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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Fichamento - 5/6 - livro de contos DALTON TREVISAN - ANTOLOGIA PESSOAL (ED. 2023)

capítulo 5/6                leitura em janeiro de 2024

 

         Outro conto – Iniciação.

         Ela reclamando do trabalho com o bebê.  O machão diz:   “- Ah! É? Por que não pensou antes?   Bem que disse:  comece com um vasinho de violeta.  Uma coleção de bichos de vidro.  Depois um peixinho vermelho no aquário.  Em seguida um gatinho branco.  Filho? Só no fim da iniciação.

         Outro conto – Tiau, Topinho         (página 307) 

         Uma comovente crônica entre a pessoa e seu cão de estimação que morreu já bem idoso e doente.    “Esperar não pode a festa de cada encontro.  Em tantos anos nunca o vi sem lhe fazer um agrado.  Ele  nunca me viu que não gemesse de amor”.  

         “Jamais o vi sem me por de joelho.  Nunca ele me viu sem sacudir o rabinho”.    ... “Aonde eu fosse, lá ia o meu rabinho atrás”.

         “Com ele em casa, nunca estava só.   Até na morte súbita, nele poderia confiar, me lambesse a mão e aliviasse a dor”.

         Após a morte do cão, o lado durão...    “Esquecido no varal me acena o velho cobertor cinza.   Agora sei, não sou durão”.     (choro).

         Outro conto -   Balada das mocinhas no Passeio Público

         Sobre as prostitutas que atuavam no local.     ...”Elas serão as sobreviventes à sétima trombeta do juízo final, ao dragão e à besta do apocalipse.    No dia seguinte ao Armagedom restarão a Terra, as baratas e elas.

         Outro conto -  Balada dos Mocinhos no Passeio Público

         Outro comovente conto sobre a vivência e luta pela sobrevivência dos garotos de programa no local.    Interessantes reflexões.

         Outro conto – Sapato branco bico fino

         Um conto um pouco mais longo narrando na ficção a trajetória de um rapaz que teve problema de perda na família na infância e foi criado jogado pelo mundo.   Usa até a malandragem para sobreviver na selva de pedra que é a cidade grande.

         Outro conto – A louca

         ...”Arranhe um machão e você acha uma boneca lá dentro.   Por que não deixam o cabelo crescer, botam um brinco, um batom e vão rodar bolsinha?”

         Continua no capítulo 6/6 (final) 

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Fichamento - cap. 4/6 - Livro de contos DALTON TREVISAN - ANTOLOGIA PESSOAL (2023)

capítulo 4/6

        

         Outro conto – Que fim levou o Vampiro de Curitiba?

         Moela, coração e sambiquira (parte com costelas e pouca carne)

         Como a nora trata o sogro viúvo.    “Naquele dia da minha ruina, empurrou o prato como quem dá a um cego na porta.  Pedacinho mais duro da carne magra.”

         “Ainda esperamos... encontrar e essa dona pedindo esmola na escadaria da igreja”.

         “Irmão eu me fiz do cachorro sarnento que lambe a própria ferida”.

... “Todas as noites do velho são dores, eis que vem o fim”.

         Os velhinhos   -    Os velhinhos num asilo.  Comida controlada.   “Dois compram um bolo em sociedade, para evitar briga, um corta e outro escolhe a parte”.

         “Nunca a visita de parente, jamais uma simples carta, embora sempre escrevendo para os amigos”.

         Quando um vai ao banheiro os outros criticam -   “- Aposto que não puxa a descarga.   Não tem pontaria, o porco.   Vai molhar a tampa”.

         Outro conto – Roupinha de marinheiro

         “O defunto sendo velado.    “O sol em cheio no caixão roxo de enfeite prateado – o sapato de verniz, sola preta imaculada para andar no céu”.

         O defunto...  “boquinha torta para a esquerda – de tomar um café com leite na réstia de sol”.

