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domingo, 13 de setembro de 2020

CAP 6/10 - FICHAMENTO - LIVRO - OS PARCEIROS DO RIO BONITO - Autor: Antonio Candido - Professor da USP - base 1954

 Capítulo 6/10 

     137 – tipos de feijão comuns na época – bico de ouro e mulatinho.   Quanto ao milho, escolhiam milhos mais duros porque eram menos atacados por caruncho, inseto que come o milho.

     Medida comum para sementes de plantio – em litros.   Unidade de medida comum para milho colhido (em palha) – “carros” de milho.

     140 -  À tarde, o caipira lava as mãos, o rosto, os pés e janta...

     Lazer – jogo de malha, caça e pesca.   (caça e pesca também pela necessidade de reforço do rango)

     141 – Mês de outubro – inicia o preparo para plantar a nova safra.     Dia 24-06 comemora Dia de São João e o fim da colheita.     “O encerramento de uma safra é a certeza do que foi e a incerteza do que virá”.

     Poucos meeiros ou parceiros tem arado e a pareia (dois) burros ou cavalos para tração do arado.   Quando alguém precisa, paga 3 dias de serviço braçal por um dia de serviço do vizinho com o arado e a pareia de burros.    

     145 – Arado  com tração animal.  Os três dias de serviço para pagar um dia de serviço com arado, é no dizer do caipira uma diária para cada burro, dois puxando o arado e o que vai pilotando o arado.    Já ouvi isso pessoalmente em lidas como Engenheiro Agrônomo nos tempos passados.

     149 – Capítulo 9 – A Dieta

     Cedo o caipira toma raro o café puro adoçado com garapa de cana ou, mais comum, só a garapa fervida.   Café só para visita.

     Entre 8 e 9 h da manhã, almoço; as 12 h merenda

     90% das refeições – cedo, café ou garapa; almoço – arroz mais feijão mais farinha.   Janta – arroz, feijão e farinha.   Raras misturas como frango, porco ou caça.

     152 – Rezas e o preparo para a festa com cantoria de Cururu.

     ... farinha de trigo, artigo de luxo para o caipira.   1 kg para mais de um mês.   Carne de vaca mais ou menos uma vez por mês.

     153 – Misturas raras e prediletas – pão de trigo e carne de vaca.         Galinhas caipiras tem época do ano que botam mais ovos .  Botam mais de maio a dezembro.

     Uso da couve e menos da alface.   Uso de vegetais nativos como serralha e beldroega.

     Europeus e o costume de comer hortaliças, trouxeram esse costume para o caipira.    O nordestino come menos verduras que o povo do sul e sudeste.

     154 – Uso generalizado da aguardente.    Dia de ir na Vila é mais comum a pessoa tomar um porre.    As mulheres caipiras costumam, várias, também tomar aguardente.

     155 – Raro o acesso ao leite pelos caipiras pobres.   Não tem como comprar, não tem como ter os animais pelo custo destes e por não ter pasto suficiente.

     159 – Obtenção dos alimentos

     161 – Compra na venda – banha, aguardente, café, açúcar, sal, carne, trigo, macarrão, peixe seco.

     162 – Pinhão bravo para fazer sabão.   (na minha terra se chama pinhão paraguaio – planta arbustiva)

     163 – Carne de macaco.   Dizem ser saborosa, mas tem o tabu e justificam:  “é parecido demais com a gente”.

     166 – Depois das rezas, festa com dança e às vezes com cantorias.   Servem comumente café e pão duas vezes.   Servem aguardente para os que dançam e os que cantam.

     Algumas pessoas levam a garrafinha de cachaça num embornal (borná) e escondem perto da casa da festa.  De vez em quando a pessoa dá uma escapadinha para tomar mais um trago.    O dono da festa geralmente não deixa a bebida muito a vontade para evitar que a pessoa fique embriagada e inconveniente.

     167 – Dieta de parto.   Quarenta dias de “resguardo” após o parto, comendo canja de galinha.

     168 – Tabu alimentar.  As frutas se excluem mutuamente.  Comeu durante o dia um tipo, não come outro tipo.

     Valor Nutritivo da Dieta

     175 -  Cita o cará de árvore, o mangarito, marmelo, etc.   Cambuquira (ponta tenra da rama da abóbora).    Arroz com suã de porco.  

