CAPITULO 4/10
75 –
Sesmaria – Eram no começo do Brasil colonial concessões de grandes áreas de
terras para quem se comprometesse em seis meses iniciar o trabalho de lavrar a
terra concedida.
75 –
Costume dos sitiantes e fazendeiros que moravam na zona rural e tinham casa de
“assistência” na Vila para épocas de festas religiosas ou período de eleições.
75 –
Descreve em 1797 que a Câmara de Atibaia requerendo que seja promovida à
categoria de Freguesia para a Vila de Jaguari, atual Bragança Paulista. No ofício diz que a citada Vila tem no
povoado 25 casas e descreve cada família moradora e informa que na área de
influência, na zona rural moram 4.400 pessoas. Pessoas que por costume chamavam a Vila de
“capital”.
77 – Em
documento administrativo oficial as divisões do mais simples ao mais complexo: bairro < Freguesia < Vila. Vila era sede de Câmara e Paróquia. Tinha lá o Inspetor que tinha funções de
polícia e de cuidar das estradas e caminhos.
Quando
estradas ou caminhos ficavam em estado degradado, o Inspetor convocava a
população para realizarem de forma comunitária a restauração de estradas e
caminhos em benefício dos mesmos.
80 –
Casa de caipira medindo 5 passos x 6 passos, feita em mutirão para moradia de
Nha Maria Crispim. (tem foto no livro).
Casa de
pau a pique. Varas roliças em pé, uma
ao lado da outra como paredes e cobertura com sapé. Piso de chão batido.
As
formas de solidariedade
81 – O
mutirão, palavra de origem indiana, muchiron, fazer roça, tecer e fiar algodão,
etc. de forma colaborativa com os
vizinhos que prestam o serviço para ajudar o que precisa no momento. Uma variação seria a “espalhada” –
colher milho em grupo e preparar pamonhas, por exemplo. Eram feitas em grupo e distribuída aos que
executaram as tarefas.
No caso
de mutirão de trabalho rural, quem recebe os colaboradores serve as refeições
do dia. No final do dia pode haver uma
festa em agradecimento.
83 –
Havia uma variação da cooperação que
poderia ser combinada pelos vizinhos para se reunirem de surpresa para ajudar o
que estava “apertado” de serviço. Que
não estava vencendo, por exemplo, capinar toda a roça em tempo adequado. Nesse caso cada um trazia sua boia de casa e
não tinha festividade no final da tarefa.
O
mutirão é um gesto de amizade e já a ajuda é quando a situação de quem foi
atendido era por motivo de precariedade.
84 –
Numa roçada – dividir uma quadra em “eitos”
(muito usado o nome na minha terra).
Cada pessoa pegava um eito para realizar o trabalho que poderia ser
roçada, capina, colheita, etc.
86 –
Festejos de São Roque. Fazer a capela
e doar um pedaço de terra ao Santo.
Depois esse pedaço de terra é arrendado por algum vizinho e o valor da
renda fica para a manutenção da capela.
Padroeiro
São Roque – comemora-se dia 16 de agosto.
Obrigações nos festejos:
1) –
Festa anual ao padroeiro com uma semana de rezas e leilões, terminando em missa,
reza e procissão;
2) –
rezas com leilão de prendas no primeiro e terceiro domingo do mês;
3) –
Missa uma vez por mês pelo Vigário.
Organização da festa – Há uma Irmandade de
São Roque que cuida da organização anual.
89 –
Reza na casa, trazendo o santo da Capela.
Depois da reza, fandango (ou cateretê – geralmente dançam só homens) com
dança.
O bairro
de Bofete que o autor analisou tem a capela do Socorro. Há também capelas nos bairros do Peão; Capela
São José e Capela do Bairro Três Pedras.
91 –
Bofete era dependente da freguesia de Tatui-SP.
91 –
Enterro. Quando alguém de Bofete morria
e podia dar um enterro “de Cristão”, tinha que seguir levando o morto por três
dias de caminhada (ao redor de 40 km) em trilha no meio da mata. Era muito comum a malária por lá na época.
Bofete
já se chamou Samambaia e também Rio Bonito.
O nome bofete viria do tempo dos boiadeiros que ao passar por lá, usavam
um abrigo numa gruta de pedra para abrigo e guarda de alimentos. Era um buffet e daí foi traduzido para o
linguajar caipira como Bofete.
92 –
Muitos mineiros vieram para a região para abrir terras. O autor cita inclusive a cidade mineira de
Conquista e a ligação desta por migrantes que se estabeleceram em Ribeirão
Claro no PR, próximo a Ourinhos-SP.
93 – O
Caipira e sua cultura.
94 - A região de Bofete não tem solos tão bons para
agricultura e no fim do século XIX teve café que foi bem em terras novas, mas
foi decaindo e também houve crises do café no começo dos anos 1900 e as
lavouras grandes, com mão de obra escrava, foram decaindo. Na época do estudo, década de 1950, as
terras estavam fracas, quase já não tinham mais café e se fazia lavouras
comumente por parceiros caipiras pobres.