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sexta-feira, 5 de julho de 2024

Cap. 3 - FICHAMENTO DO LIVRO - SUKIYAKI DE DOMINGO - Escritora Coreana: BAE SU-AH - (2014)

capítulo 3

 

         Hye-jeon, ex de Ma, se vendo na condição de mudar para a periferia para reduzir despesas.   Agora separada e com filhos para criar.

         Conta ao filho Marc de dez anos e este quer saber para onde vão mudar e ele fica revoltado.    Até atualmente frequentava escola particular, participava com os demais alunos da orquestra da escola, estudava inglês mais avançado...   tudo isso custa caro.

         Marc diz:   - “Então é isso...  Então a gente não pode mais morar neste bairro.   Você diz que vamos morar fora da cidade e quer dizer então que vamos para a periferia, onde moram os pobres, não é?”

         Capítulo – A rainha da neve

         “Depois de ler Tolstói e Dostoiévski, chega-se à conclusão de que todas as outras obras literárias não passam de frases de efeito de capas de disco.”

         ... A solteirona Myung, quarentona, corpo delgado.   Não bonita, trabalhava numa editora que fazia publicação acadêmica meia boca.

         “Mas logo percebeu que entrara no meio mais sujo, em que todos os tipos de trapaça tinham o seu lugar.  Era uma sucessão de ambição, orgulho, plágio, repetição de temas, total autoritarismo e fraude”.

         Myung era colega de universidade de Doo-jeon Baik e ele era o pior de todos.

         Quando mais jovem, Doo era bonito, falava bem, era rico e se passava por socialista.  Doo era também amigo de Ma.

         Ma era de família bem de vida e dos três, ele era o que tirava notas maiores.   No tempo deles na universidade, a metade dos alunos eram do interior e pessoas de poucas posses.   Já os três amigos eram de famílias bem de vida.  Cursavam Administração de Empresas.

         Woo, namorador, tinha uma namorada fixa e outras de ocasião.  E gastava dinheiro da namorada fixa.   Ela acabou com o namoro.

         ....     “As preocupações e os tormentos seculares obstruem a sabedoria, e a ambição nos torna incapazes de tomar as decisões corretas”.

         ...Myung-ae Eum se cansou da futilidade de Woo, seu parceiro.

         Ele para ela era um reles gentalha.   Ela sabia que entre ambos tudo não fazia mais sentido...    tinha chegado ao fim e que era tempo dela voltar à solidão”.

         ...”pensou de repente que os homens eram seres desnecessários para a vida dela”.

         Myung-ae depois de fazer uma caminhada, estava na estação de metrô.  Sentou-se perto de um jovem e se interessou por ele.    Ele estava procurando um emprego ou algum bico para ganhar algum dinheiro.

         Ela propôs contrata-lo para fazer uma pequena mudança das traias do ex marido dela.   Enviar as traias para a nova moradia dele sem precisar olhar para a cara do ex.

         ....”Não é muita coisa.  É mudança, mas só tem alguns livros, roupas, cigarros e roteiros de filmes em três ou quatro caixas.  Dá para levar num carro só.   E eu empresto meu carro para você levar isso”.   Pago bem.

         O jovem que faria a mudança era Won.   Ele carregou a mudança e foi lá no bairro do ex de Myung-ae para a entrega.    Um bairro com muitos pássaros em gaiola.  Inclusive pássaros de grande porte. 

         Myung-ae não tinha mais pássaros em casa.   ...”Matei todos os pássaros com veneno de rato.  Não aguentava mais a barulheira que faziam”.

         O ex de Myung-ae é roteirista de cinema.  Cita um de seus filmes chamado Chealsea Girl e pergunta ao entregador se conhece o filme.

         O entregador Won, que não fez faculdade, não é de assistir filmes e não conhecia o filme citado.

         O ex que recebeu a mudança desconfiou que a ex estava de caso com o entregador e tratou-o muito mal.    Colocou o rapaz pra fora e deu o recado à ex sobre a suposta escolha dela.

