Cap.03/20
O rajá, em reservado, fala de um dote generoso à família de
Anita. E diz que tem quatro esposas e
filhos grandes e isso é por tradição e não lhes deixa faltar nada. E que moraria num castelo com Anita, os
dois, no modo de um casal ocidental.
“Expliquem tudo à Anita e se ela aceitar a situação, farei
todo o possível para fazê-la feliz”.
Um amigo da família de Anita, escritor, investigou a vida do
rajá e recomendou o casamento.
Voltando ao caso do casamento real da Espanha, que ocorreu
num dia 31 de maio e por casualidade eu estava lendo essa passagem num dia
31-05.
Em Madri, a comitiva do casamento passando perto da Porta do
Sol e do Hotel Paris. Alguém jogou de
uma sacada, um buquê de flores com uma bomba escondida para acertar a carruagem
dos noivos. A bomba enroscou num fio
da rede elétrica e caiu no meio da comitiva, mas não na carruagem do rei. Resultou em vinte e três mortos e muitos
feridos.
O catalão Mateo Morral foi o autor do atentado. Se suicidou depois do atentado. Era filho de um industrial do setor têxtil e
era anarquista. O atentado acabou com
as cerimônias festivas do casamento real.
No outro dia o rajá foi embora, já que veio para esse evento com nobre
convidado.
Na Índia, já Anita no hotel. Seis da manhã, o chá da manhã, no costume
britânico divulgado na colônia. Depois,
mais tarde, o café da manhã completo do hotel.
Ela aprendeu a tomar chá com um pouquinho de leite e um torrãozinho de
açúcar.
Ela aos 17 de idade e o rajá com 35. Ela mal sabia ler e escrever. O dote foi de cem mil francos, o que era uma
fortuna em 1907.
O grupo de intelectuais que frequentava o Café no qual Anita
dançava conspirava para ela aceitar o dote e o casamento. Só o apaixonado pintor Anselmo, ficava
distante disso, pois amava Anita.
O casamento para a mãe de Anita: “Era melhor partido que o pintorzinho que
vira e mexe rondava sua filha como uma mosca”.
Dom Angel, pai dela, foi ficando cercado em sua posição
relutante ao casamento.
A mãe tentou, analfabeta funcional que era, mesmo mal
sabendo escrever, rabiscar uma carta ao rajá.
Os intelectuais viram a carta e de tão mal escrita, eles às escondidas
fizeram a versão deles e “assinaram” com o nome de Anita. Postaram a carta ao rajá.
Capítulo 8 - Cidade
de Bombaim, Índia, novembro de 1907
Anita na Estação ferroviária local. Um prédio monumental. Na estação, gente para todo lado e os
prestadores de serviço, inclusive os limpadores de orelhas das pessoas.
Há vagões para vários tipos de passageiros. Os de menor classe, levam gente até com
galinhas ou cabritos no colo. E pode
haver homens viajando sobre o teto do trem por não pagar passagem.
Na chegada à estação na qual desembarca, o cumprimento dos
criados à futura rainha. Os criados se
prostram, colocam uma mão no pé da Anita e depois colocam a mão na própria
testa.
Sol. Os indianos
chamam-no de Surya e o veneram como a um deus.
A viagem de trem durou dois dias.
O emissário do rajá tinha antes transferido a família de
Anita para morar em Paris.
No trem já mais ao norte da Índia. Plantações de mostarda com flores
amarelas. Agricultores com seus búfalos
puxando instrumentos agrícolas.
Paris – perto das joalherias como a Chaumet ou Cartier. No hotel em Paris, ele chega e fala com
Anita em espanhol fluente. Fala uma
frase que decorou especificamente para a ocasião. Era um poliglota, mas não dominava o idioma
espanhol.
Providenciou cabeleireira e costureira para Anita. Queria que ela aprendesse francês, inglês,
equitação, tênis, piano, desenho e bilhar.
Isso na França, antes de embarcar para a Índia.
A família de Anita, frente ao garçom e ao rajá, bebeu a água
morna que era para lavarem as mãos antes da refeição...
O rajá resolveu separar Anita e sua governanta para que a
noiva tomasse aulas também de etiqueta e aprender mais rápido o francês.
Capítulo 9
Em 1907 a Índia ainda era colônia britânica, mas tinha parte
do seu território sob domínio britânico e uma área de um terço do país era
comandado por 562 estados independentes.
Já a parte sob domínio britânico se compunha de 14 províncias. Na parte independente, os rajás
administravam seus estados mas sempre tutelados pelos ingleses.
Rajá, palavra proveniente do idioma Sânscrito e tem dois
significados ao mesmo tempo. É o que
governa e o que tem que agradar.
Em sânscrito, Maha, significa grande. Assim, um Maharaja é literalmente um grande
rajá.
Continua no capítulo 04/20