         “Ao lado do caixão a tia espanta as moscas e enxuga uma lágrima fingida”.

         O defunto foi noivo e se suicidou.       ...”Nunca mais ouvir a curruíra debaixo da janela?”.

         Outro conto -  O quarto de espelhos

         O rapaz larápio e beberrão.  Tiro no ouvido.  Internado e não morreu.   Quer beber bebida alcoólica no hospital.  O médico o repreende.   Depois o médico desabafa.    “Esses moços não sabem se matar.  Um tiro no ouvido é o mais difícil.  Tem que voltar o cano para cima”.     “Tiro no ouvido, reto, sai pela bochecha do outro lado do rosto.  Deixa meio surdo e de boca torta.”

         Outro conto – Essa maldita senhora

         A esposa reclamando que o marido era muito ganancioso e não desfrutava a vida.  Ele nem ligava para os conselhos dela.    “Pote de merda viva o coração do homem”.

         Ele, casado e pai de família não trata bem a esposa.  Ela arruma uma companheira.   Ele fica arrasado.  Tudo na casa dele.   “Da paixão pela senhora e ódio por mim”.    “Odeie se quiser.  Só não me abandone”.

         “A baixinha de óculos escuros.   Não tira nem dentro de casa.   Para esconder as olheiras.   O mais triste é que parece feliz, até mais bonita”.

         “As duas brincando na espuma da banheira”.   “Como não posso fumar?”.

         Outro conto – Meu pai, meu pai

         O filho pequeno pergunta para a mãe.   “Por que o pai tinha que beber?”

         “Bêbado, incapaz de recolher o carro na garagem”.    “Quanto mais ela brigava, mais ele bebia...”

         Levado por dois irmãos, ele foi internado num hospício para largar de beber.  Ele ficou revoltado ao extremo com a esposa.

         “Um dia voltou e passou dez anos sem beber.   Já de casa nova, empregado como viajante, num dia de aniversário do filho, bebeu uma dose de uísque.   A esposa repreendeu e daí ele tomou todas.

         Mais adiante, o filho chegando em casa embriagado.   “A mãe na porta, ora dragão flamejante, ora São Jorge trespassando o dragão”.

         Discussões em família.    ...”o olhar de censura do próprio Cristo na Santa Ceia na cabeceira”.

         O pai morreu de um ataque fulminante.   “Ao ve-lo em sossego no caixão, o filho reconheceu como eram parecidos.   O mesmo pavor pelo dentista.   A mesma graça que divertia os parceiros de bar.  Só que ele tinha todas as desculpas e o velho, nenhuma”.

                   Continua no capítulo 5/6 

sábado, 3 de fevereiro de 2024

Fichamento 3/6 - do livro de contos DALTON TREVISAN- ANTOLOGIA PESSOAL ( 2023)

