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terça-feira, 27 de dezembro de 2022

CAP. 04/04 - resumo do livro - CLARICE, UMA BIOGRAFIA - Autor: Benjamin Moser

 

BIOGRAFIA CLARICE LISPECTOR - FINAL

      Como já disse nos capítulos anteriores, a Biografia da Clarice Lispector, de autoria de Benjamin Moser, é um livro volumoso, mas de grande qualidade e diversidade de informação.     Dos apontamentos que fui fazendo ao longo da leitura, daquelas partes que mais me chamaram a atenção,  notei que dava para fazer comentários sobre um pouco do pensamento da Clarice, um tanto do Brasil na época e finalmente, destaquei o lado que o autor realça o povo judeu, afinal o autor e Clarice pertencem ao povo judeu e essa condição se reflete naturalmente na obra.    Vamos à síntese do que anotei:

     (Página 23)   Na Ucrânia onde nasceu Clarice, Stalin matou muita gente e depois Hitler também fez o mesmo, para a dor daquele sofrido povo.    Era a região que tinha a  maior concentração de judeus do mundo.     Clarice nasceu na cidade de Tchechelnik.

     (p.27)  Os judeus costumavam ter muitos filhos, pois preceitos religiosos deles não eram compatíveis com o controle da natalidade.

     (p.28)  Por lei, na Ucrânia da época, os judeus não podiam ter terras e viviam em seu país como se fossem estrangeiros.        

     (135)   Nas Guerras Mundiais, praticamente o mundo todo fechou as portas para os imigrantes judeus.

     (p.166)   Para todos os lugares onde os judeus migraram, já na segunda geração eram classe média, visto que sempre foram dedicados inclusive aos estudos.         Sionismo - movimento dos judeus visando ao retorno à terra dos ancestrais.

     (p.244)   O jornalista Samuel Wainer, que foi destaque no cenário brasileiro, era judeu nascido na Bessarabia,  que fazia parte da URSS.    Ele foi proprietário do Jornal Última Hora.      Clarice, formada em Direito, exerceu o jornalismo no Rio de Janeiro por bom tempo e foi até demitida do Jornal do Brasil  por ser judia.

     (p.271)   O diplomata brasileiro Osvaldo Aranha teria assinado pela ONU em 29-11-47 o documento de criação do Estado de Israel.

     (304)   O empresário Adolpho Bloch, da Revista Manchete nasceu na Ucrânia e era judeu.

    (p.327)   O empresário americano Henry Ford, segundo o autor, era um notório anti-semita.    

 

     Conclusão:   o meu hábito de anotar o que achei de mais relevante em todos os livros que leio me fornece uma síntese interessante.    Ao ler e reler esta síntese, reforço o conhecimento das passagens de destaque que permitem uma reflexão boa. 

CAP. 03/04 - fichamento do livro - CLARICE, UMA BIOGRAFIA - Autor: Benjamin Moser

 

DA BIOGRAFIA DA CLARICE LISPECTOR III

     No mês de fevereiro coloquei duas partes de comentários daquilo que achei mais interessante na Biografia da Clarice, cuja obra está detalhada no Capítulo I do tema no blog.     Para este capítulo III destaquei mais o lado Brasil da época focado no livro.    Mas antes de entrar no tema Brasil, vou destacar uma frase lapidar para as pessoas que são chegadas a fazer uns rabiscos.   (página 126) " Uma coisa eu já adivinhava:  era preciso tentar escrever sempre, não esperar por um momento melhor porque este simplesmente não vinha.  Escrever sempre me foi difícil, embora tenha partido de uma vocação.  Vocação é diferente de talento.  Pode-se ter vocação e não ter talento, isto é, pode-se ser chamado e não saber como ir".

     Agora, sobre o Brasil da época por conta do biógrafo:

     (pag.129)   Antes do ano de 1920 os navios de Cruzeiro que vinham do primeiro mundo se gabavam de não parar no Brasil.   Havia lá fora o medo de doenças tropicais daqui e outras idéias negativas.

     O Brasil em geral e o Rio de Janeiro (que era a capital federal na época) despontaram para o Primeiro Mundo como lugar interessante após 1920.    Nessa onda, o RJ inaugura em 1922 o famoso Hotel Glória e em 1923 o Copacabana Palace, outro hotel que virou ícone do RJ.     Getúlio Vargas, o Presidente, fez uma forte campanha para melhorar a imagem do Rio em particular e do Brasil em geral no exterior.    E era tempo da cantora super star da época Carmen Miranda estar bombando na mídia.   Ela acabou ajudando a melhorar a imagem do Brasil lá fora.     Futebol e Carnaval já eram produtos fortes do Brasil da época.

