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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

CAP. 11/12 - fichamento - livro - MODERNIDADE LÍQUIDA - autor: Filósofo/Sociólogo - ZYGMUNT BAUMAN - Edição em 2000

CAPITULO 11/12 – fichamento - livro - MODERNIDADE LIQUIDA - autor: Filósofo/Sociólogo polonês ZYGMUNT BAUMAN - Editado em 2000
Página 230 – “Uma mudança no conjunto e, contudo, de particular importância: adiamento ou abandono, pelo Estado, de todas as principais responsabilidades em seu papel como maior provedor (talvez mesmo monopolístico) de certeza, segurança e garantias... de seus cidadãos”
Depois do Estado-Nação - A nação construir Estado buscando construir a certeza e segurança dos cidadãos...
Parece haver pouca esperança de resgatar os serviços de certeza, segurança e garantias do Estado: “A liberdade política do Estado é incansavelmente erodida pelos novos poderes globais providos das terríveis armas da extraterritorialidade, velocidade de movimento e capacidade de fuga. (capital pode fugir via internet para qualquer lugar do planeta).
País que tenta se proteger, se fechar, se isolar da globalização... “o país é isolado por sanções econômicas e passa a ser tratado por parceiros comerciais passados e futuros como um pária global.
234 – Antes os povos eram dominados pela força por assim dizer. Hoje em dia ocupar o território dos mais fracos não é o essencial. Hoje é entre o mais rápido contra o mais lento em assimilar mudanças.
O autor usa a explicação dele da guerra do Kosovo como conflitos entre comunidades, etnias etc. Guerra dos Balcãs.
239 – Preencher o Vazio - O Estado ainda tem o poder de coerção (obrigar) e evita males maiores como violência das pessoas, e mantém um nível tolerável de convivência.
O Estado perdendo força até pelo mercado globalizado, perde essa força e ameaça o comportamento mais adequado das pessoas.
246 – Guerra na Sérvia e a tentativa de limpeza étnica contra os albaneses que lá vivem. A OTAN Organização do Tratado do Atlântico Norte entra no conflito para tentar solução.
“Os sérvios queriam expulsar do seu território uma minoria albanesa recalcitrante e embaraçosa, enquanto os países da OTAN, por assim dizer, respondiam à altura: sua campanha militar foi deslanchada pelo desejo dos outros europeus de manterem os albaneses na Sérvia, matando assim no ninho a ameaça de sua reencarnação como imigrantes constrangedores e indesejados.”
248 – Cloakroom Communities
Grupos que se reúnem e deixam seus casacos no cabide na entrada do Teatro, em sessões que os tornam um coletivo só naquela sessão. O autor faz um paralelo com blocos de carnaval. As pessoas se identificam com um bloco, aderem, brincam o carnaval e só lá se sentem em algo coletivo e ao sair de lá tudo volta ao individualismo de sempre.
251 – Postfácio - Escrever; Escrever Sociologia
Frase de Theodor W. Adorno: “A necessidade de pensar é o que nos faz pensar”.
Sobre o ofício de sociólogo: ... devemos nos aproximar tanto quanto os verdadeiros poetas das possibilidades humanas ainda ocultas; e por essa razão devemos perfurar as muralhas do obvio e do evidente...”

Continua no capítulo 12/12 (final) 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

CAP. 10/12 - fichamento - livro - MODERNIDADE LÍQUIDA - autor: Filósofo/Sociólogo - ZYGMUNT BAUMAN - Livro editado em 2000

 CAP. 10/12

         Página 210 – Capítulo 5 – Comunidade

         Iluminismo.   Kant e Descartes e a razão como guia do homem para este não errar.   Antes era o dom divino.  

         Mas... a menos que empurrados por...    preconceito, superstição, falta de consciência.

         211 - Querelas (tretas) entre pensadores liberais e comunitários no que diz respeito         à política...  (O comunitarismo é um conceito políticomoral e social que surge no final do século XX (por volta da década de 1980) em oposição a determinados aspectos do individualismo e em defesa dos fenômenos como a sociedade civil e o bem comum.)