3/6
O morto na sala - O caixeiro viajante vinha pouco para casa. Desta vez veio para morrer. Antes... “envergou o pijama listado, arrastava-se lamuriento de um cômodo a outro”. Insistia em achar que a filha não era dele. Ela já mocinha e namorava em casa. Ele doente, foi até o quarto dela, um dia, e a queimou por querer, com o cigarro. Tentou beija-la à força.
A filha pegou enorme ódio e rezava para ele morrer. No velório dele em casa “A menina examinou a pálpebra, o bigode, a boca. Ergueu-lhe a manga... encostou o cigarro na mão do pai. Queimou-o bem devagar.
De-va-ga-ri-nho”.
Outro conto – O Vampiro de Curitiba
“Ai, me dá vontade de morrer. Veja, a boquinha dela está pedindo beijo...”
“Por que Deus fez da mulher o suspiro do moço e o sumidouro do velho?”. ....”aqui diante dela, pode ser que se encante com meu bigodinho”.
A garota ignorou o Vampiro... “Não sabe o que é gemer de amor”.
“Se não quer, por que exibe as graças em vez de esconder?”
“Ninguém diga que sou taradinho. No fundo de cada filho de família dorme um vampiro”.
“Elas fizeram o que eu sou – oco de pau podre, onde floresce aranha, cobra, escorpião”. ...” gênio do espelho, existe em Curitiba alguém mais aflito do que eu?” ...”toda família tem uma virgem abrasada...”
“Na janela ... lá envelhece, cotovelo na almofada, a solteirona na sua tina de formol”.
“...Não sou bonito mas sou simpático, isso não vale nada?” ...”Em troca da última fêmea, pulo o braseiro – os pés na carne viva”.
Outro conto – Em busca da Curitiba perdida
“Curitiba que não tem pinheiros, esta Curitiba eu viajo. “Curitiba, não a da Academia Paranaense de Letras com seus trezentos milhões de imortais...” ....”essa Curitiba medrosa não é a que viajo. Eu sou da outra...”
“Curitiba da Ponte Preta da estação, a única ponte da cidade sem rio por baixo, esta Curitiba eu viajo”.
Outro conto - Dois velhinhos
Ambos num asilo. Um consegue olhar na janela e outro não. Um conta para o outro o que viu no dia pela janela. (segue a crônica que é bem curta mas muito expressiva e puxa pela reflexão sobre a vida).
Outro conto – A arte da solidão
O marido já velho, paquerador, chega tarde da noite em casa. A mulher na cama lendo revista. Nem se conversam. Ele vai à cozinha. “Deita um jarro de água no filtro e bebe meio copo, que enxuga no pano e põe de volta no armário”.
Outro conto - A batalha e os bilhetes
Marido e mulher já idosos se desentendendo. Trocando bilhetes em casa. Ele recusa o almoço sem nada dizer e sai comer fora. Ela deixa a ele um bilhete. “Não seja bobo, João. Dois velhos, um deve acudir o outro”.
Outro conto - Sôbolos rios da Babilônia
...”a maldita curruira nanica?”
A filha noiva que vivia com a mãe e o padrasto que a criou como filha.
No convite de casamento, o nome do padrasto no lugar do nome do pai biológico. A filha um dia se encontrando com o pai para lhe entregar o convite de casamento. Tenta justificar. “Para a sociedade o meu pai é ele”.
A mãe sempre acusava o ex marido de “pai de domingo”. “Muito cômodo ser pai uma vez por semana: levar a filha a passeio, nunca assisti-la em noite escura de aflição. Empanturra-la de sorvete, bala, algodão doce. Esquece-la na porta de casa, vestidinho sujo e dor de barriga.”
O pai constrangido. “Até que deu com o olhar da filha – a mesma censura da mãe”. ...”pior de tudo, a solidão, a infinita solidão do vampiro, a estaca enterrada no peito.” Pai e filha se despedem de forma seca. Ele... “não se voltou da esquina para um último aceno. Dois anos e cinco meses que ele não bebia. No primeiro bar pediu um conhaque duplo...”

Continua no capítulo 4/6 (um por dia) 

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Fichamento - 02/6 - livro DALTON TREVISAN - ANTOLOGIA PESSOAL - (CONTISTA CURITIBANO)

capítulo 2/6        (será postado um a cada dia)       fevereiro de 2024

         O do prefácio destaca os livros de Dalton que estão no “roteiro” do personagem Vampiro de Curitiba:   Que fim levou o Vampiro de Curitiba; O Pássaro de cinco asas, ambos de 1974.   Balada do Vampiro, Pão e Sangue, ambos de 1988.   Adeus Vampiro, Rita Ritinha Ritona, ambos de 2005.

         Contos mais resumidos de Dalton:   “Ah, é?” de 1994; Pico na Veia de 2002.

         Retrata mais adiante o empobrecimento do povo.   Uma frase de Dalton que no passado foi inclusive repórter policial:   “O crack abre um inferno a céu aberto”.

