SERIA UM TIRO PELA CULATRA CONTRA O BRASIL?
Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida - CREA 57.589-D SP v/PR
SERIA UM TIRO PELA CULATRA CONTRA O BRASIL?
Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida - CREA 57.589-D SP v/PR
CAP 20/20 (Final) - novembro de 2020
Sobre
vida social. “Em Brasilia a gente
quase não tinha vida social. Não gosto
de muita badalação, de clube, de festas.”
Ele foi
colega de turma da esposa no curso de Medicina na Gama Filho no RJ. Ela, filha única, muito apegada aos
pais. O sogro, falecido e a sogra, aos
86 anos. Foi morar com o Mandetta em
Brasilia no tempo de ministro. Só que o
casal sendo médico, ele atuando como ministro e a esposa em hospital, punham em
risco a sogra dele, o que causava preocupação ao ponto de depois optarem de
leva-la de volta para Campo Grande onde ela morava, ficando lá com um dos
filhos do casal.
Ato
falho, em termos. Ele um dia falou pra
esposa do risco da mãe dela idosa ser contaminada pela covid e na hipótese
disso resultar em óbito, não ter nem jeito de enviar para sepultamento em Campo
Grande, ao lado do marido lá sepultado.
A esposa dele ficou muito chateada e ambos ficaram tristes só dele citar
a hipótese como alerta.
209 – A
partir da segunda semana de abril de 2020 vários ministros começaram a visitar
o Ministério da Saúde para tentar ajudar o Ministro no enfrentamento da
pandemia. Um dos grandes desafios era
ter reduzido a quantidade de voos entre as capitais e isso dificultava o envio
de respiradores e demais equipamentos de segurança e uso médico para os
Estados. A FAB tem os aviões Hercules
que poderiam ser usados, só que são antigos, pesados e grandes. Para “sair do chão” fica uma fortuna em
combustível e recursos para isso eram difíceis.
Articulou
com o Governador Caiado (Goiás) a construção de um hospital de campanha em
Águas Lindas de Goiás, região metropolitana.
Isto perto da data em que o Ronaldo Caiado (que é médico) criticou o
Bolsonaro por falar de gripezinha, negando a gravidade da pandemia. Nessa ocasião o Caiado pediu ao presidente,
respeito aos profissionais da saúde que lutam contra a doença arriscando as
próprias vidas. E para enfatizar, lembrou
uma frase de Barack Obama: “Na política
e na vida a ignorância não é uma virtude”.
Para a
inauguração, iriam se encontrar o Presidente e o governador Caiado no mesmo
evento com imprensa. O Mandetta temia
conflito e alertou o cerimonial. O hospital
de campanha foi feito a montagem das estruturas até 23 de abril e equipado para
inauguração no dia 05-06-2020.
Na hora
da inauguração, foram de helicóptero para fugir de aglomerações. E o Mandetta cuidando para não ter arestas
entre o Caiado e o Presidente e também buscando evitar aglomerações.
Colete
do SUS. O emissário do Bolsonaro queria
um para o presidente usar (a pedido do próprio) na inauguração. O Mandetta preferiu que não. “Ele não estava ajudando o SUS, ele não
entendia o que a gente estava passando”.
O Bolsonaro então pegou um colete da Anvisa para a aparição na
inauguração.
Mal o
helicóptero chegou ao solo, o presidente, vendo a aglomeração já foi soltando o
cinto e ao saltar, foi direto se juntar ao aglomerado, dizendo: “Olha o pessoal
ali!”
O trato
tinha sido não promover aglomerado, manter o distanciamento social e todo o
protocolo de segurança, até para dar o exemplo. A imprensa ali registrando tudo.
Nessa o
Mandetta ficava à parte mantendo a distância e ficou ao lado do governador
Caiado, anfitrião. Logo o presidente
veio e sem cerimônia deu um abraço no Caiado e disse sorrindo: “Agora sim está todo mundo
contaminado”. O abraço era para sair
nas fotos e TV e o Bolsonaro alegar que o Caiado não respeitava distanciamento
social.
Mandetta
ficava sempre de dois a três metros de distância dos outros por segurança. O Bolsonaro chama ele para se juntar ao
aglomerado várias vezes e ele responde seco:
“Eu não fico em aglomeração”.
A
imprensa presente no local cobrou do ministro a aglomeração do presidente. O Mandetta concordou publicamente que era um
erro aglomerar.
O
assunto nas redes sociais era a péssima relação do Mandetta com o Bolsonaro.
