FICHAMENTO – LIVRO – NA NATUREZA SELVAGEM Cap. 01/10
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sábado, 15 de maio de 2021
CAP. 01/10 - FICHAMENTO - LIVRO - NA NATUREZA SELVAGEM - autor - jornalista americano Jon Krakauer - Baseado em episódios reais no Alasca e USA (1992 os fatos)
sábado, 24 de abril de 2021
RESUMO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS DA PREVI – BB DE 2020
RESUMO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS DA PREVI – BB DE 2020
Engenheiro
Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida – abril de 2021
Sou aposentado
do BB desde o final de 2012 e sempre acompanhei os dados do desempenho do nosso
Plano 1 da Previ. Residindo em Curitiba
após aposentado, nos anos anteriores à pandemia, eu ia assistir de forma
presencial a Prestação de Contas da Diretoria da Previ aos seus associados e acompanhar
inclusive as perguntas e respostas que visam esclarecer em mais detalhes do que
foi apresentado. Tenho no blog amador www.resenhaorlando.blogspot.com.br
publicados os resultados de vários anos de forma resumida.
Neste ano assisti pela internet a
apresentação da Diretoria e a parte de perguntas dos associados inscritos.
Faço
aqui um apanhado daquilo que achei mais relevante além dos números do nosso
Plano 1.
Antecipo
que o resultado de 2020 foi um SUPERAVIT DE 13,92 BILHÕES DE REAIS puxado
basicamente pela valorização de 70% das ações da Vale, da qual nós detemos 55,5
bilhões de reais.
Vamos agora
na sequência das demais anotações pela ordem de exposição.
Nossa
Previ tem seus 117 anos de existência.
A apresentação foi feita no dia 08-03-2021, dia Internacional da Mulher
e os diretores todos enalteceram a data comemorativa.
O
Presidente em Exercício da Previ é o Sr José Maurício Pereira Coelho. Informou que em dado momento de 2020 a
Previ estava com déficit de 24 bilhões de reais. Depois o resultado foi revertendo e fechamos
2020 com o superavit de 13,92 bilhões de reais.
Fala
do Ricardo Ferraz – Diretor de Planejamento em Exercício.
Slogan –
Superação
“2020
não foi um ano fácil pra ninguém”.
Estamos aqui para falar de boas novas. Adotaram teletrabalho em tempo integral. Incentivaram as empresas participadas a ajudarem a população na pandemia. Nosso propósito – “cuidar do futuro das
pessoas”. Somos mais de 100.000
associados. No Plano 1 somos 111.174
pessoas.
Ao todo,
Plano 1 e Previ Futuro, somos 195.600 pessoas.
Associados
e Patrocinadores dividem decisões.
Quatro Pilares.
Planejamento
Estratégico – Estamos no plano 2021 a 2025 sendo que os planos passam por revisão
anualmente.
Programa
de investimentos – Elaborado pela Diretoria de Planejamento e aprovado pelo
Conselho Deliberativo e executado pela Diretoria de Investimento.
O Plano
1 paga 13 bilhões de reais por ano aos associados e pensionistas. Em pecúlios por morte: pagou 361 milhões
de reais em 2020.
Ano 2020
– saímos de zero de resultado, ficamos no vermelho até setembro e a partir de
outubro de 2020 passamos ao positivo e terminamos o ano com 13,92 bi de
superavit.
O Ricardo
Ferraz tem experiência de 20 anos de Previ.
Um
pequeno histórico dos resultados da Previ:
Ano 2016 .............. – 13,94 bilhões (negativo)
Ano
2017.................. - 4,29 bilhões
(negativo)
Ano
2018.................. + 6,52 bilhões (positivo)
Ano 2019..................
+ 2,38 bilhões (positivo)
Ano 2020....................+
13,92 bilhões (positivo)
Para
2020 a meta atuarial era 10,46%. O plano
1 rendeu 17,20%
Estamos
em termos aproximados com 99 bilhões aplicados em Renda Variável e 99 bilhões
em Renda fixa.
