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terça-feira, 13 de maio de 2025

Cap. 4/10 - fichamento do livro SEGUNDA VIAGEM DO RJ A MG E A SÃO PAULO - Autor: Botânico francês SAINT HILAIRE (Ano 1822)

capítulo 4 de 10                    maio de 2025 

         O autor fala que na região de Barbacena-MG  o Rio Grande tem apenas 22 passos de largo e é curioso saber que no sul este rio e outros afluentes desaguam no enorme Mar Del Plata entre Argentina e Uruguai.

         São João Del Rei, uma comarca populosa, já em 1822.  Pouco comum na sua época.    Decorrência da descoberta do ouro.

         Cita a vegetação de Cerrado na região de Barroso-MG.

         No trecho, a equipe do pesquisador pegou muitos bichos de pé e isto causava transtorno já que a caminhada na ocasião era à pé ou em lombo de burro.

         Comenta passagem pela região do Rio das Mortes.     Na região, ele foi descontar uma carta de crédito com um comerciante e este pediu o desconto de 6% por conta do que seria uma taxa que na sede do governo no RJ iriam cobrar do comerciante.    Não era usual cobrarem essa taxa dos viajantes.   Depois o autor descobriu que o comerciante mesquinho era europeu.

         “Como eu já tive, muitas vezes, a ocasião de observar, os comerciantes europeus estabelecidos no Brasil, são quase todos grosseiros e sem educação”.

         Os brasileiros dissipam mais do que tem... já os europeus  “ajuntam tostão por tostão, privando-se de tudo para se tornarem ricos”.    ...”ao se tornarem ricos conservam a grosseria inata e a ela sobrepõem a mais insuportável arrogância, tratando com desdém os Brasileiros a quem devem a fortuna”.    (página 79 do livro na edição que li)

         Ele fala de Vila Rica  (depois, Ouro Preto MG).  Fala de quão dura é a despedida de pessoas que você tem por elas amizade e você sabe que não as verá mais.

         Ele falando da forma de construir porteiras de fazendas já naquela época, com o mourão meio torto de forma que fica meio pesada ao abrir e ao soltar, ela volta a fechar por conta do peso e do mourão um pouco torto.   Isto eu conhecia no meu tempo de morar na zona rural.

         Cita na região de MG, muro de pedras da altura de uma pessoa, separando a casa do patrão das senzalas dos escravos.  (escravizados)

         A ponte sobre o Rio Grande na região tinha um pedágio cobrado pelo governo central que foi quem fez a obra.

         Nas andanças de coleta de materiais botânicos pela região, de vez em quanto algumas pessoas ficavam admiradas com aquilo.  Vinham perguntar sobre a coleção de plantas e os objetivos.  O autor faz uma bela reflexão sobre aquele que se interessa pela ciência.       

         “Pode-se esperar que aqueles que se envergonham de sua ignorância, dela logo procurem sair”.

         Cita o Rio Juruoca, afluente do Rio Grande.   Serra das Carrancas.  Muito pasto e pouco gado na região.   Produção de queijos que são enviados em lombo de burros até o Rio de Janeiro.   Em Vila de Carrancas, a igreja feita de pedra.

         Era rotina haver caravanas levando sal para MG e de MG, levando toucinho (gordura de porco) e queijos.

         Para transportarem queijos de São João Del Rey até o RJ, usavam balaios feitos de bambu trançados.  Também chamados jacás.  Dois balaios em cada burro de carga.  50 queijos em cada balaio.   Quando é toucinho de porco, são 3 arrobas (15 kg cada arroba) cada balaio para animais mais jovens e quatro arrobas por balaio em burros já treinados.

         Pouso na fazenda de uma viúva.  Ela foi criadora de carneiros, mas a estrada virou rota de tropeiros e os cães destes acabavam devorando os carneiros nos pastos e foi dizimado o rebanho com o tempo.