216
- O Mandetta tentando entender os atos
do Bolsonaro e concluiu: O que
afetaria nas eleições de 2022 seria a economia. “O que salvaria ou enterraria a sua futura
candidatura seriam emprego, renda e outros fatores econômicos”. A pandemia iria prejudicar tais fatores.
216
–Veio a pandemia e ameaça a economia e assim, os planos do presidente para
reeleição ficariam ameaçados.
“Quando
ele viu a adesão da população às pautas da saúde, criou na cabeça a teoria de
que o isolamento social era uma conspiração do Doria, do DEM (partido do
Mandetta), do Rodrigo Maia, minha, do Nordeste...”
“Para
ele, quem tivesse de morrer, já iria morrer mesmo, não valia a pena parar a
economia por causa disso”.
217 –
Queria o presidente empurrar a culpa dos mortos aos prefeitos e governadores.
...”seu
interesse pessoal era esquecer da pandemia...” Para ele, a ira com o ministro é que este
não aceitava esse jogo.
218 – O
Mandetta resolveu dar entrevista ao Fantástico dentro do Palácio das Esmeraldas
(GO) numa forma de prestigiar os governadores e na prática era rompimento sem
volta com o presidente, dando entrevista para a Globo...
Neste
ponto, o Brasil já com mais de mil mortos pela covid. O ministro deixou claro que seu esforço era
como em toda crise: foco, disciplina e
ciência.
No dia
seguinte à entrevista, perdi o apoio dos militares. Eram duas questões. Uma, que o Mandetta deixou explícito que a
conduta do Bolsonaro não era compatível com o que o ministro da saúde pregava e
aplicava. E para completar, o ministro
deu entrevista na Globo, que o presidente tem como inimiga.
Mourão
deu entrevista dizendo quo o Mandetta havia cruzado “a linha da bola”. No jogo de polo equestre, é falta grave e
acrescentou: “Merecia um cartão”.
220 – No
outro dia à tarde, coletiva da pandemia.
Mandetta com o General Braga Neto.
A repórter da Globo, Delis Ortiz, perguntou ao Braga se o Mandetta seria
demitido. O Braga respondeu afirmando
que não havia discussão sobre isso.
Mandetta pegou o microfone....
“então peguei o microfone e disse que em política, toda vez que se nega
alguma coisa, é porque aquilo vai acontecer.
....”não era questão de se, mas de quando...”
220 –
Bia Kics, deputada do PSL do DF, aliada de Bolsonaro. Andou tentando dialogar para aplainar
arestas.
221 –
Avisaram que o presidente queria conversar com ele 17 h. Foi sabendo que era demissão. Na hora, o presidente queria que a coisa
fosse como pedido de demissão do ministro e o Mandetta não aceitou e relembrou
sua máxima de que o médico não abandona o paciente.
E se
permitiu dar uns conselhos rápidos ao presidente. Cuidado com o RJ e as compras de
equipamentos...; cuidado que a pandemia é seria; cuidado ao se relacionar com a
China, esta que tem suprimento de equipamentos para enfrentar a pandemia.
222 –
Essa pandemia vai ficar para a história, com foi a segunda Guerra Mundial e a
quebra da Bolsa de NY em 1929. “e cada
um de nós será retratado pelo papel que desempenhou nessa pandemia”.
Antes de
se reunir com o presidente, fez o texto de um twitter e deixou com sua
secretária na antessala da reunião. No
momento que saísse, era para ela disparar a mensagem com a demissão dele. Assim se fez. Eram então 16h17 minutos do dia 16-04-2020.
223
- Ele cita o texto completo do twitter
no livro. Contem aviso da demissão,
agradecimento à equipe e desejo de boa sorte ao próximo ministro e ao
povo.
“Durante minha
estada no ministério, aprofundei muito a minha fé”. Tem inclusive imagem de Dom Bosco, presente
do Padre Marinoni, grande amigo desde o tempo de aluno do Colégio Dom Bosco de
Campo Grande MS. Mandetta foi inclusive
coroinha da igreja quando garoto.
Padre Marinoni foi inclusive quem celebrou o casamento dele no Rio de
Janeiro.
O
Mandetta é devoto de Nossa Senhora Aparecida e costuma ir ao Santuário sempre
que pode.
225 –
Cita a emoção na despedida da equipe no ministério.
226 –
Conheceu de passagem o Dr Nelson Teich, o novo ministro num rápido contato na
Inglaterra. “Ele me parece uma boa
pessoa, competente, mas claramente tem dificuldades de comunicação”.
