Total de visualizações de página

sábado, 14 de maio de 2022

CAP. 23/27 - fichamento - livro - LULA - BIOGRAFIA - Volume 1 - Autor: Jornalista Fernando Morais - edição 2021

 Cap. 23/27

 

         Criação do PT e as etapas.     Já na grande reunião para formar o partido se apresentaram muitas lideranças da esquerda com diferentes formações e o partido que se iniciaria teria essa característica  de conciliar essa diversidade em sua formação e ação política.   Essas chamadas “correntes” dentro do partido participam das ações e decisões na proporção das respectivas representações em suas bases.

         Evento que foi bastante destacado pelos órgãos de imprensa – a criação de um partido dos trabalhadores.

         Certos políticos de destaque na oposição à ditadura eram contra a criação de um novo partido de esquerda por acharem que isso racharia a frente MDB que até então era um bloco contra a ditadura.   Temiam que o novo partido enfraqueceria a frente MDB e isso prolongaria a ditadura.

         Entre os líderes que apoiavam a formação do PT cita o livro Jacó Bitar, do sindicato dos petroleiros de Paulinia-SP.   Olivio Dutra, do sindicato dos bancários de Porto Alegre.

         Nessa trajetória de Lula e FHC (Lula ajudou voluntariamente na campanha de FHC ao Senado) sempre houve atos de “assopros e mordidas” entre ambos.

         Os intelectuais do meio acadêmico conseguiram até o apoio para a criação do PT, do destacado Professor e Sociólogo Antonio Candido de Mello e Souza, autor de livros como Os Parceiros do Rio Bonito.  (livro que li, fiz fichamento e gostei muito)

         Candido, socialista, foi visitar no hospital um amigo médico socialista que estava doente terminal.   A esposa do doente pediu a Candido que dissesse algumas palavras que confortassem o amigo.    Candido trouxe a novidade da criação do PT, o primeiro partido operário do Brasil, construído pelos operários, pelo chamado “chão de fábrica”.       O doente ficou contente e pediu a Candido para não deixar de assinar a adesão ao partido que se iniciava.  Esse empurrão do amigo, que veio a falecer no dia seguinte, ajudou a Candido aderir e assinar o termo de apoio à criação do PT.   Candido depois declarou publicamente: 

 “Entrei sabendo que o PT não é um partido socialista; e eu sou socialista.   Mas acho que o PT tem uma energia operária que se confunde com os interesses do povo”.    (página 352 do livro)

         Destacados intelectuais (citados no livro) assinaram a adesão para a criação do partido.    Antes da criação em si, houve eventos com a finalidade na Bahia, em São Paulo e em Poços de Caldas-MG.

         “Só no dia 10-02-1980, no auditório do Colégio Sion em São Paulo, o PT seria formalmente apresentado aos brasileiros”.

         Tempo de inflação alta, tempo de greves.   No dia 14-04-1980... “no auge da greve, Lula seria abruptamente despertado em casa e trancafiado no DOPS, junto com seus companheiros de diretoria do sindicato”.

         Capítulo 16 -   No meio da madrugada, um educado senhor engravatado interroga Lula num cubículo do DOPS:  era o enviado de um general, codinome “Cacique”.

         Se os generais da cúpula da ditadura achavam que prendendo Lula iriam sufocar as greves, se enganaram.   O efeito foi o oposto.

         Lula e os demais dirigentes sindicais, já antevendo o risco de serem presos, articularam pequenos grupos de ativistas (operários) não conhecidos pelas autoridades, estes que comandariam em suas bases (nas fábricas) as lutas dos operários.

         Entre os apoiadores da luta operária por salários, bispos renomados como Dom Paulo Evaristo Arns, D. Claudio Hummes, D. Pedro Casaldaliga (que conheci após o ano 2000 numa visita a São Felix do Araguaia, aproveitando viagem de trabalho à cidade), D. Mauro Morelli.

         Os líderes sindicais foram enquadrados como “terroristas” e nos artigos da LSN Lei de Segurança Nacional sancionada pela ditadura.

         Prisão dos sindicalistas que foram colocados na condição de incomunicáveis por dez dias.   Nem os parentes podiam visitar os presos.

         O senador alagoano Teotônio Vilela conseguiu visitar Lula nessa fase incomunicável.   Teotônio, usineiro, foi da Arena e depois passou à oposição, ao MDB.   Já estava com câncer quando visitou os sindicalistas presos.