         Página 95 – foto de tela com o tema Pousada de Tropeiros já em Jundiai de Goiás.   Obra de Hercules Florence, ano de 1826.

         Capítulo IV -  A fazenda dos Pilões

         Num local de pouso a dona da fazenda foi muito gentil com a equipe mas o autor percebeu que ela tratava os escravos dela aos gritos.   Ele diz que era uma atitude usual na época, apesar de absurda.   Diz que os brancos na época não consideravam os escravizados negros como seus semelhantes.

         Caminho novo do Parayba.   (região do Rio Paraiba do Sul)

         Num local de pouso onde foram bem recebidos, o casal tinha filhos na faixa dos vinte anos.  O autor notou que ao despedirem para dormir, beijaram a mão do pai e pediram a benção.   Era pouco usado o costume na época e o autor achou curioso.

         A praxe dos pecuaristas da época era venderem no máximo 10% do rebanho para não desfalcar o capital.   E manter sempre as vacas de cria para novas expansões do rebanho.

        

         Continua no        capítulo 5

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Cap.3 - fichamento do livro - SEGUNDA VIAGEM DO RJ A MG E A SÃO PAULO - Botânico SAINT HILAIRE (ano 1822)

 capítulo 3                maio de 2025

 

         Fala de andar por matas fechadas que tem sua beleza, mas não se avista longe.   Já quando se abre um campo, vegetação baixa, a vista alcança longe e se vê muitas plantas floridas que são uma beleza.     ...”é impossível... que não nos ocorra certo deslumbramento”.

         Lamento por ter que voltar ao país dele, a França.       “... mas desejaria ao menos gozar, mais tempo, do prazer de admirar este belo país...”

         A decisão de partir de Barbacena-MG até São Paulo.      Num dos pousos, numa fazenda, o pesquisador despachou para a Vila dois criados com as mulas e as cargas para comprarem provisão para a partida rumo a São Paulo.

         Na época na Corte no RJ estava um reboliço político (1822).   A população da Vila ficou em alvoroço achando que fosse gente do governo vindo recrutar contingente para enfrentar rebelião na Corte.

         ...”nossa chegada causara alarme na cidade”.

         Capítulo II

         Cita o roteiro de lugares onde passou.  Entre estes, Bicho de Pé e São João Del Rey.     (há um lugarejo histórico naquela região que se chama Bichinho.   Será que teria relação com o tal Bicho de Pé)

         Pág. 59 -  Fazenda do Tanque.   Cita também Rio do Sal, Rio Brumado e Rio do Peixe em MG.

         Descreve um lugar com paredão de pedra ao lado de um riacho e no paredão há algo da natureza parecido com uma imagem humana.   Na crença popular ligaram a imagem a Santo Antonio e o local virou ponto de peregrinação da região.    Iam inclusive pedir para encontrar objetos ou animais perdidos.    Os devotos diziam que após a visita e as preces, sempre encontravam o que procuravam.

         Ele cita que encontrou num rancho na zona rural uma mulher mulata e várias criancinhas bonitas.   O marido dela estava no serviço do campo por perto.   Ele perguntou à mulher se não achava tedioso ficar num lugar assim sem vizinhança.

         Ela   “disse-me que ali estava, havia apenas um ano e nunca sentira um único momento de tédio.  Os trabalhos caseiros, as galinhas e os animais domésticos tomavam-lhe o tempo todo”.

         O dono da casa disse que em um ano se estabelecendo no local teve que matar dez onças para tornar o local mais seguro para a família e os animais de criação.

         O autor fala que estava num dos lugares mais altos da montanhas onde se chegava a avistar  ao longe o Rio de Janeiro.

         Página 63 – Reprodução de uma tela com a cena de tropeiros acampados.   Tela de Jean Baptiste Debret.    (não cita data)

         No trecho, o pesquisador percebe que seu guia já andava enfadado com as paradas dele para coletar amostras de plantas.

         Nos pastos, fala do capim flecha que seria muito comum na região.