Na
transmissão de posse no Palácio, todos os ministros presentes. “No meu discurso agradeci um a um,
nominalmente”. E num trecho fez questão
de agradecer a esposa pela boa educação dos filhos do casal, o que seria
inclusive uma indireta ao presidente cujos filhos são o que são...
O
Mandetta tem um cão de estimação, um vira lata chamado Bingo.
Terminada
a cerimônia, ele, a esposa e o Bingo no carro CR-V 2010, pegaram estrada rumo a
Campo Grande. Ao som de Jimi Endrix,
música que os dois gostam de ouvir de longa data. Ele as vezes coloca o som bem alto. Nesse dia colocou baixo e no percurso a
esposa foi aumentando o som para ficar no astral melhor de sempre.
Agradecimentos
- Faz uma série de agradecimentos a
colaboradores e entidades que ajudaram no enfrentamento à pandemia. Destacou o fato dele ter criado o programa
Médicos para o Brasil (substituindo o
Mais Médicos). Ter feito a
informatização do SUS, tendo projeto modelo em Alagoas e com o qual se visa
chegar ao Prontuário Eletrônico Universal para uso do sistema público e privado
de saúde. Desfecho: “A todos, meu muito obrigado!”.
Terminei a
leitura dia 11-11-2020
CAP 19/20 novembro de 2020
Página
193 – Na campanha o Bolsonaro começou ouvir um economista de terceira linha de
Brasilia e o mercado não reagiu bem.
Passou então a ouvir o Paulo Guedes e este foi bem aceito pelo mercado. O crédito dessa mudança o Bolsonaro colocou
no Onyx.
Outra
jogada montada pelo Onyx. O Bolsonaro
não tinha uma proposta para a Educação.
O Onyx arranjou uma viagem para ambos à Coréia do Sul, que tem sido
sucesso no setor. Foram ambos lá. Depois quando alguém perguntava a ele na
campanha sobre Educação ele dizia que visitou a Coréia do Sul, gostou do modelo
de lá e que iria implantar aqui algo parecido. E ia levando no bico, mas ainda não tinha
uma pessoa que assessorasse a campanha dele no item Educação.
Foi
nesse contexto que o Onyx colocou o Mandetta no time. O Mandetta como deputado já tinha assessorado
o Aécio no pano de governo e depois, o Eduardo Campos. Foi requisitado para ajudar no plano para a
área da saúde do candidato Bolsonaro.
194 – Um
dia, o Mandetta fumando na marquise da Câmara dos Deputados e apareceu o Onyx
com o Bolsonaro e o filho Eduado. O Onyx pede para o Mandetta falar um pouco do
setor de saúde e este deu umas linhas gerais sobre o SUS, programa de agentes
comunitários etc.
O Onyx
depois me procurou e falou: “Obrigado,
você vai ser ministro. O cara vai
ganhar”.
Crescendo
na campanha, quando falavam com ele na área de saúde. Ele dizia alguma coisa e
acabava citando o Mandetta, que era bem respeitado no setor. A classe médica via isso de forma positiva.
Apareciam
nas redes sociais mensagens tipo: “Sou
Bolsonaro, Mandetta na Saúde”. “Virei o
álibi do médico envergonhado de votar no Bolsonaro”. “Assim acabei me tornando o fiador dele
nessa matéria”.
E foi o Onyx
que fez aquilo.
196 – Um
dia no RJ o Onyx pediu umas cinco ou seis sugestões ao Mandetta para a área da
saúde e este enviou por e mail. O
Mandetta já tinha decidido não disputar a reeleição e ir morar no Rio onde tem
um netinho. Antes, ajudou com algumas
partes da campanha do correligionário do seu estado (MS) Nelson Trad ao Senado
e na campanha do Governador Caiado (GO) também do seu partido, o DEM.
196 –
Encontrou em agosto, na campanha presidencial, o Bolsonaro e o Felipe
Francischini. Pediram se ele poderia formular as perguntas
da área de saúde para o debate dos candidatos a presidente na TV. Pediu para ele formular as perguntas, as
réplicas e as tréplicas. Ele fez o que
se pediu.
“Minha
decisão de embarcar na campanha do Bolsonaro foi uma escolha por
exclusão”. “Eu não iria votar no
Alckmin, não achei que o Amoedo fosse viável e não iria votar no PT em hipótese
alguma. Então sobrou votar no
Bolsonaro”.
197 –
“Não cheguei a conhecer ninguém da campanha”.
Reencontrou o Bolsonaro próximo ao segundo turno no RJ. ....”gravei um vídeo para o segundo turno
com ele”.
198 –
Bolsonaro eleito, Onyx ganhou protagonismo.