     176 – O refresco de marmelo.

     176 -  Na pesquisa sentiu falta da nutricionista, do Engenheiro Agrônomo, etc.

     178 -  Arroz integral não brunido.   O caipira em geral descasca o arroz socando no pilão e assim o arroz fica com a pele parda rica em proteína e é o arroz integral, mais rico em termos nutricionais.     Já o arroz “branco” é da indústria que descasca o produto e passa pelo brunidor que por abrasão retira a pele e o arroz fica branco, quase só amido e quase nada de proteína.

     181 – A vida do caipira se resume numa batalha constante para não passar fome. 

          Continua no capítulo 7/10   

CAP. 7/10 - FICHAMENTO - LIVRO - OS PARCEIROS DO RIO BONITO - Autor: Antonio Candido - Professor da USP - base 1954

 Capítulo 7 /10...

     Página 181 – O caipira de então comumente usava cueca feita de pano de saco de açúcar, desses de 60 kg.      (me lembro que muitos compravam açúcar em saco de 60 kg para consumo doméstico e vinha com uma faixinha verde-amarela e o detalhe:  Peso bruto = 60 kg e até essa legenda poderia aparecer numa cueca) – se bem que o reuso está na moda de ajudar a salvar o planeta!

     III – Análise de Mudança

     185 – Capítulo 12 – Relações de Trabalho e Comércio

     198 – “Namoro”.    Comumente eram os pais que escolhiam os noivos.     O autor registrou uma conversa pitoresca entre duas moças caipiras:

     “A Didi, perguntada pela Helena, se tinha namorado, respondeu afirmativamente.   – Namoro o  Nardo do Nho Quim.  – E já falou com ele?    -  Não!!!

     Como namora então?

     Com os óio”.     (flagrante de 21-01-1954)

     13 – Ajuste Ecológico

     205 – A figura do mascate, vendedor de roupas e bugigangas ambulante que no lombo de um animal ou numa carrocinha tração animal visitava a zona rural “mascateando”.    

     (na minha terra nos anos 50 era popular o “turco da égua branca” como era conhecido)

     As vendas da Vila vendiam um pouco de tudo.   Secos e molhados, armarinhos, cortes de tecido (cortes de fazenda), ferragens e pequenos implementos agrícolas.

     205 – O bairro que o autor pesquisou mais de perto foi a Roseira em Bofete-SP.

     Sírios geralmente começavam como mascates, depois com venda, depois loja.

     206 – Nesta página, uma foto da capela de São Roque Novo.

     207 – Item 14 – Técnicas – Usos e Crenças

     211 – Benzedeiras e benzedores.  Havia outra categoria, a dos curadores (com remédios caseiros).     As quatro instâncias de busca de cura, não sempre acessadas nesta ordem e muitas vezes, simultâneas.     Benzedeira / curadores / farmacêutico da vila / o médico da cidade.

     O médico era disponível mais comumente em Conchas e Botucatu – SP.

     213 – As festas foram se acabando.    Dança de São Gonçalo, fandango e samba.   Depois veio a dança de baile onde se dança em “par entrelaçado” conforme registra o autor.

     O fandango é o cateretê, o bate-pé.    A principal dança dos caipiras, geralmente só dançada pelos homens.

     215 – Item 15 – Posição e Relações Sociais

     217 – Terras “velhas”.   Terras esgotadas pela falta de fertilidade natural, pelo uso sem repor fertilizantes e por não se cuidar adequadamente do solo, que sofre também com fogo e erosão.

     O autor coloca as terras locais na categoria descrita por Drouyn de Lhuys – sobre a parceria:   “é a associação, sobre um solo pobre, do trabalho lento e do capital tímido”.

     218 – O sistema de parceria e de arrendamento é menos ruim do que o latifúndio puro e simples.

     219 – O parceiro vê como perda de dignidade o sistema de trabalho dos camaradas, sujeitos ao toque do sino da fazenda (remanescente da escravatura).

     221 – Quase na totalidade os parceiros já foram proprietários, mas em outras fases, principalmente a do café, se concentrou a posse da terra e muitos perderam a condição de proprietário.

     222 – Um “terno” de pessoas.   Um grupinho para realizar um serviço.