Com já
foi visto, as rendas variáveis estão bem concentradas na empresa Vale.
Gestão
de Risco - compramos no exercício de
2020 a soma de 11,5 bilhões em títulos públicos.
Aplicamos
em empreendimentos como Petz, Rede D´Or etc.
Alguns
dados: Empréstimos Simples: 806.000.000,00 de reais
Cairam
no exercício as Despesas Administrativas da Previ. Em anos anteriores chegaram na casa dos
400.000.000,00 e em 2020 foi de R$.290.000.000,00.
A Previ
tem ganho destaque em ranking do Banco Central.
Está no top 5 do setor pelo acerto em suas projeções macroeconômicas.
ASGI –
Investimento Responsável. Código Steward
Ship. A Previ por suas práticas nesse
quesito, é candidata ao PRI Programa Interno de Inovação.
Participa
com destaque na ABRAPP Associação Brasileira de empresas de Previdência Privada.
Empréstimos
simples aos associados:
R$.806.000.000,00 de estoque de empréstimos. Mais de 80 mil contratos em vigência.
Houve
eleição da diretoria da Previ em 2020.
Disse
que o novo Site da Previ tem tudo que o associado precisa e também o mesmo
ocorre com o App para celular.
Está presente em todas as redes sociais,
inclusive Yotube.
Produto
novo: PREVI FAMÍLIA. Adota 3 perfis de exposição a risco
pelos que aderem. Prudente – com zero
por cento de aplicação em renda variável.
Balanceado – com até 30% de Renda Variável. Ousado com até 60% de renda variável. www.previfamilia.com.br
A fala
terminou aqui e está no site da Previ.
Durou 33 minutos e em seguida foram as perguntas de associados.
Em 2020
os resultados de investimentos da Previ no exterior tiveram excelentes
resultados. Ela irá expandir um pouco
essa modalidade.
Se bem
entendi, para que haja distribuição de superavit precisa que em três anos
seguidos supere 20% de rentabilidade, o que é bem raro.
Foi dito
pelo Diretor de Seguridade que a Previ usa a mesma norma desde 1997 para remunerar
seus dirigentes. A mesma também para
pagar os associados.
Destacou
que nosso Plano 1, já maduro, mas a projeção é que ele siga até 2095.
Temos
27% do patrimônio do Plano 1 entre Vale, Litela, Litel. (Litel – um conjunto de Planos de Previdência
– Previ, Petros e outros)
A meta
da diretoria é desconcentrar essas aplicações para diminuir riscos de
flutuações bruscas.
(Espero
ter resumido de forma útil aos colegas o tema em pauta)
sexta-feira, 9 de abril de 2021
CAPITULO FINAL 08/08 - fichamento - livro - O FIO E AS MISSANGAS - Autor moçambicano - MIA COUTO
CAP.08/08 (final) leitura em abril de 2021
Página
125 – Conto – A avó, a cidade e o semáforo
A avó
que morava em aldeia e o neto, professor, ganhou um prêmio e ia recebe-lo na
cidade. A avó queria saber quem iria
cozinhar para ele lá na cidade. “Na
panela se verte tempero ou veneno, diz a avó”.
“Nem
pensar, nunca tal se viu, sujeitar-se a um cozinhador de que nem o rosto se
conhece”. (e que pode ser de aldeia
inimiga)
-
“Cozinhar não é um serviço, meu neto.
Cozinhar é um modo de amar os outros”.
Em
resumo, a avó tanto insistiu que foi para a cidade para “proteger” o neto e
inspecionou tudo no hotel e sentiu alívio porque o da cozinha era da tribo
dela. Na volta, ela optou por ficar
“morando” lá na cidade, de forma precária e vivendo de ajuda de caridade. Dormia perto do semáforo e gostava de
perceber as cores se alternando.
Conto –
O menino que Escrevia Versos
“O pai
da criança, mecânico de nascença e preguiçoso por destino espreitara uma
página”. Lia motores, interpretava
chaparias”.
Quando
jovem... “namoros de unha suja de graxa”.