Era o único do partido do Mandetta, o DEM na equipe do novo presidente
eleito.
E o Onyx
com acesso direto ao presidente, falava direto com a imprensa. Nessa os congressistas passaram a
“aceita-lo”. Em política a roda
gira. Antes, ele era rejeitado e
agora, aceito...
“Na
Câmara o Onyx se tornou o centro das atenções”. David Alcolumbre (do DEM), senador, em
campanha para a presidência do senado concorrendo contra o Renan
Calheiros. O senado renovou bastante e
os novos não queriam mostrar apoio público ao Renan sobre quem pesavam
acusações diversas.
200 –
Articulação do Ronaldo Caiado (Governador de Goiás), do DEM e um passeio de
barco em Brasilia para juntos decidirem (longe da imprensa) se apoiariam
Alcolumbre, presente no barco, para o senado.
Todos de acordo. Caiado: “A partir de agora você é candidato à
presidência do Senado”. E assim
foi. E o Caiado perguntou: “E o Mandetta é o ministro da saúde? Se for, tem que definir agora”. Flavio Bolsonaro disse que sim, eu seria o
ministro da saúde.
201 –
Para ser ministro da saúde você tem que ter apoio da respectiva frente
parlamentar (grupo informal que agrega deputados e senadores de diferentes
partidos em torno de um tema – no caso, a Saúde) no Congresso. O DEM não tem esse foco até porque
geralmente esse tema (Saúde) em geral das políticas sociais e é mais das
esquerdas. Mas o Mandetta por ser
médico e articulado, tem boa aceitação com essa frente parlamentar. Ele destaca. Sou de um estado, o Mato Grosso do Sul,
conservador.
O
Mandetta responde processo sobre caso de licitação no tempo que era Secretário
da Saúde em Campo Grande e expos isso ao Bolsonaro para evitar desgaste futuro,
pois a imprensa iria esmiuçar sua vida.
Ele alega que é inocente e que apresentou ao Bolsonaro os documentos e
número dos processos. O Caiado articulou
tudo para o Mandetta ser ministro, mesmo tendo os processos em curso. E ele foi anunciado como ministro pelo
presidente eleito.
À
imprensa, Bolsonaro: “Ele nem réu é
ainda. O que está acertado entre
nós? Qualquer denúncia ou acusação que
seja robusta e o ministro não fará mais parte do governo”. Foi assim que me tornei ministro.
Já
indicado para o ministério da Saúde, em novembro de 2018, passou a ajudar na
candidatura do Alcolumbre (do DEM) para a presidência do senado. Este que acabou sendo eleito para o período
2019-2020.
204 –
Quando fui eleito deputado meus filhos tinham doze (Paulo), quinze (Pedro) e
dezessete (Marina). Ela foi aos 17 para
o RJ cursar Direito.
A esposa
Terezinha é médica e trabalhou trinta anos em hospital especializado em
hanseníase em Campo Grande. Ela nunca
atendeu no sistema privado. “Ela é 100%
SUS”.
A filha
Marina se formou no RJ, se casou e lá nasceu Gabriel, o primeiro netinho do
Mandetta. O filho do meio é Médico e o
outro, também Advogado.
Continua no
capítulo 20/20 (final)
CAP 18/20 novembro de 2020
No dia
09-04-2020 a TV CNN colocou matéria na qual Onyx e Osmar Terra... tramavam puxar meu tapete”. Osmar Terra contra a quarentena e com
pretensão de ser Ministro da Saúde.
Página 183 – Onyx e Osmar e suas
estimativas de mortos no total da pandemia no Brasil: Onyx – 4.000 mortos e Osmar: 3 a 4 mil.
Osmar
(médico) : “vai morrer menos gente do
que morre de gripe sazonal”
Parte do
diálogo gravado da trama entre Onyx e Osmar Terra: Terra:
“o ideal era o Mandetta se adaptar ao discurso do Bolsonaro”. (no livro o Mandetta narra todo o diálogo)
184 –
Reunião com o presidente na presença do assessor especial Arthur Weintraub e os
três filhos do Bolsonaro. O Mandetta
destacou a importância de não ser hostil à China, pois estavam sendo demandados
respiradores chineses e outros itens essenciais para o controle da covid
19. Ponderou que se o governo se colocar
de forma hostil, teríamos sérios problemas pois não há país alternativo para
fornecer respiradores.