     (p.140)     Nossa Casa de Detenção, que depois virou o Carandiru já foi um presídio modelo de tal forma que era aberto a visitantes daqui e do exterior.   Visitantes famosos como o Antropólogo Clode Lévi-Strauss e o escritor judeu Stefan Zweig visitaram a Casa de Detenção.

     (p.142)   Algo para reflexão:    Até 1920 o Brasil não tinha nenhuma Universidade.  O que havia era faculdades isoladas com cursos específicos.    Nada de um campus com vários cursos dentro do conceito de universidade.     E o autor destaca que cidades como Lima, Cidade do México e Santo Domingo já tinham suas universidades desde o século XVI.  

     (p.198)     Na Segunda Guerra Mundial os americanos fizeram em Natal-RN a maior base aérea fora do seu território no esforço de guerra usando Natal-RN por ser um ponto estratégico por ficar no ponto da América do Sul mais próximo da África.    Diz que a  Base americana em Natal era tão grande e sofisticada que tinha até um cinema que recebia os filmes de lançamento, mesmo antes de chegarem à nossa capital federal que era o Rio de Janeiro.

     (p.213)   Em 1888 o Brasil decretou o fim da escravidão e passou a incentivar a imigração para prover mão de obra principalmente nas lavouras, sendo que o café era o carro-chefe.    E que a preferência teria sido para o imigrante italiano por ser branco, latino e católico.   Supunha-se que o povo brasileiro se adaptaria melhor a esse perfil de imigrante, segundo o autor comenta.

     (p.278)   Em 1947, o Brasil em uma fase de estreitamento diplomático com os USA chegou a importar 27.000 toneladas de bananas dos USA.     Parece piada!

     (p.300)   Diz que até certa época recente, no Brasil só três escritores conseguiram viver da literatura e seriam: Érico Veríssimo, Fernando Sabino e Jorge Amado.

     (p.314)   O magnata Giuseppe Martinelli fez o primeiro arranha-céu como se chamava um prédio alto nos tempos dos anos 20.    O povo paulistano ficou abismado com a obra e sua altura mas tinha medo de morar naquela altura.    Para mostrar que o prédio era seguro, o magnata Martinelli se mudou com a família na cobertura do arranha-céu.   Daí as pessoas aderiram à novidade.

     (p.395)   Jânio Quadros, que foi presidente do Brasil, visitou Cuba de Fidel.   Jânio condecorou Chê Guevara  (em 19-08-61) com a maior comenda nacional -  a Ordem do Cruzeiro do Sul.

    (p.427)     Na Ditadura militar os amigos de Clarice, Paulo Francis e Ferreira Gullar, foram presos logo após a edição do AI 5 Ato Institucional número 5 que suspendeu as liberdades democráticas no País em 1969.            

     Em resumo nosso País é novo e estamos no aprendizado...   

CAP.02/04 - fichamento do livro - CLARICE, UMA BIOGRAFIA - Autor: Benjamin Moser

 

BIOGRAFIA DE CLARICE LISPECTOR - II

     Como simples leitor da Biografia de Clarice Lispector, seguem mais algumas frases que eu destaquei como marcantes na obra.   Isto tudo para mostrar que a escritora foi fora de série e merece ser lida com muita atenção.   

     Frase com comentário do crítico literário Milliet sobre uma obra de Clarice:    "A autora sucumbe ao peso de sua própria riqueza"  (cultural).    ... "livro desanimadoramente difícil de ler"..  (p.284)

     Sobre seu desapego a Deus:   "Acima dos homens, nada mais há."  (p.285)

     "Todos querem ter projeção sem saber como esta limita a vida."    ... "o que eu queria dizer, já não posso mais".   (p.360)

     Cazuza leu 111 vezes o livro Perto do Coração Selvagem.    Cita o biógrafo: "O livro inspirou paixões".   (p.457)

      "Que ninguém se engane.  Só consigo a simplicidade através de muito trabalho"   (p.479)

     Dica de Clarice para uma menina que gostava de escrever:   "Escreva em prosa... ninguém edita comercialmente livro de poesias".   (p.480)

     Sobre seu cão Ulisses:   "É um cachorro muito especial... é um pouco neurótico".   (p.482)

     Perto dos 47 anos de idade, que não chegou completar:     Em carta para o intelectual católico Alceu de Amoroso Lima (o Tristão de Athaide):   "Eu sei que Deus existe".

