, quem sabe.
     13 – Albatroz, ave de grande envergadura de asas.  Os albatrozes são ótimos no vôo e ruins de decolagem e pouso.   Constatação do fotógrafo.
     15 – Ele é mineiro do Vale do Rio Doce – cidade de Aimorés – MG
     16 – Distâncias e tamanhos.   O Brasil é 15 vezes maior que a França em território.  Quando ele era menino, chegou a participar de marchas de até 45 dias com os peões que levavam gado da fazenda do seu pai até a cidade onde era feita a venda e o abate.    Diz que isso o ajudou em seu exercício da paciência e da contemplação da natureza.
     Conta que seu pai e equipe chegavam a levar de 500 a 600 porcos tocados à pé em marchas de 45 a 50 dias até a cidade onde tinha o ponto de venda e de abate.     Eles tinham tempo de conversar, olhar as paisagens.    “Essa lentidão é a mesma da fotografia”.
     17 – Velocidade no mundo atual....  “A vida não segue a mesma escala”.
     20 – Foi estudar em Vitória-ES, morando em república de estudantes.   Viveu o período de industrialização e de proletarização.   Se aproximou da Ação Popular que seguia idéias cubanas.   Fez Mestrado em Economia na USP, depois de cursar a faculdade de Economia em Vitória-ES.    Tempo da luta armada (anos 60).   Pós 64, os engajados mais jovens foram encaminhados para o exterior.  Ele e a namorada foram a Paris como exilados.  
     23 – No tempo de colégio, estudou francês como uma das matérias no colégio público.   Na época, cidades no Brasil com mais de cem mil habitantes tinham escola da Aliança Francesa, geralmente comandada por um francês.    A França para os jovens da sua época era a pátria da democracia e dos direitos humanos.
     26 – Ele foi espionado pelo SNI Serviço Nacional de Informação (órgão da Ditadura Militar) até na França.   Ele posteriormente viu os documentos relativos a isso.
     27 – “Que o Lula, que participou da oposição (à Ditadura) e nunca saiu do Brasil pois era proletário, tornou-se o maior presidente que o Brasil já teve.”
     29 – Como a fotografia entrou na vida dele.   Sua esposa estudava Arquitetura e precisava fotografar com qualidade vários prédios em Paris como parte da atividade acadêmica.    Compraram equipamento adequado na Suíça e leram os manuais com atenção e partiram para as fotos.   Pegou gosto e técnica.
      (Chamado de fotógrafo da Luz porque sua marca registrada é foto em P&Branco)
     30 – Por ter Mestrado em Economia, conseguiu em Londres um destacado emprego junto à OIC Organização Internacional do Café.   Viajou por vários lugares fotografando pela entidade, inclusive na África.
     39 – O casal jovem foi uma ocasião a Praga encontrar um parente que militava no PC Partido Comunista e estava refugiado da URSS em Praga.  O parente disse ao jovem casal para esquecer o PC e fez sua justificativa para tal sugestão.
     42 – Falou que em função da sua visão de mundo acabou focando a chamada “foto social”, envolvendo os problemas sociais ao redor do mundo que ele viu e sentiu.
     44-  A partir de Agência de publicidade em Paris, chegou a fazer foto reportagem para variadas e conceituadas revistas como:  Paris Match, Times, Stern, NewsWeek, et.
     52 -  Na América Latina, enfrentou montanhas, frio.  Ficou longo tempo longe do filho pequeno e da esposa por conta do trabalho.  Chorou às vezes.
     86 -  Com seu trabalho fotográfico...  “quis dar voz aos Sem Terras brasileiros”. 
     57 – Fala um pouco do MST, do Paraná.
     58 – Um dos seus trabalhos resultou no livro chamado “Terra” versa sobre as ações do MST em fotos dele e poemas de Chico Buarque.   (1996)
     58 – “A fotografia é uma escrita tão forte porque pode ser lida em todo o mundo sem tradução”.
     59 -  O segundo filho dele – Rodrigo – nasceu com síndrome de Down.
     66 -  Barricada de saco de areia  (saco de juta) na guerra.   A bala penetra, é retida na areia e o furo de entrada da bala se “fecha” após o ocorrido.
     71 – Serra Pelada (garimpo de ouro no Norte do BR).  Foi descoberto o ouro por lá em 1980.   Serra Pelada e o garimpo eram administrados pela Polícia Federal e o SNI Serviço Nacional de Informações.   Em 1986 a administração passou para a cooperativa dos garimpeiros.
     72 – Em Serra Pelada, 50.000 homens com picaretas, sacos, cavando e transportando solo barranco acima para a “lavagem” e ver se tinha ouro.   Um buraco enorme de 70 metros de profundidade.