         Grandes escritores lidos por Dalton:  Flaubert, Tostoi, Dostoievski,  Tchekhov, Kafka, Katherine Mansfield, T.S. Eliot, Rilke.

         Anos 40...   “Kafka penetrou fundo na visão de mundo do jovem escritor (Dalton, no caso)”.   Ainda sobre a influencia de Kafka em Dalton:  “Porém um traço decisivo, que atravessa toda a prosa de Dalton é o alto teor de negatividade, desumanização e aniquilamento”.

         O escritor Pedro Nava em vários livros retrata a Belo Horizonte em seu lado mundo cão e devasso de sua época.

         Dalton, dentre outros prêmios, recebeu o Prêmio Camões em 2012

         “Cada conto de Dalton é um bazar poético de frases e aforismos. Mil e uma noites de ministórias”.

         Sobre Dalton ter selecionado esta antologia pessoal:   “O Vampiro é extremamente rigoroso.  Quando não gosta:  corta, risca, sangra.   De uma constelação de 700, escolheu só 94contos”.   (para esta Antologia em pauta).

         Aqui se encerra o prefácio e agora vamos ao Autor

         Sobre crianças num internato...   “Domingo a solidão dói mais: a chegada de alguém lembra a visita que nunca virá”.

         ...”elas fazem tudo para que a noite não chegue, a noite maldita das que tem medo”.      ...”xícara de chá e a fatia de polenta frita...   (comem mal)

         “comem terra e, algumas, o ouro do nariz”.

         Em outro conto:       Um condenado à morte:    ...”chupava a sambiquira (costela do frango) e piscava o olho de gozo”.

         Outro conto – Caso de Desquite.  O marido falando com o delegado sobre a separação.   “Para me ver livre, eu deixo tudo para ela, o rancho, o  palmo de terra”.    Sobre a idade...   “Estou com setenta, onze filhos.  Não pareço, não é doutor?”      “Aqui entre nós, ainda sou dado às mulheres”.

         Outro conto – O noivo

         Filho adulto à noite...  “O destino da mulher é esperar pelo marido e, depois do marido, pelos filhos”.    O filho quietão, rumo ao quarto...   “Encontrava a porta, atirava-se na cama vestido e calçado, a fumar um cigarro atrás do outro.   Dormia, esquecido o cigarro na mão...    De manhã tossia, às vezes cuspia sangue”.

         A mãe da noiva de Osvaldo vem com a filha reclamar do noivo.    “Nos olhos vermelhos da moça, uma lágrima parada”.    – Por favor, mãe!...   Após falarem com a mãe de Osvaldo e com ele...   “A moça devolveu a aliança que trazia fora do dedo.    Foi falar, rompeu no choro”.    Mãe e filha devolveram a ele os presentes que tinham ganho dele.

         À noite, Osvaldo voltando da rua cada vez mais tarde e fumando muito.  “No dedo amarelo a aliança de noivo fiel”.

         Ao modo deles, os noivos passam a viver juntos.    “às mães não foi dado entender os filhos, apenas amá-los”.

         Outro conto:  Trajano na prisão.  “Ecos da cidade distante, isolava-os de sua fonte: ouvia o sino, o apito, o zumbido, sem pensar no avião, no trem e na igreja.”

         Continua no capítulo 3/6

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Fichamento - 01/6 - do livro DALTON TREVISAN - ANTOLOGIA PESSOAL - Edição 2023 (contista)

RESENHA DO LIVRO DO DALTON TREVISAN – ANTOLOGIA PESSOAL      janeiro de 2024

 

Capítulo 1/6

         Livro da Editora Record, ano 2023 – 1ª impressão – 450 páginas

         Início da leitura dia 11/01/24

         Ganhei este livro da filha Poliana no Amigo Oculto da família no Natal de 2023.   Ela sabe que dentre minhas leituras, já li muitos livros deste grande autor curitibano e então me deu este lançamento recente.

