CAP 19/20 novembro de 2020
Página
193 – Na campanha o Bolsonaro começou ouvir um economista de terceira linha de
Brasilia e o mercado não reagiu bem.
Passou então a ouvir o Paulo Guedes e este foi bem aceito pelo mercado. O crédito dessa mudança o Bolsonaro colocou
no Onyx.
Outra
jogada montada pelo Onyx. O Bolsonaro
não tinha uma proposta para a Educação.
O Onyx arranjou uma viagem para ambos à Coréia do Sul, que tem sido
sucesso no setor. Foram ambos lá. Depois quando alguém perguntava a ele na
campanha sobre Educação ele dizia que visitou a Coréia do Sul, gostou do modelo
de lá e que iria implantar aqui algo parecido. E ia levando no bico, mas ainda não tinha
uma pessoa que assessorasse a campanha dele no item Educação.
Foi
nesse contexto que o Onyx colocou o Mandetta no time. O Mandetta como deputado já tinha assessorado
o Aécio no pano de governo e depois, o Eduardo Campos. Foi requisitado para ajudar no plano para a
área da saúde do candidato Bolsonaro.
194 – Um
dia, o Mandetta fumando na marquise da Câmara dos Deputados e apareceu o Onyx
com o Bolsonaro e o filho Eduado. O Onyx pede para o Mandetta falar um pouco do
setor de saúde e este deu umas linhas gerais sobre o SUS, programa de agentes
comunitários etc.
O Onyx
depois me procurou e falou: “Obrigado,
você vai ser ministro. O cara vai
ganhar”.
Crescendo
na campanha, quando falavam com ele na área de saúde. Ele dizia alguma coisa e
acabava citando o Mandetta, que era bem respeitado no setor. A classe médica via isso de forma positiva.
Apareciam
nas redes sociais mensagens tipo: “Sou
Bolsonaro, Mandetta na Saúde”. “Virei o
álibi do médico envergonhado de votar no Bolsonaro”. “Assim acabei me tornando o fiador dele
nessa matéria”.
E foi o Onyx
que fez aquilo.
196 – Um
dia no RJ o Onyx pediu umas cinco ou seis sugestões ao Mandetta para a área da
saúde e este enviou por e mail. O
Mandetta já tinha decidido não disputar a reeleição e ir morar no Rio onde tem
um netinho. Antes, ajudou com algumas
partes da campanha do correligionário do seu estado (MS) Nelson Trad ao Senado
e na campanha do Governador Caiado (GO) também do seu partido, o DEM.
196 –
Encontrou em agosto, na campanha presidencial, o Bolsonaro e o Felipe
Francischini. Pediram se ele poderia formular as perguntas
da área de saúde para o debate dos candidatos a presidente na TV. Pediu para ele formular as perguntas, as
réplicas e as tréplicas. Ele fez o que
se pediu.
“Minha
decisão de embarcar na campanha do Bolsonaro foi uma escolha por
exclusão”. “Eu não iria votar no
Alckmin, não achei que o Amoedo fosse viável e não iria votar no PT em hipótese
alguma. Então sobrou votar no
Bolsonaro”.
197 –
“Não cheguei a conhecer ninguém da campanha”.
Reencontrou o Bolsonaro próximo ao segundo turno no RJ. ....”gravei um vídeo para o segundo turno
com ele”.
198 –
Bolsonaro eleito, Onyx ganhou protagonismo.
Era o único do partido do Mandetta, o DEM na equipe do novo presidente
eleito.
E o Onyx
com acesso direto ao presidente, falava direto com a imprensa. Nessa os congressistas passaram a
“aceita-lo”. Em política a roda
gira. Antes, ele era rejeitado e
agora, aceito...
“Na
Câmara o Onyx se tornou o centro das atenções”. David Alcolumbre (do DEM), senador, em
campanha para a presidência do senado concorrendo contra o Renan
Calheiros. O senado renovou bastante e
os novos não queriam mostrar apoio público ao Renan sobre quem pesavam
acusações diversas.
200 –
Articulação do Ronaldo Caiado (Governador de Goiás), do DEM e um passeio de
barco em Brasilia para juntos decidirem (longe da imprensa) se apoiariam
Alcolumbre, presente no barco, para o senado.
Todos de acordo. Caiado: “A partir de agora você é candidato à
presidência do Senado”. E assim
foi. E o Caiado perguntou: “E o Mandetta é o ministro da saúde? Se for, tem que definir agora”. Flavio Bolsonaro disse que sim, eu seria o
ministro da saúde.
201 –
Para ser ministro da saúde você tem que ter apoio da respectiva frente
parlamentar (grupo informal que agrega deputados e senadores de diferentes
partidos em torno de um tema – no caso, a Saúde) no Congresso. O DEM não tem esse foco até porque
geralmente esse tema (Saúde) em geral das políticas sociais e é mais das
esquerdas. Mas o Mandetta por ser
médico e articulado, tem boa aceitação com essa frente parlamentar. Ele destaca. Sou de um estado, o Mato Grosso do Sul,
conservador.
O
Mandetta responde processo sobre caso de licitação no tempo que era Secretário
da Saúde em Campo Grande e expos isso ao Bolsonaro para evitar desgaste futuro,
pois a imprensa iria esmiuçar sua vida.
Ele alega que é inocente e que apresentou ao Bolsonaro os documentos e
número dos processos. O Caiado articulou
tudo para o Mandetta ser ministro, mesmo tendo os processos em curso. E ele foi anunciado como ministro pelo
presidente eleito.
À
imprensa, Bolsonaro: “Ele nem réu é
ainda. O que está acertado entre
nós? Qualquer denúncia ou acusação que
seja robusta e o ministro não fará mais parte do governo”. Foi assim que me tornei ministro.
Já
indicado para o ministério da Saúde, em novembro de 2018, passou a ajudar na
candidatura do Alcolumbre (do DEM) para a presidência do senado. Este que acabou sendo eleito para o período
2019-2020.
204 –
Quando fui eleito deputado meus filhos tinham doze (Paulo), quinze (Pedro) e
dezessete (Marina). Ela foi aos 17 para
o RJ cursar Direito.
A esposa
Terezinha é médica e trabalhou trinta anos em hospital especializado em
hanseníase em Campo Grande. Ela nunca
atendeu no sistema privado. “Ela é 100%
SUS”.
A filha
Marina se formou no RJ, se casou e lá nasceu Gabriel, o primeiro netinho do
Mandetta. O filho do meio é Médico e o
outro, também Advogado.
Continua no
capítulo 20/20 (final)