     77 – Falando de migrações pelo mundo.    Década de 90, de 150 a 200 milhões de pessoas pelo mundo andou migrando por ano do campo para as cidades.  Um impacto enorme e sem precedentes.
     78 – Mecanização – migração, favelas, drogas, violência...  isto pelo mundo afora.
     78 – “Às vésperas do século XXI, tentei mostrar a necessidade de reformularmos a família humana sobre as bases da solidariedade e da partilha”
     79 – Mais recentemente ele retornou a vários lugares do mundo onde passou e viu as migrações e viu que o êxodo piorou tudo por lá.   Citou os casos de Xangai, Jacarta, Bombaim.       “Vi ilhas de riqueza num oceano de pobreza”.
     89 – Guerra na Ruanda.   2 milhões de refugiados.    Viu nos campos de refugiados mortes em massa, montes de mais de 100 m de comprimento.   Gente morta sendo recolhida com trator tipo pá carregadeira e despejados em valas comuns.   Também viu nos rios, cadáveres descendo rio abaixo.    Ficou quase doente (muito depressivo) de ver tudo isso por tanto tempo.   Seu médico recomendou que ele voltasse para a França.
     95 – Suas fotos resultaram no livro “Êxodos”.    Narra essas migrações pelo mundo.
     96 -  De volta à sua terra natal em MG, refloresta a antiga fazenda da família.   Antes eram 30 famílias de empregados.  Quando voltou recente, era só o capataz e as terras todas desmatadas e devastadas.    A tarefa de reerguer e reflorestar.
     Criou o Instituto Terra e vem somando o esforço próprio e de entidades inclusive do exterior para reflorestar a fazenda para preservação da natureza.   Já plantou mais de 2 milhões de árvores no local, sendo de mais de 200 espécies diferentes, sempre da sua região, para ficarem compatíveis com o bioma local.
     101 – Agora o Projeto Genesis, no qual pretende voltar a viajar o mundo e fotografar os locais onde há preservação na Natureza.
     101 – Nas andanças descobriu como viajar apenas com o essencial.    Agora, ver tantas belezas pelo mundo.  Muita alegria nisso.   Em abril de 2013 foram publicados 2 livros da série Genesis com fotos do projeto.
     103 – Os giros pelo mundo e as aulas de humanidade pelas quais vivenciou.    “Descobrindo o planeta, descobri a mim mesmo.”
     106 – O Quarup – ritual funerário indígena.  O tronco que o índio carrega sobre o ombro no ritual do Quarup representa o morto sendo reverenciado.
     117 -  Ele transportava numa missão até 600 rolos de filme fotográfico e estes sofriam com os raios-X dos aeroportos.    E o rigor nos aeroportos só piorou após o atentado de 11 de setembro às torres Gêmeas.    Maleta de filmes – peso de 28 kg.
     Quando migrou para as fotos digitais os cartões de memória pesavam ao todo 700 gramas.   Não mais problemas com os raios-X dos aeroportos.
     129 -  Curiosamente para quem fotografa em preto e branco, em cenário de neve é complicado para ter profundidade nas fotos.
     132 -  Fala da tribo dos Nenets na região Polar Ártica.   Frio de -30 a -40 graus na região dessa tribo.   Esse povo não precisa de muito para viver e tem que tudo que possuem caber num trenó e na tenda do acampamento.   Eles tem que migrar com suas tendas em busca de pastagem, caça, etc.    “Esses homens do frio vivem com pouco; mesmo assim, sua vida é tão intensa, tão plena e tão forte em emoções quanto a nossa.  Talvez até mais, pois tanto multiplicamos os bens materiais para tentar nos proteger que acabamos nos esquecendo de viver.  Não olhamos mais para a Natureza e para os outros, nos separamos da nossa comunidade.”
     134 – Sobre os povos primitivos pelo mundo afora.   “Eles me ensinaram mais do que eu a eles”.
     137 – Ele visitou mais de 120 países pelo mundo.
     139 -  Um cineasta alemão fez um documentário sobre Sebastião Salgado.  O cineasta é Wim Wenders    (quem sabe tem no Youtube, digo eu)
     146 – “O mundo moderno urbanizado, cheio de regras e leis, nos esgota.  Somente na natureza encontramos um pouco de liberdade”.
     147 a 157 -  Estão descritas as premiações que recebeu pelo mundo.   A primeira citada é de 1982, fora do Brasil.   Curiosamente (quem sabe até pelo posicionamento político dele) no Brasil a primeira premiação dele só veio em 1997, ou seja, somente 15 anos após seu pleno reconhecimento internacional.   E olha que entre 1982 e 2010 ele teve uma ou mais premiação por ano.   

