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sexta-feira, 15 de maio de 2020

FICHAMENTO DO LIVRO - O MEZ DA GRIPPE - VALÊNCIO XAVIER - SOBRE A GRIPE ESPANHOLA (1918) OU GRIPE AMERICANA

FICHAMENTO DO LIVRO – O MEZ DA GRIPPE    (1918 em Curitiba PR)
 Autor:   Valêncio Xavier – editora Cia das Letras – SP – 1998
 Fichamento de leitura pelo Eng.Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida.      www.resenhaorlando.blogspot.com.br  
 Faço um curso de Patrimônio Histórico do Paraná, no qual se insere inclusive a arte em geral e a literatura em particular.   Foco nos paranaenses natos ou não.
 Numa das aulas no centro histórico de Curitiba no Solar do Rosário, o tema abordou a vida e obra de Venâncio Xavier que tem um trabalho um tanto heterodoxo em TV e mesmo na literatura.   Este livro é mesclado de uma colcha de retalhos de recortes de jornais da época da gripe (1918) , poesias curtas, mórbidas e eróticas anônimas e tudo o mais numa apresentação meio caótica, fora da casinha.     Li um exemplar da Biblioteca Pública do Paraná da qual sou sócio.  Parece que o livro é raro em sebos.
 Esclarecendo que ele coloca foco na gripe espanhola que assolou o mundo e teria matado ao redor de 50 milhões de pessoas e que no Brasil fez um estrago enorme em 1918.   O vírus era uma variação do H1N1 que agora nos assusta e nos dá um toque de recolher.      Só lembrando que o nome da gripe, ironicamente teria vindo da geopolítica, ou seja.   As potências do norte estavam na primeira Guerra mundial e a doença teria chegado lá pelos soldados americanos e se espalhou pelos hospitais de campanha, trincheiras e nas populações.   A Espanha ficou neutra nessa guerra e por ser uma monarquia parlamentarista democrática, divulgava o que lá ocorria pela imprensa enquanto os países em guerra omitiam as notícias inclusive para não desanimar as tropas em combate.     Assim sendo, a gripe de 1918 foi injustamente batizada como gripe espanhola.
 Então vamos voltar aos relatos do Venâncio Xavier sobre a gripe espanhola aqui em Curitiba em 1918.    Ele usou inclusive notícias de jornal da época para coletar dados e relatos.   
 Página 23 – Em 1918 já havia a creolina Pearson como uma opção de desinfetante de ambientes.    Tinha um cheiro forte característico.
 P.24 -  Alemães em guerra capitulando em 1918.
 26 – Curitiba com população perto dos 80.000 habitantes em 1918.
 26 – Além da gripe que matava, também a febre tifoide ainda fazia vítimas fatais por aqui.
 27 – No Rio de Janeiro a gripe espanhola ganhou o apelido de puxa puxa mas o autor não explicou o motivo do apelido.   Se puxava a pessoa para a cova...
 28 – Fim de Primeira Guerra Mundial na Europa e alguns alemães aqui moradores desafiavam as pessoas.    Cantavam, alguns, o hino deles por aqui em plena guerra.   Um dia um grupo foi preso por isso.   Na ocasião eles estavam acompanhados das esposas.   No momento a polícia ficou no imbróglio de como as mulheres deles voltariam para casa.   Ofereceu policiais para acompanha-las.    Elas recusaram a oferta e preferiram ir pra casa sozinhas.     A fonte : o Jornal do Commercio do Paraná.
 28 – Além de mortes por febre tifoide e da gripe espanhola, aqui em Curitiba de 1918 havia morte por tuberculose, lepra.
 29 – Recado do cotidiano de então no jornal da cidade:  Precisa-se de uma mulher para viver com bom homem solteiro.    Rua Saldanha Marinho, 168  (das 5 as 6 h da tarde)
 29 – O autor coletou depoimentos da Dona Lucia (em 1976) que viveu o tempo da gripe espanhola.   Ela narra o que vivenciou.
 32 – Fala da notícia de jornal anunciando a inauguração em 1918 de Majestoso prédio do Hospício em Curitiba.
 33 – A polícia censurou os jornais daqui sobre a gripe e os mortos.
 Depoimento da Dona Lucia:    No começo, caixões e mortalhas.  Depois, levavam com os caixões, enterravam só o corpo e traziam o caixão para outro enterro.
 34 – Na Rua XV – rua das Flores, havia a redação do Jornal do Commercio do Paraná.   Tempo da Guerra e alguns dos alemães daqui afrontando as pessoas.   O jornal cita inclusive o alemão e o livro também.  O alemão Rodolfo André Damm veio até a parta de entrada do jornal na rua XV e fez cocô na porta em protesto.
 35 – 1918 – o presidente do Brasil era Wenceslau Braz.
 43 – Fala dos “elétricos” que seriam os bondes que circulavam em Curitiba.   Pertenciam à South Brazilian Railway.    Os bondes ficaram um tempo sem circular à noite pela cidade por causa da gripe.
 44 – Aqui em Curitiba em 1918 havia jornal clandestino editado em alemão.  Tinham contato por telegrama com grupos da Argentina.    Cita  fonte o Jornal do Commercio de 06-11-1918.
 44 -   No jornal.   Alguém se referindo à gripe espanhola.    ...Mas a senhora espanhola parece que não tem vontade de deixar ninguém em paz.
 45 – O armistício da Primeira Guerra Mundial foi dia 07-11-1918.
 46 – Diz que além da gripe, repressão às notícias pelas autoridades e assim aumentam os boatos.    Os boatos matam mais que a gripe.
 46 – O prefeito de Curitiba em 1918 era o João Antonio Xavier.
 49 – Doutor Nilo Cairo fala dos sintomas da gripe espanhola.
 49 – Reclamações no jornal.   “A cada enterro toca o sino na igreja do Rosário (no Centro Histórico).   Com o cemitério logo acima, o sino tocando seguidamente e irritante...  espalhando a apreensão, a mágoa e a tristeza.”
 55 – Os versinhos obscenos entremeados no livro, destacados do jornal da época da gripe.  Autor anônimo.    Li e são mais fortes que os contos do Dalton Trevisan  ( o do Vampiro de Curitiba).
 64 – Poesias no jornal, apesar da gripe.
 65 – Os bondes, parados no tempo da gripe, voltam a circular em 30-11-1918, num sábado.
 67 – Balanço dos óbitos oficialmente documentados (1918)
 Novembro     295 óbitos
 Dezembro -      89 óbitos
 Total de 384 óbitos em Curitiba com população de 73.000 habitantes.
 Total de doentes em Curitiba pela gripe:    45.249 pessoas.   Mais da metade de toda a população como se pode observar.
 O boletim é assinado pelo médico Dr Trajano Reis, responsável pelo Serviço Sanitário da cidade.
 72 – O episódio do louco no hospício que pegou a muleta de outro paciente e saiu acertando a cabeça dos que encontrava pela frente.   Formou um aranzel no hospício.     (meu pai, paulista do interior, usava o termo “aranzé”).  Um bafafá...
 Fala em certo ponto do uso do pó de arroz pelas mulheres.    Cita em outro trecho o cineasta auto didata que andou fazendo quase sem recursos, alguns filmes aqui em Curitiba.   Ele era conhecido por Maciste.   Chegou a fazer filmes eróticos por aqui.   
 Li este livro em julho de 2019 e tudo parecia tão surreal e agora estamos vivendo em março de 2020 o sufoco do covid 19 que é uma variação do vírus da gripe espanhola.     Naquele tempo, o atrapalho pelos boatos e hoje em dia os nefastos fake News que desinformam e colocam pânico nas pessoas de forma negativa.   O povo precisa de informação e muitos cuidados.     Todos nós esperando por dias melhores.                                             Março de 2020.