         Por essas e outras, o Senador virou um símbolo da luta pela redemocratização do Brasil.   (conheci o Memorial dele em Maceió-AL).

         Milton Nascimento e Fernando Brant, em homenagem ao senador, compuseram a canção “O Menestrel das Alagoas”, música que virou hino da campanha pela redemocratização do Brasil.

         Num gesto surpreendente, o conservador jornal O Estado de São Paulo, diante da prisão dos líderes sindicais, em editorial pediu a liberdade imediata deles.  Gesto acompanhado por setores dos bispos e outros líderes da sociedade civil organizada.

         A família Mesquita, controladora do “Estadão” como é conhecido o jornal O Estado de SP, manteve o jornal  apoiando a ditadura no seu começo  (1964) e seguiu até  que em 13-12-1968 quando os militares editaram o AI 5 Ato Institucional número cinco que retirou uma porção de direitos do cidadão e apertou ainda mais a repressão policial contra os ativistas pela redemocratização.    Da edição do AI 5 em diante, o Estadão deixou de apoiar a ditadura.    Os jornais passaram a ter na redação a imposição de censores que examinavam tudo o que estava para ser publicado e que vetavam aquilo que achavam inconveniente ao governo ditatorial.   A censura ficou de 68 a 1976.

         Lula foi interrogado por mais de quatro horas.  Trechinho do interrogatório:    “Que o interrogado não tinha outra expressão após ver o nosso Glorioso Exército passar em voos rasantes em cima da cabeça de cem mil trabalhadores, podendo assustá-los e acontecer uma tragédia; que nunca tinha visto uma coisa daquelas”.

         Os líderes sindicais foram presos e as greves continuaram.   Por pressão federal, o  Estádio de Vila Euclides, que tinha sido palco de grandes assembleias de metalúrgicos, foi interditado para essa finalidade.

 

         Continua no capítulo 24/27

 

          Se puder divulgar o site do blog, agradeço.  Uma opção é o QRCode



 

quinta-feira, 12 de maio de 2022

CAP. 22/27 - fichamento do livro LULA - BIOGRAFIA - Volume 1 - Autor: Jornalista FERNANDO MORAIS - edição 2021

 CAP. 22/27

 

         Capítulo 14 do livro – Enquanto Lula enfrenta a polícia no ABC, Brizola ressuscita o PTB e leva a rasteira do General Golbery

         O autor do livro diz que o Palácio da Alvorada é inabitável porque o cheiro da cozinha se espalha pelos aposentos todos e não se consegue dormir no palácio.   Geisel reclamava.  Temer só aguentou sete dias no Alvorada.

         Voltando à biografia.     Lula numa mega assembleia de metalúrgicos que convocou para o Estádio de Vila Euclides.   Como palanque, mesas do tipo de bar, improvisadas.   Sem som porque a polícia tinha cortado o som.  Falava cada frase com pausa, a plateia de mais perto repetia a frase e em ondas a frase era repetida até chegar no fim do aglomerado.   Assim foi todo o discurso.  

         Em torno de 30 a 40 mil metalúrgicos presentes.  Depois, no sindicato, a espera da decisão de parar as fábricas.  Vem o mensageiro e vai avisando:

         A Schuler parou.   A Perkins parou.  A Volks parou.  A Ford parou...

         A greve se espalhou pelo interior, tendo  inclusive apoio dos artistas, intelectuais, universidades e das CEBs  Comunidades Eclesiais de Base da Igreja Católica.

         Após a crise do petróleo de 1973, veio outra onda de aumento do preço do petróleo mais adiante quando foi deposto no Irã o Xá Reza Pahlevi (com ajuda dos USA), o que abalou a economia mundial.  

         “A segunda crise do petróleo detonada com a agitação política iraniana, estremeceu a economia internacional.   Entre 1978 e 1979 a inflação brasileira passou de 40,8% para 77,2% ao ano.   Aumento da nossa dívida pública, perda nos salários”.

         Políticos defensores da ditadura enfraquecidos, perdendo terreno e o sindicalismo se organizando e tendo força.   São Bernardo do Campo e a “Rota do Frango” na avenida M.S.Demarchi com restaurantes especializados em carne de frango.    Ponto de reuniões de lideranças sindicais em algumas ocasiões.

         Decretada a intervenção nos sindicatos dos metalúrgicos, foram colocados a força os interventores, funcionários do ministério do trabalho.