         Cita ter visto no alto de montanha na Serra da Mantiqueira em MG, um bosque de araucárias  (tipo o pinheiro do Paraná).  Região de Ibitipoca.

         Destacou que as araucárias são vistas em lugares de altitude de Minas Gerais para baixo, pelo Sul do Brasil.

         Encontrou comitiva indo para Araxá-MG buscar algodão para levar ao comércio do RJ.    A demora é em torno de sete meses para fazer a ida e volta por estradas de chão usando burros no transporte das cargas.

         Ele fala um pouco de Barbacena-MG que já era comarca em 1822.   “É célebre, entre os tropeiros, pela quantidade de mulatas que nela habitam e entre as quais deixam os homens o fruto do trabalho”.

        

         Continua no capítulo 4 de 10

sábado, 3 de maio de 2025

Cap. 2 - fichamento do livro - SEGUNDA VIAGEM DO RJ A MG E A SP - (ANO 1822) - Autor: Botânico francês - SAINT HILAIRE

  SEGUNDA VIAGEM DO RJ A MG E A SP

Original de 1822 - Autor : Botânico francês SAINT HILAIRE
O poder público incentivou abrir pequenas vilas, mas sem estrutura.
“Seria mais proveitoso encorajar-se os casamentos, auxiliar estrangeiros e repartir as terras com maior equidade”. (página 37)
A moeda era em reis e tinha moeda de certo valor que chamavam de pataca.
Ainda sobre o uso da terra: (página 38) “Nada se equipara à injustiça e a inépcia graças às quais foi até agora feita a distribuição de terras”. (isto em 1822)
...”os pobres que não podem ter títulos, estabelecem-se nos terrenos que sabem não ter dono. Plantam, constroem pequenas casas, criam galinhas e quando menos esperam, aparece-lhes um homem rico, com o título que recebeu de véspera, expulsa-os e aproveita o fruto do seu trabalho.” O pobre só consegue sob pedido ao dono, um pedacinho de terra para plantar lavouras de ciclo curto como feijão, arroz ou milho. Não pode plantar café, por exemplo, que é cultura perene.
Postos de registro, examinam as malas dos viajantes para ver se levam cartas de terceiros. É ilegal porque concorre com o monopólio do Correio.
Já no território de MG rumo a Barbacena. Ele cita nas regiões do interior do RJ e MG o sistema de cobrir casas com troncos (estipes) de coqueiros cortados na longitudinal ao meio e tirado a parte do miolo que é mole. Ficam como telhas curvas e encaixam uma com vão para cima e outra com vão para baixo sucessivamente. Dessa forma é comum cobrirem casas também em Valença- RJ.
Fala dos solos. Antes em lugares de solo argiloso e agora lugar de terra branca e arenosa. “Varia a vegetação ao mesmo tempo que o solo”.
Tempo de inverno e bate a melancolia. Vontade de rever a mãe idosa lá na França.
Peões atravessando rebanhos de gado a nado no rio. Sem gritaria nem desordem. Ele disse que na França é bem diferente. Os peões da lida gritam, fazem muito barulho ao lidar com gado.
Ao chegarem no alojamento, cada pessoa cumprimenta os demais e logo se trava conversa nesta região de MG. Todos vem ver o trabalho do pesquisador botânico e querem dar uma olhada na lente que ele usa.
“São estes homens as vezes inoportunos, mas sempre polidos”.
O pesquisador há três anos já tinha andado pela mesma região e estava no mesmo percurso agora. (Página 47)
Tem trechos do caminho pela montanha que são muito estreitos, menos de dois pés de largura. Num lado, o barranco ou paredão de pedra e do outro, o precipício.
O botânico caminha quase sempre à pé com uma bolsa no ombro. “Não existe casa nenhuma na montanha e o caminho é estreito e perigoso.”
Difícil desviar das boiadas. Por não haver concorrência, as fazendas vendem alimentos aos viajantes por preço elevado, até por não haver alternativa a estes.
Ele constatou que os brasileiros eram muito adeptos de amuletos e “simpatias” para tentar curar doenças. Muitos benzimentos também.
Na ortografia de 1938 (edição em português), a palavra ontem era grafada hontem.
O autor pergunta numa fazenda o que o fazendeiro acha do governo. O fazendeiro reclama e o autor comenta o caso. “A maioria dos homens tem a necessidade de se apegar aos que os governam”.
Lugar com vestígios de garimpo nos rios. Montes de pedregulhos etc.
“Na mata virgem quase nunca se tem perspectivas mas a vegetação é tão majestosa e variada e seus efeitos tão pitorescos que nelas nunca me aborreci”.
Fala de andar por matas fechadas que tem sua beleza, mas não se avista longe. Já quando se abre um campo, vegetação baixa, a vista alcança longe e se vê muitas plantas floridas que são uma beleza.
continua no capítulo 3

