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domingo, 15 de novembro de 2020

CAP 19/20 - fichamento - livro - UM PACIENTE CHAMADO BRASIL (sobre covid 19) - Luiz Henrique Mandetta - Médico e ex Min. da Saúde

 CAP 19/20            novembro de 2020

         Página 193 – Na campanha o Bolsonaro começou ouvir um economista de terceira linha de Brasilia e o mercado não reagiu bem.  Passou então a ouvir o Paulo Guedes e este foi bem aceito pelo mercado.   O crédito dessa mudança o Bolsonaro colocou no Onyx.

         Outra jogada montada pelo Onyx.   O Bolsonaro não tinha uma proposta para a Educação.  O Onyx arranjou uma viagem para ambos à Coréia do Sul, que tem sido sucesso no setor.   Foram ambos lá.  Depois quando alguém perguntava a ele na campanha sobre Educação ele dizia que visitou a Coréia do Sul, gostou do modelo de lá e que iria implantar aqui algo parecido.    E ia levando no bico, mas ainda não tinha uma pessoa que assessorasse a campanha dele no item Educação.

         Foi nesse contexto que o Onyx colocou o Mandetta no time.  O Mandetta como deputado já tinha assessorado o Aécio no pano de governo e depois, o Eduardo Campos.   Foi requisitado para ajudar no plano para a área da saúde do candidato Bolsonaro.

         194 – Um dia, o Mandetta fumando na marquise da Câmara dos Deputados e apareceu o Onyx com o Bolsonaro e o filho Eduado. O Onyx pede para o Mandetta falar um pouco do setor de saúde e este deu umas linhas gerais sobre o SUS, programa de agentes comunitários etc.

         O Onyx depois me procurou e falou:   “Obrigado, você vai ser ministro.   O cara vai ganhar”.

         Crescendo na campanha, quando falavam com ele na área de saúde. Ele dizia alguma coisa e acabava citando o Mandetta, que era bem respeitado no setor.   A classe médica via isso de forma positiva.

         Apareciam nas redes sociais mensagens tipo:   “Sou Bolsonaro, Mandetta na Saúde”.   “Virei o álibi do médico envergonhado de votar no Bolsonaro”.    “Assim acabei me tornando o fiador dele nessa matéria”.

 E foi o Onyx que fez aquilo.  

         196 – Um dia no RJ o Onyx pediu umas cinco ou seis sugestões ao Mandetta para a área da saúde e este enviou por e mail.    O Mandetta já tinha decidido não disputar a reeleição e ir morar no Rio onde tem um netinho.     Antes, ajudou com algumas partes da campanha do correligionário do seu estado (MS) Nelson Trad ao Senado e na campanha do Governador Caiado (GO) também do seu partido, o DEM.

         196 – Encontrou em agosto, na campanha presidencial, o Bolsonaro e o Felipe Francischini.   Pediram se ele poderia formular as perguntas da área de saúde para o debate dos candidatos a presidente na TV.  Pediu para ele formular as perguntas, as réplicas e as tréplicas.   Ele fez o que se pediu.

         “Minha decisão de embarcar na campanha do Bolsonaro foi uma escolha por exclusão”.   “Eu não iria votar no Alckmin, não achei que o Amoedo fosse viável e não iria votar no PT em hipótese alguma.  Então sobrou votar no Bolsonaro”.

         197 – “Não cheguei a conhecer ninguém da campanha”.   Reencontrou o Bolsonaro próximo ao segundo turno no RJ.    ....”gravei um vídeo para o segundo turno com ele”.

         198 – Bolsonaro eleito, Onyx ganhou protagonismo.   Era o único do partido do Mandetta, o DEM na equipe do novo presidente eleito.

         E o Onyx com acesso direto ao presidente, falava direto com a imprensa.   Nessa os congressistas passaram a “aceita-lo”.   Em política a roda gira.    Antes, ele era rejeitado e agora, aceito...

         “Na Câmara o Onyx se tornou o centro das atenções”.       David Alcolumbre (do DEM), senador, em campanha para a presidência do senado concorrendo contra o Renan Calheiros.   O senado renovou bastante e os novos não queriam mostrar apoio público ao Renan sobre quem pesavam acusações diversas.  

         200 – Articulação do Ronaldo Caiado (Governador de Goiás), do DEM e um passeio de barco em Brasilia para juntos decidirem (longe da imprensa) se apoiariam Alcolumbre, presente no barco, para o senado.   Todos de acordo.   Caiado:  “A partir de agora você é candidato à presidência do Senado”.   E assim foi.    E o Caiado perguntou:   “E o Mandetta é o ministro da saúde?   Se for, tem que definir agora”.   Flavio Bolsonaro disse que sim, eu seria o ministro da saúde.