         Lula e demais diretores foram destituídos do cargo do sindicato mas na prática sua liderança continuava a mediar a luta por reajustes entre operários e patrões.  Perdeu o cargo mas mantinha a autoridade.

         A pedido de Lula, o Bispo Dom Claudio Hummes cedeu o salão paroquial para reuniões dos sindicalistas para decidirem dar sequência nas greves e nas demandas do movimento.

         Ocorreram na época enormes assembleias no Estádio de Vila Euclides.  Greve longa.   Feito show beneficente para angariar recursos para o fundo de greve para ajudar na compra de mantimentos às famílias dos grevistas com o salário cortado.    Artistas como Elis Regina, Gonzaguinha e outros mais, citados no livro.

         Conseguiram finalmente negociar com os patrões na FIESP Federação das Indústrias do Estado de SP.

         MR-8  grupo comunista na linha Chê Guevara militava contra a ditadura militar.  Movimento Revolucionário Oito de Outubro, em homenagem à data da morte de Chê Guevara.    É uma citação e já foi dito e repetido que Lula nunca foi comunista e seu foco sempre foi a defesa dos operários.

         Até 1979 só eram permitidos dois partidos, desde 1964 quando houve o golpe militar.   O partido ARENA de situação e o MDB de oposição.

         O antropólogo Darcy Ribeiro foi um dos exilados na ditadura.

         Não há números precisos, mas estima-se que deixaram o Brasil na época da ditadura ao redor de dez mil pessoas entre adultos e crianças.   O sonho de voltar   ...”cada um trazia nos olhos e no coração a aspiração de voltar a ser brasileiro, de viver de novo num país democrático e civilizado”.

         Quinze anos após serem exilados, dez entre dez dos anistiados voltaram ao Brasil e continuaram a vida e a articulação política.

         Miguel Arraes foi um dos exilados.   Francisco Julião, que foi o ícone das Ligas Camponesas tinha se exilado no México.

         Leonel Brizola viveu no exílio treze anos no Uruguai.

         No governo do socialista Salvador Allende no Chile, muitos dos nossos exilados lá se concentraram.  Depois veio a ditadura do General Pinochet e os exilados tiveram que ir para outros países.

         O sociólogo Betinho, do Fome Zero, também foi exilado.

         Por pressão popular e articulação da sociedade civil organizada junto com os políticos de oposição, em 1979 por lei, acabou o bi partidarismo.

         Nessa leva, Brizola que era muito destacado no Brasil e no exterior, iria retomar o PTB de Vargas.   Numa manobra do General Golbery do Couto e Silva, a sigla foi articulada para ser “recriada” pela ex deputada Ivete Vargas, sobrinha neta de Getúlio Vargas.   Restou a Brizola criar o PDT Partido Democrata Trabalhista.

         Capítulo 15 -  Lula junta operários, políticos, intelectuais e ativistas de esquerda, cria o PT e, dois meses depois é levado à prisão.

         Ato da repressão aos sindicalistas.

 

 

         Continua no capítulo 23/27

salve e divulgue o link do blog e eu agradeço antecipadamente.




terça-feira, 10 de maio de 2022

CAP. 21/27 - fichamento do livro - LULA - BIOGRAFIA - Volume 1 - Autor: Jornalista FERNANDO MORAIS

CAP. 21/27     - fichamento pelo leitor Eng.Agr. Orlando

 

         Lula ao visitar o Congresso - Na época eram 430 congressistas, sendo 66 senadores e 364 deputados federais.   Entre todos, Lula percebeu que só havia dois trabalhadores, ambos de São Paulo.

         Antes disso, Lula dizia que não gostava de política “e nem gosto de quem gosta de política”.    E isso valia para todo mundo que não era trabalhador.

         Um bordão de Lula que corria na região e na área sindical – “Lugar de estudante é na escola, de padre na igreja .  E se alguém quiser criar um partido de trabalhadores, tem que usar macacão”.

         Houve euforia inclusive nas universidades quando se soube que Lula começou a  flertar com a política convencional.   Na época que ele admitia fundar um partido, no meio estudantil era comum haver estudantes da linha comunista trotskista.

         Lula se recorda que naquela época ele tinha o apoio quase unânime da grande imprensa.   Isto na fase que ele dizia que não gostava de política.   Acrescentavam:  “Finalmente alguém que não está ligado ao Partido Comunista!”.    

         Década de 70, efervescência no Brasil.   “Naquele ano não passou uma semana sem greve”.   “Patrão gritava, peão parava”.