         O longo prefácio desta obra é de Augusto Massi.  Vamos a prefácio:

         Entre 1959 e 2014 Dalton lançou a média de um livro a cada dois anos.  Estima-se que ele já produziu mais de setecentos contos.  Em 1939, ele aos 14 de idade já publicava crônicas.   “Em 1944 passa a trabalhar como repórter policial e crítico de cinema no Diário do Paraná.”  

         Consta que os antigos índios tinguis tinham esse nome que significaria nariz fino.    Eram aqui da região onde se situa Curitiba.

         O Dalton logo despontou como um militante cultural.   Bancou a criação do jornal Joaquim que combatia o conservadorismo.   Conseguiu projeção nacional.   Angariou adesões com artigos de alto nível como Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, Oswald de Andrade, Vinícius de Morais, Otto Maria Carpeaux, Antonio Cândido.     Livros lançados por Dalton, há alguns ilustrados por Guido Viaro, Poty Lazzarotto, artistas plásticos curitibanos de destaque.

         Dalton, com o passar dos anos, passa a se esquivar...  “não dá entrevista, não vai a congressos, a lançamentos ... mesmo laureado, não comparece às cerimônias de entrega de prêmios literários nacionais e internacionais...”.

         Publicou sob contrato com editoras como a José Olympio, depois pela Civilização Brasileira e depois pela Record.

         Rebelde, andou publicando fora dos contratos, algumas obras na base da rebeldia.

         O único romance dele, A Polaquinha   (eu li essa obra num livro que continha o romance A Polaquinha e o outro, Pão e Sangue).  Obra publicada em 1985

         Cita o livro As 99 corruíras nanicas editado em 2002.

         “Dalton na casa dos 80 de idade... livros Rita Ritinha Ritão (2005); livro Macho não ganha flor  (2006); O maníaco do olho verde (2008); Violetas e Pavões (2009).

         Há tempos lançou a antologia de Contos Eróticos (1984).   Isto após a Ditadura Militar que censurava obras do gênero.

         Em 1976 a censura proibiu o conto de Dalton chamado Mister Curitiba, vencedor do concurso nacional de contos eróticos da revista Status.

         “Olhando pelo retrovisor, Dalton repete 12 histórias presentes no primeiro livro de contos lançado em 1979. 

 “Sétima antologia: Novos contos eróticos (2013)”

         No livro Pico na Veia lançado em 2002 é um livro da passagem da transgressão regressiva da modernidade.    Frase de Dalton:   “Curitiba – uma grande favela do primeiro mundo”.

         O autor do prefácio em destaque coloca Dalton junto dos contistas de destaque:  Clarice Lispector, Rubem Fonseca, Murilo Rubião, Otto Lara Rezende, Luiz Vilela, Moacyr Scliar, Samuel Rawet, entre outros.

         Dalton e seus 32 livros de contos.    Livro Pão e Sangue (1988); O Vampiro de Curitiba  (1965).

         “Dalton responde pela mitologia que enredou, de forma indissolúvel, a persona do escritor à do seu personagem, conde Nelsinho.   Ambos estão fixados para sempre no crucifixo simbólico de Curitiba”.

                   Continua no capítulo 2/6 

domingo, 14 de janeiro de 2024

CAP. 18/18 (final) - fichamento do livro de memórias - A CASA DO RIO VERMELHO - Autora: ZÉLIA GATTAI


 capítulo final 18/18

 

         São Paulo

         Zélia de passagem cita o falecimento da sogra Lalu (Eulália) em 1972, quando esta tinha 88 anos.  Faleceu de agravamento de diabete.

         Sobre memórias

         Jorge dizia aos amigos que nunca escreveria suas memórias.    O casal, com os direitos da publicação de Tieta do Agreste nos USA, conseguiu comprar um apartamento em Paris.  E ela acrescenta que assim quando fosse outras vezes a Paris, já não tinham que ficar pagando hotel.