         201 – Para ser ministro da saúde você tem que ter apoio da respectiva frente parlamentar (grupo informal que agrega deputados e senadores de diferentes partidos em torno de um tema – no caso, a Saúde) no Congresso.   O DEM não tem esse foco até porque geralmente esse tema (Saúde) em geral das políticas sociais e é mais das esquerdas.   Mas o Mandetta por ser médico e articulado, tem boa aceitação com essa frente parlamentar.    Ele destaca.   Sou de um estado, o Mato Grosso do Sul, conservador.

         O Mandetta responde processo sobre caso de licitação no tempo que era Secretário da Saúde em Campo Grande e expos isso ao Bolsonaro para evitar desgaste futuro, pois a imprensa iria esmiuçar sua vida.   Ele alega que é inocente e que apresentou ao Bolsonaro os documentos e número dos processos.    O Caiado articulou tudo para o Mandetta ser ministro, mesmo tendo os processos em curso.   E ele foi anunciado como ministro pelo presidente eleito.

         À imprensa, Bolsonaro:   “Ele nem réu é ainda.   O que está acertado entre nós?   Qualquer denúncia ou acusação que seja robusta e o ministro não fará mais parte do governo”.     Foi assim que me tornei ministro.

         Já indicado para o ministério da Saúde, em novembro de 2018, passou a ajudar na candidatura do Alcolumbre (do DEM) para a presidência do senado.    Este que acabou sendo eleito para o período 2019-2020.

         204 – Quando fui eleito deputado meus filhos tinham doze (Paulo), quinze (Pedro) e dezessete (Marina).   Ela foi aos 17 para o RJ cursar Direito.

         A esposa Terezinha é médica e trabalhou trinta anos em hospital especializado em hanseníase em Campo Grande.     Ela nunca atendeu no sistema privado.   “Ela é 100% SUS”.

         A filha Marina se formou no RJ, se casou e lá nasceu Gabriel, o primeiro netinho do Mandetta.  O filho do meio é Médico e o outro, também Advogado.

                              Continua no capítulo 20/20   (final)

CAP 18/20 - fichamento - livro - UM PACIENTE CHAMADO BRASIL (SOBRE COVID 19) - Luiz Henrique Mandetta - Médico e ex Ministro da Saúde

CAP 18/20            novembro de 2020

         No dia 09-04-2020 a TV CNN colocou matéria na qual Onyx e Osmar Terra...  tramavam puxar meu tapete”.    Osmar Terra contra a quarentena e com pretensão de ser Ministro da Saúde.

          Página 183 – Onyx e Osmar e suas estimativas de mortos no total da pandemia no Brasil:   Onyx – 4.000 mortos e Osmar: 3 a 4 mil.  

         Osmar (médico) :   “vai morrer menos gente do que morre de gripe sazonal”

         Parte do diálogo gravado da trama entre Onyx e Osmar Terra:   Terra:  “o ideal era o Mandetta se adaptar ao discurso do Bolsonaro”.  (no livro o Mandetta narra todo o diálogo)

         184 – Reunião com o presidente na presença do assessor especial Arthur Weintraub e os três filhos do Bolsonaro.    O Mandetta destacou a importância de não ser hostil à China, pois estavam sendo demandados respiradores chineses e outros itens essenciais para o controle da covid 19.  Ponderou que se o governo se colocar de forma hostil, teríamos sérios problemas pois não há país alternativo para fornecer respiradores.

         Nisso o Eduardo Bolsonaro começou a falar mal do embaixador chinês no Brasil e aquele papinho de que o embaixador tramava a volta da esquerda.   Aí o Mandetta disse que se o Eduardo conseguisse 2.000 respiradores com os USA ficaria bem.  Assim o Brasil não precisaria comprar da China.  E o Mandetta acrescentou:  “Agora, eu preciso resolver esse assunto”.   O Eduardo não deu resposta.

         Depois que a CNN mostrou a trama contra o Mandetta, este foi desautorizado a participar da coletiva daquela tarde sobre a pandemia com a imprensa.

         189 – Como o Mandetta chegou a Ministro por indicação do Onyx.   Onyx era o relator do projeto de lei proposto pela turma da Lava Jato há algum tempo.  O projeto das Dez Medidas, criado pelos Procuradores da República.    O projeto tinha itens ilegais.    Onyx pegou a relatoria pelo apoio que teve do Rodrigo Maia, ambos do mesmo partido (DEM) e isso na primeira gestão do Maia como presidente da câmara.    O Onyx ao invés de ouvir sugestões, estava conduzindo do jeito dele e muito voltado para a mídia, pois havia grande expectativa popular, já que houve abaixo assinado com dois milhões de assinaturas.

