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quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

CAP. 18/20 - fichamento - livro - COMO CONVERSAR COM UM FASCISTA - Autora - Doutora em Filosofia - MÁRCIA TIBURI

 CAP. 18/20                DEZEMBRO DE 2020

   ... o senso comum se constrói e se sustenta no “dizem que”...

         ... seguidas por quem não se ocupa em investigar...    quem não adquiriu esse hábito.    “E assume por contágio, por ser ele inconsciente da influência persuasiva que sofre.

         ... nebuloso contexto do senso comum, desenvolveu-se a opinião de que povos indígenas não apenas cometem, mas valorizam o suicídio...  (distorcendo a realidade).

         A autora do livro:   “Meu interesse é, no entanto, mais pontual:  fazer ver que a Carta  (http://blogapib.blogspot.com/2012/10/carta-da-comunidade-guarani-kaiowa-de.html ) do Grupo Guarai-Kaiowá manifesta uma consciência das vítimas sobre sua condição, sobre uma verdade que está sendo ocultada...

         Diz que essa carta se contrapõe ao senso comum e o “círculo cínico”, que sempre oculta uma verdade.  

         Nota do leitor:   O link acima é de um blog dos Povos Indígenas e lá tem uma porção de manifestações destes, inclusive  denúncia formal à ONU sobre o que estão sofrendo no Brasil atual.         

         A Carta “é apresentada sem medo das consequências que possa gerar”.    ... “meios de comunicação enquanto máquinas de reprodução da opinião”.

         Internet.    ...”é também o protótipo de uma impressionante experiência de linguagem capaz de quebrar paradigmas, estilhaçar perspectivas, criar o múltiplo e o uno, o mesmo e o outro”.

         ... o laboratório da alteridade é também laboratório perspectivista.

         169 – “Eliane Brum, a jornalista que mais se ocupou da questão defendendo, na contramão de vários outros jornalistas, o ponto de vista dos índios.   

...     A Carta na internet mobilizou solidariedade e o pessoal criou a hastag #somostodosGuarani-Kaiowá.   E muitos na rede social colocaram como extensão do próprio nome, o dizer Guarani-Kaiowá.

         Houve uma crescente na opinião pública e assim a onda chegou ao Executivo, legislativo e judiciário.   “Se esta percepção estiver correta, estamos diante de um ato democrático completamente novo na história do Brasil.   Os índios, excluídos da sociedade, tem no uso da internet um meio de dialogar com a sociedade.   Ver que há um protagonismo nesse caminho na busca do diálogo.

         171 -  Item 63 – Contraconsciência do Assassino

         “Uma das formas do discurso fascista e dominador...  é o falar de e sobre o outro projetando sobre este outro seus interesses e jamais posicionar-se no lugar de ouvir o que o outro tem a dizer”.

         Nesse contexto, “o outro é negativo”.    “O outro está sempre ´errado´, o outro é ´louco´, o ´estranho´, é ele que está sempre errado.

         Ainda sobre a Carta dos índios citada.   Segundo a Jornalista Eliane Brum:   “A declaração de morte dos Guarani-Kaiowá é “palavra que age”.

         O #SomosTodosGuaraniKaiowá é uma “frase-conceito”, mas também uma ação performativa em que a linguagem é o ato.

         175 – Item 64 – Uma Verdade Outra, um Outro In-Comum

         Quando grupos nas redes sociais colocam em foco a solidariedade a um grupo ao qual a sociedade brasileira sempre foi negligente, os usuários das redes sociais dão um passo na contramão do senso comum em relação a outra experiência com o “comum”.

         Outro comum entra em cena na forma de um comum totalmente “outro”.

         ... uma ideia que agrega alteridades em nome da mudança e não na conservação.   Uma outra visão das coisas chega à luz.

         O Antropólogo Eduardo Viveiros de Castro e a expressão Tupi “xará”.  Esta palavra vem do Tupi ichê rera, quer dizer “meu nome”, isto é dizer-se de alguém que tem o mesmo nome que eu, porque eu lhe “dei” meu nome e ele me “deu” o seu.

