A espera da chuva de dolares
Aramel chegou nos USA mas o que conseguiu foi um modesto emprego de garçon na noite novaiorquina. Ganhando algo como um hamburguer que nem dá para matar a fome.
Depois de garçon, Aramel foi de motorista de limosine e em seguida, ganhava de lavar cadáver.
Saltando de galho em galho, virou Pretty Boy dos cassinos, das armas e da contravenção.
Juntou dinheiro e passou a "adotar" crianças de pais muito pobres, sempre adotando meninas e sempre colocando o nome de Gabriela em cada uma. Fica a pergunta se pretendia usar as meninas futuramente para exploração sexual. O certo é que era o nome da ex namorada dele.
Voltando ao general que podava as rosas do jardim em Belo Horizonte e quem sabe ficava escutando o vizinho que vivia falando no telefone com autoridades comunistas pelo Brasil.
Golpe militar e Tia Ciana que tantas rezas e campanhas fez na cidade dela e agora estava organizando as campanhas para a Marcha com Deus, pela Familia e a Liberdade... (isto nos anos 60... )
Ela dizia: - Só vamos descansar quando escorraçarmos o comunista João Goulart (Jango) para a Rússia ou os confins do Judas.
Pela carta o jornalista ficou sabendo que o seu tio que o protegia no passado, mesmo sabendo que ele era comunista, já estava agora se armando para enfrentar os que tentassem a reforma agrária. O tio era fazendeiro...
Hilda e a vidente
A vidente que disse no passado que Hilda ia sofrer muito na vida, depois disse que ela ia perder um pé do sapato e quem achasse seria o amor da vida dela, qual Cinderela.
Depois revelou que esse homem era o Santo. Ela um dia foi ao convento procura-lo. Declarou amor a ele e fez uma proposta. Ele tinha cinco anos de celibato e ela tinha cinco anos de zona boêmia. Dia 01 de abril de 1964 era aniversário dela. Que ele desse uma resposta no máximo até o dia 31-03-1964. Se houvesse o sim dele, se casariam e iriam viver, ele sendo professor e ela tendo como respaldo o dinheiro que ganhou (uma fortuna) durante o tempo de zona boêmia.
Ao contar da visita e da proposta de Hilda ao amigo jornalista, este pergunta qual decisão vai tomar. O frei diz que a mãe dele o educou para ser santo, como ficaria ao saber dessa ideia de deixar o celibato e se casar com Hilda Furacão, tão conhecida de todo mundo na região.
Hilda indo na redação do jornal Alterosa para conversar com o amigo jornalista. - Cê já sabe de tudo, né? - e como confirmei: - Procê ver, a minha disputa é a mais desigual do mundo: eu disputo meu amor com Jesus Cristo!
Ela disse que se receber um sim do santo antes do primeiro de abril, ela dará uma entrevista anunciando que a partir dessa data ela abandonaria a zona boêmia. Mudaria de vida.
Conforme anunciado, Hilda deu uma entrevista coletiva à imprensa na qual ela no dia 01 de abril deixaria a zona boêmia.
Foi uma entrevista muito concorrida. Diziam que entre outros bens, ela tinha uma fazenda no Mato Grosso e que ela iria mudar para lá.
Perguntaram se ela não temia a reforma agrária prometida pelo presidente João Goulart. Ela escandalizou os coroneis fazendeiros com a resposta:
- Sou a favor da Reforma Agrária. Se o Dr Jango quiser, pode começar pela minha fazenda.
A imprensa listou uma série de imóveis que pertenceriam a Hilda e ela não negou nenhum.
A entrevista não chegou a elucidar a razão de Hilda abandonar a zona boêmia.
Tiro ao alvo
Era o passatempo favorito de Hilda. Tinha um local onde ela treinava quase diariamente.
Capítulo Seis
A rosa, sim. O general, não.
A dita revolução (ditadura militar de 1964). O governador de MG, Magalhães Pinto apoiou o golpe militar.
Houve prisões de jornalistas e políticos que se opunham ao golpe, inclusive em Belo Horizonte.
No apuro do momento, o jornalista narrador e a esposa escondendo livros que pudessem compromete-lo caso a polícia chegasse na casa deles.
O casal teve que esconder fora de casa um quadro de Chê Guevara que enfeitava a casa.
continua no capítulo final 15/15
Nenhum comentário:
Postar um comentário