        

         Continua no capítulo 4 

quarta-feira, 3 de julho de 2024

Cap. 2 - FICHAMENTO DO LIVRO - SUKIYAKI DE DOMINGO - Escritora Coreana: BAE SU-AH - (2014)

 

capítulo 2                JULHO DE 2024

 

         Em tempo, sobre o capítulo 1 -   O que explica o nome deste livro, Sukiyaki de Domingo.      A primeira esposa de Ma vai até a casa dele muito constrangida com a missão de avisa-lo que os filhos do casal, crianças, querem muito ver o pai e sentem por isso.   Ma não está nem aí.   A ex ainda fica comovida com a miséria na qual ele vive com a companheira atual e sabendo que ele gosta muito de comer sukiyaki num restaurante simples da região, deixa dinheiro com a companheira dele para que eles tenham acesso ao prato tão do gosto dele.

         ...................

         “Escute.  Você não está me ouvindo, não?

         A mãe fitou a filha com insistência.  Era um olhar comparável a uma picada de cobra venenosa.

         Hye-run Bu, 20 anos, tem medo da mãe.    Trabalha na oficina de costura com a mãe e nada recebe.  Quer arrumar um emprego para ter seu ganho e para seus gastos, até por dica do namorado.

         Mas... “temia falar com a mãe mais do que temia a morte.”    Ou melhor, ela a amava  mais do que a morte.     

         Criar problemas com a mãe era a última coisa que queria no mundo”.

         A mãe criou ela sozinha.   Filha única, pela tradição do seu povo, tinha que guardar a virgindade e cuidar da mãe até a morte desta.

         A mãe costureira não tinha conta bancária.   Não confiava em bancos.  Guardava o dinheiro em casa.   No colchão, em vãos pela casa.

         Os homens gastam o dinheiro das mulheres.   Se ela tivesse um filho menino, não teria ficado com ele.

         “A ambição traz a infelicidade da mulher”. 

         No passado um homem dormiu duas vezes com ela e roubou todas as economias dela.

         Por isso era preciso ficar longe dos homens se quisesse proteger suas economias.

         O medo de um dia a filha gastar o dinheiro dela.   Se acontecer...

         “Vou lhe tirar o coração e mastiga-lo cru”.

         Não dando um tostão à filha, esta não teria como abandonar a mãe.

         A mãe de Hye de  madrugada contando o dinheiro e a filha chega.  A mãe ficou em pânico.  Nunca contava dinheiro perto da filha.    Dá a desculpa de que tem que ir pagando as contas do antigo marido, pai da sua filha.   E ainda culpa a filha pelo pai que ela teve.

         “Deixa a filha com cara de choro por culpa do pai”.

         A mãe faz drama dizendo que foi abandonada por todos e se preocupa se sua única filha abandona-la.

         O pai da moça não era tão mal assim e nem as deixou com dívidas grandes como dizia a mãe.   A mãe aumentava tudo e enganava a filha para te-la ao seu lado.

         A jovem tinha sido criada com oitenta por cento de sentimento de culpa e vinte por cento de bolacha de chocolate.  Dai que era gorda com seus setenta quilos.

         Capítulo – Retrato de um intelectual

         A sociedade e suas mazelas.   “Nós não admitimos os perdedores na sociedade.  Porque achamos que eles já tiveram chances suficientes.”     ... são indolentes   .... Foram eles que optaram por isso. (pela vida miserável)

         Quando Hye-jeon Park se separou de Ma, não tinha nenhum amigo por perto.     Antes, quando estava casada com Ma, eles frequentavam rodas de amigos intelectuais como Ma.    Quando se separaram, ela e Ma foram isolados pelo grupo de ex amigos intelectuais.

         Ela, antes do casamento, fez faculdade.  Casada, se isolou dos colegas de universidade.

         ... colegas do passado que agora estavam casadas com funcionários públicos ou professores endividados para sempre”.

         Hye separada de Ma e as crianças perguntavam pelo pai e estranhavam o fato de não mais poderem praticar esqui e balé.

         Doo-yeon Baik era um orador nato.

         Fez muitos elogios à ex esposa de Ma.   O pai de Doo tinha uma empresa textil.  Doo voltou para a universidade para fazer um mestrado.   “Após acabar com a empresa do pai”.

         O galanteador falido, Doo tentando conquistar a colega dos tempos da universidade.   Ela, agora, separada de Ma e tem os filhos para criar.

         ...”agora sou a responsável pelos meus filhos.   Não ousaria pensar em outras coisas.”

         Hye-jeon diz ao amigo que está pensando em se mudar para a periferia mas ela não gosta da periferia.  “Ela não tinha a mínima vontade de viver como viveram seus pais”.   Pobres e de periferia.