         Onyx queria fazer tudo no figurino que os Procuradores da Lava Jato propunham e que continha arbitrariedades e até previa punições retroativas à lei, o que é ilegal.

         Muitos deputados foram atingidos pela forma arbitrária de ação da Lava Jato e estavam resoltados.    O Onyx descontentou seu partido, o DEM e os demais deputados.   Queriam retirá-lo da relatoria e isso era péssimo para a imagem do DEM e do próprio Onyx.

         190 – O Onyx gravou escondido uma reunião do partido dele que discutia o tema.   Mostrou a gravação para o Mandetta que foi procura-lo para propor ajustes no projeto das Dez Medidas.   O Onyx alegou que gravou sem querer.  Diz o Mandetta no livro:   “Fiquei perplexo”.  “Isso no meio político é pecado mortal”  (gravar escondido)

         “Quem faz isso nunca mais é chamado para nenhum tipo de conversa em lugar algum”.   “Não tem saída.  Vira um pária, todo mundo fecha a porta”.

         Anteriormente o Senador Dulcídio do Amaral, enrolado com a justiça, prometeu a esta que gravaria algo dos seus colegas para coletar provas.   Foi pego nisso (em 2016) e foi cassado com votação unânime dos seus pares no Senado.

         Iam trocar o relator do projeto das Dez Medidas, tirar o Onyx mas o Mandetta contou ao Maia da gravação e o Maia “ficou branco”.    O Ronaldo Caiado (do DEM de Goiás), colocou o Onyx numa sala e deu um sermão nele e exigiu que ele apagasse a gravação.

         Tudo isso ficou de bastidor na Câmara e o projeto ainda com o Onyx de relator foi à votação e foi rejeitado.      ...”um placar avassalador”.

         192 – O Onyx ficou isolado no Parlamento.   Então viu que o Bolsonaro tinha potencial para ser candidato a presidente e tentou puxá-lo para o DEM.   “... mas o partido não quis nem conversar com o Bolsonaro, o que foi um erro”.

         193 – “O Onyx percebeu que, se fosse ungido do Bolsonaro, conseguiria angariar a  simpatia dos eleitores e obter votos para se reeleger deputado federal pelo RS.”

         193 – Episódio do Bolsonaro candidato que viralizou na internet por ele não entender nada de economia.   No aeroporto um cidadão perguntou o que ele achava do tripé macroeconômico  (metas de inflação; superávits fiscais primários e regime de câmbio flutuante).   O Bolsonaro se embananou todo ao tentar responder.  

         (no próximo capítulo se completa a gênese do Onyx no governo Bolsonaro e o convite ao Mandetta para ministro)

         .............. próximo capítulo   19/20 

CAP 17/20 - fichamento - livro - UM PACIENTE CHAMADO BRASIL - Autor: Luiz Henrique Mandetta - Médico e ex Ministro da Saúde

CAP 17/20            novembro de 2020

         172 – Já após a reunião da refrega, o Mandetta foi fisgado para outra reunião grande com vários órgãos e os médicos da cloroquina.   O presidente queria mudar por decreto a bula da cloroquina para usar na covid 19.   “Um risco grande para a própria presidência”.    Na hora da coletiva, todos já achavam que o Mandetta estava demissionário.  Ainda não.

          174 – Mandetta estudou num colégio Dom Bosco em Campo Grande, sistema construtivista.  Um dos professores dele, “Padre Valter foi quem me apresentou à leitura”.   ( isso ajudou e ele ficar bom em oratória).   Leitura.... “hábito que carrego para a vida toda”.

         175 – Sei que uma boa comunicação ajuda muito a atravessar qualquer crise.   “O líder... não tem medo de perder sua autoridade”.   Bem jovem, aos 14 de idade, leu de Platão o livro O Mito da Caverna.   O personagem figurado vive fechado na caverna, só vê as sombras na parede e é seu mundinho.   É o comportamento ignorante.   “só conhece os reflexos do mundo externo projetados numa parede”.   Ter certezas não o torna sábio.

         No outro dia o Mandetta almoçou com dois Ministros Militares (Defesa e Minas e Energia).   Caindo o consumo de energia, pondera o ministro, e isso indica retração na economia.   Sugeriram ao Mandetta ter um canal de comunicação com o presidente.   O Mandetta achou razoável e marcou uma audiência para o dia seguinte.

         Ele e o presidente.    Logo o presidente saiu com a conversa da cloroquina.  O Mandetta alertou que a droga não tem comprovação de que funciona contra a covid 19 e gastar dinheiro público e depois ficar comprovado que se jogou dinheiro fora, vai gerar ato de improbidade administrativa do Presidente.  Ainda mais se lá na frente se comprovar que o uso da cloroquina aumentou os óbitos.