         Até 1974, pela violência da repressão, fazer greve era praticamente proibido.  Lider grevista seria preso e torturado.    “Os mais otimistas diziam que a punição mínima para grevista era o xadrez”.

         O tom da coisa só foi mudando de 1978 em diante, quando os sindicatos tinham mais espaço para atuação.     Era agora o tempo do chamado “novo sindicalismo”.   O movimento estava nascendo no chão da fábrica, não dentro dos sindicatos”.   Vinha da base.    Os diretores dos sindicatos percorrendo as fábricas e na hora do almoço (1 h ou 1,5 h) faziam mini assembleias rápidas nos locais de trabalho.

         Lula lembra de ter liderado seu primeiro piquete  na frente de fábrica no ano de 1978 em Diadema-SP.    “Desde 1975 se multiplicavam pelo Brasil os comitês de defesa da anistia”.   Era o povo se movimentando contra a ditadura militar.   Comitê pela anistia – criado pela Assistente Social Terezinha Zerbini, casada com o General Euriale de Jesus Zerbini, cassado pelo golpe militar de 1964.

         Em 1978 o CBA Comitê Brasileiro pela Anistia presidido pelo jovem advogado Luiz Eduardo Greenhalgh.    O CBA atuava em várias frentes, inclusive encaminhando ao exílio, pessoas ameaçadas de prisão pela ditadura.  O CBA, para a ira de Geisel, chegou a ter uma madrinha informal, a primeira-dama americana, Rosalynn Carter, esposa de Jimmy Carter.

         Numa fase dura da repressão em 1968, os metalúrgicos da Cobrasma (fábrica de materiais ferroviários) de Osasco-SP fizeram greve.   A PM reprimiu com violência a greve e prendeu quatrocentos grevistas.

         (no livro há vários registros com fotos de eventos como esse).

         “Em 1978 Lula se ofereceu espontaneamente para fazer no ABC a campanha de FHC Fernando Henrique Cardoso para senador.  Menos de duas décadas depois, ambos se enfrentaram como candidatos à presidência da república, ganha então por FHC.

         Um desafio a mais para os militares.   Em 1978, haveria eleições para governadores, senadores, deputados federais e estaduais.   Os governadores eram eleitos de forma indireta, pelo colegiado dos deputados estaduais.   Dos senadores, cada 3 eleitos, um era por indicação do General presidente.  Estes indicados eram chamados de senadores “biônicos”.    Isto porque no voto o povo estava votando mais na oposição – o MDB era o partido único autorizado da oposição contra a ARENA que era atrelada aos militares.

         Regra do Pacote de Abril de 1977 editada por Geisel, depois de duas sovas do partido governista nas eleições de 1974 e 1976.

         Na ditadura militar, Fernando Henrique Cardoso era professor da USP e foi perseguido e se exilou na França.   Lá, foi Professor na Universidade de Sorbonne.    No passado, FHC foi um dos fundadores do CEBRAP que era um grupo de estudos.    Na eleição de 1978 em São Paulo a oposição ganhou de lavada para deputado federal e estadual.

        

 

         Continua no capítulo 22/27 

segunda-feira, 9 de maio de 2022

CAP. 20/27 - fichamento - livro - LULA - BIOGRAFIA - Volume 1 - Autor: Jornalista FERNANDO MORAIS - edição 2021

 CAP. 20/27

 

         Em 1976 numa operação da repressão na Lapa, bairro de SP, mataram três integrantes do PCdoB, um deles, Pedro Pomar.  

         Capítulo 13 -   Após passar anos excomungando a classe política, Lula começa a preparar o caminho para criar o PT.

         Lula conseguiu depois  de muita negociação com o TST Tribunal Superior do Trabalho, o direito dos sindicatos poderem representar diretamente seus filiados.   Até então, cada sindicato passava um mandato para a Federação e esta negociava, nem sempre dentro do que pretendia cada sindicato.   Nesse acordo, as Federações só passaram a negociar em nome de empregados não filiados a sindicatos.    Isto deu muita força aos sindicatos.

         Lula com suas ações inovadoras passou a fazer mudanças nas comemorações do Dia do Trabalho inclusive.   “Em vez de celebrar o 1º de Maio com quermesses e atividades recreativas, iniciou as comemorações um mês antes, com sessões de cinema, teatro, tudo seguido de debates e discussões sobre a temática exibida”.