         214 – Eric Hobsbawm cita:   “A palavra comunidade nunca foi utilizada tão indiscriminadamente quanto nas décadas em que as comunidades no sentido sociológico se tornaram difíceis de se encontrar na vida real”.    Homens e mulheres procuram grupos de que possam fazer parte, com certeza e para sempre, num mundo em que tudo o mais se desloca e muda em que nada mais é certo”.

         Jack Young faz um sumário sucinto da observação de Hobsbawm:  “Exatamente quando a comunidade entra em colapso, inventa-se a identidade”.   O autor do livro cita:    ... identidade zelosamente buscada mas nunca encontrada”.

         A casa familiar... outrora segura... está inteiramente à mercê das marés que açoitam o resto da vida.

         Os que estavam presos dentro de uma casa comum de alvenaria podiam vez ou outra, ser assaltados pela estranha impressão de estar numa prisão e não num porto seguro.    A liberdade da rua acenava de fora, tão inacessível quanto a sonhada segurança do lar tende a ser hoje.

         215 – Nacionalismo, marco 2

         Yack e suas conclusões ...  “sempre que sentimentos patrióticos sublimes se elevaram ao nível da paixão feroz, nunca gentil, e que os patriotas podem ter demonstrado ao longo dos séculos muitas virtudes úteis e memoráveis, mas a gentileza e a simpatia para com estranhos nunca foram preeminentes entre elas”.   (leitor destaco:   imigrantes na Europa e USA tem sido tratados com repulsa – não só lá...)

         220 – Unidade – Pela Semelhança ou pela Diferença?

         221 – “O nacionalismo tranca as portas, arranca as aldravas (fechaduras) e desliga as campainhas, declarando que apenas os que estão dentro tem direito de aí estar e acomodar-se de vez”.

         França..    ... dirigente de uma companhia imobiliária de destaque observou que os franceses estão inquietos, têm medo dos vizinhos, com exceção do que se parecem com eles.

         Jacques Patinggy, da Associação Nacional de Locadores de Imóveis concorda e vê o futuro no fechamento periférico e filtro seletivo das áreas residenciais com o uso de cartões magnéticos e guardas.     Em Toulouse na França, proliferação de zonas residenciais com câmeras, cercas, guardas 24 horas.    O autor fala da ironia, pois de certa forma estes imitam os guetos que se isolam e tem lá suas rondas armadas.    O rico, preso e o pobre, preso nos guetos.

         “O sentimento de nós, que expressa o desejo de semelhança, é um modo de evitar olhar mais profundamente nos olhos dos outros”.

          Os grupos de “semelhantes” montam seus condomínios e o Estado dá algum respaldo legal e policial, mas a segurança de rotina destes é privada.

         Segurança a Um Certo Preço

         Na longa e inconclusiva busca de equilíbrio entre liberdade e segurança, o comunitarismo ficou firme ao lado da última”.

         Por outro lado...   “a ampliação e o enraizamento da liberdade humana podem aumentar a segurança, que a liberdade e a segurança podem crescer juntas...

         A imagem da comunidade é a de uma ilha de tranquilidade caseira e agradável num mar de turbulência e hostilidade.

         .................... continua no capítulo 11/12

CAP. 09/12 - fichamento - livro - MODERNIDADE LÍQUIDA - Autor: Filósofo e Sociólogo polonês - ZYGMUNT BAUMAN- Editado em 2000

CAP. 09/12                leitura feita em janeiro de 2021

         O poder público tenta ter normas para o capital e para atender os cidadãos mas o capital cada vez mais tem facilidade para fugir e por isso exige normas as mais leves para si possíveis, senão migra.

         Página 190 – As principais fontes de lucro... tendem a ser numa escala em expansão, ideias e não objetos materiais.  

         Classificação por Robert Reich para pessoas envolvidas em atividades econômicas:   Quatro grandes categorias.

1 – Manipuladores de símbolos ... inventam ideias e maneiras de torna-las desejáveis e vendáveis.

2 – Reprodução do trabalho – educadores, agentes de Estado etc

3 – Serviços pessoais – requerem encontro face a face com os que recebem o serviço

4 – Operário ou substrato social ou trabalhadores de rotina.

         Deste último não se exige habilidades particulares e nem a arte de interação social com clientes.   São os mais fáceis de serem substituídos.