     Leitor assíduo, eu já vinha acompanhando a vida e a arte do Sebastião Salgado e apreciando seu trabalho e postura diante da vida.  
                     orlando_lisboa@terra.com.br        blog  resenhaorlando.blogspot.com.br

    




domingo, 10 de agosto de 2014

RESENHA DO LIVRO – DIÁRIO DO CLIMA – SONIA BRIDI

            
           crédito da foto:   https://www.google.com.br/search?q=foto+da+cordilheira+dos+andes


     Resenha feita pelo leitor Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida

     O Brasil está para participar da Cop 20 que tratará das mudanças climáticas e ocorrerá no Peru.  O Cop vem da precursora reunião de Copenhagen.
     A jornalista catarinense Sonia Bridi fez um giro pelo mundo em busca de levantar dados sobre os lugares onde as mudanças climáticas tem mostrado efeitos mais marcantes e dessa reportagem resultou o livro editado em 2012.
     Página 15 – Passagem por La Paz – Bolívia.   Altitude de mais ou menos 4.000 m acima do nível do mar.    Perto da capital tem o lugar chamado Chacaltaya que tem uma estação de esqui na neve que anda abandonada porque a neve “sumiu”.
     15 – Degelo constante na Cordilheira dos Andes, de forma atípica.   Os cientistas prevêem que em apenas 15 anos nos Andes não haverá mais gelo abaixo dos 5.000 m de altitude.
     16 – Os cientistas usam um cilindro que perfura a neve e tira amostra das camadas e estas, estudadas, dão noção do comportamento do clima em décadas e até séculos.   Também ao analisar troncos das árvores, nos anéis de crescimento, há parâmetros sobre como o clima se comportou em certo período.
     19 – A altitude expõe o ser humano ao risco de embolia cerebral.
     21 – A repórter (que já percorreu o mundo) disse que a Bolívia é um dos países mais autêntico na face da terra em suas vestimentas típicas do dia a dia e modo de vida, com destaque para o interior do país.  Há grandes populações indígenas como os Aimarás, os Quíchuas.
     21 – A repórter viu pelo interior da Bolívia irrigações com plaquinhas do USAID Agencia de Desenvolvimento Americana.    Explicaram lá que após o Evo Morales assumir o governo, este expulsou os americanos que exploravam o país e o povo local.
     22 – A cultura da quinoa, grão de alto valor nutritivo, que é base da alimentação da região.  
     25 – Uyuni – o maior deserto de sal do mundo (era mar que secou há 30.000 anos).
     27 – O salar é a maior reserva do minério LÍTIO do Planeta.   Cobiçado internacionalmente por ser muito usual em eletrônicos como celulares, etc.   É o metal mais leve que há.  Usual em baterias de celulares, etc.  (pesa 10% de uma convencional)
     28 – Consta que os automóveis são responsáveis por 18% das emissões de GEE no planeta.   GEE Gases do Efeito Estufa.  Os USA são responsáveis por 50% das emissões por veículos.
     35 – Passou por Cusco, que foi sede do Império Inca.  (no Peru)
     38 -  “O Peru é um dos países mais lindos que visitei”, diz a jornalista.    CONTINUA......

