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O morto na sala - O caixeiro viajante vinha pouco para casa. Desta vez veio para morrer. Antes... “envergou o pijama listado, arrastava-se lamuriento de um cômodo a outro”. Insistia em achar que a filha não era dele. Ela já mocinha e namorava em casa. Ele doente, foi até o quarto dela, um dia, e a queimou por querer, com o cigarro. Tentou beija-la à força.
A filha pegou enorme ódio e rezava para ele morrer. No velório dele em casa “A menina examinou a pálpebra, o bigode, a boca. Ergueu-lhe a manga... encostou o cigarro na mão do pai. Queimou-o bem devagar.
De-va-ga-ri-nho”.
Outro conto – O Vampiro de Curitiba
“Ai, me dá vontade de morrer. Veja, a boquinha dela está pedindo beijo...”
“Por que Deus fez da mulher o suspiro do moço e o sumidouro do velho?”. ....”aqui diante dela, pode ser que se encante com meu bigodinho”.
A garota ignorou o Vampiro... “Não sabe o que é gemer de amor”.
“Se não quer, por que exibe as graças em vez de esconder?”
“Ninguém diga que sou taradinho. No fundo de cada filho de família dorme um vampiro”.
“Elas fizeram o que eu sou – oco de pau podre, onde floresce aranha, cobra, escorpião”. ...” gênio do espelho, existe em Curitiba alguém mais aflito do que eu?” ...”toda família tem uma virgem abrasada...”
“Na janela ... lá envelhece, cotovelo na almofada, a solteirona na sua tina de formol”.
“...Não sou bonito mas sou simpático, isso não vale nada?” ...”Em troca da última fêmea, pulo o braseiro – os pés na carne viva”.
Outro conto – Em busca da Curitiba perdida
“Curitiba que não tem pinheiros, esta Curitiba eu viajo. “Curitiba, não a da Academia Paranaense de Letras com seus trezentos milhões de imortais...” ....”essa Curitiba medrosa não é a que viajo. Eu sou da outra...”
“Curitiba da Ponte Preta da estação, a única ponte da cidade sem rio por baixo, esta Curitiba eu viajo”.
Outro conto - Dois velhinhos
Ambos num asilo. Um consegue olhar na janela e outro não. Um conta para o outro o que viu no dia pela janela. (segue a crônica que é bem curta mas muito expressiva e puxa pela reflexão sobre a vida).
Outro conto – A arte da solidão
O marido já velho, paquerador, chega tarde da noite em casa. A mulher na cama lendo revista. Nem se conversam. Ele vai à cozinha. “Deita um jarro de água no filtro e bebe meio copo, que enxuga no pano e põe de volta no armário”.
Outro conto - A batalha e os bilhetes
Marido e mulher já idosos se desentendendo. Trocando bilhetes em casa. Ele recusa o almoço sem nada dizer e sai comer fora. Ela deixa a ele um bilhete. “Não seja bobo, João. Dois velhos, um deve acudir o outro”.
Outro conto - Sôbolos rios da Babilônia
...”a maldita curruira nanica?”
A filha noiva que vivia com a mãe e o padrasto que a criou como filha.
No convite de casamento, o nome do padrasto no lugar do nome do pai biológico. A filha um dia se encontrando com o pai para lhe entregar o convite de casamento. Tenta justificar. “Para a sociedade o meu pai é ele”.
A mãe sempre acusava o ex marido de “pai de domingo”. “Muito cômodo ser pai uma vez por semana: levar a filha a passeio, nunca assisti-la em noite escura de aflição. Empanturra-la de sorvete, bala, algodão doce. Esquece-la na porta de casa, vestidinho sujo e dor de barriga.”
O pai constrangido. “Até que deu com o olhar da filha – a mesma censura da mãe”. ...”pior de tudo, a solidão, a infinita solidão do vampiro, a estaca enterrada no peito.” Pai e filha se despedem de forma seca. Ele... “não se voltou da esquina para um último aceno. Dois anos e cinco meses que ele não bebia. No primeiro bar pediu um conhaque duplo...”
Continua no capítulo 4/6 (um por dia)
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