domingo, 3 de maio de 2020

RELAÇÃO DE LIVROS LIDOS - SEGUNDA PARTE - DE 2015 ATÉ 2020 - MAIO.



         Data atual – maio de 2020
          (A lista anterior de 01 a 177 vai de 07-1994 a 12-2014) também publicada aqui)
Número      obra                              autor                             mês/ano
178 - Os Chineses                            Claudia Trevisan           01-2015
179- Os Garotos da Fuzarca  Ivan Lessa                              04-15
180 – A Medida do Exagero.. Caetano Fisher Ranzi             09-15
181 – Louvados Sejas            Papa Francisco                       09-15
182 – Eu, Malika Oufkir...     Malika Oufkir e outra             09-15
183 – Xangai Baby                Wei Hui                                  10-15
184 – Azules (poesia)             Cristiane Grando                    10-15
185 – Maria                            Rodrigo Alvarez                     12-15
186 – Por tras daquela Foto   Varios autores                        12-15
187 – Caim                             José Saramago                       01-2016
188 – Um Proj.para o Brasil  José Bonifácio de Andrada     01-16
189 – Sua Resposta vale 1 bi Vikas Swarup                        03-16
190 – O filho Eterno              Cristovão Tezza                     05-16
191 – O Caçador de Pipas      Khaled Hosseini                     05-16
192 – Os Americanos -           Antonio Pedro Tota               06-16
193 – O Diário da Queda                 Michel Laub                  07-16
194 – O Beijo de Schiller        Cezar Tridapalli                     08-16
195 -  O Estrangeiro               Albert Camus                         09-16
196 – O Caminho do Peregr.  Laurentino Gomes e ou          09-16
197 – A Radiografia do Golpe         Jessé Souza                   12-16
198 – As Brasas                     Sándor Marai                         12-16
199 – Geografia da pele                   Evaristo de Miranda      12-16         
200 – Pensamento Ecológico  Coletânea                               01-2017
201 – O Mercador de Veneza William Shakespeare              01-17
202 – Perdição                        Luiz Vilela                              02-17
203 – Contos Eróticos           Luiz Vilela                              03-17
204 – O homem lento             J.M.Coetzee                            03-17
205 – A Trégua                      Mario Benedetti                      04-17
206 – A Eternidade e o Desejo    Ines Pedrosa                      05-17         
207 – Memórias de m.Putas Tristes – Gabriel G.Marques    06-17
208 – Noite Sobre Alcântara  Josué Montello                       06-17
209 – As Avós                       Doris Lessing                         06-17
210 – Rota 66                        Caco Barcellos                       06-17
211 – Feministas                    Chimamada N.Adichie           10-17
212 – A origem do Estado Islamico – Patrick Kochburn       10-17
213 – Manuscritos ... Accra   Paulo Coelho                          11-17
214 – Madame Bovary           Gustave Flaubert                    12-17
215 – Sapiens                         Yuval Noah Harari                 12-17
216 – Amandine                     Marlena de Blasi                    07-2018
217 – A grande Aventura dos Jesuitas -  Tiago Cordeiro      08-18
218 – Mi País Inventado                  Isabel Allende               11-18
219 - Boy Erased                   Garard Conley                        01-2019
220 – O que vem ao Caso      Ines Pedrosa                           03-19
221 – Fazes Me Falta             Inês Pedrosa                           03-19
222 – Lampião & M.Bonita   Wagner G.Barreira                 03-19
223 – Caderno de Memórias  Isabela Figueiredo                  07-19
224 – História do Cerco de L.    – José Saramago                 07-19
225 – A Vagabunda               Gabrielle S.Colette                 08-19
226 – Universidade do Matte (UFPR)  Ruy C.Wachowicz    08-19
227 – Dom Quixote Americano -    Richard Powell              10-19
228 – Essa Gente                   Chico Buarque                       12-19
229 – Rei Lear                        William Shakespeare              01-2020
230 –A Expedição Montaigne   Antonio Calado                   02-20
231 – O Ensino de História...     Jaime Pinsky e outros          03-20
232 – A Era do Inconcebível  Joshua Cooper Ramo               03-20
233 – A Elite do Atraso                   Jessé Souza                     04-20
234 – 21 questões para o Sec. XXI – Yuval N. Harari            05-20

(lista atual e a anterior que abrange o período de 1994 a 2014 no blog www.resenhaorlando.blogspot.com.br   - Tenho fichamento em letra cursiva de todos os livros lidos de 1994 até 2020.   Estão em 20 cadernos tamanho 16x20 espiral.    Destes fichamentos, vários estão publicados no blog, em geral atualidades.   Romance, ficção, etc. não publico fichamento)                             