quinta-feira, 31 de julho de 2014

RESENHA DA PALESTRA MÉDICA SOBRE AVC (DERRAME)


     Anotações feitas pelo Eng.Agr.Orlando Lisboa de Almeida
                  orlando_lisboa@terra.com.br

     A palestra foi proferida pelo Médico Neurologista Dr  João Rafael Sabbag do Hospital Evangélico de Curitiba no dia 29-07-14 no Rotary Club Curitiba Bom Retiro.
    
     AVC Acidente Vascular Cerebral.      Na tela de abertura da explanação já aparece uma frase de impacto e alerta:  “Uma em seis pessoas no mundo terá AVC em sua vida.   Esta pessoa pode ser você”.
     O AVC é a principal causa de óbito no Brasil e de afastamento do trabalho, via INSS.     Dia 29-10-2012 foi o Dia Mundial do AVC.   O símbolo da campanha tem a cor Azul.
     A doença tira a independência da pessoa, dependendo do grau das seqüelas.
     Dos AVC, 85% são tipo Isquêmico e 15% do tipo hemorrágico.
     No Brasil, 50% dos AVC ocorrem acima dos 75 anos de idade das pessoas.
     Em termos mundiais, o AVC é a segunda causa de óbito.
     A taxa de letalidade da doença está entre 10 e 55%.
     No Brasil, base 2010, morreram 100.000 pessoas de AVC.   No Brasil as mortes por AVC e infarto estão aproximadamente na mesma proporção.
     O AVC isquêmico é decorrente de obstrução de veia/artéria   (é o mais freqüente).
     No caso da mulher, a combinação de anticoncepcional associado ao tabagismo, aumenta o risco de AVC em vinte vezes.
     No Brasil, 40% dos afastamentos do trabalho (via INSS) por incapacidade física é decorrente do AVC.
      Controlar a pressão sanguínea é muito importante para prevenir.
     Controlar a diabetes também é importante.
     Colesterol alto – gordura no sangue – risco de AVC
     Tabagismo – o cigarro é nocivo à saúde e aumenta risco de AVC, assim como o alcoolismo.
     O palestrante disse que um tratamento para deixar de fumar é 20 vezes mais barato do que acudir a saúde da pessoa fumante nos casos de doenças associadas ao vício.
     Obesidade – também predispõe a pessoa ao risco de AVC.
     Exercício físico regular ajuda a pessoa a se prevenir de doenças em geral e do AVC em particular.
     Evitar excesso de sal e gorduras na alimentação do dia-a-dia.
     Fazer exames médicos regulares também é um “santo remédio” – prevenir.
     Em caso de suspeita do AVC, levar a pessoa afetada o mais urgente possível em busca de atendimento médico.
     Uns testes que a pessoa pode fazer junto à pessoa suspeita de estar na ocorrência de um AVC:      (geralmente os sintomas incluem forte e repentina dor de cabeça)
     SAMU
     S – sorria.     Ver se a pessoa consegue articular os lábios corretamente.
     A – abrace -   Ver se a pessoa consegue erguer os braços – dar um abraço (coordenação motora) – perda súbita da força muscular.
     M – música – ver se a pessoa consegue falar e entender o que o outro lhe fala.
     U – urgente -   chamar o socorro se for o caso.          SAMU 192
     Aja rápido.   Tempo perdido é cérebro perdido.
     Em alguma situação, o prosaico medicamento AAS ácido acetil salicílico pode ser um auxiliar em questão circulatória.   Sempre com orientação médica.