         Lembrou que a cloroquina tem mais de cem anos de uso, naquilo para o qual ela tem autorização oficial.   Pediu para o presidente não insistir nessa onda da cloroquina.    Ficar com a ciência.

         “Quando sair algum artigo científico dizendo que a cloroquina é eficiente, aí o senhor põe a digital do governo”.

         179 – O Mandetta até falou do caso da ivermectina (vermífugo para animais e humanos) que seria menos arriscada, pois se não ajudasse nos caos de covid, não piorariam as coisas, eliminando vermes de pacientes que contenham os tais.

         Nisso o Mandetta lembrou que falar de vermífugo lembrava gado e esta é uma palavra proibida pelo presidente e seus filhos, porque os adversários chamam seus seguidores de gado.   Mas aí já tinha falado, se bem que a intenção era outra como visto acima.

         O presidente recebeu o impacto e respondeu:  “Esse aí, não”  (o vermífugo ivermetctina).

         Marcaram um encontro diário para colocar o presidente ao par do andamento da pandemia e as ações tomadas.

         180 - ...”digo mais ou menos o rumo que tomarei na minha fala nas coletivas com a imprensa”.    (antes informaria o presidente)

         O presidente concordou.     E disse que iria falar à Nação sobre o Auxílio Emergencial.   O Mandetta sugeriu a ele não tocar no assunto da pandemia, deixando esse lado mais espinhoso para o Ministro nas coletivas e falasse do lado bom, o Auxilio.

         180 – Na gravação no Palácio, ao lado dos filhos Flávio e Carlos e o Arthur Weintraub.

         181 – “Nessa gravação ele fez tudo o que, naquela manhã, me disse que não faria.   Propagandeou  a cloroquina; disse que o Dr. Roberto Kalil, doente de covid 19 tinha tomado cloroquina e melhorado...”.     O Mandetta ficou perplexo.

         Os USA já tinham tirado a cloroquina do site do órgão de saúde deles...   inclusive por receberem processos judiciais contra o Estado pelo uso da droga sem comprovação de eficácia. 

         O pronunciamento era para falar do Abono Emergencial e acabou tendo como foco a cloroquina.

         ... no outro dia, apesar de tudo... reunião com o presidente.     “Uma reportagem da TV deixaria muito claro que o gabinete do presidente era um terreno minado para mim”.

         182 – Por um lado eu contava com o apoio dos militares, via ministros Militares do governo.  “e por outro, setores do bolsonarismo conspiravam pela minha queda”.

         No dia 09-04-2020 a TV CNN colocou matéria na qual Onyx e Osmar Terra...  tramavam puxar meu tapete”.    Osmar Terra contra a quarentena e com pretensão de ser Ministro da Saúde.

         .................. próximo capítulo  -   18/20      

sábado, 14 de novembro de 2020

CAP 16/20 - fichamento - livro - UM PACIENTE CHAMADO BRASIL - Autor: Luiz Henrique Mandetta - Médico e Ex Ministro da Saúde

 CAP 16/20         - novembro de 2020

         157 – Os atritos aumentando.   Dia 31-03-2020, em reunião com o Paulo Guedes (Ministro da Economia), se desentenderam por discussão no reajuste de preços dos medicamentos.   Em plena pandemia reajustar medicamentos.  Iria cair mal para o presidente junto ao povo.

         Divergir é normal, mas no caso, “foi acima do tom”.

         157 – O Guedes a dois anos no governo e não sabia que há mais de 20 anos (desde FHC) os medicamentos no Brasil tem o preço controlado pelo governo.  Há regras para elevação de preços.

         “Guedes... simplesmente desprezava toda e qualquer informação do Ministério da Saúde”.      Mandetta e Guedes discutiram alto na frente do Mourão e do Bolsonaro.   O Guedes queria dar reajuste dos medicamentos no meio da pandemia.      “Paulo Guedes é um economista afeito aos números, às teorias, mas não conhece gente, não conhece povo, não conhece rua, não conhece o chão, não conhece o SUS, não conhece a problemática social.   Zero.

         “O Ministério que mais tem contato com o povo é o M. da Saúde”.

Depois da refrega entre ambos, melhorou o clima com o Guedes que até passou a  se interessar mais pelos dados da Saúde e liberar verbas mais rapidamente para enfrentar a pandemia.