 

     Há material anotado para mais uns dois capítulos no blog, sobre detalhes do Brasil, do Jornalismo no Brasil (ela militou na área), da Guerra e na Diplomacia.   Vejamos...

CAP. 01/04 - fichamento do livro - CLARICE, UMA BIOGRAFIA - autor Benjamin Moser

 

SOBRE A BIOGRAFIA DA CLARICE LISPECTOR - PARTE I

     Como leitor franco atirador, um dia me chega às mãos  o livro biográfico "Clarice" de autoria de Benjamin Moser e tradução de José Geraldo Couto.  Obra da editora Cosacnaify, com 647 páginas.
     O livro é de uma riqueza de dados impressionante, não só da controversa Clarice, mas no retrato que o autor traça sobre a política brasileira, a Europa das primeiras décadas do século passado, a questão do povo judeu na Europa, as Guerras e muito mais.    
     Tendo o hábito de ler com papel e lápis do lado, anotando aquilo que mais me chama a atenção, percebi que no caso desta obra, dá para fazer até uma separata por assunto, como Política brasileira nos anos 20, aspectos da Geopolítica nos tempos das Guerras Mundiais,  aspectos da Diplomacia brasileira nos anos 20, aspectos do Jornalismo no Brasil e no front de batalha na Europa e por aí segue.
     Para esta primeira parte, já que a protagonista é a Clarice, resolvi destacar frases e citações que mostram um pouco do modo de pensar dela.      Ela no Cairo, esposa de diplomata, em frente à esfinge e o mito do "me decifra senão te devoro".     Ela teria dito após "encarar" a esfinge:  "Não a decifrei.. mas ela também não me decifrou".  (p12)
     Frase de Drummond sobre sua amiga Clarice:  "Veio de um mistério e partiu para outro"   (p.14)
     Ela por ela mesma:  "Sou tão misteriosa que não me entendo"   (p.15)
     Idem:   "Eu sou vós mesmos"   (p.17)
     Idem:   Dela que nasceu na Ucrânia e veio bem novinha para o Brasil:  "Eu pertenço ao Brasil"  (p.23)
     Consta que ela na juventude chegava a ler um livro por dia.   (p.126)    A literatura de Herman Hesse teria influenciado um pouco a pessoa e a obra de Clarice.    (p.127)
     Clarice, se referindo ao suicídio de Virginia Wolf:         "... não quero perdoar o fato de ela ter se suicidado.   O horrível dever é ir até o fim".   (p.205)
     Sobre viver longe do Brasil e das pessoas amigas na Europa, acompanhando o esposo diplomata.    "O que importa na vida é estar junto de quem se gosta". (210)
     Ela, morando numa pequena cidade do interior da Europa.   "É preciso ser feliz para morar em uma cidade pequena, pois ela alarga a felicidade como alarga também a infelicidade" (251)
     Para finalizar o capítulo de hoje, parte de uma frase dela numa carta enviada da Europa:    "... somente até um certo ponto que a gente pode desistir de si própria e se dar  aos outros e às circunstâncias...".       (259).    Ela leu muito os filósofos...
     

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Cap. 11/11 (final) - Fichamento - livro - O SOM DO RUGIDO DA ONÇA - Autora Micheliny Verunschk - Cia das Letras - 2021

 

capitulo 11/11 (final)

 

         A Calunga Grande, os negros escravizados...    “Sangue do povo negro no Brasil colonial”.    Sofrendo como os índios.

         “Sangue dos pobres do mundo”.   Os exploradores   “com o seu deus estrangeiro, seu lixo, suas mentiradas”.

         “Os motores queimando óleo, o gado invadindo tudo, a comida com gosto de veneno e cinzas”.      Página 140

         ... correrias e matanças de índios.   Os bandeirantes e a sanha...

         Os índios tinham os remédios para seus males, mas os brancos trouxeram novas doenças que dizimavam os índios.

         Cita trechinho da fala de Theodore Roosevelt, de 1913 quando ele esteve no Brasil e participou inclusive de caçada e provou carne de onça.

