capítulo 15/22
Além
desse descontentamento do Exército com a Comissão Nacional da Verdade, havia outros fatores. Negócios ampliados do governo Dilma com a
China agravaram a ira dos militares.
Investimentos chineses no Pré Sal, no setor elétrico, o Banco dos BRICS,
os negócios usando a moeda Yuan (da China) em detrimento do dólar.
Houve
inclusive em 2014 participação de empresa russa explorando petróleo na Amazônia
(empresa Rosneft).
Desde
meados dos anos 2000 a Rússia andava num movimento de aproximação militar com países da América Latina como Peru, Equador,
Nicaragua, Venezuela.
Nossos
militares viram isso como Dilma implantando no Brasil uma versão 2.0 do
comunismo. “... disposta a colocar a
ordem internacional de ponta cabeça...”.
...”Estamos
muito além de Snowden que revelou inclusive a espionagem dos USA na Petrobras:
isso pode ter sido apenas uma operação... para encobrir o fato de que os USA
estavam abastecendo militares brasileiros com material para uma teoria da
conspiração. (o tal comunismo...)
...”em
2014... oficiais da ativa que, depois de 25 anos mantendo-se em silêncio
extramuros, passaram a abertamente criticar o governo – entre eles o General
Mourão, quando ainda em 2014 começa dar palestras falando do PT e do Foro de
São Paulo.
Dilma
e sua equipe já vinham tendo sucessivos atritos com os militares. Em 2015 ela praticamente extinguiu o GSI
Gabinete de Segurança Institucional (comandado por militares), que até então
tinha status de ministério e existia desde 1938.
Em maio de 2016 ...”quando veio à tona um
documento sobre resolução de conjuntura do PT elaborada pela Executiva nacional
do partido onde se colocava que o PT falhou em não mexer nos currículos dos
militares e nas promoções.”
“A
conspiração petista foi assim fechada na cabeça dos militares...”
...”O general Villas Bôas,
Comandante do Exército declarou a uma jornalista do jornal O Estado de SP: “Com esse tipo de coisa, estão plantando um
forte antipetismo no Exército”.
Há
trecho de entrevista de generais à Revista Piauí e eles (em 2018) se colocam de
forma contundente contra isso de tentar o Executivo mexer no currículo dos
militares e no sistema de promoções
...”foi uma coisa burra. Essa
é coisa não é admitida nas Forças
Armadas; a intervenção em nosso processo educacional....isto nos fere
profundamente. Está na nossa essência,
no nosso âmago” concordou o General Villas Bôas.
Bolsonaro e a janela de oportunidade.
No
governo Dilma se estabelece a crescente politização dos militares. Bolsonaro em sua fala aos cadetes da AMAN
Academia Militar de Agulhas Negras (RJ)...
“Alguns vão morrer pelo caminho, mas estou disposto em 2018, seja o que
Deus quiser, tentar jogar para a direita este país...”. (página 228).
O
peso da AMAN e seus 380 cadetes que concluem o curso com todos os ritos e seus
padrinhos das armas. É tradição o
presidente da república prestigiar a solenidade
de formatura na AMAN. Dilma não
foi ao evento e assim ficou mais marcada pelo setor.
Já
Bolsonaro, nas formaturas da AMAN onde ele se formou... “Em 2015, 2016, 2017 e 2018 ele repetiu a
dose. Foi todos os anos citados na
formatura dos cadetes da entidade.
“Tudo isso numa situação em que ele já era (pré) candidato”. Junto de Bolsonaro, já o General Mourão nas
formaturas da AMAN (em campanha...)
...”do
meu ponto de vista, Bolsonaro não foi mais um candidato qualquer com apoio dos
militares”.
Continua
no capítulo 16/22