         163 -  O presidente e os filhos sempre fustigando o Mandetta.   Ele é resiliente, mas um dia ligou para o pai dele para trocar idéias.   “Precisava desabafar”.   O pai dele, Hélio Mandetta, 89 anos, também médico.   O pai decretou: “Não saia.  Um médico nunca abandona o seu paciente, meu filho.  O Brasil é seu paciente.  Vá até o fim”.   (daqui sai o título do livro:  Um Paciente Chamado Brasil)

         Na próxima coletiva com a imprensa repassou a frase do pai que saiu estampada nos jornais.  “O compromisso do médico é com o paciente.  E o paciente é agora o Brasil”.  Médico não abandona o paciente.    Esta frase me acompanhou até o final do exercício no cargo.

         165 – Folga de domingo com a família.  Esposa Terezinha.   No domingo, 05-04-2020 vê pela TV a fala do Bolsonaro para o grupinho da aglomeração em frente ao Palácio.      O presidente     “disse que poderia usar a caneta para trocar um ministro e que alguns de seus subordinados ‘viraram estrelas, falam pelos cotovelos, tem provocações...´ “.

         .... “a hora dele não chegou ainda não.   Vai chegar a hora dele.  Que minha caneta funciona.  Não tenho medo de usar a caneta, nem pavor, e ela vai ser usada para o bem do Brasil”.

         166 – O Mandetta ficou indignado.  Isso mexeu com o brio dele.  Pegou o telefone e ligou para o Luiz Eduardo Ramos, Ministro Chefe da Secretaria de Governo que estava do lado do presidente na hora da fala.  Isto em momento depois da fala.   “O Ramos me pediu calma”.      Na segunda feira, à tarde, reunião de ministros.    O Mandetta soltou o verbo.

         169 – Falou que o presidente pede sempre lealdade mas não tem sido leal com ele.    ...”o senhor aqui fica falando da Pátria, de Nação... e ninguém aqui tem mais ou menos noção do que o outro...”

         “Não é porque o cidadão um dia vestiu uma farda que ele é mais patriota ou menos patriota”.    O Bolsonaro ficou “nocauteado” em pé.  Ele ficou sem reação.   O Braga Neto interveio:   “Vamos acabar com essa reunião.”

         O Mandetta usou com o Mourão uma frase da Maçonaria (ambos são maçons):  “Isto vai contra meus princípios e os seus também”.    “Porque está tudo justo e perfeito e entre colonas”.   “E há uma série de valores maçônicos que dizem que quando você presencia uma situação de injustiça, de deslealdade, você é obrigado, como maçom, a se posicionar.”

         O Ramos avisou o Mandetta que o recado era para o Ministro Moro e não para ele.    Aquele recado:   “O seu dia vai chegar...”  (seria pro Moro)

         O Moro não tinha um Deputado Aleluia em sua vida, um assessor tarimbado em política para sobreviver nesse meio.

         172 – Já após a reunião da refrega, o Mandetta foi fisgado para outra reunião grande com vários órgãos e os médicos da cloroquina.   O presidente queria mudar por decreto a bula da cloroquina para usar na covid 19.   “Um risco grande para a própria presidência”.    Na hora da coletiva, todos já achavam que o Mandetta estava demissionário.  Ainda não.

           Continua no capítulo 17/20

CAP 14 e 15/20 - fichamento - livro - UM PACIENTE CHAMADO BRASIL - Autor: Luiz Henrique Mandetta - Médico e ex Ministro da Saúde

 CAP 14/20  e 15/20               novembro de 2020

         144 – No dia 01-04-2020       Bolsonaro chama o Mandetta para uma reunião com vários médicos.  Dois problemas.  Fazer uma reunião sobre pandemia não combinada antes com o Ministro da Saúde e depois da reunião em curso, convocar o Ministro da Saúde para participar.   O Mandetta tinha outro compromisso para aquele horário e disse que depois se inteiraria dos resultados.    A reunião era para referendar remédios contra covid (sem respaldo técnico) e buscar reabrir a economia etc.

         O presidente disse no telefone para o Mandetta que uma das médicas da reunião não concordava com as “nossas teses”.   E as teses eram as do presidente: remédio e abrir a economia em plena pandemia.

         “Esse negócio de isolamento não dá”, disse o presidente.   Mandetta diz no livro:   “Ele queria no seu entorno pessoas que dissessem aquilo que ele queria escutar”.

         145 – O presidente colocou ideologia até na cloroquina.    A Fiocruz Fundação Osvaldo Cruz (que completou 120 anos de serviços de excelência para o Brasil) faz em seus laboratórios há muitas décadas remédio à base de cloroquina para doenças cujo uso tem recomendação técnica e é comprovada.   Remédio que é muito demandado pelo Norte do Brasil.  

         Por idéia do presidente, foi encarregado o Exército para fazer cloroquina, deixando de lado toda a experiência da Fiocruz sob alegação do presidente de que nesta fundação só tem comunistas que são os pesquisadores.