     225 – Item 16 – Representações Mentais

     226 – Um tipo de “utopia” invertida.   Sonhar com o passado que teria sido melhor (e foi, no caso específico em que antes era terra nova, com matéria orgânica, produtiva e que teve a riqueza do café)

     Tópicos que o autor busca inclusive na comunidade em estudo, nas lembranças dos parceiros:  Abundância, solidariedade e sabedoria.

     226 – “No passado...  ninguém trabalhava alugado.  Para isso existiam os cativos”.    Era tempo das posses de terra.

     “Esta valorização do passado é constante”.   Terra virgem e abundante – gerava fartura.     O autor destaca que na vida real do passado, havia mais mortes e violência, mas no imaginário do povo as coisas se distorcem.

     227 – Muitos optam por lugares “novos” como o Paraná e mesmo o Mato Grosso e outros encaram a cidade.  (1954)

 

............... continua no capítulo 8/10 

CAP. 8/10 - FICHAMENTO - LIVRO - OS PARCEIROS DO RIO BONITO - Autor: Antonio Candido - Professor da USP (base 1954)

 CAPÍTULO 8/10

     228 – O desejo de comer carnes, banquete... até nas cantigas de cururu aparecem esses desejos.

     Item 17 – As formas de Persistência

     232 – Contatos com outras culturas, ex. caipira e os da cidade.

     Consequências variadas – envolvem Esquisitamento, desorganização e aculturação.   A aculturação é mais o caso, digamos, de americanos que povoam o Hawai, onde as culturas são muito díspares e envolvem inclusive miscigenação.

     235 – No curso da vida o parceiro muda/mora em quatro ou cinco bairros e no dobro desse número de fazendas em média.

     Tudo mais comumente numa própria região.

     243 – Convocado da comunidade para cantorias e o cururu.

     247 – O caipira em face da Civilização Urbana

     249 – Na zona rural, o poder estava em “equilíbrio” com os demais iguais.   Na cidade se sente um desajustado, desaquinhoado...   O poder aquisitivo não acompanha o aumento das necessidades.  Pagar água, aluguel de casa, luz, etc.

     250 – O caipira indo morar na cidade, se não assimilar-se, ao menos acomodar-se.  (conheço um ditado do gaúcho que chama seu torrão de “pago” e diz:   “eu fora do pago, me acalmo mas não me amanso”)

     255 – As cidades – sua cultura vai se impondo como cultura dominante, ditando técnicas, padrões, valores.

     257 – O sociólogo descreveu o problema e coloca a necessidade do político entrar em cena para dar encaminhamentos frente à situação de desalento dos pequenos da roça.

     RA Reforma Agrária.   Fala em RA como uma das saídas.

     265 -  Expressão caipira.     ...”cismou de casar com ela”.

     265 -  O autor pega alguns depoimentos do cantador de Cururu famoso na região, Sebastião Roque.    (por sinal, eu no tempo de criança, década de 50, ouvia ele cantando cururu na emissora de rádio de Piracicaba junto com os demais)

     267 – Casamentos eram geralmente arranjados.   Era bem comum se casar com parentes.   A moça dificilmente se casava com alguém que o pai não aprovava.  Usava-se a expressão de que teria que haver a benção do pai para aprovar o casamento.

     Nesse contexto, havia eventualmente a fuga dos apaixonados.  Uma das razões ela escapar desse jugo do pai e também das despesas da festa.

     A cor da pela poderia ser empecilho para a família aceitar a pessoa que pretendia casar com a filha.   Falava-se de repulsa à pele “tisnada”.     A resistência era menor quando ela era mais de pele tisnada do que o noivo.    No caso a iniciativa de aceitar a oferta era do noivo branco.

     267 – Mais um depoimento sobre o modo de pensar e de viver do caipira da região, pelo cururueiro Sebastião Roque.

     270 – Provas para candidatos a noivos, impostas pelo pai da noiva.    Nas conversas do povo havia uma série de provas, mas ficavam mais no imaginário popular e não se aplicavam de fato. Mas tinham a ver com disposição, agilidade, conhecimento das lidas de lavoura e criações, etc.