         Na ocasião o então presidente Roosevelt visitou no Brasil, cidades em diversas regiões.  Viu locais onde moram ricos, lugares de pobres, de miséria.   “Viu que depois de irem acabando com as nações do povo de origem, foram pegando o nome dos mortos para botar nos novos lugares que alevantaram.

         Praça Tibiriçá, Praça Tamoio, Rua Guarani etc.

         Mistura de sangue entre índios e brancos...    “mas, se uma alegria resultou disso, de igual modo também que o que derivou foi uma grande negação, o povo negando a si mesmo.    “Tudo é índio, ninguém é índio”.   “E o Brasil, essa igara”.   (igara, tipo de canoa indígena)

         “Um tiro cala a voz da Amazônia.  Chico Mendes, a morte anunciada”.

         Manchete, 1989

         “Assassinato de freira defensora da Amazônia, Dorothy Stang, completa dez anos”.   InfoAmazônia, 13-02-2015.

         O livro faz outras citações do gênero e suas fontes.

         “Comissão da Verdade:  ao menos 8.300 índios foram mortos na Ditadura Militar no Brasil”.   Fonte: Amazonia Real   11-12-2014.

         “CIA treinou polícia para agir contra indígenas no Regime Militar”.

         Avispa Midia de 22-01-2016.

         VIII          Onça caçando.... quando é hora de caçada sua, e não é coisa que se ensine.  É porque é”.   “E quando menos se espera, pro bicho entretido, cochilado de si, a onça vai e zás!”

         ...”morde o bicho... ou no gogó pela frente e, como os dentes dela vão muito fundo, o bicho morre afogado no sangue dele mesmo”.

         A onça, espírito de Iñe-e voa pelo oceano até chegar em Munique em missão.   Encontra Spix moribundo.  Fica ali ao pé da cama sem ele perceber.  Ela não tem raiva dele.

         Já é diferente com Martius, de quem ela tem muita raiva.  Ele já velho...

         “não havia perdão capaz de resgatar aquele homem”.    Ele morre.   Em seguida, em espírito, volta à floresta Amazônia onde atuou e lá ocorre nesse plano espiritual o acerto de contas dele com a Onça.   Ela ataca e destroça o pesquisador.   Aquele que comprou as crianças indígenas no passado.

         “Findo estava, caça que era”.    Morreu de fato no dia 13-12-1868

         A onça voando, desce em Munique no templo de Diana.   “Foi aí que a jaguara deu seu rugido, e o som do rugido da onça se multiplicou por tudo que é lado...”

         Os espíritos das crianças índias que morreram em Munique foram conduzidos para o destino final de volta à sua terra, ao seu povo, junto aos seus antepassados.

         Vencida a missão de Iñe-e como índia e como onça.  Já em espírito:

         “Agora quero mais não, nem roupa nem nome”.   “Despossuo tudo de que já tive precisão, agora não mais”.

         A respeito da construção da maloca

         “O mito de Niimúe é de origem do povo miranha”.

         “São utilizadas palavras do vocabulário miranha, juri e nhengatu ao longo desta obra”.

         A Constelação dos quatro macacos corresponde à Constelação de Orion.

         “Relatos sobre a árvore da vida são comuns a vários povos do mundo.  Nesta obra foi usada a narrativa do povo Yanomami como referência”.

         Litografias denominadas Miranha e Juri na exposição Coleção Brasiliana Itau do Instituto Itau Cultural.

 

                   Fim de leitura dia 11-12-2022.    

 

         (gratidão aos que acompanharam mais este fichamento).   Uso bastante o Facebook e o MSN.   Caso queiram fazer algum comentário no blog ou nestas outras mídias, fiquem à vontade.   Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida – Curitiba – Pr – Brasil 

         OBS – ao redor de 85% dos que acessam o blog historicamente são dos USA

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Cap. 10/12 - Fichamento - livro - O SOM DO RUGIDO DA ONÇA - Autora Micheliny Verunschk - Cia das Letras - 2021

 capítulo 10/12

        

         “Onça gosta de rio e de sombra de árvore.   O mundo era uma árvore.  “Árvore de toda a vida, assim se chamava”.  Era assim e dou fé.

         “Do alto daquela árvore nasceu o primeiro céu e o sol e a lua e todas as estrelas, porque o alto é que dá fruta”.

         “Do alto da árvore nasceu também a Onça Grande, Tapai Uu, o corpo dela feito de brasa das estrelas”.

         “Das raízes da árvore nasceu um segundo céu, a terra que a gente pisa por fundamento, o mói de plantas e as águas...”