         “Sempre que eu ia ao gabinete do presidente, em cima da mesa dele tinha caixinhas de cloroquina.    “Nunca tinha máscaras de proteção e álcool em gel, mas a cloroquina estava lá”.

         147 – O presidente acreditava que a China tinha inventado a pandemia e que o embaixador da China no Brasil teria agido pelo lado comunista quando atuava no Chile e na Argentina do Macri.     ...”e promover a volta da esquerda, e ninguém tirava isso da cabeça dele”.

         Mais um dos argumentos do Mandetta para ver se sensibilizava o presidente para a gravidade da pandemia:

         - O senhor já viu alguém morrer por falta de ar?    O presidente respondeu que não e eu disse como é.   “Morrer de asfixia é uma morte bruta” – disse o Mandetta.

         Disse ao presidente:   “Viver ou morrer é desígnio de Deus, mas não dar condições para que as pessoas lutem pela vida é inaceitável”.      .... não o convenci.

         150 – Primeira mensagem curta do Ministério da Saúde nos veículos de comunicação usando voz e legenda:   “Lave as mãos e use álcool em gel”.

         153 -  Antes o Mandetta enviava seus auxiliares para o encontro diário com a imprensa, mas depois que viu que não sensibilizava os pares do poder Executivo sobre a gravidade da pandemia, resolveu aumentar sua visibilidade e todo dia ia para a coletiva da tarde com a imprensa.   Foi ganhando destaque e a simpatia da Nação (e da própria imprensa).

         A imprensa com seu trabalho ajudava muito o Ministério a orientar a população.    Sem precisar pagar campanhas caras na mídia.   Os jornais também se aproximaram do Ministério em busca de matérias.  Folha de São Paulo, Jornal Estado de São Paulo, O Globo, Correio Braziliense entre outros.

         Relação do Mandetta ministro com a imprensa:   “Foi uma relação próxima e sempre muito respeitosa”.

         “Felizmente, a Saúde vinha ganhando essa guerra da comunicação”.

         O risco de excesso de dados na cabeça das pessoas já aturdidas com a pandemia.   A missão de alertar, sem alarmar a população.   Muitos dentro de casa e a TV a todo momento falando de pandemia e poderia até “intoxicar” o povo de tantos dados a todo momento.   O próprio Mandetta chegou alertar para o povo se cuidar sem se alarmar.

         Nessa o Jornal Nacional, que praticamente era quase só assunto da pandemia, ainda aumentou bastante o tempo de programa.

         Um dia na coletiva o Mandetta ao fazer alerta ao povo acabou dizendo um termo que depois constatou que foi infeliz.   Chamou a imprensa de sórdida e causou reação imediata, inclusive com editorial da Globo colocando o ministro como ingrato, batendo na imprensa que vinha ajudando a orientar a população.

         O Ministro, em troca de ideia com o velho amigo e assessor Deputado Aleluia, decidiu que na próxima coletiva do outro dia, faria um pedido de desculpa pelo termo usado e assim o fez.

         Consertou de um lado, e ofendeu o presidente de outro.   Por ter pedido desculpa inclusive à Rede Globo.    Pedir desculpa é coisa que o Bolsonaro não usa fazer.   Reconhecer erro e pedir desculpa.

         “Bolsonaro é alguém que não sabe reconhecer seus erros e muito menos pedir desculpas”.

                   157 – Os atritos aumentando.   Dia 31-03-2020, em reunião com o Paulo Guedes (Ministro da Economia), se desentenderam por discussão no reajuste de preços dos medicamentos.   Em plena pandemia reajustar medicamentos.  Iria cair mal para o presidente junto ao povo.

 

          Continua no capítulo 16/20

CAP 13/20 - fichamento - livro - UM PACIENTE CHAMADO BRASIL - Autor: Luiz Henrique Mandetta - Médico e ex Ministro da Saúde

CAP 13/20              - novembro de 2020

         133 – O Mandetta conseguiu agendar e realizar via Ministro Chefe da Casa Civil, General Braga Neto, uma reunião para mostrar os números e dados da pandemia ao presidente.     Nisso Manaus já estava em maior risco de entrar em colapso.   O Mandetta passou o quadro para o presidente, mas o Osmar Terra, influenciador do Bolsonaro, já tinha soltado na imprensa que isso tudo era coisa da oposição, que no Brasil tropical os danos seria de pouca monta e estimou em 1.000 o total geral de mortes na pandemia no Brasil.

         “Esse discurso do Osmar Terra era tudo o que o presidente queria ouvir”.