         O trabalhador de rotina... significa que a segurança de longo prazo é a última coisa que se aprende a associar ao trabalho que realiza.

         Os que inventam...  na descrição de Jacques Attali não possuem fábricas, terras, nem ocupam posições administrativas.   Sua riqueza vem de um recurso portátil.      ... eles adoram criar, jogar e estar em movimento.  Vivem numa sociedade de valores voláteis, despreocupada com o futuro, egoísta e hedonista.  (O hedonismo é uma corrente da filosofia que compreende o prazer como bem supremo e a finalidade da vida humana)

         No aeroporto , o autor e esposa observam dois jovens plugados ao celular e estabelecendo conexões virtuais uma após outra.

         “Muitos, talvez a maioria, são nômades sem abandonar suas cavernas”.   Podem ainda buscar refúgio em seus lares, mas dificilmente acharão lá o isolamento... continuam plugados...

         Essas pessoas são, como a maioria antes delas, dominadas e remotamente controladas; mas são dominadas e controladas de uma maneira nova.

         ... indicadores de acesso à informação... domicílios equipados com (invadidos por?) aparelhos de TV.    (Os parênteses da frase são do autor)

         195 – Digressão:  Breve história da Procrastinação

         Procrastinar é manipular as possibilidades da presença de uma coisa, deixando, atrasando e adiando seu presente, mantendo-a à distância e transferindo sua imediatez...

         Comportamento Humano   -  Poupe, pois quanto mais você poupar, mais você poderá gastar.   Trabalhe, pois quanto mais você trabalhar, mais você consumirá.    

         Satisfação dos desejos...  o preceito de adia-la, torna-la o propósito supremo da vida.

         ... a ética do trabalho insiste em que o adiamento se estenda indefinidamente.

         Página 201 – Os laços humanos no Mundo Fluido

         ...”conceitos tentam captar e articular é a experiência combinada da falta de  garantias (de posição, títulos e sobrevivência).

         Da incerteza (em relação à sua continuação e estabilidade futura e de insegurança (do corpo, do eu e de suas extensões: posses, vizinhança, comunidade).

         Essa sobrevivência já se tornou excessivamente frágil, mas se torna mais e mais frágil e menos confiável a cada ano que passa.        ... o desemprego.... tornou-se estrutural.... E o progresso tecnológico.... menos empregos.

         O ambiente de desemprego afeta os desempregados, mas de forma oblíqua, também os que estão empregados.  

Flexibilidade é a palavra do dia.         Ela anuncia empregos sem segurança, compromissos ou direitos...  laços humanos...   Pessoas inseguras tendem a ser irritáveis, são também intolerantes com qualquer coisa que funcione como obstáculo a seus desejos...

         ... o consumo é uma atividade solitária... mesmo nos momentos em que se realiza na companhia de outros.

         A autoperpetuação da falta de confiança.

         Página 208 – O capital cruza fronteiras; o operariado mais simples, não consegue cruzar fronteiras. Será barrado ao tentar cruzar a fronteira.

                            Capítulo seguinte:  10/12 

domingo, 31 de janeiro de 2021

CAP. 08/10 - fichamento - livro - MODEERNIDADE LÍQUIDA - Autor: ZYGMUNT BAUMAN - Edição do ano 2000

 CAP. 08/10            leitura em janeiro de 2021

         “A vida é uma sequência de episódios – cada um a ser calculado em separado, pois cada um tem seu próprio balanço de perdas e ganhos”.

         O trabalho não pode mais oferecer o eixo seguro em torno do qual envolver e fixar autodefinições, identidades e projetos de vida”.

         A pessoa é medida e avaliada por sua capacidade de entreter e alegrar...

         Ascensão e Queda do Trabalho

         Civilizações no auge dos seus poderes:  Roma no século I, China no século XI, Índia no século XVII, Europa na Revolução Industrial.

         Página 177 – A renda per capita na Europa Ocidental no século XVIII não era mais que 30% acima da renda da Índia, África ou China da mesma época.

         Em menos de um século, tudo mudou.   Em 1870 a renda per capita da Europa industrializada era 11 vezes maior que a dos países mais pobres.   Já em 1995, o processo se multiplicou por cinco e a Europa industrializada possuía renda ter capita 50 vezes maior que a dos países mais pobres.