         Sobre a hastag citada, “o passo inicial das mudanças – em escala pessoal ou social – parte sempre da visão de mundo. 

 

         Continua no capítulo 19/20

CAP. 17/20 - fichamento - livro - COMO CONVERSAR COM UM FASCISTA - Autora: Doutora em Filosofia - MÁRCIA TIBURI

CAP. 17/20

         .        “Há um Brasil que só cabe nas bibliotecas”.   Assim como há um Brasil que passa na TV.   Um Brasil da classe média etc.      ... um Brasil que nunca iremos conhecer – há um Brasil de quem não se contou sua história porque foi vencido e não vencedor.

         O contemporâneo somos nós dentro do tempo.   Diz Agamben  “Contemporâneo é o poeta.   Aquele que mantém fixo o olhar no seu tempo para observar não só as suas luzes, mas o escuro”.

         158 – Item 60 – Alteridade, redes sociais e a Questão indígena no Brasil.   

         ... “que advoga as necessidades do crescimento econômico brasileiro contra a vida, e a forma de vida, dos povos nativos”.

         “É o discurso colonizado que se reproduz como discurso colonizante”.    “Refiro-me à morte do outro que só pode acontecer sob seu ocultamento, nunca às claras, nunca numa pena de morte direta e legalmente autorizada, mas muito antes numa destituição do outro a partir da sua afirmação como algo negativo”.

         “O genocídio...  contra o qual alguns poucos assumem o desafio de agir contra o silêncio”.

         “Massacrifício”.   Foi um termo usado por Todorov, que reuniu sacrifício e massacre para explicar o que acontece em uma sociedade na qual a matança está cruelmente justificada no cotidiano e, ao mesmo tempo, ocultada e negada”.

         “O pensamento europeu tradicional... “O princípio da identidade é destrutivo do `não idêntico´...

         162 – Item  61 – A Internet e a Questão Indígena como retorno do Recalcado      

         Lado filosófico – Estudo pelo sujeito, ao objeto estudado.  Quando o objeto é o outro...    “Desde uma longa tradição que começa com Hegel, seria a relação não mais entre sujeito e objeto, no qual o primeiro manipula o segundo, mas a relação entre sujeitos que disputam lugar até perceberem sua mútua alteridade.

         Novo paradigma no estudo da causa Guarani-Kaiowá.   Ao invés do “reconhecimento”, a “assemelhação”.   ... melhor intepretação da ordem e dos destinos construídos coletivamente.  

         Fatos novos -  “crescimento da palavra dos povos nativos do Brasil no âmbito da internet, por meio de portais, blogs e redes sociais”.

         Escapa ao controle dos donos do poder.   .... aqueles que se manifestam impondo sua interpretação da verdade sobre os ameríndios e a chamada “questão indígena”.

A fala dos próprios indígenas via mídias sociais “põe em jogo um elemento castrador do discurso autoritário...”

         ... sujeito eurocêntrico que emite o discurso enquanto se furta ao diálogo.      ... a irrupção de um saber que se faz “contrapoder”

         ... assustadora quando ela é radical – que desagrada os que detém o poder antidemocrático”.

         “Está em jogo o `reaparecimento´ deste ´outro´ em um território que já foi seu e, no presente, não é mais”.

         ... povos que estão em  “desterro em casa própria...”

         “O espaço virtual torna-se, assim, um estranho modo de acesso, ao país que era seu, a um lugar que, além de lhes ter sido tomado, lhes foi `proibido´. “

         ... encontro...   um novo campo político.

         “O choque cultural que poderia acontecer dá lugar a um elo estranho e também inesperado, mas, sobretudo, escarnecido pelo discurso conservador que não quer ver esperança na contramão da sua ordem...

         “Onde há solidariedade é porque algo já não se conservou...”

         (sobre o drama dos Guarani-Kaiowá que levaram eles a enviarem uma carta ao Governo Federal e despertou solidariedade nas redes sociais)

         166 – Item 62 – Redes Sociais – Círculo cínico, senso comum, laboratório de alteridade

         Dia 11-10-2012 saiu nas redes sociais a Carta ao Presidente, enviada por um grupo de índios Guarani-Kaiowá.