         O General Braga Neto (Chefe da Casa Civil da Presidência) e o Sergio Moro ouviram o Mandetta e ficaram impressionados.   O Moro chegou a colocar uma figura de linguagem comparando cair quatro boeings por dia no Brasil (tipo mil mortos por dia).

         Nas reuniões com o presidente, este se esquivava de ver os números trazidos pelo Ministro da Saúde.   “Ele nunca viu os números do Ministério da Saúde.  Nunca.”

         136 – Mandetta encontra Bolsonaro irado porque o Doria em SP e o Witzel no RJ estavam adotando medidas para conter a pandemia e ganhando noticiário.   (seriam dois potenciais concorrentes do Presidente na próxima eleição presidencial)

         O presidente ficou fulo pela virtual concorrência e achando que os governadores com isso estariam sabotando o governo federal, “parando a economia”.

         137 – Reunião de ministros e aparece o General Heleno apenas dez dias após testar positivo para covid.   A regra é quatorze dias de quarentena.   Coincidência ou não, logo em seguida Paulo Guedes se recolheu em quarentena.

         O Mandetta mostrou no telão, seus dados sobre a covid e trouxe também cópia impressa e na presença dos ministros, entregou uma cópia para o presidente.   Junto, entregou um documento pedindo ao presidente para acatar as recomendações do Ministério da Saúde referentes à pandemia.

         138 – Para ser mais enfático, aproveitando a presença dos militares na reunião, o Mandetta perguntou ao presidente se estava preparado para ver veículos do Exército – como ocorreu na Itália – sendo usados para transportar mortos em caixões lacrados.

         138 – RJ, MG e SP, grosso modo, respondem por 50% do PIB Produto Interno Bruto do Brasil.   Nestes três estados vivem 85 milhões de habitantes, quase a metade da população brasileira.   Afrouxar as medidas contra a pandemia nesses estados populosos, o risco era enorme.   Sem cuidados    “Seríamos tratados como os párias mundiais”.

         Bolsonaro só pensando na economia.   Irredutível.   Mandetta argumenta mais uma vez.   “Por favor, se o senhor puder, deixe a gente trabalhar um pouco.  Eu trarei para as reuniões as condicionantes”.

         139 – “Fiz um apelo para que o presidente criasse um pacto entre a União, os Estados, os Municípios e o setor privado para que todos pudessem agir juntos, seguindo regras e medidas de acordo com critérios científicos”.

         139 -  O Gal. Luiz Eduardo Ramos (da Casa Civil) convenceu o Bolsonaro a fazer reuniões com governadores por videoconferência.  Ocorreram sem incidentes as do Norte, Nordeste, Centro Oeste e Sul.  Mas a do Sudeste deu entrevero com bate boca mostrado pela TV entre Bolsonaro e Dória.    As reuniões foram entre 23 e 24-03-2020.

         140 – Bolsonaro perguntou para o Mandetta o que ele achou do entrevero com o Dória.  O Mandetta destacou que o Dória estava com a razão e adotando medidas para proteger o povo do estado de SP.  O Mandetta deixou claro para o presidente que na imprensa, questionado, ele iria se colocar em aprovação às medidas do Dória.   

         O Mandetta para reforçar a necessidade do presidente entender a situação, ponderou que o próprio Trump, que negava a pandemia, já tinha deixado de negar e que iriamos ficar isolados do mundo com o governo federal aqui negando a pandemia.

         O Mandetta fez a fala final dele na reunião ministerial e deixou o presidente com os demais ministros.    “O que eu tinha para falar, já falei.  Se quiserem fazer as considerações de vocês, ficarão mais à vontade com o presidente”.

         141 – “A verdade é que eu já tinha notado um mal estar com a minha presença.”

         144 – O presidente passou a formar mais aglomerações em suas saídas às ruas.

         Passou a buscar assessoria com pessoas como Osmar Terra, com a médica Nise Yamagushi (a da cloroquina) e o Palácio do Planalto passou a receber vários  médicos bolsonaristas.

                        Continua no capítulo 14/20      novembro 2020 

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

CAP 12/20 - fichamento - livro - UM PACIENTE CHAMADO BRASIL - Autor: Luiz Henrique Mandetta - Médico e ex Ministro da Saúde

 CAP 12/20   - novembro de 2020

 

         Página 122 – O deputado Aleluia (meu assessor) tem mais de setenta anos.  Os outros do meu gabinete passaram a fazer home office por causa da pandemia mas o Aleluia por conta dele, marcava presença todo dia.

         122 – Com assessoria do Aleluia que ficava em sintonia com o Congresso, o Mandetta ia interagindo com governadores e se solidarizando no combate à pandemia enquanto o Bolsonaro pela imprensa ficava comprando briga e arranjando briga.

         O Mandetta teve também como assessor e amigo o deputado do DEM pelo Paraná, Abelardo Lupion.