         Geisel, vindo a São Paulo para inaugurar uma fábrica de tratores da Ford.     Em São Paulo, o presidente anunciou que estava retirando o censor da Revista Veja, a última da grande imprensa que ainda era mantida com censor direto.   Restaram com censores três tabloides “nanicos”:  O Pasquim, o Movimento e o Opinião.

         Na eleição de 1974, o povo já furioso com os dez anos de ditadura, não podendo votar para governador (que era indicado pelos generais presidentes), votou em peso na oposição para o Congresso.    Votos no MDB que era oposição à ARENA (governista)  Aliança Renovadora Nacional.   Das 22 vagas para o senado, a oposição conquistou 16 cadeiras.

         Crise do petróleo.   O cartel da OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo (maioria por países árabes), criado em 1973, fez o preço do barril do petróleo saltar de dez dólares em 1973 para 110 dólares em 1979.   A economia do Brasil e do mundo levou um baque.   Para tentar amenizar o problema da energia, o governo brasileiro criou o Proalcool para ter combustível nacional em maior quantidade.    Investiu bilhões de dólares para construção da Hidrelétrica de Itaipu para reforço no abastecimento de energia.   Investiu na Usina Nuclear de Angra dos Reis, para a qual houve uma batalha comercial e diplomática entre a americana Westinghouse e a alemã Siemens KWU, vencendo a alemã.   Montante da obra:  8,4 bilhões de dólares.

         Geisel e o apoio para a Villares fabricar também locomotivas.  O empresário para entrar nessa atividade, precisava de empréstimos e de pedidos de locomotivas e o governo prometeu ambos e cumpriu apenas em parte, dando um verdadeiro tombo no empresário que construiu em Araraquara-SP uma nova fábrica para tal e que depois não chegou ao que foi planejado por falta de recursos financeiros e de pedidos de locomotivas.

         O fresador metalúrgico Pedro Okamoto, ficou surpreso um dia de madrugada na porta da fábrica onde trabalhava.  Viu Lula, já bastante popular e presidente do sindicato, ajudando a panfletar na madrugada.  Okamoto falou a um amigo, admirado:  - Puta merda, esse cara não é o Lula, presidente do sindicato?   - Parece que sim, acho que é ele mesmo.

         Okamoto foi puxar prosa com o Lula e ficaram amigos de muitos projetos e batalhas sindicais e partidárias.    

         Nos tempos passados, os sindicatos distribuíam panfletos que não eram atrativos no conteúdo e na forma aos sindicalizados.   Já no tempo de Lula, os materiais eram mais bem elaborados, inclusive com uso de quadrinhos e eram lidos e compreendidos pelos operários.

           O cartunista mineiro Henfil era um dos que desenhavam nos materiais dos folhetos.    Henfil – Henrique de Souza Filho, irmão do Sociólogo Betinho que foi idealizador do Programa Fome Zero.

         Okamoto ao longo dos anos passou a ser parceiro de Lula em várias iniciativas como o PT, a CUT Central Única dos Trabalhadores, no Instituto Lula.

         No governo Geisel o povo já estava fomentando o movimento por eleições diretas e pela “anistia ampla, geral e irrestrita”.

         Lula no Senado em Brasilia para audiência com o presidente da casa, o senador governista Petrônio Portela (da Arena).  Lula pelo gabinete com um paletó sempre no ombro.  Depois do evento, se reuniu com um grupo de pessoas num restaurante e um repórter da Veja questionou o caso do paletó.  Lula disse que não usava paletó e nem tinha um.   Ao saber da audiência no Senado, emprestou um paletó e levou.   Na hora h, o paletó não servia e o jeito foi andar com o tal pendurado no ombro.   

         Na época eram 430 congressistas, sendo 66 senadores e 364 deputados federais.   Entre todos, Lula percebeu que só havia dois trabalhadores, ambos de São Paulo.

 

 

                   Continua no capítulo 21/27       

Se puder, ajude a divulgar o blog e sua temática.     Um dos meios é o QR Code do blog.   




domingo, 8 de maio de 2022

CAP. 19/27 - fichamento do livro - LULA - BIOGRAFIA - Volume 1 - Escritor: Jornalista FERNANDO MORAIS - edição 2021

 CAP. 19/27 

 

         O PCB, o Partidão, “era contra toda forma de luta armada, fosse urbana ou rural”.    A ditadura por esse tempo matou o jornalista Vladimir Herzog e o operário Manoel Fiel Filho.