         181 – Na Revolução Industrial...   “Grande era belo, grande era racional; grande queria dizer poder, ambição e coragem...”    ... monumentos que, fossem ou não indestrutíveis, deveriam parece-lo.     ... trilhos pontuados de majestosas estações dedicadas a emular os antigos templos para a adoração da eternidade e para a gloria dos adoradores.

         “A modernidade sólida era...   do engajamento entre capital e trabalho fortificado pela mutualidade de sua dependência.   Os trabalhadores dependiam do emprego para sua sobrevivência; o capital dependia de emprega-los para sua reprodução e crescimento”.

         184 – Como sugeriu Sennett em estudo recente, foi só depois da II Guerra Mundial que a desordem original da era capitalista veio a ser substituída, pelo menos nas economias avançadas, por sindicatos fortes, garantidores do Estado de bem-estar, e corporações de larga escala, que se combinaram para produzir uma era de estabilidade relativa.

         ... ambos os lados (capital e trabalho) sabiam que sua sobrevivência dependia de encontrar soluções que todos considerassem aceitáveis.

         Sennett conclui:   “A rotina pode diminuir, mas pode também proteger; a rotina pode decompor o trabalho, mas pode também compor uma vida”.

         Isso tudo mudou.   Hoje é tempo de curto prazo.  (O livro é do ano 2000).    ...”um jovem americano com nível médio de educação espera mudar de emprego onze vezes durante a sua vida de trabalho.   O termo usual é flexibilidade.

         O fim do emprego como conhecemos.    ... posições sem cobertura previdenciária...    A vida de trabalho está saturada de incertezas.

         Sub título:   Do Casamento à Coabitação

         Se os revezes aos empregados ocorrem de forma aleatória, sem lógica, não tem como as pessoas se unirem contra os revezes.    “Os medos, ansiedades e angústias contemporâneos são feitos para serem sofridos em solidão”.

         Dificultam os atos de solidariedade e de defesa de classe.

         Pierre Bordieu fez estudos nesse tema.       “... em face das novas formas de exploração, notavelmente favorecidas pela desregulação do trabalho e pelo desenvolvimento do emprego temporário, as formas de ação sindical são consideradas inadequadas.”

         Os fatos recentes quebraram os fundamentos das solidariedades passadas.     (relembrando que este livro é do ano 2000)

         ...”e que o resultante desencantamento vai de mãos dadas com o desaparecimento do espírito de militância e de participação política”.

         Mark Granovetter diz que os atuais são tempos de laços fracos.

         O emprego no sistema tradicional comparado ao sentido figurado, seria um casamento e o emprego hoje é um viver junto, transitório, uma coabitação.

                                      Continua no capítulo 09/10

CAP. 07/10 - fichamento - livro - MODERNIDADE LÍQUIDA - Autor: Filósofo e Sociólogo - ZYGMUNT BAUMAN - Edição 1ª no ano 2000

 CAP. 07/10                leitura feita em janeiro de 2021

         A mudança em questão é a nova irrelevância do espaço...

         Hoje os dados trafegam quase na velocidade da luz.   O longe e o perto até perdem o sentido nesse tráfego. 

         A Sedutora Leveza do Ser – Vida Instantânea

         O Pesquisador Richard Sennett acompanhou no Forum Econômico Mundial em Davos na Suiça os grandes empresários.   Sobre Bill Gattes, destacou:  “Tinha cuidado em não desenvolver apego (especialmente apego sentimental) ou compromisso duradouro com nada, inclusive suas próprias criações”.     Gattes não tinha medo de tomar o caminho errado, pois nenhum caminho o manteria na mesma direção por muito tempo e porque voltar atrás ou para o outro lado eram opções constante e instantaneamente disponíveis”.

         ...  mas a história é tanto um processo de esquecer como de aprender, e a memória é famosa por sua seletividade”.

         Mudanças...   “Na famosa frase de Guy Debord, `os homens se parecem mais com seus tempos que com seus pais`”

         E os homens e mulheres do presente se distinguem dos seus pais vivendo num presente que quer esquecer o passado e não parece mais acreditar no futuro.”