         Apartamento no Marais, ao lado do Rio Sena.

         Jorge e Zélia em Paris e a filha Paloma, o genro e as netas morando lá também.

         Jorge na máquina de escrever catando milho com agilidade.   Usa apenas os dois dedos indicadores para teclar.   Escrevendo o livro Navegação de Cabotagem.  Até então era Zélia quem passava a limpo os textos dele e desta vez a filha Paloma assumiu essa tarefa digitando no computador.   Zélia diz que gostava dessa tarefa.  

         Por outro lado, nessa ocasião Zélia estava ocupada escrevendo o livro de memórias Chão de Meninos.    O ritmo de Jorge digitando Navegação de Cabotagem foi frenético, cansativo.   Foram 600 páginas digitadas com os dois dedos, coisa de ferir os dedos.

         Planejaram uma viagem de navio pelo Mar Negro ao terminar o livro.   No Cruzeiro de navio, Jorge continuou fazendo adendos ao livro e enviando por fax para a filha Paloma ajustar.    Isso foram vezes e vezes.   Tanto que ele nem desceu do navio para passear por cidades como Istambul e outras.

         Na parada de Odessa (na Ucrânia), Jorge resolveu descer do navio e passear pela cidade.    “Em Odessa fomos ver as impressionantes escadarias que aparecem no filme O Encouraçado Potemkin e voltamos andando até o navio.”   (ver foto acima)   sacada do Google.

         Segundo Zélia, o livro Navegação de Cabotagem tem 638 páginas.   Em 1993 Jorge Amado lançou A descoberta da América pelos Turcos.    O casal em 1993 teve uma maratona de atividades em São Paulo, incluindo o lançamento de um livro de cada um na mesma data e local.    Depois do corre-corre, o conforto de voltar para casa.

         “Coisa boa chegar em casa, não há nada melhor.   Costumamos dizer que o melhor de uma viagem é retornar à casa da gente”.

         Jorge teve um enfarto nos anos 90 e Zélia buscou socorro que veio rápido.   Estavam na casa deles em Salvador.

         Outro episódio...    Pablo Neruda vem visitar Jorge para se despedir.

         Jorge faz oitenta anos e fazem uma grande festa e vem muitos amigos, inclusive do exterior para celebrar o acontecimento.

         Há a Fundação Jorge Amado que edita livros, publica revistas, promove exposições, orienta estudos.    O Café Teatro da Fundação Jorge Amado recebeu o nome de Zélia Gattai.    “Para meu encabulamento, a direção da Casa decidiu me homenagear, dando ao Café Teatro o meu nome”.

         Na época do lançamento deste livro de memórias, muitos dos amigos de Jorge e Zélia já tinham falecido.

         Encerra o livro em outubro de 1998.

 

Encerrei a leitura deste livro dia 09-01-2024        Curitiba PR

         resenhaorlando@gmail.com

 

         PS – estou lendo atualmente a mais recente antologia do paranaense Dalton Trevisan, autor do Vampiro de Curitiba, de quem já li um bocado de livros e já fomos meio vizinhos, apesar de ele não dar as caras por nada e pra ninguém.    É o jeitão dele e temos que respeitar.

CAP. 17/18 - fichamento do livro de memórias - A CASA DO RIO VERMELHO - Autora: ZÉLIA GATTAI

capítulo 17/18

 

         Viagem de volta dos USA para Salvador

         Entre os passageiros, um grupo de idosos em excursão.   Turma bastante animada e até namoradeira.    Uma delas, lendo um livro de Jorge Amado e bateu papo com ele no percurso.

         Na viagem, tentaram tirar Jorge para dançar mas não teve jeito.   “Ela fez de tudo para dar umas rodopiadas com Jorge, sem conseguir.  Jorge não sabe dançar e nem se esforça, o que para mim que sou apaixonada pela dança, é uma falta grave”.