         Lula que estava no evento sindical em Tóquio, teve que abandonar o evento no meio e retornar ao Brasil para tentar acudir o irmão, frei Chico que foi preso pela repressão militar e estava sendo torturado na prisão.    Foi torturado no DOI CODI no número 921 da Rua Tutoia no Bairro Paraiso em São Paulo, local que ficou famoso pela crueldade da tortura.

         Torturaram frei Chico e outros presos por acusação de subversão.   Usavam choques e muito mais.   (detalhes na página 277 do livro)

         Lula foi procurar o irmão dele no DOPS.   Mais tarde, afirmou:   “Naquele tempo, ir ao DOPS atrás de um preso político, ou era advogado ou era doido.   Eu não era nenhum dos dois”.

         Frei Chico ficou duas semanas levando choques e demais formas de tortura e interrogatório.     Naqueles dias prenderam o jornalista Vladimir Herzog, diretor da TV Cultura de SP.  Foi preso e torturado e depois foi assassinado na prisão.   Simularam que o preso se enforcou com o próprio cinto na cela.

         Repressão pesada pelo governo militar.  Nesse período o Ministro do Exército era o general Silvio Frota, um linha dura.

         No evento do assassinato do jornalista, as alas mais radicais dos militares estavam divididas com aquela ala pouco mais branda.    A circunstância da morte do jornalista causou grande comoção na Nação.

         Herzog era jornalista e foi indicado para diretor da TV Cultura “pelo insuspeito secretário da cultura do estado de SP, o bibliófilo e abastado industrial José Mindlin.   (Herzog e Mindlin eram judeus).

         O crime mexeu com a comunidade judaica paulista.   Houve celebração ecumênica na Praça da Sé por Dom Paulo Evaristo Arns, pelo Rabino Henry Sobel e pelo Pastor Presbiteriano Jaime Wright.   Os militares dificultaram o acesso ao evento, mas mesmo assim teve ao redor de dez mil pessoas na Catedral da sé e entorno.

         Era tempo de governo do presidente general Ernesto Geisel que desaprovou esse exagero de assassinarem o jornalista.   Pegou mal para a ditadura militar.    Geisel deu uma ordem contundente, mantendo o governador como testemunha.   Que ninguém mais fosse preso por questões políticas sem antes ter o ciente de auxiliar do presidente ou do próprio presidente.

         Depois disso, contra a ordem de Geisel, os militares invadiram a indústria Metal Arte e de lá levaram o operário alagoano Manoel Fiel Filho, 49 anos, suspeito de ser comunista.   Ele foi pego distribuindo o jornal clandestino do PCB.  Jornal chamado Voz Operária.   Foi torturado e assassinado no DOI CODI.    Deu forte repercussão negativa para o governo.

         Os militares registraram que o operário se suicidou se enforcando com as próprias meias.     E testemunhas presas disseram que o operário foi preso calçando havaianas, portanto, sem meias.

         Após esse assassinato Geisel substituiu imediatamente o Comandante do II Exército (com sede em SP), sob cuja jurisdição estava o mais cruel aparato de repressão.    Depois disso não houve mais assassinatos de presos políticos na temporada.    Geisel passou a ser visto como um general brando na ditadura, porém  documentos dos arquivos da CIA (dos USA), acessados por pesquisador brasileiro em 2018 captou declaração de Geisel ao general Figueiredo no tempo da repressão.   “A política deve continuar, mas deve-se tomar muito cuidado para assegurar que apenas subversivos perigosos fossem executados”.  (o documento é de 1974 e revelado em 2018)

         Essa revelação documental mudou a biografia de Geisel para bem pior.

 

                   Continua no capítulo 20/27

 

sábado, 7 de maio de 2022

CAP. 18/27 - Fichamento - livro - LULA - BIOGRAFIA - Volume 1 - Autor: Jornalista FERNANDO MORAIS - edição 2021

 Cap. 18/20

 

         Na época o governo e o patronato ficavam desacreditando os dados do DIEESE e o Banco Mundial fez uma pesquisa e a conclusão que os dados do governo eram marretados e os do DIESSE estavam corretos.    Nessa época o diretor técnico do Dieese era o economista Walter Barelli que dirigia uma equipe com vários outros economistas.    Descobriram examinando dados do governo federal que os dados oficiais eram distorcidos.     Era tempo em que os sindicatos lutavam ao menos para obter as reposições das perdas causadas pela inflação.