quinta-feira, 1 de maio de 2025

Cap. 1 - fichamento do livro SEGUNDA VIAGEM AO RIO, MINAS GERAIS E SÃO PAULO - Autor: SAINT HILARIE - Ano de 1822

 leitura em abril a maio de 2025

Autor: Pesquisador Botânico Saint Hilaire - 1822
Leitura em abril/maio de 2025 (Editora Biblioteca pedagógica Brasileira - 1938) 2a. edição
O livro foi editado primeiro na França e depois Affonso de E. Taunay traduziu para o português. Estou lendo uma tradução rara de 1938
Neste livro consta uma relação de livros editados com viagens do mesmo autor francês. Há edição que cita viagem a SC, ES, RS, GO, Bacia do Rio São Francisco.
Na viagem ao Rio Grande do Sul ele foi por terra e voltou em navio até o RJ que era a capital federal.
Na viagem do RJ a SP ele caminha com dois criados, dois índios montados em burros e um tropeiro para cuidar dos animais.
Caminhavam entre duas e quatro léguas por dia, cada légua em torno de 6 km.
O objetivo dele era coleta de materiais principalmente da nossa flora para estudos e também coletou material de animais.
Diário de viagem onde ele vai destacando detalhes das pessoas e das paisagens com olhar de cientista. Narrando viagem do RJ a Vila Rica (MG) e de Vila Rica a São Paulo.
O botânico trouxe para o RJ uma coleção de amostras de plantas coletadas por ele e equipe no interior. (herbário por ele coletado e catalogado)
Conta com grande desgosto que perdeu muito material coletado em jornadas longas. Perda por deterioração por temperatura e umidade elevadas, também por ataque de traças.
Coletou e preparou para conservação amostras de muitas plantas, animais incluindo entre estes, muitos pássaros e insetos. Cita uso de éter para conservação de alguns animais.
Página 18 - Ele desabafa sobre a extrema lerdeza dos operários do RJ que compunham sua equipe.
Página 20 - Sobre o clima tropical que tem mais exposição ao sol quase o ano todo e as florestas são mais exuberantes. Na Europa o clima tem temporada mais fria e é comum as florestas perderem folhas. Ele cita:
“Aqui a vegetação nunca repousa e em todos os meses do ano bosques e campos estão armados de flores”.
Destaca o grande movimento nas principais estradas de acesso à cidade do Rio de Janeiro.
...”varas de porcos, rebanhos de gado, sendo tangidos pelas estradas para serem abatidos no mercado da capital RJ seguem levantando poeira nas estradas.”
(inclusive porcos são tocados por terra, caminhando até de MG para o RJ)
Cita um lugarejo com nome de Inhuma, que é uma ave de porte grande e que na época da passagem dele pela região já eram raras. Ele ouviu do povo local que o esporão acima do bico da ave teria algum efeito na medicina popular, o que acarretou uma caça desenfreada da espécie.
No caminho o pesquisador consegue um lugar para pousar numa construção rústica com teto e sem três paredes laterais, anexa à moradia do que deu hospedagem. Eram comum isso e chamavam de “telheiro”. Ao menos tinha teto para se proteger de chuvas.
Página 26 - “A posse de um engenho de açúcar confere, entre os lavradores do RJ, como que uma espécie de nobreza”. Ser recebido por um desses donos de engenho “é algo de ambição geral”.
Ele faz breve citação sobre o modo de cultivar cana de açúcar na região. “Dá aqui três cortes, depois das quais é necessário deixar a terra descansar quatro anos seguidos...”
Alguns que tem áreas pequenas, estercam o canavial para a cana produzir por mais de três anos seguidos.
Ele e seu grupo na margem do Rio Paraiba. Constata que as tropas atravessam a nado o rio.
Falou do tipo magro dos tropeiros vindos de MG. Magros e de pés no chão.
Ele cita os almocreves (profissão que ouvi falar por um jornalista num livro chamado Lampião e Maria Bonita de Wagner Gutierrez Barreira). Estes tinham tropa e se especializavam em levar o dinheiro e encomendas dos comerciantes até a cidade onde se abasteciam e voltavam com as compras para os comerciantes colocarem no comércio local. Era risco por conter valores.
... “já no RS os homens só apreciam os exercícios físicos. Não buscam muito o conhecimento do viajante”.
Num trecho o autor fala do povoado de Valença no RJ. Cita o povo local construindo a igreja com uso de pedras. Diz que achou o lugar triste.
Segue no capítulo 2 de aproximadamente 6.
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segunda-feira, 21 de abril de 2025