segunda-feira, 27 de abril de 2020

RESUMO - LIVRO - A ELITE DO ATRASO - AUTOR: PROFESSOR DR JESSÉ SOUZA - EM VÁRIAS ETAPAS ABAIXO. ABRIL 2020

FICHAMENTO DO LIVRO – A ELITE DO ATRASO
AUTOR: JESSÉ SOUZA 13-04-2020 parte 1/6 fichamento pelo Eng.Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
O autor é Professor Universitário (UFF Universidade Federal Fluminense), fez estudos no Brasil, Alemanha e USA e tem mais de 20 livros publicados. Já assisti palestra com ele aqui em Curitiba-PR
A epígrafe do livro: Frase de Dom Helder Câmara
“Se dou comida aos pobres, me chamam de santo. Mas quando pergunto por que são pobres, me chamam de comunista”.
Página 8 - ...” é também uma crise de ideias”. Velhas ideias que nos legaram no tema corrupção política como o grande problema nacional. É falso, apesar de ter um grão de verdade.
8 – Faz um contraponto às ideias expressas em Raizes do Brasil, livro de Sergio Buarque de Holanda, livro de 1936. Destaca que Sociólogos atuais seguem as pegadas do autor citado. Cita também no contexto Raymundo Faoro, Fernando Henrique Cardoso (enquanto Sociólogo), Roberto DaMatta. O autor diz que mesmo intelectuais da esquerda no Brasil tem a cabeça feita por essa corrente que o autor cita como velha e inadequada.
8 – Sergio Buarque ao seu modo respondeu a três perguntas:
De onde viemos?
Quem somos?
Para onde (provavelmente) vamos?
Passou a ser a interpretação oficial do povo brasileiro.
Esse discurso legitima a Operação Lava Jato. Também com essa interpretação, a Rede Globo legitima sua violência simbólica. O STF se legitima.
Sergio Buarque construiu uma narrativa totalizadora, assim como a narrativa das religiões que não podem dar margem a lacunas e dúvidas do Brasil e sua história.
Segundo ponto: Sergio Buarque criou a legitimação perfeita para uma dominação oligárquica e antipopular com aparência de estar fazendo crítica social. E isso que o faz ser amado pela direita e pela esquerda.
9 – Até os últimos dois séculos, quem construía a visão de mundo eram os religiosos. Depois, nestes dois séculos recentes, passou aos intelectuais, à Ciência.
No passado, a visão de mundo “vinha de cima”, do sagrado e ficava muito difícil fazer a crítica. (que o diga Galileu...)
9 – Hoje o mundo em crise e essa aceitação de que é assim por algo que veio do sagrado perde parte da “naturalidade” e fica menos difícil estudar e contestar. É hora de desconstruir as velhas verdades que nos oprimem.
9 – Desafio: “Mas é preciso que se reconstrua um novo sentido que explique e convença melhor que o anterior”.
10 – Destaca que em Portugal não existia a escravidão e se usou largamente a escravidão aqui no Novo Mundo.
Uma tese do autor tem a ver com o tanto que a escravidão marca o nosso País. Coisa que o Sergio Buarque passa como algo meio natural. Outra tese do Professor Jessé envolve discutir a luta de classes...
11 – Sergio Buarque não dá importância à luta de classes e constrói aquela do brasileiro “cordial” e Roberto DaMatta, a tese do “jeitinho brasileiro”.
11 – Criou-se o mito do confronto entre um Estado corrupto e patrimonial e um mercado virtuoso.
11 – A mídia nada faz para clarear isto.
Capitulo: O Racismo de Nossos Intelectuais.
O brasileiro como vira-lata. Estudar a coisa. O poder. É ele quem nos dirá quem manda e quem obedece. Quem fica com os privilégios e que é o excluído.
Raymundo Faoro - ...”de que o Estado abriga uma elite corrupta que vampiriza a nação”.
13 – O autor aqui mostra que a Lava Jato fez o que fez com apoio da mídia e facilitou a privatização dos campos de petróleo e lesou o Brasil de forma marcante. Diz que isto sim é a corrupção real que nos afeta. Mas o sistema torna invisível essa manobra e essa entrega, essa rapina contra o País.
13 – Se comparar o achaque no Brasil com o mundo das drogas, ele diz que os políticos são os “aviõezinhos” que levam uns trocos mas a fortuna quem faz está no mundo privado e manipula o poder real. Estes do poder não aparecem diretamente no palco da política. Ficam na “sombra”.
13 – “O imbecil perfeito é criado quando ele, o cidadão espoliado passa a apoiar a venda subfaturada desses recursos (petróleo, etc) a agentes privados imaginando que assim evita a corrupção estatal”.
14 – Lembrou da entrega da Vale do Rio Doce na gestão FHC nos anos 90. Entregaram na bacia das almas a empresa que hoje em dia drena nossa riqueza e paga um royalt irrisório. (fora os danos ambientais)
O povo não vê porque criaram o espantalho perfeito que é o “estado corrupto” o culpado de tudo.
14 – Sem a ajuda dos intelectuais respeitados entre nós, a mídia não teria o caminho livre para ajudar o “poder real” a nos distrairmos com o “Estado corrupto” e olhássemos para as reais rapinas das nossas riquezas.
15 – Força do culturalismo conservador entre nós.
15 - ... “em condições normais ninguém pensa além do seu tempo”. O senso comum tem limitação para ver de forma mais abrangente.
16 - ...”a inovação possível de um mesmo paradigma é sempre superficial e nunca sequer toca o aspecto fundamental”.
16 – Nas Ciências Sociais o conceito “racista” e o “culturalista”.
Até a década de 20 a ciência usava o conceito de diferentes raças (cor, etc) para justificar intelecto, etc.
17 – O culturalismo substituiu o racismo, mas sem mudar paradigma. Os americanos dentro do culturalismo colocam a teoria da Modernização como “padrão” e que os demais para estar bem na foto, teriam que seguir o seu padrão. Surgiram N pesquisas empíricas para sacramentar essa “verdade”.
17 – Cita o americano Talcott Parsons que usou seu prestígio junto a gente de projeção nos USA e com apoio do governo fez campanha lá e no mundo, inclusive no Brasil, sobre a “maravilha da riqueza e democracia americana”.
(hoje com a pandemia fica claro que eles não são o padrão que andaram vendendo – observação do leitor)
18 – Ninguém na mídia cria conhecimento.
19 – Hoje em dia dizemos que superamos o racismo, mas se pratica a separação entre seres humanos “de primeira classe” e de “segunda classe” como os americanos fazem em relação a latinos, africanos e asiáticos.
19 – Acreditam em algo sem respaldo científico. “Os seres superiores seriam mais democráticos e mais honestos que os inferiores, como os latino-americanos, por exemplo”.
“Superiores” os países que tem a condição de domínio, legitimando esse domínio.
19 – Hoje nos USA e Europa ninguém deixa de achar inferiores os latino-americanos e africanos.
20 – Dominadores, fazem seu povo não reclamar do seu país porque este seria “melhor” que os outros.
20 – Se ajudam entre os “superiores” e acham mais fácil expropriar as riquezas de povos que se acham mesmo inferiores e desonestos.
O povo aceita isso bovinamente e até os especialistas entram no jogo.
20 – Os classe média daqui se sentem “alemães” e se julgam acima do povo inclusive nas suas certezas. Taxa o povo de preguiçoso, ignorante, que vota mal, etc.
21 – Povo explorado, os de mais estudo e recurso, acham natural o privilégio.
22 – Quem faz a cabeça dos mais humildes ao longo de séculos foram os religiosos. Os valores morais e a salvação. Depois o mundo secular com interesses mais diretos do capital...
Pessoa culta tem espírito (na visão da exploração) e não culto é só corpo, quase animal. Homem culto é espírito e mulher culta é afeto.
23 – Divisão sexual do trabalho. Relega à mulher o trabalho invisibilizado e desvalorizado na casa e no cuidado dos filhos.
Não refletimos sobre isso. Parece coisa tão natural ignorar isso como o ato de respirar.
Força poderosa porque a tornamos naturais ou melhor, naturalizadas.
“Esquecemos que tudo que foi feito pelo ser humano, também pode por nós ser refeito”.
23 – As 500 maiores empresas do mundo. Os CEOs delas, 492 são homens.
23 - ... enorme eficácia para colonizar a mente e o coração também de quem é inferiorizado e oprimido.
.................... continua.