Nisso o
Eduardo Bolsonaro começou a falar mal do embaixador chinês no Brasil e aquele
papinho de que o embaixador tramava a volta da esquerda. Aí o Mandetta disse que se o Eduardo
conseguisse 2.000 respiradores com os USA ficaria bem. Assim o Brasil não precisaria comprar da
China. E o Mandetta acrescentou: “Agora, eu preciso resolver esse
assunto”. O Eduardo não deu resposta.
Depois
que a CNN mostrou a trama contra o Mandetta, este foi desautorizado a
participar da coletiva daquela tarde sobre a pandemia com a imprensa.
189 – Como
o Mandetta chegou a Ministro por indicação do Onyx. Onyx
era o relator do projeto de lei proposto pela turma da Lava Jato há algum
tempo. O projeto das Dez Medidas, criado
pelos Procuradores da República. O
projeto tinha itens ilegais. Onyx
pegou a relatoria pelo apoio que teve do Rodrigo Maia, ambos do mesmo partido
(DEM) e isso na primeira gestão do Maia como presidente da câmara. O Onyx ao invés de ouvir sugestões, estava
conduzindo do jeito dele e muito voltado para a mídia, pois havia grande
expectativa popular, já que houve abaixo assinado com dois milhões de
assinaturas.
Onyx
queria fazer tudo no figurino que os Procuradores da Lava Jato propunham e que
continha arbitrariedades e até previa punições retroativas à lei, o que é
ilegal.
Muitos
deputados foram atingidos pela forma arbitrária de ação da Lava Jato e estavam
resoltados. O Onyx descontentou seu partido,
o DEM e os demais deputados. Queriam
retirá-lo da relatoria e isso era péssimo para a imagem do DEM e do próprio
Onyx.
190 – O
Onyx gravou escondido uma reunião do partido dele que discutia o tema. Mostrou a gravação para o Mandetta que foi procura-lo
para propor ajustes no projeto das Dez Medidas. O Onyx alegou que gravou sem querer. Diz o Mandetta no livro: “Fiquei perplexo”. “Isso no meio político é pecado mortal” (gravar escondido)
“Quem
faz isso nunca mais é chamado para nenhum tipo de conversa em lugar
algum”. “Não tem saída. Vira um pária, todo mundo fecha a porta”.
Anteriormente
o Senador Dulcídio do Amaral, enrolado com a justiça, prometeu a esta que
gravaria algo dos seus colegas para coletar provas. Foi pego nisso (em 2016) e foi cassado com
votação unânime dos seus pares no Senado.
Iam
trocar o relator do projeto das Dez Medidas, tirar o Onyx mas o Mandetta contou
ao Maia da gravação e o Maia “ficou branco”.
O Ronaldo Caiado (do DEM de Goiás), colocou o Onyx numa sala e deu um
sermão nele e exigiu que ele apagasse a gravação.
Tudo
isso ficou de bastidor na Câmara e o projeto ainda com o Onyx de relator foi à
votação e foi rejeitado. ...”um
placar avassalador”.
192 – O
Onyx ficou isolado no Parlamento. Então
viu que o Bolsonaro tinha potencial para ser candidato a presidente e tentou
puxá-lo para o DEM. “... mas o partido
não quis nem conversar com o Bolsonaro, o que foi um erro”.
193 – “O
Onyx percebeu que, se fosse ungido do Bolsonaro, conseguiria angariar a simpatia dos eleitores e obter votos para se
reeleger deputado federal pelo RS.”
193 –
Episódio do Bolsonaro candidato que viralizou na internet por ele não entender
nada de economia. No aeroporto um
cidadão perguntou o que ele achava do tripé macroeconômico (metas de inflação; superávits fiscais
primários e regime de câmbio flutuante).
O Bolsonaro se embananou todo ao tentar responder.
(no
próximo capítulo se completa a gênese do Onyx no governo Bolsonaro e o convite
ao Mandetta para ministro)
.............. próximo capítulo 19/20
CAP 17/20 novembro de 2020
172 – Já
após a reunião da refrega, o Mandetta foi fisgado para outra reunião grande com
vários órgãos e os médicos da cloroquina.
O presidente queria mudar por decreto a bula da cloroquina para usar na
covid 19. “Um risco grande para a
própria presidência”. Na hora da
coletiva, todos já achavam que o Mandetta estava demissionário. Ainda não.
174 – Mandetta estudou num colégio Dom
Bosco em Campo Grande, sistema construtivista.
Um dos professores dele, “Padre Valter foi quem me apresentou à
leitura”. ( isso ajudou e ele ficar bom
em oratória). Leitura.... “hábito que
carrego para a vida toda”.