Versos
pela casa. “O pai sentenciara: havia de tirar o miúdo da escola. Aquilo era coisa de estudos a mais,
perigosos contágios, más companhias”.
O rapaz
ao invés dos esfregas-esfregas com as meninas... escrevia versos. A mãe do garoto, Serafina, sempre defendia o
filho.
O
pai: Então que ele seja examinado: revisão geral. “Parte mecânica e elétrica”. Para o pai aquilo era uma vergonha familiar.
O
médico: Doi alguma coisa? - Doi-me a vida, Doutor. O doutor pediu para a mãe e o garoto
deixarem o caderno de versos para o médico analisar. Conversariam no retorno.
No
retorno da consulta, o médico perguntou se tinha trazido mais versos escritos e
o menino trouxe mais meio caderno das poesias recentes.
O médico
“internou” o garoto por uns tempos.
Nesses tempos, o menino era solicitado a ler poesias para o médico. E o
médico: - Não pare, meu filho. Continue lendo...
Conto –
Uma questão de Honra
Os dois
velhos amigos a jogar dama no bar todo dia na mesma mesa.
Jogar e
conversar. “À volta do tabuleiro os dois
tinham construído uma ilha, um castelo sem areia onde ainda valiam a palavra, a
honra e a amizade”. Horas à fio ali
jogando com direito a cochilos e tudo.
“O bar
era o lar. E cada um deles era, para o
outro, a humanidade inteira”. Deixavam
jogo em curso e voltavam no outro dia para dar sequência. Um dia as peças estavam mudadas. Deu conflito.
Foram pedir opinião ao juiz da comunidade. Os dois amigos se desentendem.
“E
separaram-se, cada um conforme sua solidão”. “Confiança manchada, amizade
desmanchada”. Um deles voltou a falar
com o juiz.
“E o
compadre Fabião era a quem confiava sua única e última riqueza: gordas
lembranças, magras confidências”.
O juiz
deu um parecer que deixou o velho arrasado e este tinha ido armado falar com o
juiz. Indignado, tentou atirar no juiz
e um segurança atirou primeiro e matou o velho jogador de damas.
O outro
teve seu mundo desmoronado e ficava solitário horas em frente ao tabuleiro no
bar e não tinha mais o amigo para jogar e tocar a vida.
Conto –
Peixe para Eulália
“A seca
durava há anos. Sem pingos, sem lágrima,
sem gota”. Consultaram o andarilho. “Senhorito era conhecido por não ter
sabedoria de nada”.
“Ninguém
é só atrasado: outras habilidades se esconderão em outra dimensão do ser. Desconfie-se”.
- “Assim
sem as vistas, quem sabe, evito as feiuras da vida”. (diziam que certas horas ele retirava os
olhos e depois os colocava no lugar)
“A
aldeia, quanto mais pequena, mais carece de um louco. Como se por via desse louco se salvassem, os
restantes, da loucura.”
“Já a
sede ombreava com a fome”.
Eulália
do correio que era gorda, adoeceu e emagreceu. “E já nem forças tinha para sofrer”. Um dia foi vista sentada aos pés do louco
que a compreendia.
O louco
fez um barco a remo, colocou o mesmo na
vertical e subiu remando, remando e não foi mais visto. Iria buscar chuvas e abundância de
peixes. Só Eulália acreditou. E um dia choveu muita água e peixes.
...”chuva
gorda, farta, despenteada trança de água no colo do universo.” “Vale não haver escassez de loucos”.
Final. 04-04-2021
CAP. 07/08 - fichamento - livro - O FIO E AS MISSANGAS - autor moçambicano - MIA COUTO (detentor de premiações internacionais)
CAP. 07/08
Conto –
O Rio das Quatro Luzes
Frase de
abertura – Adaptação de um provérbio moçambicano: “O coração é como a árvore – onde quiser,
volta a nascer”.
O menino
de mão dada com a mãe vê um enterro e disse a ela que queria um dia ir num
caixão daqueles. Ela ficou estarrecida.
“Ainda olhou o desfile com inveja. Ter alguém assim que chore por nós, quanto
vale uma tristeza dessas?”.