         Mas a maioria do passado e a confiança no futuro foram até aqui os dois pilares em que se apoiavam as pontes culturais e morais entre a transitoriedade e a durabilidade, a mortalidade humana e a imortalidade das realizações humanas, e também entre assumir a responsabilidade e viver o momento”.      

         Página 164 – Capítulo 4 – Trabalho

         O autor viveu por trinta anos na cidade inglesa de Leeds que é do século XIX e tem uma câmara num prédio majestoso e  sólido.

         Frase de Ambrose Bierce de 1906 em seu Devil´s Dictionary:   “o tempo quando nossos negócios prosperam, nossos amigos são verdadeiros e nossa felicidade está assegurada.”   (como leitor faço um modesto contraponto com uma trova nordestina cujo autor não me ocorre, mas que me parece ter bastante sabedoria popular:    “Tem amigos que se parecem // com aves de arribação // faz tempo bom, eles vem // faz tempo mau eles vão”

(na verdade essas aves permanecem numa região quando tem água e alimentos e quando seca tudo, elas migram para sobreviver)

         Autoconfiança moderna ... sobre o futuro.

         ... expressões de fé em que o que se desejava podia e devia ser realizado.    O futuro era a criação do trabalho, e o trabalho era a fonte de toda criação...   Pierre Bordieu notou recentemente com tristeza:

         “Para dominar o futuro é preciso estar com os pés firmemente plantados no presente”.

         Sub Título – Progresso e fé na História

         Henry Ford sobre o exercício:  “Exercício é bobagem.  Se você for saudável, não precisa dele; se for doente não o fará”.    (há controvérsia, claro!)

         “Cada forma de projeto social mostrou-se capaz de produzir tanto tristeza quanto felicidade, senão mais.    Isso se aplica em igual medida aos dois principais antagonistas – o hoje falido marxismo e o hoje esperançoso liberalismo econômico”. 

   (como leitor, fica mais um modesto contraponto.  Na pandemia tem sido notado que países de orientação marxista como China, Cuba e Vietnã socorreram com mais eficácia seus povos e também a China tem exportado vacinas, respiradores e demais equipamentos que tem ajudado salvar vidas.   A rica Europa Ocidental e USA não demonstraram a mesma eficácia.   Na parte econômica, lembrar que a China é a maior exportadora para os USA e seu superavit propiciou à China ser credora de mais de 1 trilhão de dólares da dívida pública americana)

         Observação de Peter Drucker de 1989 – defensor do estado liberal.

         ... não procuramos uma boa sociedade nem estamos muito certos sobre o que na sociedade em que vivemos nos faz inquietos e prontos para correr”

         O veredito de Peter Drucker:   “Não mais salvação pela sociedade”.

         171 – “Vivemos num mundo de flexibilidade universal.   São poucos os portos seguros da fé, que se situam a grandes intervalos, e a maior parte do tempo a fé flutua sem âncora, buscando em vão enseadas protegidas das tempestades”.

         Antes a fé e acreditar, no resumo de leitor, que com fé tudo se resolvia.

         Volta o autor...  .... a ciência contemporânea voltou-se para o reconhecimento da natureza endemicamente indeterminística do mundo, do enorme papel desempenhado pelo azar e para a excepcionalidade, não à normalidade da ordem e do equilíbrio”.

         ... para o mundo das questões humanas e da ação humana.    “A continuidade não é mais marca de aperfeiçoamento”.   Incertezas.      “O labirinto como alegoria da condição humana foi mensagem transmitida pelos nômades aos sedentários.   O azar e a surpresa mandam no labirinto, o que sinaliza a derrota da Razão Pura.

         Capítulo 08/10

sábado, 30 de janeiro de 2021

CAP. 06/10 - fichamento - livro - MODERNIDADE LÍQUIDA - Autor: ZYGMUNT BAUMAN - Edição oridinal ano 2000

CAP. 06/10                - leitura em janeiro de 2021

         Página 129 – “Claude Lévi-Strauss, o maior Antropólogo cultural do nosso tempo (que já esteve no BR por algum tempo)...  reação de repulsa aos estranhos... êmica ...  separação espacial  (tipo guetos)...   reação de “ingerir”. ... fazer dos corpos algo igual ao do corpo que os ingeriu...