     No caso de suspeita de AVC, não alimentar a pessoa pois nesse caso pode haver bronco aspiração e complicar a recuperação do paciente.  (alimento ir para as vias respiratórias).
     Remédio de uso em hospital para AVC isquêmico (o mais freqüente):   ACTILISE.
     O remédio visa desfazer o coágulo e a obstrução da circulação sanguínea no local afetado.
     Quando a pessoa tem mais de 80 anos de idade, em geral se coloca um cateter para colocar o medicamento (em dose menor) na região do coágulo.
     Há casos de AVC hemorrágico em que tende a inchar o cérebro e pode ser necessário abrir uma “janela” no osso craniano para o cérebro expandir o volume no momento da ocorrência.   Controlado o problema, se repõe o osso.
     Mensagem final:    EM CASO DE AVC – TEMPO É CÉREBRO.

     Espero ter entendido de forma adequada o que foi repassado e eventuais pisadas na bola de minha parte, leigo que sou, peço desculpa.



     

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Divulgando meu Blog mais antigo, também atualizado

     Faz uns cinco anos que eu resolvi criar um blog que costumo dizer que é de Opinião, Cultura e Lazer.     No item lazer, coloco principalmente algo sobre algumas viagens de lazer, mas sempre com algum conteúdo cultural sobre o lugar visitado.    Este blog tem cinco anos, mais de trinta mil acessos e o endereço é   www.orlandolisboa.blogspot.com.br

orlando_lisboa@terra.com.br

Espero sua visita e se for o caso, também algum comentário.   Fraterno abraço.  

terça-feira, 8 de julho de 2014

RESENHA DO LIVRO: SABERES GLOBAIS, SABERES LOCAIS

          Autor da Resenha:   Eng.Agr.Orlando Lisboa de Almeida

Autores do livro:  Edgar Morin – participação do índio Marcos Terena
Editora:  Garamond  - Rio de Janeiro – Ano 2000  - 75 páginas
CDS/UNb   Centro de Desenvolvimento Sustentável da UNb.
Data da leitura:   31-01-13 a 01-02-13

     O livro na verdade reproduz uma Conferência realizada pela Universidade de Brasilia dentro do tema “Idéias Sustentáveis”.
     O Conferencista convidado, Edgar Morin é francês, octagenário, licenciado em História, Geografia e Direito.   Muito empenhado na teoria e na prática dos temas que envolvem o ser humano.
     O outro conferencista convidado foi o índio Marcos Terena, que é piloto de aeronaves, escritor, professor e conferencista.    A fala de ambos está expressa neste livro, assim como as perguntas e respostas na parte final das conferências.
     Um dos conselhos do índio Terena:   “Vocês não podem abandonar o espírito de vocês; o espírito é a maior força que o ser humano possui.  Se nós não fortalecermos o nosso espírito, seremos fracos.”    (página 63)
Página 65 – Terena, falando do índio no Brasil frente à pobreza, as injustiças e as questões ambientais.     “Porque a nossa oração é também para aqueles lugares onde as pessoas não tem o que comer, não tem o que beber, não tem casa para morar.  É por isso que, quando lutamos pela terra, é para proteger a vida.   A vida dos animais, das plantas e do ser humano”.
Voltando à página 17 -  Atualmente (ano 2000), temos que do ano de 1500 para cá no Brasil perdemos mais de 700 dos 1.000 povos indígenas, diz o Terena.   Povos que não existem mais, línguas e culturas que não existem mais.
     Atualmente há ao redor de 200 povos indígenas no Brasil, que falam 180 linguas diferentes.
     Página 56 – Morin e a inteligência artificial humana:    ...” penso que há um limite nesta porque:   qual é a originalidade da inteligência humana?   É a sua relação fundamental com a afetividade e com a emoção.”
     Página 59 – Morin, sobre o Ensino, sobre a Criatividade:
     “Ensino não é unicamente uma função, uma profissão como qualquer outra, onde se pode distribuir, produzir pedaços do saber: pedaços de geografia, de história, de química.   Enfim, Platão disse muito bem: “Para ensinar necessita-se de Eros, que significa amor, prazer e amor pelo conhecimento, amor pelas pessoas.  Se não há isso no ensino, na investigação, no conhecimento, nenhum resultado é interessante.”
     Página 53:   Morin, sobre a igualdade na diversidade:    “Pode-se falar de igualdade porque  a diversidade não significa uma visão hierárquica.   A diversidade é uma pluralidade de possibilidades.   Igualdade não significa igualdade entre os mesmos.  Igualdade pode ser entre pessoas, a igualdade humana dos direitos humanos vale para todas as culturas, para todas as línguas, para todas as raças...”