À noite
o pai veio conversar com o filho, o que raro fazia. O filho disse que já deveríamos nascer
grandes, adultos para não ter que ficar adiando.
“Mesmo o
pai passava a vida louvando sua infância, seu tempo de maravilhas”.
A
conversa com o pai não foi boa. Um dia
o menino reclamou com o avô que deu atenção a ele e no fim fizeram um trato a
pedido do menino. Que Deus levasse
primeiro o menino, já que ele gostava do avô (compreensivo e que amava a
vida). O trato deixou o menino
tranquilo e sempre queria ir visitar o avô e este dizendo que fez o
requerimento a Deus para atender ao pedido do neto.
E o avô
recomendou ao neto para não se preocupar, ir meninando em seu tempo até ser
atendido no pedido a Deus. O avô lhe
contou dos lugares secretos de sua infância.
Perseguiram borboletas, adivinharam pegadas de bichos...
“O
menino sem saber se iniciava nos amplos territórios da infância”. “Na companhia do avô, o moço se criançava,
convertido em menino”.
Um dia o
avô fez uma reunião com os pais do seu neto em particular.
“Criancice
é como amor, não se desempenha sozinha.
Faltava aos pais serem filhos, juntarem-se miúdos com o miúdo. Faltava aceitarem despir a idade,
desobedecer ao tempo, esquivar-se do corpo e do juízo”. Esse é o milagre que um filho oferece –
nascermos em outras vidas. E nada mais
falou.
Página
117 – Conto – O Caçador de ausências
“Vasco
não devia só a mim, mas ao mundo”. A
mulher do Vasco acabou sumindo de casa pela mata e beira de rio. Vasco sai à procura desesperada da esposa.
“A
solidão se enroscou, definitiva, em seu viver”. O narrador levou um saco para trazer o
dinheiro da cobrança da dívida junto ao Vasco. .... saco vazio. Nada conseguiu.
“Tra
zia comigo, o meu nenhum dinheiro, bolso enchido de
sopro”.
121 –
Conto – Enterro televisivo
O dono
da casa pediu que quando morresse, queria ser enterrado com sua TV. Desmontaram a TV e enterraram o morto e a TV
juntos. No velório a viúva pediu aos
presentes uma nova TV. E que colocassem
a antena amarrada na cruz do túmulo. E
se se enterrasse o defunto meio raso para o defunto sintonizar melhor os
canais. Assistiam novelas brasileiras,
mexicanas...
À noite
a viúva foi ao cemitério deitar junto ao túmulo do marido para juntos seguirem
a rotina de assistir as novelas...
Continua no capítulo final 08/08
CAP. 06/08 - fichamento - livro - O FIO E AS MISSANGAS - autor: Moçambicano - MIA COUTO
CAP. 06/08 – Conto – A Carta de Ronaldinho (leitura em abril/2021)
O rico e
o pobre. Uns aprendem a andar e outros
aprendem a cair.
“Filipão
Timóteo pesava ou era pesado pelo chão?”.
Vida dura.
“- Me
restam duas saídas – sorria ele -, ou perder ou sair vencido”
Um grito
de gol. “O pulo é o desajeito humano de
ensaiar um voo”.
Num jogo
de seleção no Mundial. ...”a distração
é a morte do goleiro”. (para eles o goleiro é guarda-redes)
O velho
pirado assistia por tempo indefinido seu campeonato mundial numa TV que ele
desenhou na parede de casa. E avisava
os vizinhos que o jogo ia começar.
Um dia
os filhos vieram leva-lo. Ele explicou
que não. Não abandonaria o campeonato
(imaginário). Era o técnico!
Sugeriram
aos filhos para não argumentarem com a realidade...
“A
realidade não é um sonho fabricado pelos mais ricos?”
E assim
ficou: Filipão no sonho do jogo, os
outros no jogo dos sonhos. O velho
tinha na cabeça uma carta a ele endereçada pelo Ronaldinho Gaucho. O filho desistiu de leva-lo dali. Na saída do filho, uma encomenda do
pai: Na sua nova visita, me traz um gis
novo para eu desenhar uma TV novinha.