175 –
Sei que uma boa comunicação ajuda muito a atravessar qualquer crise. “O líder... não tem medo de perder sua
autoridade”. Bem jovem, aos 14 de
idade, leu de Platão o livro O Mito da Caverna. O personagem figurado vive fechado na
caverna, só vê as sombras na parede e é seu mundinho. É o comportamento ignorante. “só conhece os reflexos do mundo externo
projetados numa parede”. Ter certezas
não o torna sábio.
No outro
dia o Mandetta almoçou com dois Ministros Militares (Defesa e Minas e
Energia). Caindo o consumo de energia,
pondera o ministro, e isso indica retração na economia. Sugeriram ao Mandetta ter um canal de
comunicação com o presidente. O
Mandetta achou razoável e marcou uma audiência para o dia seguinte.
Ele e o
presidente. Logo o presidente saiu com
a conversa da cloroquina. O Mandetta
alertou que a droga não tem comprovação de que funciona contra a covid 19 e
gastar dinheiro público e depois ficar comprovado que se jogou dinheiro fora,
vai gerar ato de improbidade administrativa do Presidente. Ainda mais se lá na frente se comprovar que o
uso da cloroquina aumentou os óbitos.
Lembrou
que a cloroquina tem mais de cem anos de uso, naquilo para o qual ela tem
autorização oficial. Pediu para o
presidente não insistir nessa onda da cloroquina. Ficar com a ciência.
“Quando
sair algum artigo científico dizendo que a cloroquina é eficiente, aí o senhor
põe a digital do governo”.
179 – O
Mandetta até falou do caso da ivermectina (vermífugo para animais e humanos)
que seria menos arriscada, pois se não ajudasse nos caos de covid, não
piorariam as coisas, eliminando vermes de pacientes que contenham os tais.
Nisso o
Mandetta lembrou que falar de vermífugo lembrava gado e esta é uma palavra
proibida pelo presidente e seus filhos, porque os adversários chamam seus
seguidores de gado. Mas aí já tinha
falado, se bem que a intenção era outra como visto acima.
O
presidente recebeu o impacto e respondeu:
“Esse aí, não” (o vermífugo
ivermetctina).
Marcaram
um encontro diário para colocar o presidente ao par do andamento da pandemia e
as ações tomadas.
180 -
...”digo mais ou menos o rumo que tomarei na minha fala nas coletivas com a
imprensa”. (antes informaria o
presidente)
O
presidente concordou. E disse que
iria falar à Nação sobre o Auxílio Emergencial. O Mandetta sugeriu a ele não tocar no
assunto da pandemia, deixando esse lado mais espinhoso para o Ministro nas
coletivas e falasse do lado bom, o Auxilio.
180 – Na
gravação no Palácio, ao lado dos filhos Flávio e Carlos e o Arthur Weintraub.
181 –
“Nessa gravação ele fez tudo o que, naquela manhã, me disse que não faria. Propagandeou
a cloroquina; disse que o Dr. Roberto Kalil, doente de covid 19 tinha
tomado cloroquina e melhorado...”. O
Mandetta ficou perplexo.
Os USA
já tinham tirado a cloroquina do site do órgão de saúde deles... inclusive por receberem processos judiciais
contra o Estado pelo uso da droga sem comprovação de eficácia.
O
pronunciamento era para falar do Abono Emergencial e acabou tendo como foco a
cloroquina.
... no
outro dia, apesar de tudo... reunião com o presidente. “Uma reportagem da TV deixaria muito claro
que o gabinete do presidente era um terreno minado para mim”.
182 –
Por um lado eu contava com o apoio dos militares, via ministros Militares do
governo. “e por outro, setores do
bolsonarismo conspiravam pela minha queda”.
No dia
09-04-2020 a TV CNN colocou matéria na qual Onyx e Osmar Terra... tramavam puxar meu tapete”. Osmar Terra contra a quarentena e com
pretensão de ser Ministro da Saúde.
.................. próximo capítulo - 18/20
CAP 16/20 - novembro de 2020
157 – Os
atritos aumentando. Dia 31-03-2020, em
reunião com o Paulo Guedes (Ministro da Economia), se desentenderam por
discussão no reajuste de preços dos medicamentos. Em plena pandemia reajustar medicamentos. Iria cair mal para o presidente junto ao
povo.
Divergir
é normal, mas no caso, “foi acima do tom”.
157 – O
Guedes a dois anos no governo e não sabia que há mais de 20 anos (desde FHC) os
medicamentos no Brasil tem o preço controlado pelo governo. Há regras para elevação de preços.