 

         Continua no capítulo 18/20 

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

CAP. 16/20 - fichamento - livro - COMO CONVERSAR COM UM FASCISTA - Autora Doutora em Filosofia - MÁRCIA TIBURI

CAP. 16/20                dezembro de 2020

         “O povo brasileiro é tão heterogêneo, culturalmente falando, que não se curva à identificação”.    A autora cita hoje para o Brasil   .... uma  democracia em estado embrionário.      Inclusive a língua portuguesa imposta pela Ditadura de Getúlio Vargas.  

         “A língua da colonização que somos convidados a amar não contempla a língua dos imigrantes, ou dos povos nativos, ou dos povos africanos que aqui chegaram na condição de escravizados”

         149 – Item 56 – Brasil Recalcado

         O Brasil lá fora tem a imagem ligada ao carnaval, samba e mulheres na praia...  Há também o olhar que engloba a Amazonia, o Rio, o samba e futebol.

         A autora fala um pouco dos problemas sociais do Brasil.  Descaso com o meio ambiente, injustiça social, violência etc.

         “Um país que oculta a ignorância geral fomentada a cada dia pela ausência de um projeto de educação real para o povo”.

         150 – Item 57 – Terra de Ninguém Simbólica

         “Qualquer um fala o que quer do Brasil”.   “Ora, um Brasil estereotipado é bem mais fácil de vender do que um Brasil complexo”.

         A autora cita o inadequado mito do “brasileiro cordial” de Sergio Buarque de Holanda em seu livro Raizes do Brasil datado de 1936.   Ninguém se contrapunha à interpretação dele, até que recentemente o pesquisador Dr Jessé Souza em seu livro A Ralé Brasileira – Quem é e Como Vive, desvenda o lado furado desse mito do brasileiro cordial formulado por Sergio Buarque.

         Dr. Jessé Souza também se contrapõe aos preceitos dos estudiosos Gilberto Freyre, Darcy Ribeiro, Roberto da Matta dentre outros.   Destaca os pontos positivos em cada um e os pontos com os quais discorda, sempre com argumentos da ciência.

         Como leitor, informo que conheci o Professor Dr. Jessé Souza em palestra que o mesmo proferiu em Curitiba não faz tempo.   Ele tem estudos no Brasil, Alemanha e USA e mais de uma dezena de livros publicados.    Dele li dois livros, fiz fichamento e publiquei no Face e no blog.   São eles A Elite do Atraso e A Radiografia do Golpe.   Considero ambos fundamentais para ajudar na compreensão do Brasil atual.

         152 – Item 58 – O Brasil para os Brasileiros

         No texto a autora cita livro de Cristovão Colombo – Diários da Descoberta das Américas, editado pela LP&M do RS.

         A novidade de alguns aderirem ao ir pra rua em manifestações.

         “No Brasil atual não devemos acobertar o fato de um crescimento de tendências fascistas, de ódio ao outro, a negros, índios, homossexuais.   Esse ódio não é novidade, mas que ele esteja em alta é algo que só se poderá enfrentar com a lucidez que se preocupa em desmanchar os mitos”

         153 – Item 59 – O Brasil contemporâneo.

         ... “senso comum tornou-se uma espécie de campo de concentração de onde não se pode fugir...

         Educação precária, meios de comunicação manipuladores...

         Desespero, esgotamento, insensibilidade, crueldade... são estados afetivos que surgem no cenário de um país...  é ser convidado diariamente a abandonar as próprias potencialidades em nome da repetição do mesmo.

         ... nesse contexto, pensar é raro.

         Por que assim foi aprendido e assim nos tornamos vítimas de ideias prontas.

         156 - ... nos faria bem entender de política, de ética, de educação, de sociedade.

         Buscar entender a postura de quem se afasta da ideia pronta, de quem quer descobrir, de quem se dispõe à novidade, à diferença, à alteridade...

         O importante termo Alteridade no dicionário Oxford:

1 - natureza ou condição do que é outro, do que é distinto.