     Nessa do imaginário popular, o autor cita o escritor francês Gabriel Germain em sua obra de 1945 denominada A Odisseia, o Fantástico e o Sagrado.   “A noite dos tempos cai depressa nos povos sem escrita”.

 

........... continua no capítulo 9 de 10.    

CAPÍTULO 9/10 – FICHAMENTO – LIVRO OS PARCEIROS DO RIO BONITO - autor: Antonio Candido (Professor da USP)

 

   Local e anos da pesquisa - Tese de Doutorado do autor:  Bofete-SP, anos 1947 a 1954

     Página 271 – Naqueles tempos o caipira regional não se namorava; depois era noivar no máximo um ano e casar.

     Nesse tempo os caipiras tinham birra com os italianos que namoravam até quatro ou cinco anos antes de casar...

     Idade mais comum para as moças se casarem era dos 15 aos 16 anos.   Idades extremas, dos 13 aos 20.

     Idade do noivo – Média dos 18 aos 22 anos.  Depois dos 30 era difícil arranjar casamento.

     272 – Nho Bicudo, o capelão sexagenário está na quarta esposa.  

     273 -  No depoimento.   Ele mais jovem do que ela, foi ficando “enleado” depois não teve como escapar do casamento.

     274 – Cururu – só cita a cantoria mais uma vez.

     275 – O recém nascido e o “mal dos sete dias”, amarelo, icterícia.   Não deixavam nesses dias o bebê ver a luz do sol.

     Quando o bebê era menina, furavam a orelha logo após o nascimento e colocavam brincos de ouro.

     277 – Nomes -  comumente nomes de santos. A Padroeira de Bofete-SP é Nossa Senhora da Conceição.

     Capela de São Roque – o santo de mais antiga devoção do povoado.

     Menino – dentro do nome, era comum colocar algo do nome do pai ou de um antepassado.    (eu, leitor, tenho o nome de um tio)

     Normalmente os nomes tinham sobrenome paterno mas se a família da mãe fosse mais de destaque na região, poderia ter o sobrenome da mãe eventualmente.

     283 – Batizado logo aos 15 a 20 dias após o nascimento do bebê.    Os pais geralmente não iam à Vila para o batizado.  Os padrinhos seguiam o rito de “levar” e “trazer” a criança.     Comum a mulher ficar de dieta por quarenta dias no “resguardo” e na base de comida de canja de galinha.     Para o pai, traziam aguardente pra ele beber e comemorar.

     285 – o “pareio” roupa de passeio, terno de roupa.

     Costume do afilhado ter que dar “louvado” aos pais e padrinhos.  O louvado é a forma abreviada de Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.    O outro responde com “louvado” também no sentido de Para Sempre Seja Louvado.

     285 – Varas de surrar a criança, quando estas “reinavam”.  Embirravam.   Comumente os castigos eram severos e poderiam às vezes serem com relhos, varas ou correias.   As moças apanhavam até o matrimônio.   O garoto, até começar a trabalhar na roça em torno dos 13 a 14 anos.     Isto quando já tinha força física para o trabalho, para “pegar no eito” junto com os adultos, o que era um rito de passagem.  Parava de apanhar e já podia ir até a Vila e também tomar uma cachacinha e procurar noiva...

     Uma regra usual até então.   Deflorou a moça, tem que casar.

     Os termos usuais pelos filhos era pai e mãe.  Nada de papai e mamãe.

     288 -  Coito com animais.   Prática que vem de longe, inclusive de civilizações milenares.   Estatuas de seres híbridos entre humanos e animais poderiam inclusive indicar a prática ao longo dos tempos.

     290 -  No Brasil, Gilberto Freyre faz referência ao erotismo zoofílico.   A expressão popular do “encostar no barranco”.

     293 – Lobisomem, crença popular inclusive na região teria ligação com o incesto que eventualmente ocorria por lá.   

 

          Continua ainda hoje, domingo, capítulo final 10/10

CAP. 10/10 - FICHAMENTO - LIVRO - OS PARCEIROS DO RIO BONITO - Autor: Antonio Candido - Professor da USP. (Base 1954)

 

CAPÍTULO 10 – FICHAMENTO – LIVRO  OS PARCEIROS DO RIO BONITO  -  autor: Antonio Candido (Professor da USP) – FINAL

(o livro resulta de um trabalho de campo em Doutorado - pesquisas em Bofete-SP e região)    1947 a 1954

 

     Página – 293 – Nos anos 40-50, o êxodo rural levava miseráveis caipiras para zonas urbanas e algumas das mulheres recrutadas para prostituição vinham dessas caipiras em miséria.