segunda-feira, 2 de junho de 2014

RESENHA DO LIVRO – PERDIDOS NA TOSCANA


                               fonte da ilustração - gogle - página abaixo.
www.google.com.br/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-8#q=fotos%20da%20toscana

Autor:   Affonso Romano de Sant´Anna        29052014


Resenha pelo Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida

Editora – L&PM,  Porto Alegre-RS, ano 2009, 252 páginas – 1ª.edição

     Eu não conhecia o nome e a obra desse autor que para mim foi surpreendente.   Um dia, a convite do SESC de Maringá, fui a uma palestra e bate papo com autores e um dos dois palestrantes da noite era o poeta, doutor em letras, mineiro, ex-dirigente da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.   Autor de vasta obra entre livros em prosa e verso e ensaios.    Viajou por muitos países representando nosso País em conclaves envolvendo literatura.

     Perdidos na Toscana no sentido de deslumbramento com a beleza da região envolvendo paisagem, edificações, história do seu povo.
     Página 9 – Mântua.  Cita a Torre do Relógio, Palácio da Razão, Palácio Ducal e outros lugares.    Virgilio nasceu nas cercanias de Mântua.
     12 – Certaldo Alto – cidadezinha medieval onde Boccacio passou a infância.
     13 – San Geminiano – tem edifício de quatorze torres.  Eram antigamente setenta e duas torres, das quais restaram as quatorze atuais.    Segundo o autor do livro, este local foi a New York da Idade Média.
     13 – Arezzo – cidade de Petrarca.   Cidade do poeta Aretino, que também inventou as Notas Musicais da forma que hoje conhecemos.
     15 – Catedral de Milão – Igreja com 135 agulhas apontando para o céu.
     16 -    ...”Aristóteles quando dizia que a poesia essencializa mais os fatos que a história.”
     16 – Na livraria em Milão.   Disse que notou que o escritor da moda lá era o chileno Luis Sepúlveda.
     17 – O Teatro Scalla de Milão continua na ativa com música clássica.
     Índia
     18 – O número de dialetos na Índia é grande e as línguas são 18.  Ele cita que, ironicamente, o idioma inglês (do colonizador) acabou sendo útil aos povos da  Índia para se comunicarem entre si.
     21 – Velha Deli e Nova Deli.  Cidades densamente povoadas.   Fala inclusive do Forte Vermelho.
     Rússia
     58 – Cita o livro 1917 A Revolução Mês a Mês de autoria de A. Nenarokov
     59 – A cidade de Leningrado, após a queda do comunismo voltou a se chamar São Petsburgo.
     60 – O que fazer do Museu de Lênin.   O autor deste livro sugeriu que até fosse ampliado o citado museu para abrigar acervo do tempo do comunismo para preservação e estudos, além da visitação.
     65 – O autor faz inclusive uma provocação:   “Os ditadores estão acabando no continente, não é, Fidel?”
     Argentina
     70 – O episódio do soldado argentino que lutou na Guerra das Malvinas.   Bastante mutilado, manda carta à mãe dizendo que vai voltar para casa (ela não sabe das mutilações) mas com a condição que possa levar consigo – se ela aceitar – um amigo mutilado.   Ela não aceita.   Ele se suicida.
     Colômbia
     73 – Cidade de Medellín    (que pela  Wikipédia tem 2,2 milhões de habitantes e IDH Índice de Desenvolvimento Humano 0,8 – relativamente alto – qualidade de vida bom)
     Ele foi a um encontro de poetas em Medellín.   Ficou surpreso com o enorme teatro cheio e gente do lado de fora assistindo as palestras pelo telão.  Poesia!    Ele ficou surpreso inclusive pelo fato de que há três anos em relação à sua visita ao local, as guerrilhas e o narcotráfico tinham matado ao longo do tempo milhares de pessoas na região. 
     Irã
     79 – Visitou Teerã e algumas outras cidades do Irã que era a antiga Pérsia e tem muita história.    Ele falou um pouco do que é Teerã na atualidade.   Em 1979, o Irã tinha 49% de analfabetos.  Hoje (2004), o Irã tem 83% de leitores.    O Irã tem a metade da população do Brasil e lá há 1.500 bibliotecas espalhadas pelo país.   Na parte de cinema, eles tem vasta produção de renome internacional inclusive.  Só no ano de 1997 para ficar num exemplo, os filmes deles ganharam 118 prêmios internacionais.
     Citou o intelectual Avicena (ano 980 a 1037) que era filósofo, médico, que codificou toda a ciência árabe do seu tempo e interpretou a sabedoria grega.    (continua o texto)