Conto – O
dono do cão do homem
O
narrador não tem linhagem mas o cão tem pedegree. Meu cão com nome de humano: Bonifácio. “Nome de bicho? Vou ali e não venho”.
Recolhi
cocô do meu cão na rua. Prestei essa
deferência ao meu próprio filho?
Na rua,
só olhavam para meu cão e elogiavam. (o
dono era um nada).
Um dia
ao passear na rua, o Bonifácio mordeu um gato.
O dono do gato reclamou. “E no
focinho do Bonifácio morava um sorriso de imaculada inocência”.
Página
107 – Conto – Os machos lacrimosos
Homens
no bar e as mulheres no lar. “E assim
se produziam eles, se consumiam elas.”
Lá em
Moçambique também tem as carpideiras para chorar em velórios.
Um
provérbio dos amigos da bebida. – Quem
quer bebida, pede medida. Um da turma
sempre trazia novidades aos amigos do bar.
Piadas aos colegas de goles.
Um dia
alguém contou seu drama e todos choraram no bar. E nos outros dias, mais dramas e mais
choros. Ficaram mais próximos de suas
mulheres e passariam a trata-las melhor.
“Chorar
é um abrir o peito. O pranto é o
consumar de duas viagens: da lágrima para a luz e do homem para a maior
humanidade.”
Afinal,
a pessoa vem à luz logo em pranto? O
choro é nossa primeira voz.
Continua
no capítulo 07/08
quinta-feira, 8 de abril de 2021
CAP. 05/08 - fichamento - livro - O FIO E AS MISSANGAS - autor: Moçambicano - MIA COUTO
CAP. 05/08
Página
85 – Conto – Maria Pedra no Cruzar os caminhos
... mulheres
naqueles escangalhos. A moça deitada
na rua em oferta pública. O pai...
“o homem
vivia entre o vazar de garrafa e o desarrolhar de outra garrafa. A mãe foi buscar a filha na rua. A filha chorava. Seria dessas inventadas mágoas, dessas que
ela criava apenas para se sentir existente?”
89 –
Conto - O novo Padre
“E até
os padres não resistiam à luxúria que os trópicos suscitavam. Na igrejinha só entravam poucos. Não que ele fosse racista, insistia ele. Mas
era sensível aos cheiros”.
O engenheiro
encostando a cabeça na janelinha do confessionário. “Mesmo na casa de Deus, as paredes gostam de
escutar”.
95 –
Conto – O peixe e o Homem
Cita na
abertura do conto um trechinho do Sermão de Santo Antonio aos Peixes, do padre
Antonio Vieira.
Também
lá em Moçambique existem as expressões “tubarões”, peixe graúdo e peixes miúdos
para se referir à condição de pessoas.
Diz que mandantes de crimes, são os tubarões. Poderosos da indecência são peixes
graúdos. Pobres executantes de crimes
são os peixes miúdos. Estes no Brasil
também são chamados de arraia miúda.
Diz que
é injusto. Os crimes não ocorrem dentro
da água, entre os peixes. Os crimes são
aqui fora, são provocados por humanos.
Fala de
um homem que andava toda tardinha à beira de um lago com uma trela presa à
cauda de um peixe. O peixe ia nadando
na beirada e o homem acompanhando em volta do lago.
Diz que
no caso não era Santo Antonio fazendo sermão aos peixes, mas ao contrário, era
o peixe fazendo sermão ao homem.
“Minha
sabedoria é ignorar as minhas originais certezas. O que me interessa não é a língua
materna...”
O
narrador substitui o “doido” que andava com o peixe na trela a pedido do tal
que caiu doente e fez o pedido.
Os
vizinhos cochichavam por haver um novo doido em missão maluca.
- “Não
existe terra, existem mares que estão vazios”.