2   FILOSOFIA

situação, estado ou qualidade que se constitui através de relações de contraste, distinção, diferença [Relegada ao plano de realidade não essencial pela metafísica antiga, a alteridade adquire centralidade e relevância ontológica na filosofia moderna ( hegelianismo ) e esp. na contemporânea ( pós-estruturalismo ).

         Voltando à autora:  Evitar pre conceber e abster-se de falar sobre o que não se conhece...

         Descrever o Brasil.    Os grandes nomes da ciência humana do passado já não dão mais respostas satisfatórias sobre nosso Brasil.    “Há um Brasil que só cabe nas bibliotecas”.   Assim como há um Brasil que passa na TV.   Um Brasil da classe média etc.      ... um Brasil que nunca iremos conhecer – há um Brasil de quem não se contou sua história porque foi vencido e não vencedor.

 

         Continua no capítulo 17/20 

CAP. 15/20 - fichamento - livro - COMO CONVERSAR COM UM FASCISTA - Autora: Doutora em Filosofia - MÁRCIA TIBURI

CAP. 15/20            dezembro de 2020

         Página 143 – Item 53 -  Falação Mecânica

         “O não dito está em todo lugar e usamos a falação para acobertá-lo”.

         Para atrapalhar o diálogo, ruídos entre uma “ilha” e outra.   Escombros como: rádios, TV, telefones, carros, filmes, propaganda.  Objetos que são coisas barulhentas.

         ... em tempos de falação sem sentido.      ....”não é possível escutar o que o outro tem a dizer, porque estamos despreparados para o sentido alheio.

         (Na Ilha) gritamos desesperados para alguém do outro lado, alguém que não pode nos escutar e quando dizemos algo que poderia permitir uma real comunicação – aquela que nos libertasse da ilha – não encontramos ouvintes”.

         Nos ruídos do cotidiano, “falamos, mas não vamos fundo em nenhuma de nossas conversas”.    Há barulhos demais, coisas e falas jogadas entre nós, e o diálogo se torna impossível.

         Falamos para nossos pares (na bolha).   Conversamos o mais ou menos com quem pensa como nós.    ... quando confirmamos o que já sabíamos.

         “Saimos felizes de uma conversa, em que somos contemplados narcisisticamente porque o outro, com seu espelho opaco, nunca nos apareceu”.

         “Conversa com quem não pensa como eu, eis o desafio do diálogo”. A metáfora:  Sair da minha ilha ou deixar que o outro venha me visitar.  Ser generoso e hospitaleiro com essa visita.  Contudo não será fácil...    Conversar com quem está com medo de conversar.   Com quem está na defensiva.    

         Osso duro:  ...”com quem tem teorias prontas demais e uma visão de mundo fechada demais.  (exemplo – aquele que diz:  não assisto tal canal de TV, não leio tal autor, não leio tal jornal)

         “A impotência para entender significa falta de abertura para o outro”.

         ... “impotência para o diálogo se transmuta facilmente em negação do outro, ódio ao outro, discursos e práticas de humilhação, violência simbólica e física e, no extremo, vai ao extermínio do outro”.   (deleta-lo)

         “Teríamos que, contra isso, encontrar o mistério do outro”.

         Página 146 – Item 54 – Mitos e Ressentimento brasileiro

         “O poder do mito é a explicação relativa ao desconhecido”.

         Mitos ancestrais; mitos fabricados.     ... fabricados.... “de modo a sustentar interesses ideológicos.  Neste caso o mito mostra alguma coisa para esconder outra.   Construir mitos inclusive para designar um país.  Exemplo – brasileiro cordial.

         (vale relembrar que o livro é de 2015, portanto, anterior ao governo federal atual).

         ... interesse em transformar o desconhecido em algo conhecido por identificação.      ... “controlar sua estranheza”.

         “O povo brasileiro é tão heterogêneo, culturalmente falando, que não se curva à identificação”.    A autora cita hoje para o Brasil   .... uma  democracia em estado embrionário.      Inclusive a língua portuguesa imposta pela Ditadura de Getúlio Vargas.  