RESUMO - LIVRO - A ELITE DO ATRASO - AUTOR: PROFESSOR DR JESSÉ SOUZA - CONTINUAÇÃO - ABRIL 2020


Continuação
         Página 24 – A vantagem do culturalismo racista sobre o racismo clássico é que ele não se vincula à cor da pele e até os negros americanos podem se sentir superiores, por exemplo, aos latinos e estrangeiros em geral.
         24 – Conseguem vantagens bem concretas a partir desse fato.
         24/25 – Vender esse culturalismo que nos rebaixa e nos faz sentirmos que está correto algo como a Operação Lava Jato que propiciou a rapina sobre nosso patrimônio na forma da entrega do nosso petróleo em larga escala às multinacionais.
         O povo bovinamente acredita “que é melhor entregar nossas riquezas a quem sabe melhor utilizá-las, já que outro são honestos e tem berço”.
         25 – Dentro dessa linha de racismo na forma de culturalismo que possibilita a legitimação de todo ataque contra qualquer governo popular.
         25 – “Todo racismo, inclusive o culturalismo racista dominante no mundo inteiro precisa escravizar o oprimido no seu espírito, e não apenas no seu corpo”.
         “Colonizar o espírito e as ideias de alguém é o primeiro passo para controlar seu corpo e seu bolso”.
         25 – A mídia não esclarece.  Ela reforça tudo isso na cabeça do oprimido.
         26 – A mídia retira seu poder de fogo desse reservatório de ideias dominantes e consagradas.
         Ela é limitada no seu alcance pelo prestigio que essas ideias e seus autores, que ela veicula, desfrutam na sociedade.
         26 – “Quem controla a produção de ideias dominantes controla o mundo”.    As ideias dominantes são sempre produtos das elites dominantes.     .... (elite)...    se apropriar da produção de ideias para interpretar e justificar tudo que acontece de acordo com seus interesses.
         26 –  E entra a ciência para legitimar tudo isso.    Ela estando do lado da elite...    ela oprime os mais fracos.
         27 – Após a II Guerra Mundial, os USA....   “O novo racismo culturalista americano foi implementado como Política de Estado, não foi deixado à ação espontânea de ninguém”. 
         Hollyood, ufanismo deles com bandeiras; as cores deles em tudo.  A música, etc.   Isso sem contar as “Missões de Paz” enviadas pelo mundo afora.    Além de treinar lá nos USA militares de outros países de interesse deles.
         27 – Por guerra, governo Harry Truman, o Estado colocou recursos pesados para que eles ditassem o paradigma deles como verdade universal.   Vender os USA como modelo para o mundo.  Eles perfeitos e o resto, não.  A meta seria os de fora mirarem no modelo deles.
         28 – Nossos intelectuais são escravos da nossa elite dominante e ambos são escravos do Grande Irmão (USA).
         28 – Década de 30.   Talcott Parsons, do governo Truman – implementou um engenhoso esquema na Teoria da Modernização do Mundo.    Desenharam lá nos USA o americano como sendo:
Objetivos / pragmáticos / antitradicionais / universalistas e  produtivos.
         (tudo no foco superioridade em relação aos demais povos)
         Nós aqui construindo a imagem de vira latas.   Bem dentro do jogo deles.   O Brasil construindo:
         Brasileiro pré moderno / tradicional / particularista / afetivo e tendência à desonestidade.
         Gilberto Freyre ajuda a construir isso.  Dá uma roupagem “científica” a tudo isso.
         29 – Nos anos 20, do século XX o crítico do racismo científico foi o Sociólogo alemão de vanguarda, Franz Boas.   Ele influenciou a Atropologia a chegar ao culturalismo que na verdade doura a pílula do racismo.      Gilberto Freyre embarcou nessa onda e “elevou” o Brasil ao nível da “ciência” nesse tema.  Configurou assim o “vira lata”.
         ...”procurou levar o culturalismo vira lata ao seu limite lógico”.   Ele procurou e conseguiu criar um sentimento brasileiro de identidade nacional que permitisse algum orgulho nacional como fonte de solidariedade interna.   (lembrar que estávamos novos como República e muito perto da escravidão).    
         ... “cultura única luso brasileira....   abertura ao diferente.... encontro de contrários.... com virtudes associadas ao corpo e não ao espírito”.  (ideias de Freire).
         Assim o brasileiro era:  sensualidade, emotividade, calor humano, hospitalidade...    
         30 – Diz que Darcy Ribeiro seria o último de destaque no tema que ainda defendia que o brasileiro tinha algo de “original para o mundo”.  Um pouco na linha de Freyre.
         30 – Freyre constrói um conjunto de imagens positivas do brasileiro e Sergio Buarque de Holanda parte desse trabalho e cria meio que um lado negativo.   Na versão de vira lata criada por Buarque faz com que ela se torne o porta voz oficial do liberalismo conservador   brasileiro.
         (O Bolsonaro se diz liberal na economia e conservador nos costumes)
         31 – O autor diz que Buarque regrediu em relação a Freyre que ao menos combatia o racismo científico.
         32 – E Buarque tira onda (e é aceito por 90% dos intelectuais brasileiros) de ele ter “descoberto” as razões da fraqueza nacional.
         32 – O autor explica que Buarque emplacou o termo patrimonialismo para o Brasil.      “O patrimonialismo defende que o Estado no Brasil é um alongamento institucionalizado do homem cordial e é tão vira lata quanto ele, abrigando elites que roubam o povo e privatizam o bem público”.  
         32 – As teorias de Buarque vem com jeito de crítica radical e faz sucesso em 360 graus.      “O Estado patrimonialista seria a principal herança do homem cordial e o maior problema nacional”.
         32 – Essa do Buarque de ancorar sua tese no “homem cordial” torna invisíveis todos os nossos conflitos reais...   (não toca em luta de classes, etc)
         33 – “Está criada a ideologia do vira lata brasileiro.
         33 – Endeusa como superiores os americanos e europeus.  Por outro lado, os americanos criam a bolha das hipotecas de 2008, logo eles os “não corruptíveis” e honestos...    Os danos se espalharam pelo mundo afora.
         33 – No Brasil quem tem acesso a relações pessoais importantes é quem já tem capital econômico ou capital cultural sob alguma forma.
         33 – E são essas pessoas que conseguem esse “link” com a elite que esconde os mecanismos sociais que tornam invisíveis a exclusão social, a pobreza.
         Buarque – sua análise é totalizante.   Explica tudo.  (ele é pai de Chico Buarque.   Pai liberal e filho socialista).
         Para Buarque pai, Sergio, o Estado é a Geni em quem todos tem que atirar pedras.   Por tabela, ele endeusa a iniciativa privada.   (justo a que achaca o estado e deixa como gorjeta a propina a certos políticos).
         34 – O autor cita outra “vaca sagrada” da Sociologia que faz a cabeça de setores da sociedade.   Raymundo Faoro.
         “Buarque, ao localizar a “elite maldita” no Estado, torna literalmente invisível a verdadeira elite rapina do Brasil que se encontra no Mercado”.  Aí surge a animosidade entre o mercado Santificado e o Estado Cruel e inimigo da Nação.  
         Assim, deixa os rapinas invisíveis, fora da briga, justo os que corrompem e levam o dinheiro grosso do Estado e da Nação.
         34 – Ambiente para golpe de estado com base em “corrupção seletiva” a mando da elite do capital ocorreu no Brasil recente inclusive.
         35 – Discípulos de Faoro:   FHC, Roberto DaMatta, etc.
         O autor, Jessé Souza, afirma que ele é o primeiro pesquisador a desmontar aqui as narrativas de Freyre, Buarque, Faoro...
         Nas nossas universidades o estudo se pauta nos “vacas sagradas” já citados – Freyre, Buarque, Faoro, etc.
         ...”que ensinam o jovem a (não) perceber e a (não) compreender os reais problemas brasileiros.
         36 – Isso tudo que deu suporte ao Golpe de 2016  no Brasil e tirou a presidente Dilma do poder.
         38 – Capítulo:    O mundo que a escravidão criou.