         Um tipo de reação ao estranho é de exilar ou aniquilar.   A outra, ao contrário é de “digerir” e suprimir a alteridade do outro.

 ( alteridade é o reconhecimento de que existem pessoas e culturas singulares e subjetivas que pensam, agem e entendem o mundo de suas próprias maneiras. Reconhecer a alteridade é o primeiro passo para a formação de uma sociedade justa, equilibrada, democrática e tolerante, onde todas e todos possam expressar-se, desde que respeitem também a alteridade alheia.)

         133 – Item – Não fale com Estranhos

         “Torna-se cada vez mais fácil misturar a visão dos estranhos com os medos difusos da insegurança”...   Como resumiu Sharon Zukin:  “Ninguém mais sabe falar com ninguém”.

         ...”mas no uso norte-americano comum, a cultura é, antes de tudo, a etnicidade que por sua vez é um modo legítimo de escavar um nicho na sociedade”.   ... implica acima de tudo separação territorial, o direito a um espaço defensável, espaço que precisa de defesa e é digno de defesa precisamente por ser separado”.

         ...”já que há os espaços onde ninguém sabe falar com ninguém, a meta é estar no nicho seguro onde todos são parecidos com todos...  onde... há pouco a se falar e a fala é fácil.

         ...queiram tirar sua lasquinha da etnicidade e inventem cuidadosamente suas próprias raízes, tradições, história compartilhada e futuro comum...

         ... sua cultura separada e singular... um valor em si mesma...

         Cada formação social promove seu próprio tipo de racionalidade, investe seu próprio significado na ideia de uma estratégia racional de vida.

         Sennett há vinte anos já citava:    ...”as pessoas se tornarem espectadores passivos de uma personagem política que lhes oferece para o consumo suas intenções e sentimentos em lugar de seus atos”.

         139 – Ao longo dos tempos as pessoas sempre tiveram dificuldade de lidar com estranhos e o problema aumenta se os estranhos são estrangeiros.

         Isso...  “pode muito bem levar a unir o difuso amontoado de indivíduos atemorizados e desorientados em alguma coisa vagamente assemelhada a uma “comunidade nacional; e essa é uma das poucas tarefas que os governos de nosso tempo são capazes de fazer e tem feito.”

         A Modernidade como História do tempo

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         144 – Da Modernidade Pesada à Modernidade Leve

         A modernidade pesada foi a era da conquista territorial.  Na versão pesada da modernidade,  o progresso significava tamanho crescente e expansão espacial.    No tempo das grandes fábricas e da mão de obra por muito tempo no emprego, o autor compara a um casamento por conveniência entre o capital e a mão de obra.

         Era a conveniência e a necessidade – raramente de amor...  deveriam permanecer unidas:  uma não poderia sobreviver sem a outra.   Quem começava uma carreira na Ford tinha boa chance de encerra-la na mesma.  Já quem inicia uma carreira na Microsoft já não tem essa tendência.   Nas empresas de tecnologia da atualidade gerentes se ocupam de implementar formas organizacionais mais soltas e por isso mais adequadas ao fluxo...

         ...tentativa permanente, não conclusiva, de formar uma ilha de adaptabilidade superior.... num mundo percebido como múltiplo, complexo e rápido e, portanto, como ambíguo, vago ou plástico  (maleável...)”.

         Em tais condições a ideia de uma carreira parece nebulosa e inteiramente fora de lugar.

         A mudança em questão é a nova irrelevância do espaço...

         Hoje os dados trafegam quase na velocidade da luz.   O longe e o perto até perdem o sentido nesse tráfego. 

                            Continua no capítulo 7/10


sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

CAP. 05/10 - fichamento - livro - MODERNIDADE LÍQUIDA - Autor: Filósofo e Sociólogo ZYGMUNT BAUMAN - Edição em 2000.

 CAP. 05/10                    leitura em janeiro de 2021

         Propagandas na TV:  “Imagens poderosas, mais reais que a realidade”.

         “Estabelecem os padrões da realidade e de sua avaliação, e também a necessidade de tornar mais palatável a realidade vivida.    A vida desejada tende a ser a vida vista na TV”.

         A vida na telinha diminui e tira o charme da vida vivida:  é a vida vivida que parece irreal...