         Próximo capítulo 16/20 

CAP. 14/20 - fichamento - livro - COMO CONVERSAR COM UM FASCISTA - Autora: Doutora em Filosofia - MÁRCIA TIBURI

CAP. 14/20     - dezembro de 2020

         Página 132 – “O grande desafio... parece ser o que envolve os que pensam e os que não pensam”.  Sem pensamento não há diálogo possível, nem emancipação em nível algum”.

         133 – Item 49 – O Consumismo da Linguagem

         “Um dos traços da cultura de hoje é a  proliferação dos textos, das ideias e das opiniões”.  Falamos muito, dizemos demais...replicando tudo que nos aparece pela frente.

         “Falamos muito e pensamos pouco no que dizemos.   Seguimos deixando de lado a possibilidade de compreender.   O que já está explicado nos serve bem.

         ... dizer qualquer coisa.   “Há um prazer em falar que não se compara ao prazer de calar, ele mesmo atualmente bem enfraquecido”.

         “O barulho serve para muita coisa, sobretudo `geração do vazio”.

         Vazio coletivizado...   “Quem é alvo de uma fala odiosa, por exemplo, percebe o sem sentido daquilo que é dito”.

         136 – Item 50 – Deriva    (como um barco à deriva)

         Se sentir à deriva como um barco sem rumo.   “Celulares e computadores se tornaram remos que nos direcionam a lugar nenhum”.

         É que na verdade, talvez em nossa época não haja busca realmente.

         139 – Item 51 – O Ato Digital

         A segurança de não querer por os pés fora da nossa ilha.   “Aventura não é o nosso negócio no tempo da segurança a qualquer custo”.

         A aventura digital se torna a única possível.  Por exemplo, nas redes sociais nos sentimos seguros ou assistindo TV.    “A segurança é uma ilusão, mas a ilusão de segurança é o que nos convém”.

         “Resolvendo tudo na clicada do computador, do celular.    “Estamos cada vez mais sozinhos, porque, ao falar demais, sem ter nada a dizer, estamos sempre falando sozinhos”.

         Do lado de lá há alguém, também perdido na sua própria ilha.    “Fico parado diante do computador agindo digitalmente.  A inação me convém.  Sinto-me uma pessoa do meu tempo agindo assim com a ponta dos dedos.   Sem sair do mesmo lugar, ajo sem agir.  A inércia é a função protetora da vida.   Conservadorismo por inação”.

         141 – Item 52 – O Outro Lado

         “O outro, esse alguém com jeito de ninguém, entra em nossa ilha quando o ouvimos e nos desestabiliza”.   O outro sempre exige demais:  ele ameaça nossas certezas, e também nossas dúvidas... o outro nos põe em xeque cognitivo e afetivo, ou seja, nos ameaça relativamente ao que sabemos e ao que sentimos.”

         Ouvi-lo pode ser insuportável.   Não apenas, porque ele é diferente.  É provável que, assim como nós mesmos, ele esteja ilhado e não pare de dizer o mais do mesmo.

         “Esse outro pode ser um espelho opaco de nós mesmos, tão indesejado quanto nós para nós mesmos” .

         “Nos proteger em um cancelamento da vida que é o individualismo”.

         “O desejo de escutar o outro estaria em nós, mas ele também desaparece de nossas vidas com tanta facilidade que sobra um rastro de mistério explicável apenas pelo medo do outro, esse alguém que só conseguimos ver como se fosse ninguém”.

 

......................... continua no capítulo 15/20 

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

CAP. 13/20 - fichamento - livro - COMO CONVERSAR COM UM FASCISTA - Autora: Doutora em Filosofia - MÁRCIA TIBURI

CAP 13/20             dezembro de 2020

         Página 123 – Item 46 – Coronelismo Intelectual

         Podemos chamar de coronelismo intelectual a prática autoritária no campo do conhecimento.   “Coronelismo intelectual é a postura da repetição à exaustão de ideias alheias.  A reflexão só atrapalharia, por isso é evitada”.

         “O coronelismo intelectual infelizmente segue forte na filosofia e nas ciências humanas, na verdade dos especialistas, tanto quanto dos ignorantes que se separam apenas por titulação ou falta dela.   Professores e estudantes, sábios e leigos, todos se servem metodologicamente dos frutos dessa árvore apodrecida”.