quarta-feira, 28 de maio de 2014

COMENTÁRIO SOBRE O LIVRO “CACAU” - DE JORGE AMADO

                         

     Autor do comentário – Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida

           
            Sobre a obra   “C A C A U”

            Como li sem compromisso, fiz a leitura e as anotações utilizando o método que já citei e botei tudo no meu manuscrito – o caderninho.
            Revendo a síntese, é de se notar algumas tendências marcantes na obra a saber:
            Época -  A obra foi escrita por volta de 1933 e busca fazer um retrato da realidade atual daquela época e local.
            O lugar -   A região cacaueira do sul da Bahia, polarizada por Ilhéus.  Retrata principalmente a vida do povo simples, miserável, que trabalhava nas lavouras de cacau da região.
            O tema -   O problema social vivido pelo povo local, explorado pelos coronéis e barões do cacau.   O contraste da opulência dos grandes fazendeiros do cacau, com a miséria dos seus trabalhadores.   
            Uma frase da obra já mostra de forma lacônica a vida daquela gente miserável explorada:    “Educara-se entre tiroteios e mortes”.
            Vale até relembrar algo do famoso João Cabral, onde cita a vida e morte severina:      
                   “De emboscada antes dos vinte,
                    De velhice antes dos trinta,
                    De fome, um pouco por dia”.
            As Expressões   - Há na obra muitas expressões cujo sentido o leitor deve pesquisar para aproveitar melhor o conteúdo da mesma.   Refletem a cultura de um povo e de uma época.    Não é muito zelo destacar que no Brasil há duas identidades culturais muito fortes, sendo a do gaucho, moldada na influência do pré-colombiano, o português o italiano e outras influências mais.  A outra cultura muito marcante é a do povo da Bahia e de algumas outras partes do Nordeste brasileiro, com forte presença de elementos culturais da mãe África.
            Alguns termos que resolvi destacar:  chalacear, ABC, picula, trabalhar “alugado”, rameira, marinete, grapiuna, carpina, quento (não tem no Aurélio e parece ser um vale ou adiantamento de salário), mandrião, estrupício, caçuá, munguzá, aipim, acaçá.
            Engajamento -    Jorge Amado que foi ligado ao Partido Comunista deixa claro nesta obra elaborada em sua juventude, um engajamento na causa socialista de luta de classes, contra a opressão sofrida pelas classes operárias.  Na Europa essa luta já era muito conhecida na época, mas no Brasil era algo novo e bastante combatida.    Ser “vermelho”  era ser inimigo da sociedade, das elites que sempre foram o poder político.
            Costumes -  Alguns que destaquei:
·        Batizados coletivos dos filhos dos empregados, tendo como padrinhos, os patrões.   Garantia de manutenção da submissão dos empregados e da perenização da exploração.
·        A semana de festa para comemoração de São João, festa muito popular na época na região e em todo o Nordeste até os dias atuais.
·        A lida na lavoura cacaueira e a forma de manipular o cacau envolvendo podas, colheita, separação das sementes e secagem destas para o comércio.
·        As comidas típicas do dia-a-dia do povo pobre.
·        O rito de passagem do garoto para a idade adulta.   Aos doze anos, o pai leva o filho à zona e este acaba pegando uma doença venérea.  Assim, está promovido ao mundo dos adultos e tem até seu salário aumentado.
·        Os retirantes da seca, o drama e a vontade de retornar à terra natal.