Cap. 2 (final) - Fichamento do livro de ficção - ANTONIO - Autora: BEATRIZ BRACHER

Cap.2   

         Xavier esteve internado no Sanatório quando era jovem lá pelos vinte de idade.     Antes disso, já tocou a vida a dois com a adolescente Elenir que era do interior e saiu de casa cedo e morava em São Paulo.   Eles tiveram um filho e nesse tempo ela estava pelos quinze de idade.

         O pai de Xavier era médico.  Dr Emmanuel.    Xavier foi destaque como aluno da renomada Faculdade de Direito da USP no Largo São Francisco em SP.

         “Foi brilhante, é certo, mas sem a disciplina, a inteligência não leva ninguém a lugar algum”.   Xavier é o mais velho dos irmãos.

         Página 87 – a autora cita os empregos relevantes dos netos de Xavier.   No caso.... “e mesmo a Renata, coitada, assessora de imprensa de uma editora”.

         “O problema não é ser empregado, longe disso, é deixar de ser você, deixar de construir um você que sirva de verdade no mundo”.  (fala da mãe)

         A mãe e palavras sobre o sentido da vida.   “Você não pode apenas fazer parte da máquina, tem que ter algum comando.  Essa é a responsabilidade.  Não  pelo poder do dinheiro, você tem a obrigação de acrescentar algo ao seu país.”

         “Não temos o direito de participar apenas como gado...”  (isto dito em 2007).    Página 89

         A avó falando com o neto Benjamim sobre o pai dele, filho dela.  E na época Benjamim tem um filho pequeno, Antonio.

         Raul   (o melhor amigo de Teodoro, pai de Benjamim)

         Haroldo  (o melhor amigo de Xavier, avô de Teodoro)

         São Paulo da época...  (anos 80)

         “Prédios enormes, recuados e fechados, carros e mais carros, entramos pelas garagens, subsolos, elevadores e portas de aço escovado, janelas de vidros duplos pretos, verdes e cinza.  Janelas soldadas protegem-nos do barulho, da fumaça e do suicídio.”

         “Abdicamos das ruas e nos isolamos...”

         ...   O amigo de Xavier, formado pela São Francisco, Advogado.   Convidava Xavier que foi colega de turma, para pegar alguma causa, tentando assim ajudar o amigo a ter algum ganho.  Xavier que buscava viver de arte, teatro.   Não teve êxito nessa vontade de ajudar o amigo.