         “Das raízes... nasceu também a Grande Jiboia Igaibati...   “Igaibati era fera de dar medo”.

         ... “E foi quando a Onça Grande descobriu um demasiado amor por Igaibati, sem se importar com a feiura dela...”      Dessa união nasceram todos os bichos da floresta.   Dessa união também nasceram os homens de toda qualidade e índole...”

         ...”Inclusive gente branca, que nasceu da qualidade sufocante da serpente...”

         “Vocação de tudo é virar onça, e tudo é onça porque Tipai uu amou Igaibati primeiro”.

         II   página 121 (das 160 totais)

         Contando do chamamento da Grande Onça a Iñe-e quando esta era bem pequena...   “Porque ela era destinada de Tipai uu desde antes de nascer.”

         Então a Grande Onça contou para a menina uma porção de ensinamentos... se defender...   olhos de ver o passado do passado, ... o futuro...”

         “E Tipai uu disse assim:  “Iñe-e, tu é minha e, por ser minha, é bom que saiba que tu é onça quando quiser de ser”.

         ...”Vai chegar um tempo de que tu seja caça, Iñe-e.   E onça não nasce para ser caça.    Onça é dona da mata.     Se um dia você estiver em apuro, me chame que eu venho te socorrer”.

         III

         Tempos depois da menina se encontrar com a Onça...   “Já a menina mal adormecia, onças, jiboias, antas, quatis, cutias visitavam ela”.

         Quando a menina já era escrava do branco, o espírito da Grande Onça só não incorporou nela porque a menina não soube dar o recado certo, mas a onça em espírito estava sempre por perto dela.

         “Então se deu que a menina desandou a morrer no estrangeiro”.

         ...”A hora era chegada.  Uaara-Iñe-e! falou a Onça Grande com sua voz muito antiga.   E num instante muito rápido onça era menina e menina era onça.”

         IV

         Iñe-e na forma de onça se aproximou da aldeia com vontade de ver a mãe, mas com medo dela não a deixar se aproximar.   A mãe ao ve-la atravessando o rio, sorriu e veio ao encontro da filha.   Se abraçaram.  Momento terno.  

         Em seguida, Iñe-e recebeu um sinal para ir embora e assim fez.   A mãe contou para o avô que se encontrou com a filha pela derradeira vez e que ela já não é mais deste mundo.

         ...”não pisa mais no mesmo chão que nós.   A Dona da Caça levou ela”.

         Passa o tempo e o branco começa a explorar os seringais nativos nas terras indígenas e usam trabalho pesado dos índios.  Inclusive trabalho de crianças carregando pesadas cargas de látex de seringueira.   O leite da seringueira é bem branco e a autora coloca como um leite.    Jorra leite das árvores e sangue dos indígenas nessa lida.     Chicote de couro de anta sendo usado contra os índios para acelerar a produção.

         A menina Kaiemi sofrendo com o peso das cargas que tem que transportar.    “Justiça de onça se faz é no dente”.

         A menina Kaiemi é filha do filho do irmão de Iñe-e.

         VII

         A Calunga Grande, os negros escravizados...    “Sangue do povo negro no Brasil colonial”.    Sofrendo como os índios.

 

         Continua      capitulo 11/12

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Cap. 09/12 - Fichamento - livro - O SOM DO RUGIDO DA ONÇA - Autora Micheliny Verunschk - Cia das Letras - 2021

 capítulo 09/12

 

        

         Em 2009 a artista Mirtha Monge pintou as figuras de Iñe-e e Juri e expos num parque da cidade de Munique.

         No tempo do nazismo muita gente foi presa por resistir contra o mesmo na Alemanha.  “Schmorell, um dos fundadores da Rosa Branca, a resistência alemã aos horrores do nazismo”.   Isso quando o nazismo estava provocando o extermínio de judeus.    Muitos da resistência foram mortos.

         Capítulo VIII  página 109

         Josefa é descendente de Iñe-e.   Pela gravura  ...”ela olha a menina e é seu próprio rosto que vê”.    Josefa sente um aperto no peito.

         Sonhava com a ancestral indígena e sentia vontade de ir visitar a avó em Belém do Pará.   Mas não iria porque saiu de casa para não retornar e para não rever o pai e virar uma página da vida.

         Josefa de impulso compra uma passagem para Munique para coletar mais dados para seu estudo do caso das crianças índias.