         125 – Intelectual Serviçal

         Os lacaios dos poderosos.   “Os seguidores dos líderes de rabinho entre as pernas latem para mostrar que aprenderam bem o patrão”.     ... medo de pensar.    “É o fato de que já não se pensa mais”.

         “A ausência de debate não é o medo de expor ideias, mas a falta delas”

         ... “o campo das ideias onde surge a vida já foi minado”.

         Os do poder...   “odeiam o cultivo de ideias diferentes ou de ideias alheias.”

         “O autoritarismo intelectual não é feito apenas de ódio ao outro, mas da inveja de que haja exuberância criativa em outro território, em outra experiência de linguagem”.    Conservadorismo é seu nome do meio.

         127 – Item  48 – A Arte de Escrever para Idiotas

         A autora oferece o item “para aqueles que não lerão este artigo (e para os que amam a ironia).”

         “Atualmente, idiotas de direita tem mais espaço do que idiotas de esquerda na grande mídia”.

         ... idiota...    Velho uso psiquiátrico.    “Etimologicamente, ´idiota´ tem relação com aquele que vive fechado em si mesmo.   Sub categorias:

         Idiota raiz – paranoico.

         Neoidiota, com destaque para o idiota mercenário que lucra com a arte de escrever para idiotas.

         Sub grupos de idiota raiz:

         1 – Ignorante orgulhoso; 2 idiota burro mesmo; 3 do conhecimento paranoico e 4 – curioso.

         Já na neoidiotia: 1 idiota mercenário; 2 – idiota cool.

         “O burro mesmo, faz uma manifestação “democrática” para defender a volta da ditadura”.

         Paranóico -  “O paranoico tem certezas, a falta de dúvidas é o que o torna idiota”.   Se duvidasse ele poderia virar filósofo.

         O conhecimento paranoico cria monstros que ele mesmo acredita combater a partir das suas certezas.  O comunismo, o feminismo, a política de cotas ... ocupam o lugar de monstro para alguns paranoicos midiaticamente importantes.

         O idiota mercenário – “Ele escreve aquilo que faz o ´burro mesmo` pensar que é inteligente.

         Idiota cool – lê o que escreve o idiota mercenário.   “Repete suas ideias na esperança de ser aceito socialmente”.    De ter um destaque como sujeito de ideias.

         ARTIFÍCIOS DOS QUE ESCREVEM PARA IDIOTAS:

         1 – Tratar como idiota todo mundo que não concorda com as idiotices defendidas.

         2 – Não  deixar jamais que seu leitor se sinta um idiota;

         3 – Abordar de forma sensacionalista qualquer tema;

         4 – Transformar temas desimportantes em instrumentos de ataque e desqualificação da diferença;

         5 – Distorcer fatos históricos adequando-os às hipóteses do escritor;

         6 – atacar alguém.  É um dos aspectos mais importantes da arte de escrever para idiotas;

         7 – Reduzir tudo a uma visão maniqueísta.  

         8 – Desconsiderar distinções conceituais;

         9 – Investir em clichês e ideias fixas.   Clichês são pensamentos prontos e de fácil acesso.  (Goebbels, chefe da propaganda nazista usava muito isto – com o argumento – repetir uma mentira mil vezes até que o povo acredite que é verdade)

         10 – Escrever mal. Limitações gramaticais etc.

................................... continua no capítulo 14/20 

domingo, 6 de dezembro de 2020

CAP. 12/20 - fichamento - livro - COMO CONVERSAR COM UM FASCISTA - Autora: Doutora em Filosofia - MÁRCIA TIBURI

 CAP. 12/20                dezembro de 2020 

         Problema é que aqueles que falam contra a legalização não ouvem o que dizem aqueles que a defendem.   Não ouvem as próprias mulheres enquanto legislam sobre elas.

         “Os desentendidos do assunto falam demais.    E porque falam pensando que dizem verdades, não se calarão”.

         Consideram a si mesmos. como qualquer personalidade autoritária, donos do outro a quem tomam por “ninguém”.

         Ela fala de deputados com essa postura:    “São atualmente os donos do Brasil e agem como donos dos corpos e mentes das brasileiras que, de algum modo, eles levam à morte, no contexto do aborto ilegal”.