........................................................   CONTINUA....................

        









RESUMO - LIVRO - A ELITE DO ATRASO - AUTOR: PROFESSOR DR JESSÉ SOUZA - CONTINUAÇÃO. ABRIL 2020



Autor: Professor Dr Jessé Souza (da UFF Universidade Federal Fluminense). Estudos no BR, Alemanha e USA   - 
CONTINUAÇÃO...
Volta às três perguntas que tenta definir:
Ø De onde viemos?
Ø Quem somos?
Ø Para onde vamos?
A narrativa bem sucedida responde certo ou de forma torta essas “verdades”. As principais religiões também se estabelecem respondendo o lado espiritual dessas perguntas. Nossa Esquerda no Brasil não tem essas respostas.
39 – Celso Furtado “arranha” as teorias conservadoras com sua teoria das trocas desiguais entre países industrializados e exportadores de matéria prima. Florestan Fernandes também explica parte mas não abrange o todo.
40 – O autor aqui pretende dotar a Esquerda de uma ferramenta para se livrar da amarra conservadora.
“Interesses que tenham a ver com a crítica da desigualdade e da injustiça social, e não com a sua reprodução”.
41 – A agressividade de... deve ser reprimida e controlada para que a criança possa ter sucesso na sua socialização (não morder o coleguinha, etc)
42 – Os teóricos do Brasil nos interpretam como continuidade do modo português. Ele discorda inclusive pelo fato de lá em Portugal não terem usado a escravidão. E o autor argumenta que é muito forte a herança da escravidão na nossa cultura e relações. Os teóricos até citam a escravidão mas não colocam um nexo com o comportamento do brasileiro em si.
42 – “A diferença entre nome e conceito é o que separa o senso comum e a ciência”. O autor realça o detalhamento de Freyre sobre o tempo dos escravos e da própria obra dele dá para fazer outra leitura crítica chegando a outras conclusões segundo o autor deste livro.
Capítulo - Freyre contra ele mesmo
43 – O autor, na década de 90 estudou 15 anos os grandes da Sociologia mundial. Ao se debruçar sobre a obra de Gilberto Freyre, notou muitas falhas conceituais. Argumentos sem respaldo científico.
Alerta o autor que o mais fiel ao Método Científico é o Florestan Fernandes.
44 – O livro mais importante do Brasil do século XX é Casa Grande e Senzala de Gilberto Freyre.
44 – Senhor de escravos aqui. Senhor da família, dos escravos, altar em casa e exército próprio em suas posses. O padre leigo era parte do combo do senhor das terras e dos escravos. O padre tinha dependência econômica e política do senhor das terras.
45 – Escravidão sexual no norte da África dos séculos VII a XIX. Escravisou-se nessa fase ao redor de 7.500.000 mulheres. Além da agregação de aproximadamente 1 milhão de eunucos para cuidar dos harens. No Brasil há reflexo disso no tempo da escravidão por práticas semelhantes.
Nas Américas se usou ao redor de 10 milhões de escravizados africanos. No Brasil a escravidão durou aproximadamente três séculos.
46 – Portugal cristão lutou contra os mouros e o Islã, mas a carga de séculos dos mouros dominando Portugal.... os senhores de escravo do Brasil replicaram aqui essa herança dos muçulmanos de escravidão sexual.
47 – Aqui se praticava a poligamia entre os senhores de escravos e era legal, amparados por lei, para colocar em testamento os direitos inclusive destes filhos “adotivos” de mães negras ou índias.
47 – “Os filhos nessa condição eram europeizados no caso de aceitação da fé, dos ritos e dos costumes do pai”.
50 - ...” caráter autárquico do domínio senhorial condicionado pela ausência de instituições acima do senhor territorial imediato”. Aqui e na Europa do passado, o senhor tudo podia sobre os fracos, desde o trabalho desmedido, o castigo, o sexo, etc.
53 – O pequeno Portugal... “solucionar o problema de como colonizar terras gigantescas: pela delegação de tarefas a particulares, antes estimulando do que coibindo o privatismo, o mandonismo e a ânsia de posse”.
54 – No tempo antigo na Europa, mais precisamente em Portugal era a Igreja que julgava as pessoas nos delitos. Aqui no Brasil, no tempo dos escravos, a capela era extensão da posse do dono das terras e dos escravos.
O senhor daqui era sádico com as negras e índias; era sádico com a femea branca dele e era sádico e judiava inclusive dos próprios filhos.
56 – Os patriarcas acabam até extrapolando ao espaço público seu poder privado. Contradiz o conceito de patrimonialismo aqui no Brasil.
No patrimonialismo de Sergio Buarque e Raymundo Faoro, é o Estado que é o vilão, deixando escondido o poder da elite do dinheiro.
Diferentemente, o senhor leva seu poder por si ou por agentes seus ao mando no Estado fazendo Mandonismo e Autoritarismo colocando de outro lado as massas no Abandono e Desprezo. (nada de pobre em aeroporto!...)
57 – Nos USA as tarefas de controle e guarda era executado por brancos e aqui no Brasil ocorreu o predomínio dos mestiços. Ascensão social dos mestiços aqui em troca de identificação com os valores e interesses do opressor.
Na modernização do Brasil ainda se nota a figura do Capataz da Elite. (fazem o jogo da elite até como joguete...)
Capítulo – Sobrados & Mucambos ou O Campo na Cidade
Ano 1808 duas grandes mudanças no Brasil. A chegada ao Brasil do Poder Centralizado e o mundo capitalista ou mercado capitalista.
61 – Passamos do patriarcalismo rural para o patriarcalismo urbano.
62 – 1808 com a família real e seu staff para cá veio 1/3 do Erário português.
63 – O velho patrimonialismo agora não pode tanto sobre todos. Antes a Casa Grande e Senzala era o senhorio absoluto no espaço rural. Já os Sobrados e Mucambos (inclusive nome de obra de Gilberto Freyre) é urbano o espaço do senhor e ele já tem menos poder, após a chegada da Corte.
64 – Há piora da condição de vida dos escravos. Os sobrados eram antihigiênicos, com negros e mestiços pobres perambulando nas ruas. Os sobrados viraram com o tempo algo como prisões defensivas do perigo das ruas. O rico dentro e a pobreza extrema nas ruas vagando.
65 – Os filhos dos poderosos iam estudar na Europa e depois eram atraídos para cargos públicos importantes como juízes, promotores, etc. e nestes postos, em termos, viravam adversários dos seus pais nos interesses do Estado.
65 – Dom Pedro II, imperador jovem se cercou de assessores também jovens. Joaquim Nabuco chamava isso de Neocracia.
65 - A importância do médico da família para a mulher do senhor dos escravos. Ele substituía a função do confessor. Tira um pouco da força do patriarca.
66 – Influência da terra natal do individualismo protestante, a Inglaterra. Aqui no Brasil, tentar ser chique, usando tecido grosso como na Inglaterra onde o clima é frio e beber cerveja e comer pão. Imitando os ingleses, os de alguma posse.
67 – A valorização do talento individual, introdução da máquina, esta substituindo força e desvaloriza a mão de obra escrava. Enfraquece também os senhores de escravos. Mais um golpe no patriarcado daqui.
Se a máquina enfraquece as duas pontas, o senhor e o escravo, abre possibilidade para o médio, o mestiço, ter seu ofício na cidade. Nasce a burguesia.
68 – Cria-se um corredor para a mobilidade social que antes não tinha no Brasil. Em seguida, a imigração europeia, principalmente italiana. Povo branco, católico, mais chance de adaptação. Essa gente cresce economicamente e ganha poder. Portugueses como comerciantes e caixeiros viajantes. Enriquecimento. Também os mestiços que são os bacharéis com cultura e que sobem na vida.
Formam a classe média os bacharéis e os artesãos/artífices.
70 – A proletarização e os parias. O autor deu o nome provocativo de “ralé brasileira” mais para chamar atenção para esse povo desprezado.
Sobre a ralé. “composta por negros e mestiços de todas as cores”. Antes era raça condenada, agora é “classe condenada”. (independente da cor da pele).
70 – Ter ralé para “provocar o prazer da superioridade e do mando”.
Ralé no sentido de criar uma classe sem futuro que pode, portanto, ser explorada a preço vil.
70 – Ano de 2013. A classe média sempre soube da corrupção na política e nunca se indignou. Saiu às ruas porque... “Foi o ódio devotado ao único partido que diminuiu as distâncias sociais entre as classes no Brasil moderno”.
O discurso da corrupção é só fachada. “O covarde ódio de classe que é o verdadeiro DNA da sociedade brasileira”. Nada de sociedade inclusiva nestes 150 anos de Brasil.
73 - Gilberto Freyre vê a cordialidade e o sorriso fácil no mulato, mestiço, que tem habilidades e sucesso, inclusive podendo servir ao Estado e nas lides competindo com os brancos, se mostra cordial e sorriso fácil para se equilibrar no meio.
73 – No século XIX a proporção de mulatos subiu de 10% para 41% da população total no Brasil. Houve uma freada na miscigenação com o ingresso de imigrantes europeus a partir do fim do século XIX. Aí começa o esforço de embranquecer o povo até porque o branco era mais útil ao sistema moderno.
75 – A ânsia de modernização até na bandeira: ordem e progresso.
.................... continua .........