         Após a morte da menina Iñe-e, a rainha da Baviera encomenda uma placa de bronze com a imagem dela e de Juri para colocar no túmulo dos dois indígenas em Munique.

         A rainha inclusive foi no enterro de Iñe-e.    “O trabalho da natureza, constante e humilde, devolvendo ao pó o que do pó era feito, não abre espaço para qualquer questionamento”.

         A rainha triste porque perdeu a filha pequena fazia pouco tempo e logo em seguida, os dois meninos índios morrem também.

         Terminado o sepultamento de Iñe-e, a rainha olha para os olhos vermelhos dos cientistas Martius e Spix e pergunta rispidamente:   “Afinal, foi para isso que vocês os trouxeram?”.

         A rainha sabia que todos ali tinham alguma culpa, inclusive a família real.    Dar um sepultamento digno era uma forma de  aliviar a consciência dos culpados.

         Capítulo X  página 115

         Josefa em Munique visitando os lugares onde viveu Iñe-e por uns tempos.    Compra uma gravura dos dois indígenas.    Olha a gravura e se enxerga nela.  Ao olhar...   “é ela que os adota, que é ela que neles se reconhece”.

         Josefa em suas pesquisas chega até o local e ao ver as gravuras, foi como se tivesse uma reunião familiar.    ...”pela primeira vez na vida parece se sentir à vontade consigo mesma”.

         A tribo miranha (de Iñe-e) viveu na margem do Rio Japurá no estado do Amazonas.

         ...”se sente cheia de energia e coragem para iniciar um novo capítulo de sua vida”.     ...”se manter em pé sobre si mesma...”    “Um caminho imperfeito, no entanto, é só seu”.

         Etapa 3 do livro

         Cita o índio escritor e ativista atual, Davi Kopenawa em seu livro A Queda do Céu:   

         “Sabemos que os mortos vão se juntar aos fantasmas dos nossos antepassados nas costas do céu, onde a caça é abundante e as festas não acabam”.

         Depois segue a narrativa da autora:

         “Onça gosta de rio e de sombra de árvore.   O mundo era uma árvore.  “Árvore de toda a vida, assim se chamava”.  Era assim e dou fé.

         “Do alto daquela árvore nasceu o primeiro céu e o sol e a lua e todas as estrelas, porque o alto é que dá fruta”.

         “Do alto da árvore nasceu também a Onça Grande, Tapai Uu, o corpo dela feito de brasa das estrelas”.

 

         Continua       no capítulo 10/12

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Cap. 08/12 - Fichamento - livro - O SOM DO RUGIDO DA ONÇA - Autora Micheliny Verunschk - Cia das Letras - 2021

capítulo 08/12

 

         Josefa que agora faz pesquisa sobre sua ancestral Iñe-e, no passado, bem jovem, teve um namorado que a abandonou quando ela ficou grávida.  Ela teve aborto espontâneo.

         Tomás e Josefa passam a se relacionar sem que ele ficasse querendo saber do passado dela.   Mantinham relação sexual rotineiramente, ela e Tomás.

         Tomás ao sair de rotina do local onde mora Josefa.  Ela diz:  “A minha bisavó materna foi pega no laço, sabia?  Tenho um tanto de sangue caiapó em mim.   Mas o fato é que todo mundo tem uma avó pega no laço no Brasil, eu, você, o porteiro lá embaixo”.

         ...”O curioso é que esta minha avó colombiana como que crescia, se agigantava ao convocar o meu passado materno, como se estivesse ela mesma prestes a ganhar novo corpo e novas feições, e de sua estrutura delicada de ossos estivesse pronta para sair outra mulher, enorme, quase brutal”.

         Josefa no passado, educada pela tia que vivia impondo regras para tentar a sociabilidade da sobrinha.   

     ...”Em Munique, Spix se empenha em ensinar alemão e português pra Iñe-e.  Busca que ela saia da profunda tristeza agravada pela morte de Juri.

         Spix abalado com...   “o fracasso que mais aquela morte representa.  Tais sentimentos o aniquilam”.

         Josefa e a lembrança triste do seu tempo de criança, criada pela tia e a avó que morava junto com elas.   A avó pega a laço.      ...”a presença inexorável da mulher pega a laço e o desejo de que o pai não voltasse nunca mais”.