Manifestações do Engajamento  -  como o engajamento político é o
 ponto mais visível da obra, destaco alguns comentários sobre o mesmo:
·        Trabalhar alugado -  o termo é chocante e serve para o trabalhador abrir os olhos e perceber que virou mercadoria à serviço do lucro.   Chocar para conscientizar e fomentar a luta de classes, visando o fim da opressão.
·        Armazém da fazenda -   existiu e ainda existe isto pelo interior do Brasil.   Quando o empregado migra para trabalhar numa fazenda, já chega devendo a mudança ao novo patrão.   Este tem na fazenda um armazém onde o empregado se abastece sem saber o preço das mercadorias, muitas vezes.   Assim, seu saldo será quase sempre negativo.    Trabalha, trabalha e está sempre devendo...  saldo negativo.    Foi disto que surgiu o termo “pedir a conta”.   Quando um empregado queria saber seu saldo efetivo, estaria ao mesmo tempo rompendo o elo de confiança com o patrão e era despedido.
Não é coisa do passado isto no Brasil.   Nas novas fronteiras agrícolas isto ainda é um tanto recorrente, infelizmente.
·        Gestão da fábrica  -  citou uma forma de gestão mais ética e mais humana de uma fábrica de tecido, visando mostrar que, mesmo sendo capitalista, há como tratar os empregados com mais dignidade.
·        Guarda noturno -  O guarda tinha o senso classista e, apesar de sua miséria, ajudou o retirante que estava passando fome.
·        As rameiras -  acusa a opressão e acena com a união das classes oprimidas como solução.
·        A escola -  reproduzindo o sistema opressor, assim como a igreja no local e época também faria o mesmo.    Também destaca a imprensa que enaltece os nobres feitos do “generoso” coronel fulano, que na realidade é um explorador dos fracos.
·        Deus  -  uma visão de um deus mostrado pela igreja local.  Um deus coronel que quer bem aos ricos e despreza os pobres.  É um deus carrasco e inimigo dos pobres.
·        Analfabetismo -  como arma política para manter os miseráveis sempre nessa condição ao longo dos tempos e gerações.
·        Preguiçoso -   No chavão do opressor e de muitos desavisados, o pobre vive na miséria porque quer, porque não pega duro no trabalho.    Sem levar em conta que o trabalhador muitas vezes ganha pouco, trabalha desnutrido, com doença crônica e assim por diante.
·        Utopia -  Na obra, os oprimidos representados pelas prostitutas, os trabalhadores do cacau, os retirantes, sonham com algo que não entendem, mas que resumem toda a esperança:  “Um dia...”    É a síntese de algo de bom que teria de acontecer, não sabiam como.   O sonho de liberdade, do fim da opressão e da miséria.
·        Protagonista -   Quando este, calejado da vida de alugado, consciente do sentido classista, renuncia ao amor da filha do patrão e parte para uma região metropolitana buscando trabalho com dignidade, sabendo que vai enfrentar a luta em defesa da sua classe trabalhadora.

Desfecho -    A última frase do livro deixa de forma textual o engajamento do autor, pelo dizer do seu protagonista:

-          “Eu partia para a luta de coração limpo e feliz”.