Continua
no capítulo 06/08
quarta-feira, 7 de abril de 2021
CAP. 04/08 - fichamento - livro - O FIO E AS MISSANGAS - autor moçambicano MIA COUTO (tem vários prêmios de destaque)
CAP. 04/08 leitura em abril de 2021
Página 59 – O Nome gordo
de Isadorangela
Branca, gorda e todos
faziam chacota dela. “E havia razão
para chacotear: a miúda sobrava a si
mesma...
“Como pedra no charco.
Isadorangela fazia espraiar uma onda de zombaria”. Filha do presidente da Câmara, era ela. No baile, todas dançando e rodopiando. Ninguém tirava a gorda para dançar.
“Só Isadorangela ficava
sentada, chupando um interminável algodão doce”.
O pai levou a filha para
casa do presidente da câmara. A menina iria
para fazer companhia para a gorda.
Disse que pobre tem casa
e rico tem residência. Tocou baixo a
campainha. “Aqui nas residências finas,
todo mínimo é logo um barulho”.
Encontram o dono da casa
nas palavras cruzadas e cochilando. A
mulher dele dançando com o pai da narradora na casa. A filha gorda do presidente dançando com a
narradora.
Conto – Os olhos dos
mortos
Ela apanhava do marido
que frequentava bar. “Chorando sem
direito a soluço; rindo sem acesso a gargalhada.”
Um retrato estilhaçado na
sala. Ela apanha do marido de precisar
ir ao pronto socorro. “Eu estava mais
estilhaçada que o retrato da sala”.
“O que eu fizera, ao
dirigir-me por meu pé ao hospital, foi uma ofensa sem perdão. Até ali eu fechara minhas feridas no escuro
íntimo do lar. Que é onde a mulher deve
cicatrizar. Mas desta vez, eu ousara
fazer de cristo, exibir a cruz e a chaga pelas vistas alheias”.
Conto – A Infinita Fiadeira
Versos de abertura do conto:
“A aranha ateia
Diz ao aranho na teia:
O nosso amor
Está por um fío!”
Aranha fazendo teia indefinidamente. “Tudo sem fim nem finalidade”. A aranha rebelde diz aos pais que não tece
teias, faz arte com elas.
Conto – Entrada no Céu
Garoto na catequese. – A vida, Santo e Deus, tem segunda via?
O Padre Bento não queria
nem escutar: só a dúvida, em si, já era
desobediência.
O preto morto pode ir pro
céu direto da aldeia sem precisar passar na cidade carimbar documentos?
“Quem sabe agora, o porteiro
do céu me confunda também e me deixe entrar, na crença que irei prestar serviço
nos lugares da criadagem?”
... os santos são
santificados pela morte... Enquanto eu,
eu é que santifiquei a vida. Agora
estou no fim. Um santo começa quando
acaba. Eu nunca comecei.
Página 81 – Conto - O mendigo Sexta-Feira jogando no Mundial
... doutor: sou eu que
invento minhas doenças. Mas eu, velho e
sozinho, o que posso fazer? Estar doente
é minha única maneira de provar que estou vivo”.
Na fila do hospital. ...”me vem a ilusão de me vizinhar do
mundo”. Ao médico: “Os doentes são a minha família, o hospital é
o meu teto e o senhor é o meu pai...”
Mendigos na calçada vendo
TV na vitrine da loja passando jogo da Copa.
... os mendigos lá se reúnem todas as sextas feiras para captar as
esmolas dos muçulmanos. Ganhei o nome
de Sexta Feira. Um dia útil.
Veja bem: eu que sempre
fui inútil, acabei adquirindo nome de dia útil. Junto com os mendigos na calçada vendo TV
da loja.
“É ali no passeio que
assisto futebol, ali alcanço ilusão de ter familiares.
O mendigo fala que no
jogo da TV o jogador cai e sua dor, qualquer
Que seja, faz o juiz parar. “A dor dele faz parar o mundo”. “As minhas mágoas que são tantas e tão
verdadeiras e nenhum arbitro do mundo manda parar a vida para me atender...”
...Isso
senhor árbitro, cartão vermelho! Boa
decisão! Haja no jogo a justiça que nos
falta na vida”.
Continua no capítulo 05/08