RESUMO - LIVRO - A ELITE DO ATRASO - AUTOR: PROFESSOR DR JESSÉ SOUZA - CONTINUAÇÃO ABRIL 2020

Continuação – 
Autor: Prof. Dr. Jessé Souza (UFF Universidade Federal Fluminense), estudos no BR, Alemanha e USA.
Página 78 – Capítulo: A Criação da ralé de novos escravos como continuação da escravidão no Brasil moderno.
78 – As cidades destaque do BR no século XIX eram Recife, Salvador e Rio de Janeiro. Já São Paulo ganha depois impulso com o trabalho livre, inclusive do imigrante e da expansão da cafeicultura. Imigrantes chegaram aos milhões ao Brasil a partir de 1880.
79 – Parte da origem da nossa ralé vem do abandono dos escravos. Tornamos esses párias invisíveis até pelos estudiosos do ramo.
81 – O imigrante veio com outra condição em relação ao escravo liberto e a produtividade do imigrante era 1/3 maior que ao do ex escravo.
Por outro lado, a mulher negra conseguia muitas vezes, pelos dotes domésticos, se encaixar no mundo do trabalho mesmo junto aos imigrantes.
83 – E desde sempre, o cerceamento das expressões culturais dos negros. (língua, religiões, folclore, etc.)
O modelo era o branco europeu. Nada de cultura e religiões afro.
Colocamos desde antigamente o negro como o da desordem e marginalidade.
83 – Polícia matar pretos e pobres vem de séculos por aqui e “não é crime” na prática.
84 – Florestan defende (numa linha liberal) que a modernização se fosse mais efetiva “resolveria” o problema da ralé, dos excluídos e usa até o paralelo. Nos USA teria dado certo.
O autor discorda e destaca que nos USA há, sim, uma legião de excluídos também. Ela foi a mais radical modernização com liberalismo e tem exclusão. (cito que em NY o noticiário americano diz haver em abril/2020 70.000 sem teto)
85 - O autor defende que a inclusão não se resolve com mercado. Se resolve com “aprendizado político”.
86 – Ele elogia o conjunto da obra de Florestan Fernandes, mas o citado chama capitalismo de “ordem competitiva” e chama a ralé daqui de “gentinha nacional”. Não para diminuí-la, mas para ela se tornar visível.
87 – Florestan foi o mais longe possível para sua época.
87 – “Em países como o nosso, não há como separar o preconceito de classe do preconceito de raça”.
88 – A polícia e a caça aos PPP preto/puta/pobre tem como fundamento o apoio da classe média e da elite nessa ação.
(eu, leitor, tenho ouvido do pessoal da direita que conheço, a expressão: A polícia “baixou mais um CPF” hoje. Como algo saneador.
90 – Capítulo – Os conflitos de Classe do Brasil Moderno
A escravidão e seus efeitos passam a ser como o ponto central, e não mais a pretensa continuidade de Portugal.
O problema central deixa de ser a corrupção, que é importante combater, mas a exclusão social é o maior de todos.
90 – No Brasil a direita demonizou o marxismo e a luta de classes.
91 – “Sem a ideia de classe e o desvelamento das injustiças que ela produz desde o berço, temos a legitimação perfeita para o engodo da meritocracia individual do indivíduo competitivo”.
92 – Errado separar classes pelo Econômico, faixa de renda. A, B, C, etc. Isto padroniza pelo tamanho do bolso e é errado.
Lembra que em geral cientistas e intelectuais são da classe média.
92 – Um exemplo interessante que ele dá para mostrar que medir pelo bolso mistura perfis muito diferentes.
Um trabalhador numa indústria automotiva que ganha R$.8.000,00 por mês e um professor universitário em início de carreira que ganha R$.8.000,00 por mês. Pelo critério atual, estão na mesma classe pela renda mas o comportamento deles tende a ser todo diferente. Um tem capital cultural de caráter técnico e outro, de caráter literário. Tendem a ser vestir diferente, ver filmes diferentes, tipos de lazer diferentes, etc.
94 – Os estímulos que a criança de classe média recebe em casa para o hábito de leitura, para imaginação, o reforço constante de sua capacidade de autoestima que fazem com que os filhos dessa classe sejam destinados ao sucesso escolar e depois ao sucesso profissional no trabalho.
95 – Em criança, repetimos quem amamos. Pais operários, vamos brincar com carriolas, pás, etc. O futuro está sendo definido...
Nossa ralé não foi só abandonada. Foi também humilhada, enganada, etc.
96 – Acesso aos capitais:
Recursos materiais ( carro, roupas, casa, etc)
Recursos imateriais ( prestígio, reconhecimento, charme, beleza, etc.
Toda nossa vida é traçada levando em conta esses fatores. Te-los nos torna incluídos. Não te-los – excluídos.
97 – Capital cultural – conhecimento útil ou de prestígio. (ex de conhecimento de prestígio – pessoa culta, “letrada”)