         Nessa época, incluindo parte dos anos 70, Lula comandava o sindicato dos metalúrgicos do ABC e o Joaquinzão do sindicato dos metalúrgicos de SP usavam estratégias diferentes.   Lula e sua entidade buscavam repor as perdas no embate direto na mesa de negociação com os patrões.   Joaquinzão usava a estratégia de entrar sempre na justiça e esta decidia o índice a ser aplicado.     Joaquinzão foi presidente do sindicato de SP por 21 anos.

         Os Cursilhos da Cristandade surgiram na Espanha nos anos 40.   Estavam bem presentes no Brasil dos anos 70 e Lula, viúvo recente, por breve tempo foi engajado por colega de diretoria do sindicato e fez cursilho.  Andava rezando com alguma frequência ou mesmo esboçando o cantarolar de algum hino em voz bem baixa vez por outra.

         O irmão dele, frei Chico, um dia chamou a atenção dele dizendo que via o risco de fanatismo.    Logo Lula se desiludiu do grupo de cursilho porque descobriu que os palestrantes e lideranças do mesmo pregavam uma coisa e andavam praticando coisas que não eram compatíveis com a fé cristã.

         Depois Lula passou por uma fase de namorador.   Chegou a ter quatro namoradas fixas ao mesmo tempo.    Conheceu dona Marisa, inspetora de alunos, aos 23 anos de idade, também viúva.  Ela era loira, descendente de italianos.   Marisa Letícia Rocco Casa.    Ela estava no quarto mês da gravidez quando perdeu o marido.     

         Paralelamente, Lula namorando com a enfermeira Mirian com quem acabou tendo uma filha, a Lurian, nome que contém parte dos nomes dos pais.      Mirian que numa campanha para presidente foi apresentada pelos opositores como alguém que na ocasião da gravidez dela, teria sido por ele estimulada a abortar, coisa que não era verdadeira.

         Lula se casou com Marisa e compraram uma casinha popular para morar.   Casa de 33 m2.

         Capítulo 12 – Em sua primeira viagem ao exterior, Lula deixa Toquio às pressas e volta ao Brasil:  seu irmão (frei Chico) estava sendo torturado no DOI-CODI.

         Por essa época, chapa para eleição do sindicato.  Vidal era já detentor de dois mandatos como presidente e Lula tinha sido suplente num mandato.  Vidal era metalúrgico em uma empresa de Mauá-SP e esta era fora da base do sindicato e teria problema para tentar nova presidência.   Lula passou a ser o candidato a presidente pelo desempenho mesmo sendo suplente até então.   Na base do sindicato, 100.000 metalúrgicos.   Posse de Lula e equipe com grande número de convidados, inclusive contando com a presença do Governador de SP, Paulo Egídio.   Ao redor de 10.000 convidados presentes.

         No discurso de posse, Lula ainda tímido, tremeu muito e outra pessoa segurou o microfone na fala dele.     Ele leu o discurso de posse, escrito por ele com antecedência.   Confirma que foi seu único discurso escrito.  Os demais, todos de improviso.

         O governador de SP, nomeado pelo General presidente, foi depois questionado por ir a um evento do operariado.    E o governador justificou:  Fui porque o Lula não é comunista e derrotou os comunistas na base dele.

         Lula presidia o sindicato mas Vidal, agora secretário, tentava ocupar o espaço destinado ao presidente.    Lula percebeu que os dirigentes sindicais costumavam ficar encastelados no escritório do sindicato e quase não visitavam os operários da base nas fábricas.   Buscou mudar isso e passou a frequentar os locais onde estavam os metalúrgicos.  Ouvir a base.

         Em 1975 Lula e mais dois sindicalistas foram ao Japão a convite da Toyota e da Nissan.   Aqui no Brasil a ditadura já tinha caçado literalmente os “subversivos” que enfrentavam o regime.

 

                   Continua no capítulo 19/20     (estendido para 27 capítulos devido à quantidade de informações contidas no trecho)

 

sexta-feira, 6 de maio de 2022

CAP. 17/20 - fichamento - livro - LULA - BIOGRAFIA - Volume 1 - Autor: Jornalista FERNANDO MORAIS - Edição 2021

 

CAP.17/20

                  

         Lula era um entusiasta dos cursos profissionalizantes e ajudava a estimular os sindicalizados a estudarem.    O sindicato passou a  estimular cursos e palestras inclusive sobre formação política, noções básicas de economia e mesmo cursos supletivos para acelerar os estudos dos metalúrgicos.