        

         Continua no capítulo 3

segunda-feira, 1 de julho de 2024

Cap. 1 - FICHAMENTO DO LIVRO - SUKIYAKI DE DOMINGO - Escritora Coreana: BAE SU-AH (2014)

 



FICHAMENTO DO LIVRO – SUKIYAKI DE DOMINGO

Autora:  Bae Su-ah         (coreana)     01-07-2024

 

         O livro é composto de 18 contos interligados num livro de 300 páginas.   Traduzido para o português em 2014

         Tive informação deste livro no nosso Grupo de leitura no Sesc da Esquina em Curitiba que se reúne todas as quintas-feiras.

         É o primeiro livro escrito por uma autora coreana que leio.  Vamos à obra:

         Ele e a esposa no restaurante.  Ele, Ma, que em coreano seria cavalo.  Kyung, esposa de Ma.  

     ... Ela disse ao marido por roupa porque iriam ter visita.   E para ele não ficar com o pintinho de fora, pequeno como um sapo.

         A ex mulher de Ma visitando o casal.  Ela chega e tira os sapatos antes de entrar.   Ma não quis saber da ex como estão seus filhos.   Ele acrescenta à ex:   ...”fico feliz em rever a sua bunda...”   ... eu penso é na sua ___ta.

         Dois anos atrás, Ma era professor de uma universidade nacional... hoje em dia até baba.

         ... filha meiga.    E sempre ela quer falar do pai...

         Conto 2   Mandu, bucho e queijo.

         A ex de Ma, Hye-jeon, fez faculdade junto com ele.   Aluna mediana, filha de um taxista.    A mãe dela tocava um mercadinho da família na periferia da cidade.   Eram remediados.

         Ela casou-se com Ma, cuidava da casa e tiveram dois filhos.   A esposa de Ma achava que ele comia muito depressa e que ele deveria comer mais devagar.

         A esposa de Ma corre o dia todo com as tarefas da casa, cuidar das crianças, cobrar as tarefas da escola, ligar para os parentes e tudo o mais.    

         Ele poderia achar que ela ficava em casa sem fazer nada.   Mesmo ela realizando todo esse trabalho maravilhoso no lar.

         A babá diz à mãe da criança que está afobada.

         - Que coisa!  Os maridos não ajudam mesmo.   Comer mandu recheado com queijo e bucho.

                  “Os lábios de Ma incharam como um rato morto”.

         Os filhos com cachumba.

         Os amigos de Ma do tempo de colégio, que atuava em outra área e em outra cidade, visitou ele e a esposa, depois de tentar contato por telefone sem sucesso.

         Veio sem avisar, após as tentativas de contato, e Ma estava internado e o amigo se identificou para a esposa dele, deixou um cartão com o número do telefone dele e foi embora.   Era para ela entregar o cartão para Ma e ela por esquecimento guardou o cartão e não entregou ao marido.    Mais adiante, quando Ma voltou do hospital, viu o cartão e ficou achando que a esposa teve algum caso com o amigo.  

         Capítulo – Sociedade patriarcal

         Won, a moeda da Coréia do Sul.

         A segunda mulher de Ma estoura com ele porque só ela trabalha, dá duro num restaurante para sustentar a casa.

         Não quer desculpa do marido.

         “Vai trabalhar e vê se traz dinheiro para casa.  Divida esse peso comigo!”

         A mulher ainda irada por ele nem dar uma lavada no banheiro da casa.

         “Os homens não prestam mesmo.  Eles só servem para babar pelo dinheiro e pela __ das mulheres”.

         A mulher tentou arranjar um emprego para o marido.   Arranjou numa vidraçaria e ele não aceitou.

         Ela desabafa:   “Não vejo a hora dele cair morto.   Se fosse um porco, fazia um churrasco dele”.

         ...homem estudado... grande coisa.  Isso não enche a barriga de ninguém.

         Ma era o terceiro casamento de Kiyug, mãe do jovem Sae-won.

         Sae, agora jovem, que foi abandonado pela mãe aos cinco anos de idade, agora pede dinheiro para a mãe.  Ele quer sair com os amigos.

         Capítulo – Santa mãe e filha.