         Xavier chegou a ter uma editora e foi à falência por falta de habilidade nos negócios.

         Uma frase do velho amigo sobre Xavier.  “Delicioso com os amigos e as amantes, devastador com os filhos, parasita com a mulher”.

         Além do mais, Xavier era mulherengo.

         Ambos os amigos passaram uma temporada em Paris.  O amigo fez Mestrado lá e Xavier curtia a noite na cidade e ia direto nos teatros.  Em um ano lá, fez um “mestrado” na noite parisiense.

         Sobre Xavier nas palavras do amigo Haroldo:

         “Quando Benjamim morreu bebê, durante todo o período do luto, em casa, no hospício e depois em Paris, Xavier nunca se referia para o amigo sobre o sumiço da jovem Elenir, mãe do bebê que morreu logo depois do nascimento.

         “Elenir dissolvia-se em um momento encantado, como se tivesse morrido junto com a filho deles.”

         Teodoro, filho de Xavier, foi na juventude se aventurar com amigos e amigas pelo interior de Minas Gerais.    Bebedeiras, farras, encrencas.   Pegou sífilis, doença venérea que teria levado ele mais adiante à loucura.

         O que Teodoro pensava da arte, ele que tocava violão e compunha.

         “Um artista só é artista quando ele é reconhecido.   O que o torna artista não é a sua arte, mas o reconhecimento da sua arte, pois somente o que ele criou gera movimento”.

         Raul  - amigo de Teodoro

         Jovens e na boa vida, descobrem inclusive a arte do escritor paranaense Dalton Trevisan  (o “Vampiro de Curitiba”)

         Teo de volta a São Paulo, doente mental e dando trabalho enorme para a família.   É internado duas vezes.  Foge as duas vezes do sanatório.

         Vive pelas ruas, mora em favela.   Ajuda os outros e vai tocando a vida inclusive dando algumas aulas só para ajudar os outros da favela.

         “O povo dos tempos de Teodoro já eram os miseráveis, favelados, sem terra, sem história e com raiva”.     “Não deixavam nunca de saber quem Teodoro era...”

         Na favela, numa das enchentes, ele ajudando outros favelados.   É contaminado com a água da enchente e fica doente e morre.

         Mais adiante a mãe dele, que enfrentou uma vida dura, cuidando do marido Xavier que não se ajustava em nada e só criava problemas.   Quatro filhos, a esposa achou meio de no caos geral, conseguir estudar e ser Professora na USP no contexto da obra de ficção.    Não cuidava muito da própria auto estima, da saúde.   Fumava bastante e bebia também.   Acabou tendo um câncer e faleceu.

 

OBS:  No livro fica meio implícito que de um lado, Xavier teve um filho chamado Benjamim que morreu logo que nasceu e ele abandonou a mãe desse filho. E que lá muito adiante, o filho dele, Teodoro (o Teo) nas andanças da vida, teria tido um filho em incesto e colocou no filho o nome de Benjamim também. Este que no tempo de nascer seu filho Antonio, busca com a familia e amigos recompor a história da familia e entender um pouco de como foi a vida do pai dele.

         FIM.                  21-04-2025     

sexta-feira, 18 de abril de 2025

Cap. 1 - fichamento do livro - ANTONIO - Autora: BEATRIZ BRACHER

 

Cap. 1                    abril de 2025

 

         Este livro é de 2007 e a autora que eu não conhecia é bem conceituada e tem vários prêmios no setor.    Descobri a obra por ter sido lida por uma das filhas antes da pandemia.   O livro ficou por aqui e resolvi ler apesar de ter sempre uma fila de livros para ler como costuma ocorrer com muitos leitores.

         O livro é uma ficção e tem como mote uma família paulistana de classe média alta decadente nos anos 80.   Tem um protagonista na família e a autora conta um pouco da trajetória deste narrada por várias pessoas.   Pela avó do protagonista, pelo amigo mais próximo dele na juventude.  