         Capítulo VI     página 103

         Voltando a Martius e seus planos.   “ A ideia de Martius de apresenta-los em exibições etnográficas pelo continente teria que esperar momento mais propício”.  (a saúde dos dois jovens índios não estava boa)

         O menino que era forte estava definhando na Alemanha e Martius se lembrou que quando chegou no Brasil com plena saúde, teve seus problemas de saúde por conta da mudança de clima.   Spix sofreu mais com o clima do Brasil e isso tirou dele certas iniciativas e aumentou a avidez do colega.  Martius se acostumou na liderança e com frequência ignorava alertas de Spix.

         Spix se afeiçoou tanto às crianças que chegava a pregar a palavra de Deus a elas, mesmo sabendo que havia total barreira de idioma.   Confiava no milagre da sua fé.

         Quando o menino Juri morreu, Spix ficou muito chocado e arrependido de não ter sido mais enfático contra o plano de Martius de comprar as crianças.

         “Fora covarde e conivente.   Antes, quando as crianças estavam em melhor condição de saúde.... Spix...  “sente-se feliz de contempla-las.  As crianças são suas”.

         Capítulo VII  - página 106

         Na rua Wirt em Munique, uma caixa postal que só recebe poesias.  Fica bem perto da casa de Spix.   “Os homens gostam de glorias para si e aos seus”.

         “Os homens, sobretudo os brancos, gostam de fixar-se na suposta permanência dos monumentos de pedra ou minério”.    Há na cidade monumentos ou placas em homenagem a Martius e Spix.

 

         Continua no capítulo 09/12 

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Cap. 07/12 - Fichamento - livro - O SOM DO RUGIDO DA ONÇA - Autora Micheliny Verunschk - Cia das Letras - 2021

 

capítulo 07/12

 

         Capítulo XX página 79

         A índia ralando yuca.   (planta fibrosa da qual fazem farinha)

         Já em Munique...   começa a nevar.   E nesse tempo, Iñe-e tem sua primeira menstruação.  Na cultura do povo dela, o lugar onde isso ocorre pela primeira vez, se torna para essa pessoa um lugar sagrado.

         A dona da pensão falando com a empregada sobre a índia.   “Não passa de uma macaca suja...”

         Segunda parte do livro -  página 85

         A autora cita Guimarães Rosa – do seu livro Grande Sertão – Veredas:

         “A gente quer passar um rio a nado, e passa, mas vai dar na outra banda é num ponto diverso do que em que primeiro se pensou”.

         Outro lugar e outra época bem atual:   Carros, buzinas na Avenida Paulista em São Paulo.    ...”mendigos na calçada pedindo esmolas para a ração dos cães talvez porque as pessoas sintam mais empatia pelos animais do que por aquela gente encardida e amontoada”.

         Josefa na Avenida Paulista vendo uma exposição no centro cultural de um banco.    Ela que no passado fugiu.   “Josefa não sabe exatamente do que fugiu.   Ou nem quer saber.”

         ...”Não quer pensar porque veio ou no que deixou”.     Lida com traduções e livros didáticos.   Outros tipos não dão renda.

         No Recife... numa exposição de artes.    “O estilo vivaz de Debret a assombra...   Na tela... “os índios vistos como parte da fauna.”

         Na exposição há telas cujos modelos são Iñe-e e Juri.  Gravuras denominadas Muxurana.   (ver no link:  https://journals.openedition.org/artelogie/3774?lang=pt  )

         Fala de três telas:  Muxurana, Miranha e Juri.

         ...”A terra sempre vomita o que lhe faz mal.”   Os rios também...

         Capítulo III da Segunda parte do livro     página 90

         O jovem Juri com doença dos brancos e os médicos tentando lhe aplicar sangria.  O usual da época era colocar vermes reproduzidos em laboratório (sanguessugas) que sugam o sangue da pessoa pela pele.

         Ele que desde menino sempre foi um exímio nadador, agora longe das suas águas.

         “Afogava-se em si mesmo sem que houvesse água ao redor.  Afogava-se por dentro e esse era verdadeiramente o começo do terrível”.

         Faleceu o jovem Juri depois de sofrer com a doença dos brancos.   Morreu de uma pneumonia crônica devido ao frio rigoroso da Alemanha.

         Morreu dia 11-06-1821.

         Capítulo IV – página 96

         O corpo do jovem sendo dissecado para pesquisa.   Ao dissecar, deceparam também ele e depois de colocar a cabeça numa forma de gesso para tirar a modelagem, colocaram a mesma em vidro com formol.    E depois aquela cabeça ficou sobre a estante de Martius em seu escritório.