         124 – Havia grandes empresas e bancos querendo fazer doações para ajudar no combate à pandemia.   O Mandetta destacou o Lupion para as articulações visando angariar doações.   Determinou que não fossem em dinheiro, mas em equipamentos médicos e correlatos, úteis nas ações contra a pandemia.    E assim foi feito e as empresas doaram muitos equipamentos que incluam testes de covid, respiradores, máscaras de uso dos profissionais da saúde etc.

         125 – O começo da corrida por equipamentos da China e os americanos comprando tudo e mandando aviões para ir buscar a carga na frente dos outros.

         Até contratos assinados com outros países para compra, vários foram “derrubados” por causa desse leilão que os USA fizeram para adquirir tudo primeiro.

         O Ministério da Saúde conseguiu com a interação com a Vale, que tem vasta experiência em comercio internacional e foco na China e o apoio da Vale foi fundamental.   Ela comprava respiradores em nome dela e trazia para o Brasil e o Ministério ia comprar, mas ela no final fez tudo como doação.   Respiradores, testes de covid, equipamentos de proteção dos profissionais da saúde etc.

         126 – O Mandetta cita alguns membros da equipe e destaca a garra e a união da equipe.

         128 – Na Espanha, mortos que nem os caminhões frigoríficos estavam vencendo de acondicionar e os espanhóis improvisaram locais com caixões lacrados até em pista de patinação no gelo.    Enquanto isso no Palácio do Planalto, reuniões com pautas conservadoras de costumes e coisa e tal, parecendo ignorar o que acontecia aqui e lá fora.

         Nas reuniões ministeriais, Moro reservado, Mourão sempre cabeça baixa rabiscando um papel como quem faz palavras cruzadas...   Nas reuniões presidenciais o presidente...    “Ele só se manifestava para verbalizar contra o inimigo da semana”.   Ora era contra a China, a Globo, a Folha de São Paulo, a Câmara Federal e seu presidente, o Senado e seu presidente.    

         “Eu nunca tinha espaço nas reuniões para expor a gravidade do problema da saúde pública”.

         129 – Pronunciamentos do presidente na TV, desinformado por seu estilo.  Daí saem declarações como “tenho histórico de atleta”, “esta é uma gripezinha” e assim por diante, minimizando a pandemia.

         No dia anterior o Dr Drauzio Varela tinha demonstrado na TV que havia gravidade na pandemia e pedia cuidados da população.    No dia seguinte vem o presidente e sai com essas de gripezinha e assim por diante.

         No pronunciamento o presidente não usou nada de sua assessoria.   “Ele fez aquele discurso se baseando apenas nas opiniões dos filhos e de seu entorno”.    (e de certa forma para se contrapor à fala do Dr Drauzio)

         No dia seguinte ao da fala do presidente na TV, houve reunião ministerial.   Todos os ministros reprovaram a fala do presidente e sugeriram que nas próximas falas ele se respaldasse em trocas de ideias com sua assessoria.

         “A verdade é que com aquele tipo de atitude, constrangia todo o governo”.

         131 – O filho Carlos Bolsonaro se mudou para o Palácio e levou sua equipe informal, que foi apelidada pelo público externo de “Gabinete do ódio”.

         “Eles não interagem com ninguém além do presidente e seus filhos, mas observam tudo, estão sempre presentes”.

         132 – “A principal sala da presidência virou o escritório dessa turma”.

         A tarefa de tornar o presidente informado dos fatos.     “Três possíveis conjunturas diante da pandemia:

         Cenário 1 elaborado pelo Médico Julio Croda, Diretor do Departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde:    Previa 180.000 mortes no Brasil pela pandemia.    Se o país não adotasse corretamente as medidas recomendadas de disciplinar o que poderia funcionar e o que não poderia; distanciamento entre as pessoas; uso de máscaras etc.

         O Wanderson, do Ministério da Saúde, tinha um cenário de 60 a 80 mil mortos, havendo medidas de governo para proteção da sociedade em certos níveis.

         Havia um terceiro cenário de 30.000 mortos totais na pandemia, mas este o Mandetta achava muito otimista e subestimava a agressividade do agente causal.

         O Osmar Terra, amigo do presidente e um dos que ele ouve e já esteve na equipe ministerial, disse que não passariam ao todo de 1.000 mortos durante a pandemia.    Isto era “musica” aos ouvidos do presidente e respaldava ideias como essa da gripezinha.

         133 – O Mandetta conseguiu agendar e realizar via Ministro Chefe da Casa Civil, General Braga Neto, uma reunião para mostrar os números e dados da pandemia ao presidente.

........................................................ continua no capítulo 13/20