         Hyun-jeong Pyo trabalhava seis dias por semana, dez horas por dia.   Isso numa oficina de costura.  Cabeça baixa o dia todo.   Ela chegou a trabalhar no atelier de um estilista que fazia roupas chiques.    Hye-ryn, a filha dela era bonita mas era gorda, setenta quilos.

         A mãe queria saber com quem a filha ia sair.   A filha disse que era com a amiga que a mãe já conhecia.   A mãe destaca:  Aquela sua amiga “magra”.    A filha da costureira querendo sair passear com amigas e amigos e a mãe costureira querendo detalhes de quem vai passear com ela.

 

         Continua no capítulo 2


domingo, 23 de junho de 2024

JÁ QUE O CHICO BUARQUE FOI CITADO, VOU FALAR TAMBÉM!

 Não faz tempo que li o livro Lula uma Biografia de autoria do Jornalista Fernando Moraes. E lá tem duas passagens históricas sobre a relação dele com Chico. Uma, muito impactante ao meu ver. Quando a Ditadura interveio no Sindicato dos Metalurgicos do ABC e destituiu a diretoria e prendeu Lula, ele e os demais diretores também perderam com isso o vínculo com a a profissão e o movimento sindical. Daí, depois de solto, o Chico Buarque resolveu "entrar em campo" montando uma serralheria para empregar os dirigentes que tinham sido cassados pela Ditadura e assim restabeleceu o status de metalúrgico deles. E a serralheria sobreviveu o tempo necessário para os dirigentes recolocarem a coisa no eixo. E um segundo lance que eu não conhecia, é que Lula já viuvo da dona Marisa, foi num evento da CUT em Guararema - SP e lá num jogo de futebol como congraçamento festivo, teve contato com a Janja e de lá começou um namoro que evoluiu para o casamento. E Chico Buarque também teria participado desse jogo de congraçamento. É uma amizade que perdura nos tempos. Ambos são excepcionais.


junho de 2024

domingo, 16 de junho de 2024

Fichamento do livro - cap 10 (final) - QUARTO DE DESPEJO - Diário de uma Favelada - CAROLINA MARIA DE JESUS (ANOS 50/60)

 capítulo 10 - final

        

         “Dizem que o Brasil já foi bom, mas eu não sou dessa época... hoje eu fui me olhar no espelho.  Fiquei horrorizada.   O meu rosto é quase igual ao da minha saudosa mãe.   Estou sem dente.  Magra. Pudera!  O medo de morrer de fome!”

          O Orlando explora os favelados na conta de luz.   Carolina tenta defender as vizinhas mas elas vão e contam tudo para o Orlando.  Ele fica irado com Carolina.     “Eu quero defende-las, porque há ladrões de toda espécie.  Mas elas não compreendem”.

         ...Ela ofereceu comida a um favelado faminto.   Ele aceitou.   “Esquentei macarrão, bofe (pulmão bovino) e torresmo para ele”.

         O pai da Vera é bem de vida e tem oficina, mas não ajuda com a pensão.

         ...     Quando anoiteceu eu fiquei alegre.  Cantei.  O João e o José Carlos, meus filhos, tomaram parte.   Música Jardineira.   (Marchinha de carnaval de sucesso na voz de Orlando Silva desde 1939).

         Quando a Vera come carne, fica feliz e canta.

         Carolina na fila da repartição para receber a pensão repassada pelo pai da Vera.   Ela diz que na fila ouve as mulheres todas chamando os ex companheiros sempre usando nome de animais.   Cavalo, cachorro etc.

         Ela é mais uma na fila.  E faz até uma comparação.   “Dizem que quem entra na réstea, vira cebola”.   (no passado, as pessoas do sítio usavam arrancar as cebolas de cabeça com as folhas e trançavam as folhas ficando as cebolas expostas e a “réstea” de cebolas ficava pendurada na parede para o uso do dia a dia).

         A cidade é um morcego que chupa o sangue da gente.   ... Já emagreci oito quilos.

         ...”Quando passei diante de uma vitrine, vi meu reflexo.  Desviei o olhar, porque tinha a impressão de estar vendo um fantasma”.

         No dia do aniversário da Vera (caçula) não teve dinheiro para comprar os ingredientes para fazer o bolo.  Serviu para Vera café com leite e polenta.  Ela não gostou de comer isso no lugar do bolo.