         Mundo atual  -   “A produção de mercadorias como um todo substitui hoje o mundo dos objetos duráveis pelos produtos perecíveis projetados para a obsolescência imediata.”    (um exemplo bem prosaico:  No tempo do meu pai, fazer barba era ter um porta lâminas “gilete” com cabo e só se trocava a lâmina.   Hoje em dia quem usa lâmina compra o kit descartável total).

         Jeremy Seabrook afirma:  “O capitalismo não entregou os bens às pessoas; as pessoas foram  crescentemente entregues aos bens...   cuja venda é o que dá forma e significado a suas vidas”.

         Página 110 – “A obediência aos padrões...  tende a ser alcançada hoje em dia pela tentação e pela sedução e não mais pela coerção – e aparece sob o disfarce do livre arbítrio, em vez de revelar-se como força externa”.

         113 – Cita um provérbio:  “Viajar com esperança é melhor do que chegar”.    ... os pobres nunca vivem numa cultura separada da dos ricos...   mesmo mundo que foi planejado em proveito daqueles que tem dinheiro.

         “Numa sociedade sinóptica de viciados em comprar/assistir, os pobres não podem desviar os olhos, não há mais para onde olhar”.

         114 -  ... o pobre .... o desejo de experimentar, ainda que por um momento fugaz, o êxtase da escolha”.

         “Quanto mais escolha parecem ter os ricos, tanto mais a vida sem escolha parece insuportável para todos”.

         Sub Título:   Separados, Compramos.

         115 – Separação e filhos...   ruptura de certos vínculos...  os que estão do lado que sofre nunca são consultados, e menos ainda tem chance de exercitar sua liberdade de escolha.

         Capítulo 3 – Tempo/Espaço.

O arquiteto George Hazeldon  projetou para perto da Cidade do Cabo na África do Sul um verdadeiro mundinho à parte com luxo, conforto e segurança.    (o país tem certo paralelo com o Brasil com poucos ricos muito ricos e muito pobre dolorosamente pobres).

         “Uma cidade sob medida para indivíduos que querem administrar e monitorar seu bem estar juntos”.   (eu diria ao invés de querem, o podem...)

         Nome dado ao ambiente projetado:  Heritage Park.     Grande, cercado com cerca elétrica de alta voltagem e guarnecida por guardas armados.

         O autor do projeto vende o sentido de “comunidade” em que viveu em Londres quando criança onde os vizinhos interagiam e o local era seguro...

         “Nunca e em nenhum lugar faltaram pessoas prontas a encontrar uma lógica para sua infelicidade, frustrações e derrotas humilhantes atribuindo a culpa a intenções malévolas alheias.”

         Injustiça social e a criminalidade.   “Endurecer contra o crime construindo mais prisões...    militarização do espaço público – fazendo das ruas, parques e mesmo lojas lugares mais seguros mas menos livres...    enclaves defensáveis com acesso seletivo; separação no lugar de vida em comum – essas são as principais dimensões da evolução corrente da vida urbana”.   

          (lembrar que shopping é um local público e hipoteticamente de livre acesso como em lojas, mas tem lá os seguranças para tentar evitar que gente “miúda” entre lá...    Uma vez em Curitiba foi dito que as vigilâncias dos Shopping iriam apertar o cerco para evitar que os jovens da perifa, os carçudos, entrassem nos estabelecimentos)

         121 – Sub Título – Quando estranhos se encontram

         Na rotina das cidades há convívio entre estranhos.   “O encontro de estranhos é um evento sem passado”.   Os cafés e outros ambientes para “ação”, ir lá e tomar café, mas não de “interação” com outros clientes que de passagem lá estão no momento”.

         125 – Lugares êmicos, lugares fágicos, não lugares, espaços vazios.

         127 – “Os lugares de compra/consumo oferecem o que nenhuma realidade real externa pode dar:  o equilíbrio quase perfeito entre liberdade e segurança.” 

         “Dentro de seus “templos (de consumo), os compradores/consumidores podem entrar, além disso, o que zelosamente e em vão procuram fora deles: o sentimento reconfortante de pertencer – a impressão de fazer parte de uma comunidade.

                   Próximo capítulo – 06/10