“Guedes...
simplesmente desprezava toda e qualquer informação do Ministério da
Saúde”. Mandetta e Guedes discutiram
alto na frente do Mourão e do Bolsonaro.
O Guedes queria dar reajuste dos medicamentos no meio da pandemia. “Paulo Guedes é um economista afeito aos
números, às teorias, mas não conhece gente, não conhece povo, não conhece rua,
não conhece o chão, não conhece o SUS, não conhece a problemática social. Zero.
“O
Ministério que mais tem contato com o povo é o M. da Saúde”.
Depois da refrega entre ambos, melhorou o clima com o
Guedes que até passou a se interessar
mais pelos dados da Saúde e liberar verbas mais rapidamente para enfrentar a
pandemia.
163
- O presidente e os filhos sempre fustigando
o Mandetta. Ele é resiliente, mas um
dia ligou para o pai dele para trocar idéias.
“Precisava desabafar”. O pai
dele, Hélio Mandetta, 89 anos, também médico.
O pai decretou: “Não saia. Um
médico nunca abandona o seu paciente, meu filho. O Brasil é seu paciente. Vá até o fim”. (daqui sai o título do livro: Um Paciente Chamado Brasil)
Na
próxima coletiva com a imprensa repassou a frase do pai que saiu estampada nos
jornais. “O compromisso do médico é com
o paciente. E o paciente é agora o
Brasil”. Médico não abandona o
paciente. Esta frase me acompanhou até
o final do exercício no cargo.
165 –
Folga de domingo com a família. Esposa
Terezinha. No domingo, 05-04-2020 vê
pela TV a fala do Bolsonaro para o grupinho da aglomeração em frente ao
Palácio. O presidente “disse que poderia usar a caneta para
trocar um ministro e que alguns de seus subordinados ‘viraram estrelas, falam
pelos cotovelos, tem provocações...´ “.
.... “a
hora dele não chegou ainda não. Vai
chegar a hora dele. Que minha caneta
funciona. Não tenho medo de usar a
caneta, nem pavor, e ela vai ser usada para o bem do Brasil”.
166 – O
Mandetta ficou indignado. Isso mexeu com
o brio dele. Pegou o telefone e ligou
para o Luiz Eduardo Ramos, Ministro Chefe da Secretaria de Governo que estava
do lado do presidente na hora da fala.
Isto em momento depois da fala.
“O Ramos me pediu calma”. Na
segunda feira, à tarde, reunião de ministros.
O Mandetta soltou o verbo.
169 –
Falou que o presidente pede sempre lealdade mas não tem sido leal com ele. ...”o senhor aqui fica falando da Pátria,
de Nação... e ninguém aqui tem mais ou menos noção do que o outro...”
“Não é
porque o cidadão um dia vestiu uma farda que ele é mais patriota ou menos
patriota”. O Bolsonaro ficou
“nocauteado” em pé. Ele ficou sem
reação. O Braga Neto interveio: “Vamos acabar com essa reunião.”
O
Mandetta usou com o Mourão uma frase da Maçonaria (ambos são maçons): “Isto vai contra meus princípios e os seus
também”. “Porque está tudo justo e perfeito e entre
colonas”. “E há uma série de valores
maçônicos que dizem que quando você presencia uma situação de injustiça, de
deslealdade, você é obrigado, como maçom, a se posicionar.”
O Ramos
avisou o Mandetta que o recado era para o Ministro Moro e não para ele. Aquele recado: “O seu dia vai chegar...” (seria pro Moro)
O Moro
não tinha um Deputado Aleluia em sua vida, um assessor tarimbado em política
para sobreviver nesse meio.
172 – Já
após a reunião da refrega, o Mandetta foi fisgado para outra reunião grande com
vários órgãos e os médicos da cloroquina.
O presidente queria mudar por decreto a bula da cloroquina para usar na
covid 19. “Um risco grande para a
própria presidência”. Na hora da
coletiva, todos já achavam que o Mandetta estava demissionário. Ainda não.
Continua no capítulo 17/20
CAP 14/20 e 15/20 novembro de 2020
144 – No
dia 01-04-2020 Bolsonaro chama o
Mandetta para uma reunião com vários médicos.
Dois problemas. Fazer uma reunião
sobre pandemia não combinada antes com o Ministro da Saúde e depois da reunião
em curso, convocar o Ministro da Saúde para participar. O Mandetta tinha outro compromisso para
aquele horário e disse que depois se inteiraria dos resultados. A reunião era para referendar remédios
contra covid (sem respaldo técnico) e buscar reabrir a economia etc.