         No começo Lula era mais articulador e negociador e não era forte em oratória.   Esta foi lapidada com o tempo.   Ele aos 23 de idade – “Eu era inibido que, quando citavam meu nome numa assembleia, eu já ficava vermelho”.

         Tudo andava correndo muito bem ao casal Lula.   O casal trabalhava e a gravidez dela transcorreu tranquila mesmo com ela trabalhando.   No parto, a esposa de Lula perdeu o bebê e ela também veio a falecer.

         Foi muito doloroso para ele essa verdadeira tragédia familiar.   Ficou à beira de uma depressão e voltou a morar na casa da mãe para reequilibrar emocionalmente a vida.

         Passado certo tempo, foi voltando às partidas de futebol, encontro com os amigos e a vida foi retornando ao eixo.   O time amador do qual fazia parte era o Nautico Capibaribe, um nome pernambucano.

         A viuvez acabou empurrando ele ainda mais para o dia a dia do sindicato.   Numa eleição sindical, pela participação ativa dele, se tornou candidato natural ao cargo de primeiro secretário, o cargo só abaixo do presidente.   Isso no curso de três anos.   Saiu de suplente e saltou para primeiro secretário.

         Ele no cargo efetivo no sindicato passou a ser liberado do emprego em tempo integral e dava expediente no sindicato representando sua base.

         Tinha dois bons advogados como assessores e um jornalista.   Como secretário, o cargo era como um prefeito na entidade e todos os processos passam pela sua mão.   Questões de demissão, acordos, questões previdenciárias e outras.

         Lula, inovando dentro do “novo sindicalismo”, começou a viajar pelo Brasil e tabular contatos com outros sindicatos.   A imprensa chamava essa nova postura de novo sindicalismo.

         Integrantes do PCB Partido Comunista Brasileiro (o Partidão) tocava o jornal Tribuna Metalúrgica com jornalista experiente.  Driblavam as amarras da ditadura e “colocaram trabalhadores cara a cara com os patrões”.  A cartunista Laerte ilustrava o citado jornal e o personagem “João Ferrador”, um boneco de boné e macacão.    Personagem criado por Felix Nunes e desenhado pela Laerte que então era um jovem de vinte anos, ligado ao PCB.  Bem mais adiante, Laerte assumiu nova identidade e é a Laerte que continua como destaque como cartunista até a atualidade.

         O bonequinho João Ferrador se tornou um símbolo das campanhas de mobilização dos metalúrgicos.

         Nos anos 70 o DIEESE, fundado por sindicalistas em 1955, já era bem estruturado.  Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos.    Tem equipe técnica especializada e levanta dados e produz índices vários sobre a economia e salários.     Fornece parâmetros para os sindicatos usarem como referência para as negociações.

         Consta que o PCB é o partido político mais antigo do Brasil.   No passado mais remoto, foi comandado por Luiz Carlos Prestes.

         “Lula não queria saber de conversa com o PCB nem com nenhuma outra organização clandestina”.  

         O foco de Lula era salário dos trabalhadores.   O foco dos sindicalistas  era manter ou melhorar o poder de compra dos operários.

         No passado, os índices de inflação e outros eram medidos só pelo governo.   Não eram dados confiáveis.    No começo do governo JK Juscelino (anos 50), os sindicatos se articularam e criaram em 1955 o DIEESE.   Buscavam ter dados confiáveis para medir perdas salariais e embasar suas reivindicações.

         No período da ditadura militar (1964/1985), os generais presidentes vinham tocando a economia sem maiores sobressaltos até que em 1973, ocorreu a Guerra do Yom Kippur entre Israel e árabes e os USA entraram em apoio a Israel.   Numa marcante ação de represália, os países árabes (grandes produtores e exportadores de petróleo) formaram um cartel chamado OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo.   Nessa, reduziram a produção e elevaram os preços em até 400%.    Abalou a economia do mundo em graus relativos à dependência do insumo em cada país.   Foi um baque enorme para o Brasil.

         Em 1973, no Brasil, a inflação pela alta do combustível medida pelo governo foi de 15,7% ao ano.   Já a inflação no mesmo período medida pelo DIEESE, foi de 37,8% ao ano.   Os sindicatos lutam para repor essas perdas pelo índice do DIEESE.

        

         Continua no capítulo 18/20