         Um menino de nove anos morreu eletrocutado pela rede elétrica.   Carolina lamenta inclusive por conhecer a triste história do menino.  Ela desabafa:  “Temos um só jeito de nascer e muitos de morrer”.

         Ela conversando com um catador de papel jovem sem teto.  Ele dorme debaixo dos viadutos.  Ela pergunta:  - Quantos anos você tem?  - Tenho 24 anos. Mas já enjoei da vida.

         ...”Já estou enfastiada de brigas na favela.

         Equipe da companhia cinematográfica Vera Cruz na favela filmando Cidade Ameaçada.   O povo da favela todo de olho na equipe de filmagem e inclusive nas comidas que eles tinham para comer.

         Aqui termina (180 páginas) o livro na parte da narrativa da Carolina.  Vem comentários de pessoas ligadas à literatura.   Ano de 1962.

         Carolina faleceu com 62 anos de idade.     Ela nasceu em Sacramento, Minas Gerais em 1914.   Após a morte da mãe, ala vem para São Paulo e trabalha de início de empregada doméstica.   Ficou grávida e não aceitaram mais ela em emprego em casas de família.   O jeito foi ir morar na favela.

         Teve ao todo três filhos, cada um de pai diferente. 

         O livro Quarto de Despejo foi editado pela Livraria Francisco Alves, sendo 10.000 exemplares que se esgotaram em uma semana.   No Brasil foram nove edições desse livro e no exterior foi editada em treze idiomas e circulou em quarenta países.

         Após obter sucesso, ela comprou uma casa no bairro de Santana em SP onde morou até 1964.  Depois comprou uma chácara de 6.000 m2 em Parelheiros, bairro distante 40 km do centro de São Paulo.

         Escreveu e editou outros livros, inclusive usando parte do dinheiro do seu primeiro livro e não obteve sucesso.    Em 1964 houve a Ditadura Militar e com esta ela deixou de ser celebrada inclusive por políticos populistas que ficavam de olho nos votos.

         Passada a fase da fama, em 1966 ela volta a catar papel no centro de São Paulo.   Avó de quatro netos, mora com um dos três filhos e morre em 1977.   (13-02-1977).     FIM.

 

         Término da leitura dia 16/06/2024         OLA   zap 41 999172552

sábado, 15 de junho de 2024

Fichamento do livro - cap 9 - QUARTO DE DESPEJO - Diário de uma Favelada - CAROLINA MARIA DE JESUS (ANOS 50/60)

Carolina no passado em Minas Gerais onde nasceu, já colheu algodão.
Véspera de Natal, catando papel na rua. Vai passar no Centro Espírita Divino Espírito Santo onde ajudam os pobres.
A filha Vera ganhou no comércio uma boneca dada por uma senhora. Vera ficou muito feliz e disse que ia rezar para essa senhora ser feliz e que ia ensinar a boneca a rezar também.
... Sobre a infidelidade conjugal e as falas das vizinhas. “A língua das mulheres é um pavio. Fica incendiando”.
As crianças jogando bola, inclusive os filhos da Carolina. “Eu não implico com as crianças, porque não tenho vidraça e a bola não estraga as paredes de tábua”.
No diário, 16/01/1959: Carolina registra que neste dia está triste porque a editora dos USA The Read Digest devolveu o original do livro dela por não aceitar a publicação.
Carolina e o flerte com o cigano Raimundo, nascido na Bahia. ...”sua beleza é igual ao mel atraindo as abelhas”. ...”acho graça de um sururu que houve aqui na favela... .... xingamento de negra ordinária...”
O frei que vem rezar missa na favela colocou o nome no local de Bairro do Rosário.
“Não nasci ambiciosa. Recordei um trecho da Bíblia “não acumule tesouros, porque lá estará o seu coração”. “Sempre ouvi dizer que o rico não tem tranquilidade de espírito. Mas o pobre também não tem porque luta para arranjar dinheiro para comer”.
Ela engordou um porco a meia. Um vizinho deu um porco magro para ela engordar e depois abatiam e cada um ficava com a metade.
O dia de matar o porco foi um agito na favela. Carolina não deu nem vendeu nada do porco para os vizinhos. Precisava de tudo para sustentar sua família.
Carolina em maio de 1958 visitando a Academia Paulista de Letras onde um repórter iria entrevista-la para a revista O Cruzeiro (muito popular na época).
“A vida é igual a um livro. Só depois de ter lido é que sabemos o que encerra”.
...”A minha vida, até aqui, tem sido preta.”
“O senhor Manoel chegou. Agora eu estou lhe tratando bem, porque percebi que gosto dele”.
... “A Vera não queria comer aveia. Dizia: eu não gosto. Dei-lhe uma surra e ela comeu”.
Saiu a reportagem com a Carolina na revista O Cruzeiro de 10-05-1958. ...”jantei e depois cantei a valsa Rio Grande do Sul.”
Carolina foi recebida no Diários Associados de propriedade do Assis Chateaubriand. Ele que chegou a ter 34 jornais e várias emissoras de televisão. (Nota do leitor aqui: Era tipo a Rede Globo da época. Li Chatô, Rei do Brasil, de autoria do Jornalista Fernando Morais - esclarecedor).
“Estou na sala bonita. A realidade é muito mais bonita que o sonho”.
Continua no capítulo 10 - final