97 – “Tudo que chamamos de sucesso ou fracasso na vida depende do acesso privilegiado ou não a esses capitais”.
O terceiro capital mais importante depende da existência do anterior desses dois (capital econômico e capital cultural). O capital social das relações pessoais.
97 – O autor destaca que praticamente toda relação humana envolve interesse e afetividade.
98 – Ele diz que os “vacas sagradas” (os bam bam da Sociologia como Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Holanda e outros) simplificaram tudo no conceito de “jeitinho brasileiro”. Desonesto, corrupto e de dar um jeitinho em tudo – levar vantagem em tudo. Isto facilitou a todos aceitarem a Operação Lava Jato, tanto a elite como a ralé aceitaram isso.
O viralatismo foi emplacado como valendo para toda nossa pirâmide social, do topo à base; da elite à ralé. (como diz o Joelmir Beting : do focinho do leão ao rabo do rato)
100 –Além de ter dinheiro, preciso internalizar isso de forma que o meio me veja como elevado. Por exemplo. Ter gosto estético, ter inteligência (leituras, etc.)
“Um rico que só tem, é um rico bronco”. (não é bem aceito no meio)
101 – Já que o capital econômico é menos acessível e cada vez mais concentrado, a concessão tem sido de se expandir o capital cultural (estudos, leitura, etc).
O capital cultural que está mais na disputa, a classe média tenta manter isso dentro da classe, impedindo que a ralé tente entrar nessa disputa.
O detentor do capital econômico sabe que se perder todo o capital, cai. O dinheiro é algo externo ao detentor. Já o capital cultural foi de um esforço longo e foi sendo internalizado e a pessoa chega a pensar que é intrínseco a ele e não adquirido.
“Por conta disso a classe média é a classe por excelência da falácia da meritocracia”. (eu lutei e consegui, os outros que ralem...)
Só que lá desde criança, como foi visto, as condições são desiguais.
102 – É privilegio da classe média poder comprar o tempo livre para seus filhos só estudarem.
103 – Classe média, pais dão condições para estudarem e os filhos, como contrapartida amorosa, se dedicam ao estudo. Já para a ralé, que comumente não tem pai e mãe juntos, tudo é mais difícil, inclusive na escola. E a criança vê que seus pais até estudaram um pouco mas vivem na pobreza e isto os desanima.
104 – O aluno se concentrar na aula não tem genética. Tem a ver com estímulos que recebeu antes da fase escolar. Aí o filho do classe média adulto, estudado e bem empregado vê tudo isso como mérito pessoal. (se ele pode, todos podem...)
Estudo requer disciplina pessoal e autocontrole. “Sem pensamento prospectivo não se planeja a vida”.
106 – Do jeito que a ralé vive não há como ter elevadas a autoestima e a autoconfiança. Daí não tem o que passar aos filhos para encararem os desafios.
107 – A coisa é tão enraigada que... “o próprio pobre acredita em sua maldição eterna”. O pobre se sente culpado pelo seu fracasso.
108 – Os protestos nas ruas foram não contra a corrupção, mas para desbancar o PT do poder e, principalmente se recolocar a ralé no “lugar dela” como excluída. A ralé no BR é em torno de 1/3 da nossa população.
111 – Lembrou da reação da classe média à lei das empregadas domésticas. A ira dos patrões.
111 – O abandono cria a situação do homem da ralé estar perto do crime e a mulher, da prostituição.
Reclama-se da baixa produtividade da mão de obra mas essa tem a ver com esse abandono.
112 – Leonel Brizola tentou escolas melhores no RJ (tempo integral inclusive) para a ralé mas até a Rede Globo foi contra.
O PT fez um esforço nisso mas deu no que deu. A elite não aceita inclusão social.
112 - Ele fala do Brasil e o ódio mesquinho contra a ralé.
Capítulo – O Pacto Antipopular da Elite com a Classe Média
114 – As quatro grandes classes sociais:
1 – Elite dos proprietários
2 – Classe Média
3 – Classe trabalhadora semi qualificada
4 – Ralé de novos escravos.
114 – Papel importante da classe média para manter os excluídos nessa condição.
115 – A elite “compra” o poder para si. Ex. O “acidente” com o avião em que estava o Ministro Teori Zavaski. Muitas vezes a elite é sócia menor do capital estrangeiro aqui.
A elite age no sentido de enfraquecer os órgãos de apoio aos trabalhadores, quebrando a solidariedade entre estes, tornando-as mais fracas.
Humilhar a ralé inclusive com essas postagens do negro mal vestido, bêbado, banguela, etc.
........ CONTINUA................

RESUMO - LIVRO - A ELITE DO ATRASO - AUTOR: PROFESSOR DR JESSÉ SOUZA - CONTINUAÇÃO. ABRIL 2020

CONTINUAÇÃO...