     296 – Itapetininga-SP já tinha na jurisdição, Tatui e este tem influência em Bofete.

     296 – O viajante Saint-Hilaire esteve em Itapetininga (1820) e fala do pessimismo do povo local.   Passou lá justo no ano que a região passou por safra ruim por problemas climáticos e o povo estava passando necessidade.  Na época na região o que sobrava do sustento era vendido em Sorocaba que era um polo regional.

     O nome do livro do Saint-Hilaire citado:  “Viagem à Província de SP e resumo das viagens ao Brasil, província Cisplatina e Missões no Paraguay”.

     298 – Itapetininga – posição destacada em termos de população na Província de São Paulo.   ...”que a colocava na segunda linha dos distritos mais povoados logo após a Capital e Curitiba”.    (nesse tempo o Paraná era a Quinta Comarca de SP)

     Uma tabela de produção consta entre outras, o local chamado de Constituição   (suponho que seja a atual São Paulo capital)

     300 – Dados de 1837 por Daniel Pedro Muller, cita os Distritos e o número de comerciantes em cada:

     Sorocaba, 158 comercios; Taubaté, 121; Itu, 102; Constituição, 93; Moji das Cruzes (então grafada com j), 55; Porto Feliz, 45; Atibaia, 42; Bragança, 21; Itapetininga, 6; Franca, 0 (sem registro)

     300 – O autor Teodoro Sampaio descrevia Itapetininga dos anos 1886 a 1887.   Altitude 600 a 700 metros, clima “delicioso”, terras frias, boas para cereais, algodão, etc.    Povo sadio, robusto e bem apessoado.

     301 – O autor deste livro registrou uma expressão que se ouvia muito nos anos 50 inclusive.   “Indio pegado a laço”.  

     312- Nho Roque disse que “dantes” o povo comia mais farinha de mandioca que era mais “saúde” que a de milho.  Disse que o povo mais antigo plantava mandioca, mas a “porcada comia tudo” na roça e não sobrava para a família fazer farinha.

     312- Ele, Nho Roque explica com detalhe a engenhoca caseira feita de madeira para uso caseiro e o processo de ralar a mandioca, extrair amido e a fração que era torrada e virava farinha.   O amido virava polvilho para vários usos culinários.

     313 – Cita a farinha de milho e a opção de se fazer cuscuz.

     313 – Plantavam amendoim.  Faziam com amendoim inclusive óleo para uso no período da Quaresma, porque nesse tempo santo não usavam a banha de porco.   No restante do ano, para abastecer a lamparina era usado a banha de porco de produção local.

     Do amendoim faziam bolo, paçoca doce, muito usada para levar no trabalho longe e comer com banana.

     313 – Medida de milho em palha na roça.   “Carro” de milho, uma medida portuguesa.  O carro se divide em frações menores, os cargueiros e estes em mãos.   1 carro = 12 cargueiros.  1 cargueiro = 8 mãos = 2 cestos (ou balaios de bambu trançado).

     315 – “Tentação” (capeta).  Era um xingamento muito comum na região.   Nasci em 1950 na região e a expressão me é familiar de ouvir.   Tipo:   fulano é uma tentação. 

     Taçuira.   O nome deve ser indígena e se refere às pequenas formigas também chamadas de “lava-pé” porque tem uma picada bem doida e atacam em quantidade quando a pessoa por descuido pisa no ninho delas, um monte baixo de terra meio circular.   O nome lava pé vem do fato da pessoa atacada, no desespero, esfregar um pé no outro para tentar se livrar das taçuiras.   Conheci isso na pele também.

     Por estas e outras, alertei os leitores que há um pouco do meu “DNA” nos relatos do autor e o motivo é que sou da mesma época em que foi escrito o livro (sou de 1950) e da região bem perto de Bofete-SP, a cidade de Cerquilho-SP.