 

quarta-feira, 12 de junho de 2024

Fichamento do livro - cap 8 - QUARTO DE DESPEJO - Diário de uma Favelada - CAROLINA MARIA DE JESUS (ANOS 50/60)

capítulo 8                    leitura em junho de 2024

 

         A favela não forma o caráter.  A favela é o quarto de despejo.  E as autoridades ignoram que tem o quarto de despejo.

         ... um sapateiro perguntou se meu livro é comunista.  Respondi que é realista.  Ele disse que não é aconselhável escrever a realidade.

         Na fila da torneira para pegar água.   “Tinha uma preta que parece que foi vacinada com agulha de vitrola”.

         Comprou um par de alpargatas para a filha Vera.

         Levantar sempre de madrugada.  Conseguiu comprar sanduiche para os filhos.    “A mãe está sempre pensando que os filhos estão com fome”.

         Ela compra tinta para caneta.  Usa caneta tinteiro (“tinta molhada”)

         “No frigorífico eles não põe mais lixo na rua por causa das mulheres que catavam carne podre para comer”.

         Conversando com uma branca.    “Ela disse-me que nos Estados Unidos eles não querem (ano 1958) negros na escola.   Fico pensando:   Os norte-americanos são considerados os mais civilizados do mundo e ainda não convenceram que preterir o preto é o mesmo que preterir o sol.  O homem não pode lutar contra os produtos da natureza”.    “Deus criou as duas raças na mesma época..”

         ... deixei o leito as cinco horas porque quero votar...

         Na fila da torneira logo de manhã.     ...”a língua das mulheres da favela é de amargar.    Não é de ossos, mas quebra ossos”.

         O filho João foi fazer compra de açúcar e acabou trazendo arroz.    “Ele passa o dia lendo gibi e não presta atenção em nada”.

         (eu, leitor, quando criança lia bastante gibi)

         Carolina destaca que tem ponto de bonde perto da favela onde mora.

         ...”Penso que uma mulher que separa-se do esposo não deve prostituir-se.  Deve procurar um emprego.   A prostituição é a derrota moral de uma mulher.  É como um edifício que desaba”.

         ...”Quem paga as despesas das eleições é o povo.”

         O filho mais velho, o João, apanhou por desobedecer a mãe.  “Surrei  ... e rasguei-lhe os gibis desgraçados.  Tipo de leitura que eu detesto.”

Almoçou com a Vera na casa da dona Julita que sempre a acolhe.

         “Que comida gostosa!    ...ganhei dela arroz agulha.  O arroz das pessoas de posses”.

         Carregar no carrinho de catar recicláveis até 100 kg de papel.   “Estava fazendo calor.   E o corpo humano não presta.   Quem trabalha como eu tem que feder!”.

         Sonhando...  “O povo brasileiro, dizia dona Angelina, só é feliz quando está dormindo”.

         A mãe favelada perde a filha criança.   A mãe  bebe.   Logo depois do enterro da filha, foi beber.    “O que eu fico admirada é das almas da favela.  Bebem porque estão alegres.  E bebem porque estão tristes.  A bebida aqui é o paliativo”.

         Carolina comprou um rádio e agora contratou com o Sr Orlando e ele ligou a luz e vai cobrar a conta por bico de luz da casa dela.  Três bicos de luz, no caso.

 

         Continua no capítulo 9