         No Canal do Panamá, os passageiros do navio tiveram uns dias para poder passear pelas redondezas.   Zélia constatou que por lá havia casos de pessoas que colocavam um aparelho na boca com o objetivo de emagrecer.  O aparelho não permitia a mastigação e então era só alimento líquido.

         Nessa parada no Panamá visitaram Cólon que tem zona franca.     Depois o navio fez escala em Cartagena das Índias na Colômbia.    Nessa cidade, tiveram como anfitriões o escritor Gabriel García Marquez e Mercedes.    Mês de maio de 1981.

         No ano anterior teve a semana da Bahia em Portugal.   Agora, a semana de Portugal na Bahia.  Tempos do governador ACM  Antonio Carlos Magalhães.   O evento se chamou Festa do Estoril na Bahia.

         A empresa aérea TAP de Portugal deu uma ajuda transportando os artistas convidados e os insumos para os pratos típicos da culinária lusitana.

         A TAP também trouxe o Grupo de Folclore da TAP que fez apresentações no evento.   Também houve uma exposição de trajes folclóricos da região do Minho de Portugal no evento da Bahia.

         Pessoas ilustres presentes como Fernando Namora, a cantora de fado Amália Rodrigues.   Ao todo, 83 personalidades das artes de Portugal.

         Amigos portugueses de Jorge e Zélia, José Franco e Helena.   O casal admirou a areia branca e fina das praias da Bahia.  Calor.   Perguntaram se por aqui não há inverno.   E completaram:   “Então quando é que deitam as batatas”?  (época de plantar as batatas).   Resposta:   Quando der vontade.

         Eles concluíram:  - Então não pode haver pobreza neste país.

         Na semana de Portugal na Bahia, num almoço na casa de Jorge Amado ...”quase duzentas pessoas que vieram almoçar na nossa casa”.   Almoço que incluiu autoridades regionais como o governador da Bahia, prefeito da capital, senadores e outros.

         Até o então presidente de Portugal, Mario Soares, que estava em missão no Brasil, conseguiu visitar o evento e o almoço na casa de Jorge.

         Acervo de Jorge Amado cobiçado

         Havia entre livros, traduções para mais de 50 idiomas, reportagens, entrevistas e tudo o mais estocados na casa de Jorge Amado.     O primeiro livro editado por ele foi O País do Carnaval.

         A busca de um lugar para preservar o acervo, catalogar tudo, fazer a manutenção adequada e permitir o acesso ao público.      Uma universidade americana chegou a solicitar a guarda desse acervo, mas Jorge recusou porque queria que isso ficasse acessível ao povo brasileiro, de preferência localizado na Bahia.

         Depois de alguma procura, conseguiram um casarão no centro histórico, região do Pelourinho.    (visitamos lá no ano de 2023).

         Eram na verdade dois casarões anexos e precisavam de reforma pesada e readequação para receber o acervo.    A construtora baiana Odebrecht se encarregou de ceder e realizar a reforma.    O local foi inaugurado em 07-03-1987 pelo presidente José Sarney que inclusive deu uma força para que esse espaço cultural fosse instalado.

         Na inauguração houve grande presença de convidados das artes, da política etc.    “O último coronel do cacau Raimundo Sá Barreto e esposa, vieram de Ilheus-BA para o evento”.

         O almoço da inauguração

         Após o evento inaugural, Jorge e Zélia ofereceram em sua casa um almoço para em torno de 300 convidados, incluindo José Sarney e esposa.

         O almoço acabou comportando quase 400 pessoas e conseguiram dar conta de toda a demanda.

         Jorge não olhou para a linha política dos políticos e convidou no critério da amizade.   Lá estiveram políticos rivais e depois Jorge foi elogiado pela façanha de reunir num mesmo local essa turma toda numa boa.

        

         Continua no capítulo final 18/18     (postarei amanhã, segunda feira, 15-01-24)