 

                    FIM.        (há outros fichamentos a caminho)

domingo, 23 de agosto de 2020

O BRASIL, O MEIO AMBIENTE, A GRETA, A MERKEL E O AD HOMINEM

 

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Eng,Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
(Creinsdeuspai!!!) Calma, que vou por partes!
Sobre o Brasil, além da pandemia, estamos sofrendo com a falta de cuidado da área ambiental onde de um lado não estão sendo aplicados os recursos disponíveis no orçamento federal e de outro lado a Natureza está sendo maltratada como nunca. Incêndios, desmatamentos crescentes, garimpos ilegais, indios sem o tratamento adequado da pandemia. Um Caos. Nossa imagem lá fora está muito ruim e tendem os paises compradores dos nossos produtos passarem a mudar de fornecedores, o que seria muito lamentável. Torço muito para que isso não aconteça.
A Greta Thunberg. Essa jovem sueca começou há poucos anos, ainda menina, um protesto solitário na cidade dela, pedindo que as autoridades do mundo cuidassem mais do meio ambiente. Pela relevância da causa, ela foi ganhando justa projeção e hoje é uma personalidade mundial. Uma verdadeira bandeira pró Meio Ambiente saudável.
Angela Merkel. Para mim ela é nestas décadas, a maior personalidade mundial pelo carisma, coerência e liderança. Governa por vários mandados a progressista Alemanha.
E o raio do Ad Hominem ou Argumentum Ad Hominem (argumento contra a pessoa). É um truque milenar. Quando a pessoa não concorda com um fato relatado, ao invés de analisar o fato e dizer as razões para não concordar, de forma objetiva, para sair pela tangente, usa o tal Argumentum Ad Hominem. Tenta desqualificar quem disse sem entrar no mérito da questão do que foi dito. É como você dar uma surra no carteiro por ele ter trazido uma notícia ruim.
Então agora, vamos misturar os ingredientes para tentar dar um recado. Muita gente hoje em dia nas redes sociais está cobrando das autoridades uma ação mais efetiva para combater os problemas ambientais e ficamos sabendo recente que o governo gastou 15% só do dinheiro que tinha para o Ministério atuar e foi omisso, nada fez e estamos vendo tudo queimando, garimpos ilegais, florestas derrubadas e indios ao léu na pandemia. Os que defendem o governo entendem a reclamação como algo contra o governo, como falta de colaboração e tudo o mais. Ao contrário, se cobra ação, até porque o governo tem o Dever de agir pelo bem da Nação. E como a Natureza está ao Deus dará, a Greta reclama com justa razão e tem eco no mundo todo mas aqui ela é vista pelos conservadores como uma intrusa e criticam até o fato dela ser portadora de uma síndrome, num típico uso do Argumentum Ad Hominem contra ela. Fala mal dela sem ouvir o que ela diz e se ela tem razão. E tem tanto que é ouvida pelo mundo e dias atrás ela teve uma audiência com nada menos que a Angela Merkel justamente para tratar de cobrar ações em defesa do Planeta.
Finalizando. Ver que temos sérios problemas ambientais, que a Greta e quem alerta para o problema quer ajudar nosso país a ficar melhor para nós e para o mundo e usarmos menos o tal Argumentum e enfrentemos mais o mérito da questão. Fraterno abraço a todos.

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

THOMAS PIKETTY - UMA SEPARATA - O ECONOMISTA E O MEDO DA CHINA... - AGOSTO DE 2020


Separata de trecho do livro O Capital no século XXI do Economista Thomas Piketty (edição de 2014 - Editora Intrínseca - página 452 - (cientista elogiado por Bill Gates, Paul Krugman - Prêmio Nobel de Economia e outros mais)

"A totalidade dos patrimônios... possuida pelas famílias europeias representa no início dos anos 2010 cerca de 70 trilhões de euros. Em comparação, o total de ativos detidos pelos diferentes fundos soberanos chineses e em reservas no Banco da China representa cerca de 3 trilhões de euros, ou seja, mais de 20 vezes menos que os 70 trilhões. Os países europeus não estão nem perto de serem possuidos pelos países pobres: seria necessário primeiro, que esses países enriquecessem, o que pode levar muitas décadas. Donde vem então, esse medo, esse sentimento de perda de posse, em parte irracional? Ele se explica, sem dúvida, por uma tendência universal a responsabilizar os outros pelas dificuldades domésticas."