         Há também narrativa de outros membros da família e também por amigos próximos destes, como amigo do avô do protagonista.

         Neste caso, pelo que achei mais relevante em pensamentos expressos e que mostram um pouco da visão de mundo expressa na arte mas que conversam com nossas vivências e percalços também.

         Um narrador explicando para o protagonista Benjamim.

         “Tuas tias Flora e Leonor eram as meninas mais modernas que eu conhecia.  Acho que foi a primeira casa onde namorados e namoradas passavam a noite juntos e a gente podia fumar o que quisesse numa boa”.

         Isabel falando de Xavier, avô do protagonista:

         No passado Xavier partiu para longe e conheceu Elenir com quem teve Benjamim que morreu poucos dias após o parto a fórceps (a “ferro” como se diz no popular).

         Se encontraram e começaram a se relacionar em São Paulo depois que ela deixou os pais.  Ela teria uns quinze anos apenas e tiveram o caso e o filho.

         Xavier fez Direito na renomada faculdade do Largo São Francisco em São Paulo.    Leu na juventude muitos livros, filósofos.      ...”descobria a minha infinita ignorância, no lugar das nossas certezas de ignorância”.

...    “A alienação veio depois, porque alienação é quando o cara não consegue enxergar a realidade, começa a criar uma outra realidade que só ele vê”.

         Nas falas da Isabel

         Isabel vinha de um colégio de freiras, onde só estudavam meninas.  Decidiu fazer Letras dos Clássicos na USP.   Mudança radical, inclusive por estudarem alunos de ambos os sexos juntos.   Para ela, um mundo novo.

         Um da família um tempo ficou surtado e foi parar num sanatório.  Andou lendo bastante a Biblia e no dia da visita da família começou criticar a religião com base numa passagem do velho testamento.  Sobre Abraão e a decisão de Deus sobre o destino de Sodoma e Gomorra.  A relação incestuosa deste com as filhas.  Segue nesse trecho um diálogo complexo em família.

         Agora é Raul, amigo de Teodoro, o Teo, pai do protagonista.

         Raul contando das andanças dele e Teo na juventude.  Passeio de barco pelo Rio São Francisco.  Eles e três amigas.  Bebedeiras, sexo e encrencas.

         A avó de Teo, Isabel, professora.   Fumou muito no passado e enfrenta um câncer.    Ela falando ao neto Benjamim.   “A velhice é uma merda.  Não teria feito diferente, mas que é uma merda, é.”

         Isabel é a esposa de Xavier .

         Na juventude, Teo deixou São Paulo – SP e foi morar na Serra do Cipó em MG e lá nasceu Benjamim.  Numa fazenda, numa condição tosca de vida e moradia.

         Teo não foi visitar o pai quando morreu.   Lá na fazenda Teo era Tito e o filho Benjamim era Beibi.

         A família de Isabel era da burguesia paulista e estranhava ver ou saber de filhos ou netos sendo empregados.    Isabel e Xavier tiveram quatro filhos em cinco anos. 

         Isabel recordando na fala com o neto Teo.    ... “nos anos que fiquei em casa cuidando dos filhos, foi uma coisa meio de bicho, ancestral.  Parir, amamentar, lavar, afastar os perigos”.

         Continua no capítulo 2   (de aproximadamente 4 capítulos)

quarta-feira, 2 de abril de 2025

Cap. final - fichamento do livro - TRILHOS, CAFÉ E TERRA VERMELHA - autor: Jornalista ROGÉRIO RECCO

 capítulo 9/9                        abril de 2025

         Os filhos de Amedeo.  O filho Hugo Francisco Boggio fez Engenharia Agronômica na ESALQ USP         Piracicaba  (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz).    (Local onde fiz o mesmo curso nos anos 70)

         Item:   O Cansaço começa a incomodar

         Amedeo já com mais de sessenta anos de idade já anda cansado.  Morar em São Paulo e viagens frequentes para administrar suas propriedades distantes no Norte e Noroeste do Paraná.