Autor: Professor Dr Jessé Souza (UFF Universidade Federal Fluminente), estudos no BR, Alemanha e USA.
Página 115 – Em 1980 funda-se o Partido dos Trabalhadores e este acode um poncho o exlcuido. Consegue dar voz aos movimentos sociais dos mais humildes.
Até o capital financeiro está precarizando sua mão de obra. Pior. Parte desses colaboradores passar a ser vistos como gestores de suas carreiras e ficam com o discurso do opressor.
“A competição entre a mão de obra faz quebrar a solidariedade de classe e enfraquece o trabalhador”.
O autor critica o PT no ponto em que este chama os mais bem sucedidos como trabalhadores de “nova classe média”.
115 – Pacto anti popular entre elites e classe média. Pacto com pontos racionais como preservação de privilégios e aspectos irracionais como a necessidade de distinção, ódio e ressentimento de classe.
O estudo do autor mostra que isto vem desde a década de 30. O fim da Primeira Guerra faz os países buscarem a industrialização para não depender tanto de importações. Emerge mais a indústria no Brasil da década de 30 para cá.
116 – Entre os trabalhadores imigrantes, vieram italianos anarquistas e já em 1917 houve no Brasil a primeira greve geral bem sucedida.
Essa greve foi um marco e se equipara à Comuna de Paris de 1871.
117 – Marco importante deste estudo – Anos 30. O grande divisor de água é a entrada do Estado como variável nova no Desenvolvimento. Estado Novo de Vargas. Estado Interventor e Reformador.
Vargas é resultado da coalizão das elites contra São Paulo que queria monopolizar o poder no Brasil. Vargas estrutura indústrias de bens de produção tipo energia, siderurgia, cimento, estradas. Com isto houve lastro para a iniciativa privada colocar indústrias de bens de consumo, isto mais ou menos nos anos 50.
Vargas cria também institutos de pesquisa e planejamento, além da CLT Consolidação das Leis do Trabalho.
Vargas era visto de certa forma como simpático aos trabalhadores, o que não era muito bem visto pelas elites. Vargas na Revolução de 30 derrota a elite paulista.
119 – Nosso liberalismo aqui nada tem de liberdade e autonomia. Luta contra o Estado que começa a exercer o papel de impor a lei e proteger os mais frágeis do abuso sob a forma da força ou do dinheiro.
Liberalismo nosso – usar a máquina do Estado para o mandonismo e privatismo sem peias e limites dos já poderosos.
... saquear a sociedade, tanto o trabalho coletivo quanto as riquezas nacionais, para o bolso da elite da rapina que sempre nos caracterizou.
Antes da Nova República (Estado Novo), apenas 5% do povo brasileiro votava e mesmo assim as elites tinham que fraudar eleições para se manterem no poder. “homens de bem”. (os que podiam votar)
Capítulo - A classe Média e a Esfera Pública colonizada pelo dinheiro.
124 – O filósofo alemão Habermas e a Esfera Pública (tese de 1962). ... mudança de função da imprensa. Antes era mais informativa e manipulativa no interesse do Estado.
Mudança de função da Imprensa. ... fórum apartado do Estado. ... permite a formação de uma opinião crítica... atores – burocratas, profissionais liberais, pastores, professores e comerciantes.
126 – Os cafés, os salões, os clubes literários... a institucionalização da esfera pública.
127 – A partir de 1750 ... as formas literárias dominantes... assumem características especificamente burguesas.
132 – “É apenas a exposição a argumentos opostos que pode permitir ao sujeito construir a opinião própria. Ao se expor as razões conflitantes, o sujeito é instigado a perceber sua própria inclinação e quais argumentos lhes parecem mais justos e verdadeiros”.
... convencimento refletido... objetivo de unir a verdade com a justiça. A imprensa tenta fazer isso por nós. (fala no geral, não especificamente a brasileira).
Grande imprensa. Ela tem que fazer de conta que é plural e argumentativa. Essa é a legitimação explícita.
132 – Como conciliar o acesso democrático à informação sem explicitar os interesses do privado em maximizar o lucro e explorar a mão de obra?
133 – Imprensa como opinião – diferença de imprensa como negócio.
133 – Informação...mediada, de cima para baixo, por empresas capitalistas, não necessariamente interessadas no aprendizado de seu público cativo, mas em aumentar seus lucros, como garantir o acesso plural à informação?
134 – Debate na Europa pelo acesso à informação no Pós II Guerra Mundial e a TV. Optaram por TVs Estatais de informação. TV pública não se confunde com Estatal. Luta por independência de conteúdos nas TVs públicas da Europa. Países bem sucedidos nisso: França, Alemanha, Inglaterra, Italia, Espanha e Portugal. Quando o Estado provê TV com controle social do funcionamento para não virar algo chapa branca, a coisa funciona bem. Geralmente tem Conselhos de representantes de instituições sociais para garantir o interesse público.
Assim estas ajudam no fortalecimento: da democracia e da cidadania.
Os USA e Canadá também tem seus canais de TV públicos, além dos privados.
135 – No Brasil não temos isso e a mídia manipula, capitaneada pela TV Globo, a mais forte, por sinal. Nesse aspecto somos colonizados e não alcançamos entender o que de fato ocorre em nosso meio.
“aquele tipo de racionalidade que permite a união entre a verdade e a justiça”. ... cria seres humanos facilmente influenciáveis e manipuláveis, incapazes de pensar por si mesmos”. É o que temos entre nós no Brasil.
“A Elite do Atraso construiu a esfera midiática adequada aos seus fins”. Tornaram invisível a forma de manipulação do poder que nos oprime.
“É a privatização da opinião pública que permite a privatização do Estado pelo interesse econômico”.
A nossa imprensa e a cantilena do Estado e a corrupção do Estado sendo a grande corrupção e rapina vem do poder econômico privado.
Capítulo – O Moralismo patrimonialista e a crítica ao populismo como núcleo do pacto antipopular.
138 - A classe média não é uma classe necessariamente conservadora. Também não é homogênea.
Movimento tenentista (Rio anos 20) foi o primeiro movimento de classe média contra a Velha República.
140 – Na Era Vargas (anos 30) SP que tinha o poder do dinheiro perdeu o poder político para o getulismo com apoio dos demais estados. Busca agir via opinião pública e nesse contexto se cria a USP. ...”liberalismo elitista desde então”.
140 – Temos a construção da teoria do nosso viralatismo. No contexto, o “Estado Corrupto” passa a ser o mal maior da Nação. É o que a elite incute na sociedade. Com isso a leite do dinheiro tem uma válvula de escape contra governos que não sejam do seu “interesse”. Quando querem apear alguém do poder, alegam a velha e surrada cantilena da Corrupção e derrubam quem está no poder e os incomoda.
141 – Lá atrás nos anos 20 o tenentismo já queria a higiene moral da Nação (contra a corrupção) de cima para baixo.
Esse moralismo também é visto com alguma simpatia por outras classes, mas o DNA dele é da classe média.
................ continua na fase 6/6 (ou mais um pouco...)