         A ilegalidade mata.

         Página 115 – Item 42 – As pessoas não sabem o que dizem quando falam de legalização do aborto.

         Oprimir as mulheres não é novidade nenhuma.  O ódio no discurso contra a legalização do aborto defende ocultamente a morte das mulheres pobres ou desamparadas legalmente no seu ato comum de abortar”.

         Item 43 – O aborto e a bondade das pessoas de bem.      

         “Ora, a sociedade da culpabilização  é a sociedade que mata as mulheres pela culpa e pela ausência de direitos”.

         Item 44 – A Postura a favor da ilegalidade

         Se referindo às mulheres de posses:   “As demais fazem o aborto que querem em clínicas bem pagas”.

         Item 45 – “Olho Gordo” Uma pequena nota sobre a inveja, o medo e ódio na televisão.

         “No Brasil a televisão substitui os livros”.    A TV é uma experiência intelectual, uma experiência de conhecimento, só que empobrecida”.

         O telespectador:    “Ele olha para o invejado e se sente menor... Ele gostaria de ser o outro, mas não é”.   A vida do invejoso é muito triste porque ele não pode fazer nada.

         O telespectador é aquela pessoa que é orientada à inveja, não ao desejo.    Qual a diferença entre uma e outra?      O invejoso não quer ser uma pessoa singular.    É que a inveja faz você imitar o outro enquanto o desejo permite a você se inventar.

         A imitação faz comprar.   Comprar, aliás, já é um ato de imitação.   Outro comprou, eu também compro.  Outro usa e eu também uso.    A televisão tenta administrar afetos das pessoas.  A inveja é um afeto bem primitivo.

         “Um malefício político, porque de tanto ver televisão são convencidas a ficar em casa trancadas e bem distantes das questões políticas, que decidem sobre suas vidas”.

         As pessoas que ficam sentadas na frente da TV não sabem o que está lhes acontecendo.   Não sabem que perderam a capacidade de entender.  Não sabem que simplesmente repetirão o que a TV lhes deu.   Mas também erram porque pensam que a TV lhes dá alguma coisa de graça...

         A tela da TV é uma vitrine.

         No Brasil atual, o poder tem usado o ódio.  E a TV, que é um braço do Estado e do capital, começa a vender o ódio.

         OBS de leitor:    Sobre essa de se desligar um pouco da TV.   Me recordei de um depoimento da Dra. Zilda Arns, proferida em Maringá pouco tempo antes da morte trágica dela no terremoto no Haiti.   Ela que foi fundadora da Pastoral da Criança.    Ela foi falar sobre a Pastoral do Idoso que foi um desdobramento natural da pastoral da Criança.    As mulheres voluntárias da Pastoral notavam que era comum nas casas assistidas, haver três gerações.   Avós, pais e crianças.   E as voluntárias notavam que na pobreza, as pessoas acabavam dando mais atenção para a criança e os idosos ficavam em segundo plano, às vezes mais carentes.   E surgiu a ideia de se criar a Pastoral do Idoso.   Só que as voluntárias tinham em geral um perfil mais voltado para atuar com crianças e descobriram que teriam que prospectar voluntárias específicas com vocação para dar atenção aos idosos.    Assim nasceu a Pastoral dos Idosos.     E desta, ela relata algo curioso que vem se ajustar ao discutido sobre TV.    Numa pequena cidade do interior, os que trabalhavam com idosos faziam reuniões periódicas com estes e promoviam dinâmicas de bate papo, de integração com jogo de dama, bingo e similares, tirando o pessoal da TV e levando eles a interagirem na comunidade.    Eis que um dia, tiveram a ideia de ir até a Câmara de vereadores assistir umas sessões.   Lá viram aqueles da geração dos seus filhos, mais estudados que eles, fazendo e falando coisas que não tinham a ver com o bem comum.   Aí só a presença deles na Câmara já mudou muita coisa.    E isto ficou como um caso para reflexão.  Há caminhos e caminhos a trilhar quando se tem preparo, vontade e criatividade.

         Continua no capítulo 13/20