         Agora a autora volta ao tempo moderno com Josefa e sua lida.

         Para se livrar do estresse, corridas na praça.      ...”os velhotes passeando com os cães, mas esquecendo de recolher a merda dos bichos”.

         Josefa... foi menina magra e guenza...  (guenza – adoentada, raquítica)

        

         Continua no capítulo 08/12

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Cap. 06/12 - Fichamento - livro - O SOM DO RUGIDO DA ONÇA - Autora Micheliny Verunschk - Cia das Letras - 2021

 Capítulo 06/12

 

... “1889 no Rio de Janeiro, queda de Dom Pedro II e a vinda da república.  Soldados e armas.      ...”suas lâminas e armas de fogo sempre a postos, pairando ao longo dos tempos sobre a cabeça do povo”.

         ...”todo castelo guarda em si túmulo e prisão”.

         No Castelo do rei que encomendou a expedição.    “Há ainda as gentes presas nos quadros das paredes”.     ... “os espelhos a multiplicar os corpos...”

         Página 67

         Os meninos indígenas foram apresentados ao rei no palácio.   Muitos curiosos também no salão.   Um homem que tem contato com os cientistas analisa os dois meninos, inclusive tocando-os, abrindo e examinando a boca deles etc.

         Capítulo XVII – página 69

         Martius e Spix desembarcaram para a expedição no Porto do Rio de Janeiro, vindos de carona com a comitiva da Princesa Leopoldina, isto em 14-07-1817.   (a família real veio para o Brasil em 1808)

         Os pesquisadores viram na cidade do Rio de Janeiro uma face de civilização, mas a quantidade de negros escravizados transitando pelas ruas em suas atividades de trabalho diversas chamaram a atenção dos cientistas.

         Na época o transporte de cargas mesmo na cidade portuária do RJ era comumente feito com tração animal.   Carros de boi e carroças com burros.

         Os cientistas numa comitiva viajando a cavalo pela Serra do Mar entre o Rio e São Paulo.   Escrevem:   “Diante de tanta riqueza de formas, não temos mãos e olhos suficientes para realizar nosso trabalho”.

         ...após apresentarem os meninos ao rei na Alemanha...   “agora tudo deve ser celebração pelo regresso, prestação de contas e, é claro, um pouco de gloria”.     “Mas neste momento, por um átimo, seu olhar cruza com Iñe-e.   E uma sombra anuvia seu pensamento”.   (te-la como escravizada)

         Capítulo XVIII – página 72

         Os meninos do castelo perto do Rio Isar na Baviera.  Ela já não mais compreende a voz do rio.    “Sente terrível falta da maloca, do cotidiano perdido...   da pele morna da mãe”.

         “Não sente fome, sono, vontade de nada”.

         As filhas do rei tentam brincar com os indígenas, como se estes fossem brinquedos.    Iñe-e vê bonecas e são muito estranhas para ela.

         Já na primeira semana, batizam com o padre os dois meninos.

         Iñe-e agora é Isabella e Juri é Johann.      O rei se chama Maximiliano I da Baviera.

         Iñe-e é do povo Miranha e Juri da tribo Juri (tribos inimigas).

         Capítulo XIX – página 74

         Em 1821 o pessoal assistindo na Alemanha a peça de Schiller, peça A Donzela de Orleans, sobre Joana D´Arc.   A rainha era casada com um parente que já era viúvo e pai de quatro filhos.  Ele, o rei da Baviera.

         Ela, a rainha, tinha o hábito de anotar coisas.

         Anotou o que o rei adquiriu da expedição de Martius e Spix:  350 aves, 85 mamíferos, 2.700 insetos, 6.500 plantas e duas crianças.

         A rainha percebeu que não eram bom para seus filhos ficarem interagindo com os dois indígenas e também não seria bom para estes últimos.   Pediu ao rei e ele atendeu – para que os meninos fossem entregues aos cuidados de Spix.

         A rainha perde uma criança nova e na sua dor, presume a dor das mães dos indígenas que foram escravizados e estavam ali com eles.   Ficou muito mal e se lembrou das palavras finais da Donzela de Orleans da peça de teatro:     “Adeus, colinas, campos que eu amava”

         Adeus, sereno vale, adeus”

         Adeus, pois nunca mais virei pisar teu chão”...

         Joana vai, não volta nunca mais”.

 

         Próximo capítulo 07/12