         Em 1963, uma nova geada forte afeta os cafezais.  Geada seguida de inverno seco e os incêndios devastaram a região, inclusive os cafezais com folhas secas pela geada.

         Mais adiante o autor cita que as estradas do Paraná começaram a ser asfaltadas em maior intensidade a partir do governo Ney Braga (1960-1964) e no governo seguinte de Paulo Pimentel (1964-1967).   Este último nos tempos em que o Governo Militar indicava os governadores.

         O asfalto deu mais um alento ao povo das regiões Norte e Noroeste do Paraná.

         Capítulo – A fatalidade

         A empresa aérea do Fontana, a Sadia, fazia voos regulares para a região.   Estava numa fase de ter aviões novos de fabricação inglesa.  Aviões Dart-Herald, modelo HPR-7 com capacidade para 58 passageiros.   A Sadia fazia voos diários entre RJ-SP-Curitiba-Londrina-Maringá-PR.    Avião turbo-hélice com velocidade média de 435 km/hora.

         Amedeu vinha ao Paraná nesse dia num avião da Sadia com apenas dois anos de uso e 3.200 h de voo.   Tempo ruim chegando perto de Curitiba, região de montanhas da Serra do Mar.  Faltava 25 km apenas para chegar ao aeroporto Afonso Pena e o avião acabou batendo numa montanha da Serra.

         Dos 20 passageiros, só duas pessoas sobreviveram.   Amedeo morreu nesse acidente em 1967.

         Final – A fazenda de Amedeo em Maringá – PR é uma relíquia

         Dos anos 50, resta em Maringá na Avenida Guaiapó a Capela de Nossa Senhora Aparecida, da qual Amedeo ajudou com projeto e parte do material.

         Ele tinha perto da zona urbana a fazenda Kaetê com a sede preservada, construída em 1952.    Tem reserva de mata que ele deixou intocável.

         O cuidado dele com a história sempre foi presente e ficou material produzido por ele em anotações, filmes e fotos.

         Quando o pai morreu (1967), o filho Hugo, Engenheiro Agrônomo prestava serviço na Casa da Lavoura de Presidente Epitácio – SP.   Deixou o emprego e veio cuidar da fazenda da família.

         Nessa fase a serraria da Familia Boggio em Umuarama PR já estava em decadência inclusive por conta da pouca oferta de toras na região.  Em 1971 encerrou as atividades da Serraria Aratimbó e o terreno foi loteado por ficar em lugar valorizado dentro da cidade.

         O acidente que levou Hugo aos 39 de idade.  Ele voava com o primo piloto num voo entre Mogi Mirim e São Paulo.   Era um voo de retorno para casa em São Paulo e já era à noite, tempo chuvoso.   O pequeno avião se choca em um edifício perto do aeroporto no bairro Moema.

         Já a Fazenda Kaetê em Maringá PR que tinha café, teve a lavoura arrasada pela geada negra de 1975 e foi erradicada.

         Tereza e Amedeo

         Tereza, rodeada dos netos, veio a falecer aos 80 de idade em 1998.   Relembrando, que Amedeo chegou como imigrante no Norte do Paraná e foi um dos pioneiros em Londrina, quando esta tinha apenas 18 moradias. Isto em 1930.

         Tem atualmente rua em Maringá em homenagem a Amedeo Boggio, assim como há em Umuarama PR também.

         Finalmente destaco que o livro contém vários (9) QRCode que permite com celular captar as imagens de fotos e filmes curtos do acervo coletado por Amedeo e que mantém originais no acervo da família.

         O autor deste livro, o experiente jornalista Rogério Recco cita 43 bibliografias consultadas, algumas das quais andei lendo anteriormente.

         Agradeço aos que tem acompanhado esta e outras resenhas ou fichamentos que tenho feito.        resenhaorlando@gmail.com    Curitiba PR