CAP. 07/08
Conto –
O Rio das Quatro Luzes
Frase de
abertura – Adaptação de um provérbio moçambicano: “O coração é como a árvore – onde quiser,
volta a nascer”.
O menino
de mão dada com a mãe vê um enterro e disse a ela que queria um dia ir num
caixão daqueles. Ela ficou estarrecida.
“Ainda olhou o desfile com inveja. Ter alguém assim que chore por nós, quanto
vale uma tristeza dessas?”.
À noite
o pai veio conversar com o filho, o que raro fazia. O filho disse que já deveríamos nascer
grandes, adultos para não ter que ficar adiando.
“Mesmo o
pai passava a vida louvando sua infância, seu tempo de maravilhas”.
A
conversa com o pai não foi boa. Um dia
o menino reclamou com o avô que deu atenção a ele e no fim fizeram um trato a
pedido do menino. Que Deus levasse
primeiro o menino, já que ele gostava do avô (compreensivo e que amava a
vida). O trato deixou o menino
tranquilo e sempre queria ir visitar o avô e este dizendo que fez o
requerimento a Deus para atender ao pedido do neto.
E o avô
recomendou ao neto para não se preocupar, ir meninando em seu tempo até ser
atendido no pedido a Deus. O avô lhe
contou dos lugares secretos de sua infância.
Perseguiram borboletas, adivinharam pegadas de bichos...
“O
menino sem saber se iniciava nos amplos territórios da infância”. “Na companhia do avô, o moço se criançava,
convertido em menino”.
Um dia o
avô fez uma reunião com os pais do seu neto em particular.
“Criancice
é como amor, não se desempenha sozinha.
Faltava aos pais serem filhos, juntarem-se miúdos com o miúdo. Faltava aceitarem despir a idade,
desobedecer ao tempo, esquivar-se do corpo e do juízo”. Esse é o milagre que um filho oferece –
nascermos em outras vidas. E nada mais
falou.
Página
117 – Conto – O Caçador de ausências
“Vasco
não devia só a mim, mas ao mundo”. A
mulher do Vasco acabou sumindo de casa pela mata e beira de rio. Vasco sai à procura desesperada da esposa.
“A
solidão se enroscou, definitiva, em seu viver”. O narrador levou um saco para trazer o
dinheiro da cobrança da dívida junto ao Vasco. .... saco vazio. Nada conseguiu.
“Tra
zia comigo, o meu nenhum dinheiro, bolso enchido de
sopro”.
121 –
Conto – Enterro televisivo
O dono
da casa pediu que quando morresse, queria ser enterrado com sua TV. Desmontaram a TV e enterraram o morto e a TV
juntos. No velório a viúva pediu aos
presentes uma nova TV. E que colocassem
a antena amarrada na cruz do túmulo. E
se se enterrasse o defunto meio raso para o defunto sintonizar melhor os
canais. Assistiam novelas brasileiras,
mexicanas...
À noite
a viúva foi ao cemitério deitar junto ao túmulo do marido para juntos seguirem
a rotina de assistir as novelas...
Continua no capítulo final 08/08