O
presidente disse no telefone para o Mandetta que uma das médicas da reunião não
concordava com as “nossas teses”. E as
teses eram as do presidente: remédio e abrir a economia em plena pandemia.
“Esse
negócio de isolamento não dá”, disse o presidente. Mandetta diz no livro: “Ele queria no seu entorno pessoas que
dissessem aquilo que ele queria escutar”.
145 – O
presidente colocou ideologia até na cloroquina. A Fiocruz Fundação Osvaldo Cruz (que
completou 120 anos de serviços de excelência para o Brasil) faz em seus
laboratórios há muitas décadas remédio à base de cloroquina para doenças cujo
uso tem recomendação técnica e é comprovada.
Remédio que é muito demandado pelo Norte do Brasil.
Por
idéia do presidente, foi encarregado o Exército para fazer cloroquina, deixando
de lado toda a experiência da Fiocruz sob alegação do presidente de que nesta
fundação só tem comunistas que são os pesquisadores.
“Sempre
que eu ia ao gabinete do presidente, em cima da mesa dele tinha caixinhas de
cloroquina. “Nunca tinha máscaras de
proteção e álcool em gel, mas a cloroquina estava lá”.
147 – O
presidente acreditava que a China tinha inventado a pandemia e que o embaixador
da China no Brasil teria agido pelo lado comunista quando atuava no Chile e na
Argentina do Macri. ...”e promover a
volta da esquerda, e ninguém tirava isso da cabeça dele”.
Mais um
dos argumentos do Mandetta para ver se sensibilizava o presidente para a
gravidade da pandemia:
- O
senhor já viu alguém morrer por falta de ar?
O presidente respondeu que não e eu disse como é. “Morrer de asfixia é uma morte bruta” –
disse o Mandetta.
Disse ao
presidente: “Viver ou morrer é desígnio
de Deus, mas não dar condições para que as pessoas lutem pela vida é
inaceitável”. .... não o convenci.
150 –
Primeira mensagem curta do Ministério da Saúde nos veículos de comunicação
usando voz e legenda: “Lave as mãos e
use álcool em gel”.
153
- Antes o Mandetta enviava seus
auxiliares para o encontro diário com a imprensa, mas depois que viu que não
sensibilizava os pares do poder Executivo sobre a gravidade da pandemia,
resolveu aumentar sua visibilidade e todo dia ia para a coletiva da tarde com a
imprensa. Foi ganhando destaque e a
simpatia da Nação (e da própria imprensa).
A
imprensa com seu trabalho ajudava muito o Ministério a orientar a
população. Sem precisar pagar
campanhas caras na mídia. Os jornais
também se aproximaram do Ministério em busca de matérias. Folha de São Paulo, Jornal Estado de São
Paulo, O Globo, Correio Braziliense entre outros.
Relação
do Mandetta ministro com a imprensa:
“Foi uma relação próxima e sempre muito respeitosa”.
“Felizmente,
a Saúde vinha ganhando essa guerra da comunicação”.
O risco
de excesso de dados na cabeça das pessoas já aturdidas com a pandemia. A missão de alertar, sem alarmar a
população. Muitos dentro de casa e a TV
a todo momento falando de pandemia e poderia até “intoxicar” o povo de tantos
dados a todo momento. O próprio
Mandetta chegou alertar para o povo se cuidar sem se alarmar.
Nessa o
Jornal Nacional, que praticamente era quase só assunto da pandemia, ainda
aumentou bastante o tempo de programa.
Um dia
na coletiva o Mandetta ao fazer alerta ao povo acabou dizendo um termo que
depois constatou que foi infeliz.
Chamou a imprensa de sórdida e causou reação imediata, inclusive com
editorial da Globo colocando o ministro como ingrato, batendo na imprensa que
vinha ajudando a orientar a população.
O
Ministro, em troca de ideia com o velho amigo e assessor Deputado Aleluia,
decidiu que na próxima coletiva do outro dia, faria um pedido de desculpa pelo
termo usado e assim o fez.
Consertou
de um lado, e ofendeu o presidente de outro.
Por ter pedido desculpa inclusive à Rede Globo. Pedir desculpa é coisa que o Bolsonaro não
usa fazer. Reconhecer erro e pedir
desculpa.
“Bolsonaro
é alguém que não sabe reconhecer seus erros e muito menos pedir desculpas”.
157
– Os atritos aumentando. Dia
31-03-2020, em reunião com o Paulo Guedes (Ministro da Economia), se
desentenderam por discussão no reajuste de preços dos medicamentos. Em plena pandemia reajustar
medicamentos. Iria cair mal para o
presidente junto ao povo.